Discurso durante a 112ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Comentários sobre a CPI dos Maus-Tratos Infantis.

Manifestação contrária aos empréstimos concedidos pelo BNDES para grandes obras no exterior.

Autor
José Medeiros (PSD - Partido Social Democrático/MT)
Nome completo: José Antônio Medeiros
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
DIREITOS HUMANOS E MINORIAS:
  • Comentários sobre a CPI dos Maus-Tratos Infantis.
GOVERNO FEDERAL:
  • Manifestação contrária aos empréstimos concedidos pelo BNDES para grandes obras no exterior.
Aparteantes
Lindbergh Farias, Vanessa Grazziotin.
Publicação
Publicação no DSF de 10/08/2017 - Página 37
Assuntos
Outros > DIREITOS HUMANOS E MINORIAS
Outros > GOVERNO FEDERAL
Indexação
  • COMENTARIO, ABERTURA, COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), ASSUNTO, VIOLENCIA, VITIMA, CRIANÇA, PREJUIZO, DESENVOLVIMENTO, INFANCIA.
  • DESAPROVAÇÃO, EMPRESTIMO, BANCO NACIONAL DO DESENVOLVIMENTO ECONOMICO E SOCIAL (BNDES), DESTINAÇÃO, OBRAS, PAIS ESTRANGEIRO, RESULTADO, POLITICA, IDEOLOGIA, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), PREJUIZO, BRASIL, ENFASE, RODOVIA, ESTADO DE MATO GROSSO (MT), CRITICA, AUSENCIA, AUDITORIA, ENTIDADE, OBJETO, INVESTIGAÇÃO, POLICIA FEDERAL, CORRUPÇÃO.

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - MT. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, todos que nos acompanham.

    Sr. Presidente, tive a grata satisfação, hoje, de participar da reunião de abertura da CPI dos Maus-Tratos Infantis.

    Sabemos que já tivemos uma CPI, há alguns anos, a CPI da Pedofilia, mas neste momento urge que o Senado Federal brasileiro trate deste tema que tem sido muito recorrente, que é a violência em geral contra as crianças, tanto via internet, onde vemos surgindo factoides e, eu diria, verdadeiros atentados contra as crianças perpetrados por adultos, como é o caso daquele Baleia Azul e de tantos outros infortúnios que estão por aí, pela rede.

    Mas não só isso. Nós também estamos tratando ali dos maus-tratos em geral. Nós sabemos que existem estudos que comprovam que o desenvolvimento cerebral de um ser humano é de zero a seis anos. E, se nesse período de zero a seis, em que o cérebro está se desenvolvendo, a criança não tiver uma tranquilidade, ou seja, se houver obstáculos, o adulto futuro, aquele ser humano, vai ficar extremamente prejudicado, desde seus índices de aprendizagem, como também a sua psique. Isso está provado; isso não é uma tese, não é... É uma coisa que já está provada, e nós precisamos ter mais cuidado com as nossas crianças.

    Nós temos programas para todas as faixas etárias, mas é bem verdade que não temos ainda programas consolidados. O Governo Federal lançou agora o Criança Feliz, no qual eu espero que possam ser colocados mais recursos, porque eu tenho visto que os prefeitos até querem chegar a trabalhar junto, a aderir a esses programas, mas os recursos ainda, obviamente, não dão para nós abrangermos toda a demanda.

    Mas, Sr. Presidente, eu quero tratar hoje do tema do BNDES – que foi tratado aqui já pelo Senador que me antecedeu –, o Banco Nacional do Desenvolvimento.

    E é importante que a gente diga que o BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento), criado em 1952 por Getúlio Vargas, surgiu para suprir a necessidade de financiamento de longo prazo e, acima de qualquer outro objetivo, para incrementar o processo de industrialização e desenvolvimento econômico do Brasil. Frisemos novamente, Sr. Presidente: do Brasil!

    Abastecido e gerido com recursos provenientes do Tesouro Nacional – ou seja, do meu, do seu, do nosso bolso –, o Banco tem como princípio basilar promover ações de desenvolvimento dentro do Território brasileiro, incrementando a infraestrutura, gerando empregos e dinamizando a economia do nosso País.

