Pela ordem durante a 116ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Críticas ao Senador Romero Jucá por haver apresentado pedido de expulsão de S. Exª do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB).

Autor
Roberto Requião (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PR)
Nome completo: Roberto Requião de Mello e Silva
Casa
Senado Federal
Tipo
Pela ordem
Resumo por assunto
ATIVIDADE POLITICA:
  • Críticas ao Senador Romero Jucá por haver apresentado pedido de expulsão de S. Exª do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB).
Publicação
Publicação no DSF de 17/08/2017 - Página 22
Assunto
Outros > ATIVIDADE POLITICA
Indexação
  • CRITICA, ROMERO JUCA, SENADOR, MOTIVO, APRESENTAÇÃO, PEDIDO, EXPULSÃO, ORADOR, PARTIDO DO MOVIMENTO DEMOCRATICO BRASILEIRO (PMDB), NECESSIDADE, DEFINIÇÃO, OBJETIVO, PARTIDO POLITICO, DEFESA, DIREITO, TRABALHADOR, DEMOCRACIA, POVO.

    O SR. ROBERTO REQUIÃO (PMDB - PR. Pela ordem. Sem revisão do orador.) – Presidente, eu peço a palavra para uma breve e urgente comunicação.

    Dias atrás, eu li no "Radar" da revista Veja que o Presidente em exercício do meu Partido, Senador Romero Jucá, procurava uma barriga de aluguel para pedir a minha expulsão do PMDB. Eu sou fundador do PMDB do Paraná, eu sou o filiado número um do Partido, no Paraná, e atualmente sou Presidente do Diretório Estadual.

    O pedido de expulsão se concretizou hoje. Fui intimado, no meu gabinete, por um funcionário do Diretório Nacional. Acusam-me de infidelidade aos princípios partidários.

    Presidente, eu sou o peemedebista mais fiel neste Congresso Nacional. Eu sou do velho MDB de guerra; do PMDB do Ulysses Guimarães, que tinha, como princípio, não roubar, não deixar roubar, pôr na cadeia quem rouba. Eu sou do PMDB nacionalista e desenvolvimentista, do documento "Esperança e Mudança". Eu sou do PMDB com um projeto nacional, do PMDB da seriedade. É evidente que eu não sou do PMDB da "Ponte para o Futuro", documento redigido por funcionários de bancos, por pessoas completamente desligadas do Partido. E eu não sou desse grupo que, eventualmente, no comando do meu Partido, está viabilizando a sua desmoralização total no Brasil.

    Pesquisas de opinião mostram, Presidente, que o PMDB hoje tem 1% de apoio popular, e eu estou tentando, num esforço enorme, ressuscitar o velho MDB de guerra.

    Então, fui intimado a fazer uma defesa de um documento supostamente assinado por uma juventude do PMDB que não tem nome – eu me lembro de Ortega y Gasset, Presidente: "Juventude que não é rebelde é servidão precoce", provavelmente uma juventude formada por funcionários, talvez, da Casa Civil da Presidência da República ou por algum cabide de emprego desses que abundam na República brasileira hoje.

    Mas eu não vou deixar isso barato. Eu vou, através dos meus advogados, contestar o pedido de expulsão e vou provocar uma discussão partidária em profundidade. Eu protocolei, hoje, no Diretório Nacional do PMDB aqui, na Câmara Federal, o pedido de expulsão de Eduardo Cunha e o pedido de suspensão, até que se resolvam as acusações que tramitam no Supremo Tribunal Federal, de Romero Jucá da Presidência do Partido, e, se condenado, o meu pedido já é cumulativo para viabilizar a sua expulsão do Partido. Eu quero saber até quando esse PMDB está totalmente submetido aos interesses negociáveis do Governo.

    Eu sou do PMDB que respeita direito de trabalhador; eu sou do PMDB da Constituinte cidadã, que foi, Presidente Cássio, uma espécie de Pacto de Moncloa, quando a frente democrática do PMDB conseguiu a derrota da ditadura; um pacto com a sociedade brasileira, garantindo direitos do povo, das mulheres e dos trabalhadores. Eu não sou do PMDB da "Ponte para o Futuro".

    Eu quero, com esses dois pedidos que protocolei, travar a discussão definitiva. Existe ainda o velho MDB de guerra? Ele é capaz de ressuscitar pelas bases e tomar uma atitude que resgate essa situação terrível de estar representado em pesquisas de opinião com 1% da opinião pública brasileira, portanto rejeitado por 99%? Ou o meu Partido acabou? Bom, se acabou, não precisam pedir a minha expulsão, porque o Partido terá cumprido a sua rota de vida, o seu espaço vital na história da República e da democracia brasileira. Mas barato não fica, Presidente!

    Eu quero dizer a essa gente toda, que pretende a minha expulsão, alguma coisa. E vou dizer citando um poeta português que fugiu de Portugal e foi morar em Curitiba na época do salazarismo, Sidónio Muralha.

    Eu quero terminar essa minha comunicação ao Plenário, em que estou pedindo o afastamento do Jucá, a expulsão do Cunha e, se o Jucá for condenado, a sua imediata expulsão do Partido, eu quero terminar essa minha proclamação, essa minha comunicação ao Plenário com um poema do Sidónio Muralha. Chama-se Roteiro:

Parar. Parar não paro.

Esquecer. Esquecer não esqueço.

Se caráter custa caro

pago o preço.

Pago embora seja raro.

Mas homem não tem avesso

e o peso da pedra eu comparo

à força do arremesso.

Um rio, só se for claro.

Correr, sim, mas sem tropeço.

Mas se tropeçar não paro

– não paro nem mereço.

E que ninguém me dê amparo

nem me pergunte se padeço.

Não sou nem serei avaro

– se caráter custa caro

pago o preço.

    É o momento de o PMDB dizer a mim, aos velhos peemedebistas, aos desenvolvimentistas, aos nacionalistas, se a Base existe ou se o Partido se transformou numa confederação de políticos ou presos, ou com tornozeleiras!


Este texto não substitui o publicado no DSF de 17/08/2017 - Página 22