Comunicação inadiável durante a 115ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Crítica ao Presidente Michel Temer por não haver enviado ao Congresso Nacional medida provisória para alteração da reforma trabalhista, conforme acordado com os parlamentares.

Crítica à proposta de aumento da taxa de juros nos empréstimos concedidos pelo BNDES.

Autor
Vanessa Grazziotin (PCdoB - Partido Comunista do Brasil/AM)
Nome completo: Vanessa Grazziotin
Casa
Senado Federal
Tipo
Comunicação inadiável
Resumo por assunto
GOVERNO FEDERAL:
  • Crítica ao Presidente Michel Temer por não haver enviado ao Congresso Nacional medida provisória para alteração da reforma trabalhista, conforme acordado com os parlamentares.
ECONOMIA:
  • Crítica à proposta de aumento da taxa de juros nos empréstimos concedidos pelo BNDES.
Publicação
Publicação no DSF de 16/08/2017 - Página 15
Assuntos
Outros > GOVERNO FEDERAL
Outros > ECONOMIA
Indexação
  • CRITICA, PROPOSTA, GOVERNO FEDERAL, REFORMULAÇÃO, LEGISLAÇÃO TRABALHISTA, DESCUMPRIMENTO, ACORDO, MICHEL TEMER, PRESIDENTE DA REPUBLICA, REFERENCIA, REMESSA, MEDIDA PROVISORIA (MPV), OBJETO, ALTERAÇÃO, NORMA JURIDICA, RESULTADO, PREJUIZO, TRABALHADOR, LIMITAÇÃO, DIREITO.
  • CRITICA, PROPOSTA, MEDIDA PROVISORIA (MPV), OBJETO, AUMENTO, TAXA, JUROS, EMPRESTIMO, BANCO NACIONAL DO DESENVOLVIMENTO ECONOMICO E SOCIAL (BNDES), NECESSIDADE, MANUTENÇÃO, OPERAÇÃO FINANCEIRA, REDUÇÃO, CUSTO, IMPORTANCIA, INCENTIVO, DESENVOLVIMENTO NACIONAL, DESENVOLVIMENTO REGIONAL.

    A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco Socialismo e Democracia/PCdoB - AM. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão da oradora.) – Muito obrigada, Sr. Presidente, Srªs Senadoras, Srs. Senadores.

    Sr. Presidente, rapidamente, antes de iniciar o pronunciamento que me traz à tribuna, eu gostaria aqui de levantar infelizmente o cartaz, Senadora Fátima, Senador Lindbergh, Senador Paim, destacando que hoje estão completando 33 dias, ou seja, um mês e três dias, que o Presidente Michel Temer não cumpre o acordo com o Senado Federal, com a maioria dos Senadores e Senadoras da sua Base. Até agora, há 33 dias, ainda não editou a medida provisória que muda a lei que fez a reforma trabalhista. Lamentavelmente.

    Repito: quem deveria estar nesta tribuna fazendo cobrança não era eu, eram os Senadores e Senadoras a quem ele diretamente fez a promessa de editar a medida provisória, mas aguardamos com muita expectativa a edição desta medida provisória para que possamos retomar no Brasil o debate sobre a tal da modernização nas relações de trabalho.

    Isso que eles chamam de modernização nada mais é do que a retirada pura e simples dos direitos trabalhistas, do que é o fim da Consolidação das Leis do Trabalho e da própria carteira de trabalho, porque, quando, Presidente, ele prevê a possibilidade de, em qualquer ramo produtivo ou de prestação de serviços, contratar pessoas através de autônomo, está rasgando a CLT. A relação deixará de ser entre patrão e empregado e será entre aquele que está contratando os serviços prestados, de uma pessoa jurídica – a tal da pejotização.

    Sr. Presidente, Srs. Senadores, Srªs Senadoras, hoje eu volto a trazer um tema sobre o qual, aliás, o Senador Lindbergh, Líder do Partido dos Trabalhadores, tem falado com muita frequência desta tribuna. Eu venho aqui para falar sobre o BNDES. É um dos temas, sem dúvida nenhuma, que tem sido debatido de forma significativa e importante no Brasil inteiro e, principalmente, no Parlamento, seja por conta da Medida Provisória nº 777, que modifica a TJLP para TJP, ou seja, mudando as regras da cobrança de juros e fazendo com que o BNDES seja transformado numa instituição econômica como qualquer outra, e não numa instituição de fomento; seja pela CPI que deverá hoje aprovar o seu plano de trabalho, instalada aqui no Senado Federal.

    Esse tema – que, pela aparente complexidade, Sr. Presidente, fica mais distante do cotidiano da população – merece um esforço para fugirmos dos termos econômicos e para trazer a todos os que nos ouvem um retrato claro da importância do BNDES e por que o Governo Temer e seus apoiadores buscam criminalizar os necessários investimentos públicos em nossa economia.

    O BNDES, como diz a própria sigla, é um banco de desenvolvimento, ou seja, um tipo de instituição que financia investimentos produtivos de longo prazo. Esses projetos geram transformações estruturais na economia e possuem efeitos positivos para além da geração de emprego e renda.

    Os projetos estão normalmente associados à distribuição regional da produção ou à promoção da indústria, da infraestrutura, da inovação, das energias limpas e tecnologias verdes, das exportações e das micros, pequenas e médias empresas. Em um momento de grande crise econômica como a que nós vivemos hoje, o investimento na economia é fundamental para retomarmos o desenvolvimento, para retomarmos o crescimento.

