Discurso durante a 112ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Destaque para a necessidade de revitalização das áreas banhadas pelo rio São Francisco.

Autor
Antonio Carlos Valadares (PSB - Partido Socialista Brasileiro/SE)
Nome completo: Antonio Carlos Valadares
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
MEIO AMBIENTE:
  • Destaque para a necessidade de revitalização das áreas banhadas pelo rio São Francisco.
Publicação
Publicação no DSF de 10/08/2017 - Página 51
Assunto
Outros > MEIO AMBIENTE
Indexação
  • DEFESA, RECUPERAÇÃO, TERRAS, PROXIMIDADE, RIO SÃO FRANCISCO, OBJETIVO, FAVORECIMENTO, ECONOMIA, CRIAÇÃO, EMPREGO, REGIÃO, ELOGIO, INCLUSÃO, ORÇAMENTO, COMPANHIA DE DESENVOLVIMENTO DO VALE DO SÃO FRANCISCO (CODEVASF), VERBA, DESTINAÇÃO, TRANSPOSIÇÃO, AGUA, DESTINO, ENFASE, MUNICIPIOS, ESTADO DE SERGIPE (SE), COMENTARIO, POSSIBILIDADE, UTILIZAÇÃO, RECURSOS HIDRICOS, RIO TOCANTINS.

    O SR. ANTONIO CARLOS VALADARES (Bloco Socialismo e Democracia/PSB - SE. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, todos, em especial o povo de Sergipe, conhecem o nosso trabalho perseverante em prol da revitalização do Rio São Francisco. Fortalecer o combalido Velho Chico é crucial para o Semiárido nordestino, é a forma de integrar projetos que impulsionem a economia da região, é instrumento de crescimento e de geração de emprego e renda em áreas hoje muito carentes.

    É importante salientar vitórias, a exemplo da recente inclusão no Orçamento da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba e também do Vaza-Barris (Codevasf) dos recursos necessários para licitar o projeto básico do Canal do Xingó, sem dúvida, obra estratégica para garantir oferta adicional de água potável para vários Municípios sergipanos e para dois Municípios da Bahia. Também a Codevasf autorizou a licitação para o início das obras de revitalização dos perímetros irrigados do Baixo São Francisco, há décadas povoando os sonhos de ribeirinhos e irrigantes da região. Sem dúvida, estamos avançando. E tenho imenso orgulho de fazer parte dessa luta, que não prosperaria sem o empenho da Codevasf e do Ministério da Integração, mas o fato é que o Velho Chico está sofrendo muito e que estamos atrasando, sem dúvida, a adoção de soluções consentâneas e urgentes.

    O Rio São Francisco pede socorro, e precisamos buscar as alternativas possíveis para resgatar o quanto antes toda a sua majestade, a sua pujança, o seu papel de indutor do desenvolvimento. Por isso, não podemos esmorecer nem podemos ficar omissos. Volto a esta tribuna para insistir na nossa responsabilidade com a atual e com as futuras gerações.

    No Congresso Nacional, Sr. Presidente, há diversas propostas voltadas para a revitalização do São Francisco. Entre tantas, cito a proposta de emenda parlamentar de minha autoria para a criação de um fundo específico para esse fim. Chamo a atenção também para o projeto de lei do Deputado socialista, nosso companheiro de Partido, Gonzaga Patriota, um pernambucano comprometido com a causa do Velho Chico. Há mais de 20 anos, ele vem propondo a interligação do Rio Tocantins com o Rio São Francisco para suprir o canal do Velho Chico das águas necessárias para os grandes projetos das regiões que o Velho Chico beneficia. O Deputado Patriota defende a interligação como alternativa ao insuficiente suprimento de água no Semiárido e alega que essa obra poderia gerar energia a partir da queda d'água na divisa de Tocantins com a Bahia, isso, segundo ele, sem afetar o Rio Tocantins. Felicito, portanto, o nobre Deputado e o parabenizo por sua perseverança.

    Em outra frente de luta, aqui no Senado, criamos na Comissão de Desenvolvimento Regional um grupo de trabalho para sugerir propostas, fiscalizar e cobrar a aplicação de recursos para a revitalização da calha do rio. Estão, inclusive, programadas visitas à região. E a Presidente Fátima, do Rio Grande do Norte, já fez uma visita.

