Discurso durante a 108ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Balanço das atividades da CPI da Previdência Social.

Autor
Paulo Paim (PT - Partido dos Trabalhadores/RS)
Nome completo: Paulo Renato Paim
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
PREVIDENCIA SOCIAL:
  • Balanço das atividades da CPI da Previdência Social.
Publicação
Publicação no DSF de 04/08/2017 - Página 88
Assunto
Outros > PREVIDENCIA SOCIAL
Indexação
  • BALANÇO, ATIVIDADE, COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), OBJETO, INVESTIGAÇÃO, CONTABILIDADE, PREVIDENCIA SOCIAL, REGISTRO, PRORROGAÇÃO, COMISSÃO, AUDIENCIA, GRUPO, DEVEDOR, INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL (INSS), DISCUSSÃO, ALTERAÇÃO, CRITERIOS, APOSENTADORIA, TEMPO DE SERVIÇO, DEFESA, REJEIÇÃO, PROPOSTA, REFORMA, GOVERNO FEDERAL, MICHEL TEMER, PRESIDENTE DA REPUBLICA.

  SENADO FEDERAL SF -

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COORDENAÇÃO DE REDAÇÃO E MONTAGEM - COREM

03/08/2017


    O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, os trabalhos da Comissão Parlamentar de Inquérito - CPI da Previdência Social, no segundo semestre, recomeçam na próxima segunda-feira, dia 7, às 15 horas.

    Foram convidados para a audiência as seguintes entidades:

    Associação Nacional dos Aposentados, Idosos, Pensionistas e dos Segurados da Previdência Social; Sindicatos dos Servidores Integrantes da Carreira de Auditores de Atividades Externas do Distrito federal; Federação Interestadual dos Policiais Civis da região Centro Oeste e Federação Nacional dos Delegados de Polícia.

    Sr. Presidente, a CPI da Previdência foi instalada em abril e prorrogada até dezembro.

    Ela tem por objetivo investigar a verdadeira situação financeira da Previdência, combater a fraude, a sonegação e a corrupção. Queremos saber onde estão os problemas.

    Somente o setor bancário e o setor de frigoríficos devem bilhões. Queremos saber onde estão os problemas.

    O Brasil tem direito de saber se ela é deficitária ou, como dizem os especialistas, superavitária.

    Há um estudo detalhado da ANFIP (Associação Nacional de Auditores Fiscais da Receita Federal) que diz que o superávit é de bilhões de reais e que, portanto, o discurso de déficit e de rombo é falácia de todos os governos que passaram pelo Planalto. É obvio que o que está por trás disso tudo é a privatização e a reforma previdenciária.

    O presidente da ANFIP, Vilson Romero, que já prestou depoimento à CPI, afirma que o governo “dá uma pedalada constitucional” e “faz contabilidade criativa” ao misturar despesas relativas às aposentadorias dos servidores civis e militares com outros programas sociais da seguridade social, como as áreas de saúde, assistência e previdência.

    Ele também afirma que nunca foi criado um fundo para gerir os recursos arrecadados ao longo dos anos com as contribuições dos servidores.

    Abre aspas: “Ao fazer essa confusão e jogar no colo da Previdência e própria seguridade esse desequilíbrio que há dos desgovernos seguidos, isso obviamente gera um resultado negativo”, fecha aspas.

    Em 2016 o governo arrecadou R$ 700 bilhões e pagou benefícios na ordem de R$ 500 bilhões.

    Mesmo que a seja estimado R$ 100 bilhões para a saúde e mais R$ 50 bilhões para assistência social, ainda vai sobrar muito dinheiro.

    Nos últimos 20 anos, o dinheiro da Previdência tem sido usado para outras finalidades, em especial, o pagamento de juros.

    Conforme previsto no Orçamento da União de 2017, 44% dos gastos do governo federal serão destinados para o pagamento de juros e financiamento da dívida pública e 20% são referentes à Previdência Social.

    Desde que a Previdência foi criada, os governos irresponsavelmente retiram recursos das contribuições para aplicar em outras áreas.

    Lembro aqui, senhoras e senhores, dos antigos Institutos de Pensão e Aposentadoria, onde era obrigatória a aplicação dos recursos destinados às aposentadorias em empresas nacionais.

    O dinheiro da Previdência foi usado para a criação da Companhia Siderúrgica Nacional, da Vale do Rio Doce.

    O BNDES e o IPEA já fizeram um levantamento de tudo que os governos se apropriaram dos saldos positivos da Previdência entre 1966 e 1999.

    Em 1999, um valor de R$ 400 bilhões. Hoje seriam R$ 1,4 trilhão, que serviria de fundo de previdência social.

    E aqui também poderíamos falar da Desvinculação das Receitas da União (DRU), que é o repasse do dinheiro das contribuições previdenciárias também para outras áreas.

    Para que a população entenda, a Previdência é financiada com recursos das contribuições sobre a folha de salários dos trabalhadores empregados (contribuem tanto empregador quanto empregado); contribuição sobre a renda bruta das empresas (Cofins); Contribuição sobre o Lucro Líquido (CSLL); contribuição sobre a renda líquida dos concursos de prognósticos, excetuando-se os valores destinados ao Programa de Crédito Educativo; e outras de menor valor.

    Sr. Presidente, a CPI da Previdência ainda tem muito trabalho pela frente. Estamos ouvindo a sociedade e todos aqueles envolvidos direta e indiretamente com este assunto.

    Creio que estamos no caminho certo e que a verdade vai prevalecer.

    Era o que tinha a dizer.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 04/08/2017 - Página 88