    O BNDES faz financiamentos para projetos específicos. O valor dos financiamentos do banco é pago de volta por quem recebe o financiamento, com juros, a prazo, como ocorre em qualquer operação de crédito. Ou seja, quando uma empresa busca o BNDES ela não ganha dinheiro, mas toma empréstimo a partir de uma avaliação de sua capacidade de pagamento. O BNDES exige contrapartida mínima de seus clientes e a formalização de garantias que permitam ao banco reaver o dinheiro em caso de não pagamento.

    A inadimplência do BNDES tem sido a mais baixa de todo o Sistema Financeiro Nacional, o que reforça a postura técnica na análise de suas operações.

     Além disso, o BNDES também atua no apoio a financiamentos não reembolsáveis em setores específicos através de seus fundos estatutários. Essas operações não necessitam de devolução de recursos, caso os objetivos inicialmente estabelecidos sejam cumpridos, como por exemplo o Fundo de Desenvolvimento da Amazônia, que tem sido tão importante para a nossa região. Por serem destinações muito específicas (inovação, cultura, inclusão social, meio ambiente, etc.), isso corresponde a uma pequena parcela das operações do banco, tendo atingido, por exemplo, 0,5% dos investimentos no ano de 2016.

    Ou seja, os dados disponíveis mostram que o BNDES vem, ao longo dos últimos anos, cumprindo o seu papel de fomentador da economia nacional, e tendo resultados invejáveis, inclusive se comparado aos grandes bancos comerciais do Brasil. Mas apesar de seus resultados e de uma atuação técnica rigorosa e vigorosa, há uma intensa movimentação para reduzir o seu papel, com o argumento de se reduzir o monstruoso déficit fiscal patrocinado pelo atual Governo.

    Um dos instrumentos que estão sendo usados contra o BNDES e o fomento da nossa indústria – repito aqui – é a Medida Provisória nº 777, cuja comissão mista é presidida pelo Senador Lindbergh Farias – aliás, presidida com muita competência, Senador Lindbergh.

    Essa medida provisória propõe que a taxa de longo prazo seja calculada e divulgada mensalmente pelo Banco Central, com taxa equivalente ao que é praticado no mercado, ao invés da Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) que é revisada de três em três meses pelo Conselho Monetário Nacional e abaixo dos juros cobrados no mercado.

(Soa a campainha.)

    A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco Socialismo e Democracia/PCdoB - AM) – Ou seja, abaixo por quê? Porque o Brasil tem as mais elevadas taxas de juros do Planeta. Então ela é abaixo para quê? Exatamente para fomentar os investimentos necessários nos setores da economia para que o Brasil possa se desenvolver.

    Até a Medida Provisória nº 777, o BNDES emprestava dinheiro e cobrava com juros da Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), hoje em torno de 7% ao ano.

    Eu repito: é necessário que assim se mantenha – e tenho apenas duas páginas, Sr. Presidente, se V. Exª me permitir –, para poder continuar o fomento.

    Por outro lado, os projetos... Posso citar vários projetos de saneamento ambiental, projetos que têm recebido aportes do Banco Central.

(Soa a campainha.)

    A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco Socialismo e Democracia/PCdoB - AM) – Debatemos muito. O Senado Federal debateu, Srs. Senadores, Srªs Senadoras, a postura do Governo Federal através do Plano Safra, que é fazer o quê? É equiparar a taxa de juros para o grande produtor rural, para que ele possa ser competitivo com o juro cobrado no mercado internacional.

    Pois bem, o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) nada mais faz do que isso para setores importantes, para o nosso desenvolvimento nacional.

    Pois bem, esse Governo quer acabar, quer acabar com essa política que vem dando certo até agora. O atual Presidente do BNDES se contrapôs àquele discurso fácil, àquele discurso enganoso de muitos dos colegas, que, infelizmente, não conhecem o conteúdo, mas que sobem para dizer que o BNDES só financiou obras no exterior, o que não é verdade. Se financiou, financiou em benefício...

(Interrupção do som.)

    A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco Socialismo e Democracia/PCdoB - AM) – ... da própria Nação, em benefício (Fora do microfone.)

    do próprio povo brasileiro...

    O SR. PRESIDENTE (João Alberto Souza. PMDB - MA) – Conclua, Excelência.

    A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco Socialismo e Democracia/PCdoB - AM) – ... exatamente para garantir o desenvolvimento e a exportação de capitais.

    Então, quero dizer, Senador Lindbergh, que nós – V. Exª, principalmente – temos um grande desafio pela frente. Não vamos permitir que destruam o BNDES, porque destruir o BNDES é destruir a economia nacional, a possibilidade de um desenvolvimento nacional mais independente.

    Já receberam e pediram de volta ilegalmente R$100 bilhões. Na medida provisória, eles legalizam o repasse de dinheiro, porque sabem que aquela devolução foi questionável. Legalizam. Se garantirem a aprovação dessa medida provisória, eles vão zerar os cofres do BNDES, e o dinheiro que é público, porque a origem é pública, não mais financiará o desenvolvimento econômico.

    Então, nós precisamos trabalhar duramente contra isso e contra isso e contra...

(Interrupção do som.)

    A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco Socialismo e Democracia/PCdoB - AM) – ... a campanha negativa, equivocada, errada que se faz contra o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social. (Fora do microfone.)

    Obrigada, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 16/08/2017 - Página 15