Fala da Presidência durante a 115ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Pedido ao Supremo Tribunal Federal de rejeição de ações judiciais que prejudicam a demarcação de reservas indígenas.

Autor
Jorge Viana (PT - Partido dos Trabalhadores/AC)
Nome completo: Jorge Ney Viana Macedo Neves
Casa
Senado Federal
Tipo
Fala da Presidência
Resumo por assunto
DIREITOS HUMANOS E MINORIAS:
  • Pedido ao Supremo Tribunal Federal de rejeição de ações judiciais que prejudicam a demarcação de reservas indígenas.
Publicação
Publicação no DSF de 16/08/2017 - Página 32
Assunto
Outros > DIREITOS HUMANOS E MINORIAS
Indexação
  • PEDIDO, SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (STF), OBJETO, REJEIÇÃO, AÇÃO JUDICIAL, ASSUNTO, PREJUIZO, DEMARCAÇÃO, RESERVA INDIGENA, MANUTENÇÃO, DIREITO, INDIO, TERRAS INDIGENAS.

    O SR. PRESIDENTE (Jorge Viana. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - AC) – Caro colega, amigo, Senador Capiberibe, ex-Governador do Amapá, como eu, ex-Governador do Acre, queria poder assinar embaixo do pronunciamento de V. Exª.

    Estou também muito preocupado com essa decisão do Supremo, mas confiante que a Suprema Corte Brasileira vai fazer justiça com os povos indígenas, os povos originários.

    Sou o próximo orador. Inclusive, eu queria ver se a Senadora Regina pode presidir para que eu possa fazer uso da tribuna.

    Nós estivemos agora, Senador Capiberibe, veja a riqueza... Estive numa aldeia indígena agora, aliás, em duas. Estive no Rio Muru, com os povos Kaxinawa. Dormi no chão de uma escola que construí há quinze anos, quando era Governador. É bom. Os índios têm aulas de inglês, de espanhol, da língua huni kuin e de português na escola. Fiquei muito orgulhoso. Voltei para cá muito melhor. E passei três dias e três noites com os Yawanawa na cabeceira do Rio Gregório.

    Para que o senhor, que conhece bem, ter uma ideia, meu colega Capiberibe, saindo de Cruzeiro do Sul, são quatro horas de carro; depois, sobe oito horas de canoa, uma pequena canoa, porque os rios estão secos, até chegar à Aldeia Mutum, onde fiquei com os Yawanawa. Fui conviver com eles, ficar com eles e sei o quanto nós temos de riqueza, por toda essa convivência que eles estabeleceram com a natureza agora que estão conseguindo ter as suas terras. E vem uma elite atrasada, que não olha para o passado, que não reconhece a nossa história, que não conhece a beleza deste País, as riquezas que nós temos, e tenta mudar tudo.

    Acabamos de ter, lá em Feijó, agora, esta semana, três índios não contactados, pois eram índios isolados. Então, ainda temos povos originários isolados lá no Acre. Fizeram contato no ano passado e, nesta semana, pela primeira vez, foram à cidade.

    Então, estamos cuidando dessas joias raras, desse patrimônio. Não é possível que não haja a mínima sensibilidade dessas pessoas que só querem para si, só pensam em si, não pensam no bem comum, não pensam naqueles que mais precisam, naqueles que têm mais direitos do que nós, porque chegaram antes. É lamentável.

    Passo para a querida Regina, para fazer uso da tribuna como orador inscrito.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 16/08/2017 - Página 32