    Pois bem: em linhas gerais, historicamente, o BNDES sempre agiu assim, dando ênfase quase absoluta para investimentos dentro do nosso País, gerando emprego aqui, enfim, cumprindo os objetivos do Banco. Até que o Partido dos Trabalhadores assume o poder e, durante o segundo mandato do, agora condenado, ex-Presidente, resolve inverter a lógica e patrocinar uma distribuição ideológica e corrompida dos recursos do Banco, inundando os cofres de empreiteiras e nações "amigas", entre aspas – amigas do regime –, com o nosso dinheiro, a juros módicos e, não raro, a fundo perdido.

    Travestida de ações de integração continental, mas focada sobretudo na comunidade bolivariana e de países com governos ideologicamente compartilhados, uma vultosa quantidade de empréstimos foi concedida para fins que fugiam, de maneira muito clara, aos propósitos do Banco.

    Nessa equação, como se viu bem delineado na Operação Lava Jato, ganharam inicialmente as empreiteiras brasileiras, que expandiram enormemente suas atividades e suas margens de lucro. Elas, por sua vez, drenaram parte desses recursos para o Partido dos Trabalhadores e os demais líderes dos governos bolivarianos, que conseguiram recursos fáceis e regulares para financiar os seus projetos de poder.

    E aí perguntam, aqui desta tribuna, a alguns pares meus por que está faltando dinheiro para o Rio de Janeiro, para o restante do Brasil, para o meu Mato Grosso, que, há poucos dias, a Presidente Maria Silvia não queria liberar o dinheiro para terminar a 163.

    E aí a gente, lá no Mato Grosso, fazia a pergunta: "Por que para Angola, por que para a Venezuela, por que para Cuba e para Mato Grosso, não?" Mato Grosso, de toda a safra deste ano de quase 300 mil toneladas, é responsável por 27% disso tudo. E por que não? Por que não merece ter uma estrada? Merece.

    Vamos aos números, Sr. Presidente. Segundo apontou a auditoria realizada pelo Tribunal de Contas da União (TCU), somente entre 2007 e 2014, durante a dinastia petista, foram concedidos empréstimos no total de R$50,5 bilhões para 140 grandes obras no exterior. Eu vou repetir: são 50 bilhões. Vale ressaltar que 99% dessas obras foram executadas pelas cinco grandes empreiteiras envolvidas diretamente na Operação Lava Jato, ficando a ré confessa Odebrecht responsável por 82% dessas operações secretas. Sim, Sr. Presidente, podemos dizer que eram operações secretas, pois o governo e o BNDES, à época, alegavam se tratar de transações sigilosas, embora realizadas com fundos provenientes de recursos públicos.

    Esses números só vieram à tona posteriormente por pedido à Justiça feito pelo Ministério Público Federal. Os países que mais receberam esses investimentos, feitos com o nosso dinheiro, foram os seguintes: Angola, comandada há 40 anos por José Eduardo dos Santos, cuja mansão se destaca entre os barracos da favela que o cerca, com R$14 bilhões – então, para Angola, R$14 bilhões –; Venezuela, do ditador Nicolás Maduro, que atualmente fraudou urnas eleitorais e mandou prender seus adversários políticos, com R$11 bilhões – e que é apoiado por dois dos Senadores que estão aqui presentes no recinto. E um deles não é o Senador Randolfe, que ultimamente fez uma declaração que empolgou a todos na internet e até viralizou, repudiando e dizendo: "Já apoiei a Venezuela, mas..."

    O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – Eu aproveito a situação para pedir um aparte a V. Exª.

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - MT) – No final, eu já lhe concedo, Excelência.

    O Senador Randolfe disse: "Ditadura é ditadura, seja de direita ou de esquerda. Eu não apoio." Parabéns, Senador Randolfe.

    A Argentina... Então, para a Venezuela, para o ditador Nicolás Maduro, 11 bilhões. Para a Argentina, à época presidida por Cristina Kirchner...

    O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – Sabe quem emprestou? Fernando Henrique. Para o metrô de Caracas. Era Fernando Henrique o Presidente.

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - MT) – ... figura constante das delações da Odebrecht e acusada, junto com seus familiares, de receber propinas, foram R$8 bilhões.

    E aqui não entro no mérito de quem emprestou. Eu estou fazendo uma reflexão sobre o BNDES...

    O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – Só estou dizendo que para a Venezuela foi Fernando Henrique, para o metrô de Caracas.

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - MT) – Eu não tenho problema com Fernando Henrique.

    Aí vem Cuba, dos ditadores Castro, último suspiro do falido e utópico sonho desses anexos do PT aqui na América, com R$3 bilhões.