    Talvez seja difícil, para quem não vive nas áreas banhadas pelo São Francisco e que dele não necessita para sobreviver, compreender a importância desse curso d'água para as comunidades ribeirinhas que dele dependem para praticamente tudo, mas percebo, a cada dia, aumentar a sensibilidade e o engajamento dos atores políticos diante do cenário tenebroso que se apresenta.

    Com efeito, a Agência Nacional de Águas autorizou um novo corte na vazão do Rio São Francisco, que já estava no nível mais baixo em 38 anos. A redução busca evitar que os reservatórios ao longo do rio cheguem ao volume morto até o fim de 2017, visto que enfrentamos a maior estiagem dos últimos anos. As chuvas chegam, mas não são suficientes para o abastecimento da calha do rio. A vazão de Sobradinho vem diminuindo desde abril de 2013. E, a partir de setembro deste ano, a vazão da represa da Usina de Xingó ficará em torno de 550 m3/s. É uma vazão pequeníssima, muito reduzida, que vai prejudicar as atividades econômicas na região. E há risco de piorar para a geração de energia, para a navegabilidade e, como eu disse, para a irrigação.

    O Velho Chico, com a sua sobrevivência, é um tema que me toca o coração e prioridade do mandato que o povo do Sergipe me confiou. O desafio e a perseverança têm levado adiante essa batalha legítima que hoje une a ação individual de Parlamentares e de Bancadas nordestinas. É preciso que gritemos bem alto: "Salvemos o Velho Chico!" Prestemos um socorro imediato e inadiável ao Rio da Unidade Nacional, o Rio São Francisco, hoje praticamente inexistente em algumas regiões, através de seus afluentes que desapareceram no Estado da Bahia, no Estado de Minas Gerais.

    O Governo Federal divulgou recentemente um programa denominado Novo Chico, visando à revitalização de todas as áreas banhadas pelo Rio São Francisco. Se esse projeto for levado realmente à frente não só pelo atual Governo, como pelos governos futuros, nós teremos a possibilidade de uma recuperação se não total, mas grandiosa do Rio São Francisco.

    E, quanto a essa questão da transposição do Rio Tocantins, há muitos anos que se toca nesse assunto, como eu falei. A Câmara dos Deputados já debateu amplamente esse tema em várias audiências públicas na Comissão de Integração Nacional, chegando a conclusões técnicas de que é possível fazer essa transposição e encher de água a calha do Velho Chico, que vem falhando ao longo do seu percurso.

    Aumentar o volume da água do São Francisco significa também aumentar a pujança da riqueza por onde ele passa. Lá no nosso Estado de Sergipe, sem dúvida alguma, o Rio São Francisco é praticamente tudo. Ele fornece água para os Municípios ribeirinhos e também para os Municípios que ficam a uma distância muito grande, como, por exemplo, a nossa capital, a grande Aracaju. Todos esses dependem das águas do Rio São Francisco. Faltando água, com a vazão reduzindo-se substancialmente lá em Propriá, onde há a tomada d'água, é com certeza que a nossa capital sofrerá os reflexos dessa redução de vazão. Por isso eu, advirto o Governo Federal, advirto a Chesf, advirto a Agência Nacional de Águas para o perigo de que, através dessa redução constante da nossa vazão, as nossas populações sejam prejudicadas com a falta d´água.

    Por esse motivo, nós devemos incentivar, devemos estimular todos os projetos alternativos que envolvam o fortalecimento do Velho Chico. Devemos estimular o Governo para que faça o seu projeto, Novo Chico. Devemos estimular o Ministério da Integração para que pegue de unhas e dentes essa ideia do Deputado Gonzaga Patriota, do Estado de Pernambuco, para fazer a transposição, trazendo água que sobra lá no Rio Tocantins. A vazão lá é imensa, é dez ou vinte vezes maior do que a vazão normal do Rio São Francisco. E essa transposição não vai fazer nenhum mal ao Tocantins, porque a água lá está sobrando, enquanto aqui a água está faltando.

    Por essa razão, Sr. Presidente, agradeço o tempo que me concedeu e, mais uma vez, peço ao Governo Federal que dê todo o apoio ao Ministério da Integração e à Codevasf, para que possamos salvar o Velho Chico.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 10/08/2017 - Página 51