Discurso durante a 115ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Pesar pelo falecimento de Carlos Fanklin Paixão de Araújo, ex-Deputado Estadual e ex-marido da ex-Presidente da República, Dilma Rousseff.

Repúdio às manifestações racistas que tiveram lugar nos Estados Unidos da América.

Autor
Paulo Paim (PT - Partido dos Trabalhadores/RS)
Nome completo: Paulo Renato Paim
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM:
  • Pesar pelo falecimento de Carlos Fanklin Paixão de Araújo, ex-Deputado Estadual e ex-marido da ex-Presidente da República, Dilma Rousseff.
POLITICA INTERNACIONAL:
  • Repúdio às manifestações racistas que tiveram lugar nos Estados Unidos da América.
Publicação
Publicação no DSF de 16/08/2017 - Página 77
Assuntos
Outros > HOMENAGEM
Outros > POLITICA INTERNACIONAL
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, MORTE, ENCAMINHAMENTO, VOTO DE PESAR, APRESENTAÇÃO, PESAMES, FAMILIA, ELOGIO, VIDA PUBLICA, PERSONAGEM ILUSTRE, FUNDAÇÃO, PARTIDO DEMOCRATICO TRABALHISTA (PDT).
  • REPUDIO, MOVIMENTO SOCIAL, OBJETO, RACISMO, NAZISMO, LOCAL, VIRGINIA (MG), ENTE FEDERADO, PAIS ESTRANGEIRO, ESTADOS UNIDOS DA AMERICA (EUA).

  SENADO FEDERAL SF -

SECRETARIA-GERAL DA MESA

SECRETARIA DE REGISTRO E REDAÇÃO PARLAMENTAR – SERERP

COORDENAÇÃO DE REDAÇÃO E MONTAGEM – COREM

15/08/2017


    O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS. Sem apanhamento taquigráfico.) – Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, na madrugada do último sábado faleceu em Porto Alegre um dos mais aguerridos políticos da sua geração e um cidadão brasileiro exemplar que eu tive o privilégio de conhecer e conviver.

    Carlos Franklin Paixão Araújo tinha 79 anos. Foi companheiro de lutas, devaneios e amores da ex-presidente Dilma Rousseff. Foram casados por mais de 30 anos.

    Advogado trabalhista, militante social e do mundo do trabalho, ex-deputado estadual no Rio Grande do Sul na década de 1980, ele foi uma figura marcante na luta contra a Ditadura Militar.

    Foi também um dos fundadores do Partido Democrático Trabalhista (PDT) e parceiro de Leonel Brizola.

    Aliás, quero registrar aqui, que em 1985, fui convidado por Carlos Araújo a ingressar nas fileiras do PDT. Dilma Rousseff estava junto com ele quando o convite me foi feito. Isso aconteceu no Sindicato dos Metalúrgicos de Canoas, o qual eu presidia.

    Carlos Araújo era natural de São Francisco de Paula, na serra gaúcha, nasceu em 1938 e era filho do também advogado trabalhista Afrânio Araújo.

    Na década de 1990 ainda concorreu para a prefeitura de Porto Alegre.

    Depois disso, afastou-se da política, passando a se dedicar integralmente à advocacia. Contudo, nunca deixou fazer análises e participar da vida política brasileira.

    Em suas últimas entrevistas, no ano passado, disse considerar o impeachment de Dilma um golpe e um processo de degradação irreversível para a democracia brasileira.

    Além da ex-mulher, Araújo deixa a filha Paula Rousseff Araújo – única do casal – que por sua vez lhe deu dois netos.

    Ele deixa mais dois filhos, Leandro e Rodrigo.

    Quando soube do falecimento de Carlos Araújo meu coração chorou, um aperto enorme no peito. Ele foi um extraordinário amigo e companheiro de longas jornadas por um mundo mais humano e solidário.

    Uns nascem; outros partem: esse é o ciclo da vida.

    Mas o legado permanece nos cantares do povo, a história eterniza. Os guerreiros são assim: escrevem o tempo, as horas, os minutos, o dia e a noite, no calor dos gestos e abraços, no punho cerrado... liberdade, democracia, justiça social.

    E quando se vão, não deixam saudade, apenas a certeza de que não existe o impossível... Todos os rios são navegáveis. 

    Carlos Araújo, presente... Carlos Araújo, presente... Carlos Araújo, presente.

    O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS. Sem apanhamento taquigráfico.) – Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, todos nós ficamos entristecidos com os atos racistas e de intolerância ocorridos na semana passada na cidade de Charlotesvile, na Virgínia, nos Estados Unidos da América. Essa ferida exposta parece não ter fim.

    Tudo iniciou com a decisão do governo local de retirar de uma praça pública a estátua de Robert Lee, o general que liderou as forças do Sul que se opunham ao fim da escravidão na Guerra Civil (1861-1865).

    Logo em seguida um grupo de supremacistas brancos e neonazistas realizaram uma marcha para protestar. Aí os fatos que se seguiram vocês todos já viram, conhecem, confronto e muita violência. 

    No sábado, um automóvel em alta velocidade atingiu uma multidão que protestava a uma quadra de distância contra supremacistas brancos. Houve uma morte, e 19 feridos. Eu vi as imagens, elas são chocantes. 

    Faixas e cartazes estão no local. Entre elas uma diz o seguinte... “Nossos filhos choram. O amor vencerá”. Há um coração desenhado com flores e mensagens contra o ódio.

    Outra diz... “É uma vergonha que mesmo em 2017 o ódio volte. Martin Luther King teve um sonho de que tudo isto não aconteceria mais”.

    Eu estive neste final de semana no interior do Rio Grande do Sul e lá também as pessoas estão comentando o que está acontecendo nos Estados Unidos. Uma vergonha.

    Esses atos repugnantes devem ser criticados fortemente pelo mundo todo. Nós sabemos que isto não é exclusividade daquele país. A discriminação e o racismo são muito fortes aqui no Brasil.

    Esperamos que o mundo e os governos tenham consciência de que a intolerância, o ódio, a violência, as guerras, a fome, o imperialismo, não levam a nada. A humanidade regride e não avança.

    Por isso, Sr. Presidente, deixo aqui a minha inconformidade com o que aconteceu e ainda continua a acontecer nos Estados Unidos. Queremos um planeta Terra de paz, harmonia e solidariedade. Não ao racismo.

    Era o que tinha a dizer.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 16/08/2017 - Página 77