    Vejam, senhores e senhoras, todos os governos são amigos e ideologicamente irmanados. A história piora ainda mais: feito sob a condição teórica de que a maior parte dos valores emprestados fosse gasta com materiais e pessoal do Brasil. O BNDES nunca fez qualquer auditoria para saber se tal condição estava sendo efetivamente cumprida.

    Quando eu me refiro ao BNDES – quero deixar isto bem claro aos técnicos do BNDES, ao corpo do BNDES –, quero me referir ao governo. Quando a gente falava aqui em tornar claros os dados do banco, em quebrar aquelas coisas secretas, o governo partia para cima da gente que nem vaca parida para cima de cachorro. Dizia-se que aquilo era para proteger as empresas, os tomadores de empréstimo e tudo mais. Agora a gente vê que não era.

    Sem análise segura de risco, portanto, parece-nos claro que o critério para concessão desses empréstimos feitos a governos estrangeiros foi apenas o compadrio e a falácia bolivariana, que vende a união latino-americana apenas como subterfúgio para seus mesquinhos e autoritários projetos de poder. E a Venezuela traz à tona tudo isso que realmente o PT hoje deixou claro, que ele não queria democracia. Simplesmente se atrasou. Maduro foi na frente e conseguiu o intento. O PT quis maquiar e, graças a Deus, não deu tempo de implantar o regime bolivariano aqui no Brasil.

    É preciso lembrar, meus caros e minhas caras colegas, que, ao subsidiar esses empréstimos emitindo títulos públicos com base na Selic, mas concedendo, na outra ponta, a metade disso, o Tesouro fez praticamente um novo Bolsa Família, só que dessa vez para beneficiar empreiteiros, governos amigos e financiar o projeto de poder do Partido dos Trabalhadores.

    Com o desenrolar da Operação Lava Jato, vários desses empreendimentos foram constatados como fontes de propinas, superfaturamento e malversação de recursos, que inundaram campanhas políticas e bolsos particulares de companheiros e companheiras espalhados pela América Latina e pela África. Não obstante todo esse desvio de finalidade, Sr. Presidente, o total descaso com o nosso suado dinheiro ficou ainda mais evidente com o perdão dessas várias dívidas sob o argumento, cínico e demagógico, de solidariedade e de questões humanitárias.

    Ora, isso é um descalabro, Sr. Presidente. Ninguém tem o direito de abdicar de recursos que não são seus, ainda mais em uma nação com tantas carências, como a nossa. Eu diria que não é seu para dar. Que bom seria se tivéssemos dinheiro para fazer frente a todas as demandas! Mas não temos. Como gostam de dar bom-dia com chapéu alheio!

    Percebeu-se claramente, nesse caso, mesmo sob a chancela de um suposto gesto de solidariedade, uma concepção completamente deformada e irresponsável do patrimônio público. Trata-se daquela velha história de considerar o dinheiro público não o nosso dinheiro, mas o de ninguém, recursos dos quais os governantes poderiam dispor livremente, sem qualquer responsabilidade. E agora sobem à tribuna e falam: "Ai, mas acabou o dinheiro!" Lógico que acabou.

    O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – V. Exª me concede um aparte?

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - MT) – Depois de dois parágrafos, eu concedo a V. Exª.

    Tudo isso, Sr. Presidente, engloba uma visão de Estado e de orçamento público da qual esperamos ter nos livrado, em que a irresponsabilidade e o favoritismo reinavam. Que o País nunca mais passe por isso novamente!

    Concedo, com muita honra, um aparte ao Senador Lindbergh.

    O Sr. Lindbergh Farias (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – Senador Medeiros, deixa eu te contar. É que há muita desinformação sobre o BNDES. V. Exª falava mesmo da Venezuela. Aquele empréstimo aconteceu na época do governo Fernando Henrique Cardoso. Foi correto. Foi um empréstimo para a construção do metrô de Caracas. Qual é a ignorância que soltam pelas redes? O Brasil está emprestando dinheiro para outro país, para Cuba, para a Venezuela. E fazem esse discurso. Isso é falso! É que há um setor de exportação de serviços, que todo mundo disputa. São empresas, no caso empresas brasileiras, que estão conquistando espaço na América Latina – estavam conquistando –, na África, e o BNDES emprestava para essas empresas; não era para o país. Agora, Senador Medeiros, preste atenção aqui para você aprender uma coisa sobre o BNDES que pouca gente sabe, porque há tanta mentira.

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - MT) – Eu sou um eterno aprendiz.

    O Sr. Lindbergh Farias (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – Não, claro, porque, veja bem: falam muito de Cuba. Quando esse empréstimo é feito para a exportação de serviços fora do Brasil, há uma regra que só o BNDES tem no mundo, de banco de desenvolvimento: é que todos os empregos têm de ser gerados no Brasil, e bens e serviços, produzidos aqui. Depois, é que viajam e são exportados. A parte que ele vai ter na obra do Porto de Mariel é outro empréstimo. Não é BNDES. V. Exª entende isso? Agora, é tanta mentira – "Estão tirando dinheiro daqui para Cuba, para não sei o quê" –, que isso passa, isso não se sustenta. Eu sugiro a V. Exª ler Paulo Rabello de Castro, o atual Presidente do BNDES, nomeado pelo Temer. Ele fez o Livro Verde, explicando a situação do BNDES, em que explica isto, a importância desse setor de exportação de serviços para a indústria nacional.

(Soa a campainha.)

    O Sr. Lindbergh Farias (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – Agora, há uma parte em que V. Exª é seletivo: quando V. Exª fala de maracutaias, transferências de recursos. Até hoje, não vi o senhor fazer um discurso falando da mala de dinheiro do Rodrigo Rocha Loures, do Temer. Quando se fala do Temer, o senhor não se pronuncia. É só contra o PT. Eu acho que V. Exª não pode ser seletivo num assunto tão importante como esse.

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - MT) – Eu acho que pau que bate em Chico bate em Francisco, até porque eu não vi V. Exª fazer nenhum reparo à questão – eu não vou baixar o nível aqui de dizer – do que aconteceu com o seu Partido. Na verdade, eu penso que quem for podre que se quebre. Eu digo isso. Se Rocha Loures tem que pagar, isso é um problema da polícia. Mas o que eu volto a falar, Senador Lindbergh, é que eu sou representante do Estado de Mato Grosso, da mesma forma que V. Exª defende o Rio de Janeiro com unhas e dentes.

    O que eu vejo é o seguinte: o dinheiro, teoricamente, pode não ter ido, mas foi, para a Venezuela ou para Cuba, mas o certo é que a rodovia que é a espinha dorsal do Estado de Mato Grosso não sai. Por quê? Porque não há dinheiro. E esse dinheiro está onde? Está no metrô de Caracas. Com todo o respeito por Caracas, por Venezuela, eu preferia a 163 terminada.

    A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco Socialismo e Democracia/PCdoB - AM) – Senador Medeiros.

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - MT) – Está no Porto de Mariel, em Cuba. E aí...

    A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco Socialismo e Democracia/PCdoB - AM) – Senador Medeiros.

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - MT) – Já passo.

    Que jeito foram escolhidas essas empresas?

    E já termino, Sr. Presidente.

    Que jeito foram escolhidas essas empresas? Foi tudo muito errado.

    O Sr. Lindbergh Farias (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – Não é dinheiro que vai para lá, não; é empréstimo. Foram pagos.

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - MT) – É um empréstimo que nunca volta.

    O Sr. Lindbergh Farias (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – Não, a inadimplência do BNDES é de 1%.

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - MT) – Então, o que acontece? Já que ia emprestar, por que não empresta para Mato Grosso? Esse é o problema. Então, tomara que empreste.

    Agora, eu até falei aqui que não ficarei mais na Base e sairei da Vice-Liderança do Governo se isso não sair realmente. Já falei e, inclusive, discuti esse tema com o Presidente do BNDES...

(Soa a campainha.)

    O Sr. Lindbergh Farias (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – Eu vou lhe cobrar. Eu vou lhe cobrar sair da Base do Temer.

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - MT) – ... porque, primeiro, o Estado de Mato Grosso.

    Agora, por que queriam tudo secreto, Sr. Presidente? Porque estava com os companheiros – os companheiros. Esse dinheiro vinha. Inclusive, voltou para financiar escola de samba. Então, isso aqui é...

    Concedo e já termino. Já terminei a minha parte.

    A Srª Vanessa Grazziotin (Bloco Socialismo e Democracia/PCdoB - AM) – Primeiro, eu quero agradecer o aparte que V. Exª me concede.

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - MT) – Que V. Exª nunca me concede.

    A Srª Vanessa Grazziotin (Bloco Socialismo e Democracia/PCdoB - AM) – Não, pelo contrário. Não seja injusto. V. Exª sabe que não há um pronunciamento meu que eu tenha...

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - MT) – Ela olha e fala: "Eu não te vi lá."

    A Srª Vanessa Grazziotin (Bloco Socialismo e Democracia/PCdoB - AM) – Não, V. Exª não seja injusto, V. Exª sabe...

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - MT) – Está bem, não vamos brigar.

    A Srª Vanessa Grazziotin (Bloco Socialismo e Democracia/PCdoB - AM) – Enfim, eu acho que esse é o bom debate, o que nós precisamos travar aqui no Parlamento. Eu agradeço a oportunidade que V. Exª me dá, porque esse tema que V. Exª mais uma vez traz ao debate tem sido um tema debatido nacionalmente, tanto que o Presidente do BNDES, numa entrevista com Marco Antonio Villa...

(Soa a campainha.)

    A Srª Vanessa Grazziotin (Bloco Socialismo e Democracia/PCdoB - AM) – ... jornalista da Jovem Pan que, como V. Exª, também é um grande crítico, principalmente dos governos passados, desses empréstimos do BNDES, não apenas à JBS, mas à Cuba para a construção do Porto de Mariel e tantos outros, respondeu... O que o Presidente do BNDES – Presidente agora, do Governo de Michel Temer – respondeu a Marco Antonio Villa, repórter, jornalista da Jovem Pan? Abre aspas: "Você vai me prometer uma coisa, vai ler as 200 páginas do Livro Verde. Você é um historiador, não pode ficar falando as coisas como está falando aí pelo microfone sem fazer uma investigação." E disse o seguinte: que o exemplo do BNDES é muito bom, é um banco lucrativo e que fez o certo até o momento. Então, nobre Senador, eu acho...

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - MT) – Que maravilha ver a senhora concordando com a Escola de Chicago.

    A Srª Vanessa Grazziotin (Bloco Socialismo e Democracia/PCdoB - AM) – Não, senhor. Eu acho que a orientação que o Presidente do BNDES deu ao...

(Interrupção do som.)

    A Srª Vanessa Grazziotin (Bloco Socialismo e Democracia/PCdoB - AM) – Vamos trazer aqui o Livro Verde. O Livro Verde foi lançado agora, toda a história, os números relativos ao BNDES e quanto o Brasil tem ganhado com isso, nobre Senador – quanto o Brasil tem ganhado. Então, vamos elevar o nível do debate em vez de ficar fazendo discursos contra Maduro, contra Cuba. Vamos discutir o que o Brasil tem ganhado. E o BNDES, com essa política...

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - MT) – Senadora Vanessa, com todo o respeito, defender o Estado de Mato Grosso aqui não é baixar o nível do debate. Com todo o respeito, a senhora tem sido uma proponente defensora forte do Estado do Amazonas, e eu tenho contribuído com o Estado do Amazonas.

    A Srª Vanessa Grazziotin (Bloco Socialismo e Democracia/PCdoB - AM) – Não adianta querer me colocar contra o Mato Grosso. Eu não estou. Nem citei o Mato Grosso.

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - MT) – Mas isso eu não aceito. A senhora vai me desculpar. Não, não fala que eu baixei o nível porque isso eu não aceito.

    A Srª Vanessa Grazziotin (Bloco Socialismo e Democracia/PCdoB - AM) – O senhor já desvia o assunto.

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - MT) – Eu não aceito isso. Eu não aceito, porque aí é desonesto.

    O SR. PRESIDENTE (Dário Berger. PMDB - SC) – Por gentileza.

    A Srª Vanessa Grazziotin (Bloco Socialismo e Democracia/PCdoB - AM) – Não tem nada de desonesto.

    O SR. PRESIDENTE (Dário Berger. PMDB - SC) – Eu vou garantir, Senadora Vanessa...

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - MT) – Eu tenho apenas que me repor...

    O SR. PRESIDENTE (Dário Berger. PMDB - SC) – Por gentileza, Senadora Vanessa.

    A Srª Vanessa Grazziotin (Bloco Socialismo e Democracia/PCdoB - AM) – V. Exª leia o livro. Leia o Livro Verde e vamos voltar a discutir o BNDES.

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - MT) – V. Exª dizer que eu baixei o nível, eu não aceito isso.

    O SR. PRESIDENTE (Dário Berger. PMDB - SC) – Senadora Vanessa.

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - MT) – Não aceito, primeiro, pelo seguinte: a sua concordância com o Paulo Rabello de Castro é seletiva, porque tenho certeza de que a senhora não é alinhada...

    A Srª Vanessa Grazziotin (Bloco Socialismo e Democracia/PCdoB - AM) – Não é seletiva, está no livro, lá são números.

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - MT) – A senhora não é alinhada à Escola de Chicago.

    A Srª Vanessa Grazziotin (Bloco Socialismo e Democracia/PCdoB - AM) – Lá são números!.

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - MT) – Eu não tenho como, Sr. Presidente...

    O SR. PRESIDENTE (Dário Berger. PMDB - SC) – Você me desculpe, mas eu não vou permitir essa discussão...

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - MT) – Eu quero encerrar. Eu quero encerrar, Sr. Presidente.

    O SR. PRESIDENTE (Dário Berger. PMDB - SC) – ... haja vista que o tempo, inclusive, já tinha se esgotado. Eu gentilmente atendi o aparte de V. Exª. Pensei que V. Exª não fosse conceder, mas eu vou lhe dar mais dois minutos para V. Exª concluir o seu discurso.

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - MT) – Sr. Presidente, deixa eu explicar...

    Muito obrigado.

    É que não dá para dizer... A Senadora Vanessa começa a não ter força dos argumentos e diz que eu baixei o nível. Eu não vou aceitar isso, porque eu elegantemente cedi um aparte. E eu vou ser sincero, poucas vezes a Senadora Vanessa concede o aparte para a gente.

    O que eu digo é o seguinte: a senhora não é alinhada à Paulo Rabello de Castro, que é formado em Chicago, é doutorado em Chicago. Portanto, é totalmente oposto à linha que vocês defendem. Agora, como esse argumento que ele defende bate com o pensamento de vocês, vocês alegam aqui.

    É um argumento com que eu não concordo. Não concordo por quê? Porque Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, do Senador Waldemir Moka... Esse dinheiro, por mais que tenha beneficiado a Odebrecht, a empresa brasileira, é uma estratégia de governo que é defensável do ponto de vista da gestão de um governo, mas do ponto de vista dos interessados, dos caminhoneiros que estão lá fazendo greve, que estão agora fazendo piquete porque estão acabando com a roldana do caminhão, ele não entende como é que o dinheiro daqui foi para Caracas, foi para não sei onde, e lá não está feito. Como é que a BR-319 está lá lascada e o dinheiro não vai? Então, por quê? O que acontece?

(Intervenção fora do microfone.)

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - MT) – Senadora, por favor, deixa eu terminar. A senhora vai ter oportunidade.

    O que acontece? Eu pergunto por que o dinheiro foi para lá? É uma outra estratégia de governo. E por que essa estratégia de governo? Porque é uma estratégia bolivariana.

    O Lula acabou de dizer que, se ele for para o governo de novo, vai censurar a imprensa. Aí, ele falou: "Por que eu estou ficando radical?" Ele falou: "Não. Porque eu estou ficando mais maduro" – mais maduro, está me entendendo? Então, esse é o ponto.

(Soa a campainha.)

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - MT) – Já termino, Sr. Presidente.

    Então, por que, de repente, eu peguei na partida com a Senadora Vanessa? Porque eu estou aqui defendendo os interesses de Mato Grosso como ela defende, com unhas e dentes, o Estado do Amazonas. E, quando ela falou: "Não, não vamos baixar o nível do debate", isso me sobe à cabeça, porque os mato-grossenses esperam que eu venha aqui justamente dizer isso, é uma dúvida que existe na cabeça deles: "Por que há um porto tão bonito em Mariel?" "Que bacana, é estrategista e tal, mas por que Mato Grosso não é, de repente, estratégico?" "Por que não usou o empréstimo da Odebrecht para fazer a estrutura em Mato Grosso?"

    Eu não me importo que a Odebrecht ganhe dinheiro, que não sei quem ganhe dinheiro. Aí, o dinheiro do BNDES, que foi aqui para dentro, sabe o que é que fez? Acabou com todas as plantas frigoríficas de Mato Grosso, que foi o dinheiro que foi mandado para a JBS. De repente, eles se tornaram monopolistas, fecharam todas as plantas frigoríficas que havia lá e nós estamos lá, à mercê da JBS, porque agora, simplesmente, eles chegaram...

(Soa a campainha.)

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - MT) – ... e disseram: "Nós só vamos pagar gado a prazo". O pecuarista mato-grossense falou: "Não vou vender a prazo". E está lá, a arroba do boi caiu, lá, para baixo.

    Então, a única coisa que baixou o nível, Senadora Vanessa, foi o preço da arroba do boi lá, de Mato Grosso, por culpa do BNDES.

    Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 10/08/2017 - Página 37