Pela Liderança durante a 116ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Críticas ao governo federal pela crise na economia e a consequente proposta de ajuste da meta fiscal.

Autor
Gleisi Hoffmann (PT - Partido dos Trabalhadores/PR)
Nome completo: Gleisi Helena Hoffmann
Casa
Senado Federal
Tipo
Pela Liderança
Resumo por assunto
ECONOMIA:
  • Críticas ao governo federal pela crise na economia e a consequente proposta de ajuste da meta fiscal.
Aparteantes
Jorge Viana.
Publicação
Publicação no DSF de 17/08/2017 - Página 45
Assunto
Outros > ECONOMIA
Indexação
  • CRITICA, GOVERNO FEDERAL, MICHEL TEMER, PRESIDENTE DA REPUBLICA, MOTIVO, CRISE, ECONOMIA, AUMENTO, DEFICIT, ORÇAMENTO, PODER PUBLICO, RESULTADO, PROPOSTA, REFORMULAÇÃO, META FISCAL, REDUÇÃO, EMPREGO, TRABALHADOR, PREJUIZO, PROGRAMA ASSISTENCIAL, BOLSA FAMILIA, NECESSIDADE, POLITICA, VALORIZAÇÃO, SALARIO MINIMO.

    A SRª GLEISI HOFFMANN (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR. Como Líder. Sem revisão da oradora.) – Obrigada, Sr. Presidente, Srs. Senadores, Srªs Senadoras, quem nos acompanha pela Rádio, pela TV Senado, pelas redes sociais.

    Não é outro o assunto que me traz a esta tribuna senão o déficit no orçamento público divulgado hoje pelo Governo de Michel Temer. E me traz à tribuna, como trouxe aqui outros companheiros, colegas Senadores da oposição, porque foi exatamente com o argumento de estouro nas contas públicas que fizeram o impeachment da Presidenta Dilma, que deram o golpe na Presidenta Dilma, dizendo que a Presidenta estava gastando mais do que podia e que as contas públicas estavam uma bagunça.

    Pois bem, quem deu o golpe, quem assumiu o governo no lugar da Presidenta Dilma acaba de mandar mais um déficit orçamentário. Tinham proposto um de 170 bilhões no ano passado e agora, que teria de ser de 139, aumentaram para 159 bilhões. Então, eles têm muito o que explicar, têm muito o que justificar para a população. O que eles estão fazendo nesse Governo? Por que tiraram a Presidenta? Não era para arrumar as contas públicas? Não era para melhorar a economia? Não era para gerar emprego? Não era a fada da confiança que vinha? Bastava tirar a Dilma e o PT que tudo se resolvia? Agora os senhores expliquem para a população o que está acontecendo. Expliquem que os senhores não têm medidas na área da economia para fazer a receita crescer, para o País recuperar o crescimento econômico, e estão tendo que justificar os déficits.

    Nós não somos contra fazer ajustes anticíclicos, como se chama, no orçamento público. Em momentos em que economia está ruim, nós somos a favor, sim, de se fazer déficit para haja dinheiro à disposição da sociedade, mas não dinheiro para pagar emenda de Parlamentar e livrar a cara do Presidente para não haver denúncia. Não é dinheiro para livrar os ruralistas das suas dívidas nem tampouco os bancos das suas dívidas. É dinheiro para investir no social e na economia.

    Quando a Presidenta Dilma mandava para esta Casa déficit orçamentário, ela mandava explicadinho para o que era. Por exemplo, ela mandou o déficit de 2017. Era uma parte para cobrir frustração de receita, 23 milhões foram para o Plano de Aceleração do Crescimento – PAC e recursos, por exemplo, para renegociar contratos dos Estados com a Polícia Federal, para haver recursos para pagar a Caixa Econômica, para pagar o FGTS. O Temer, não. Manda para cá um rombo de 159 bilhões que ele quer, sem dizer no que vai gastar.

    Nós podemos ser a favor, sim, desse aumento do déficit, desde que venha explicadinho no que vai ser gasto. Então, é para as universidades que vão fechar agora em setembro? Nós concordamos, dinheiro para as universidades. É para incluir famílias no Bolsa Família? Nós concordamos, para incluir as famílias. Para aumentar o Bolsa Família? Sim, para aumentar o Bolsa Família. Para ter dinheiro para ciência e tecnologia? Sim, nós concordamos.

    Agora, eles estão aumentando o déficit para pagar emenda para Deputado para livrar a cara do Presidente e, ao mesmo tempo, reduzindo o salário mínimo. É uma desfaçatez! Nós sempre aumentamos nos nossos governos, inclusive no da Dilma, que vocês tiraram. Sempre aumentaram o salário mínimo. Como os Senadores que votaram a favor do Temer vão explicar que agora se vão reduzir R$10,00 no salário mínimo? É um crime contra o povo mais pobre! Dez reais vão tirar do salário mínimo, quando tinham que ter aumentado o salário mínimo na crise. Foi o que Lula fez em 2008/2009. Por isso nós saímos da crise.

    Aliás, em abril, nós lançamos um documento da Bancada do PT.

(Soa a campainha.)

    A SRª GLEISI HOFFMANN (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR) – "Medidas emergenciais para recuperação da economia, do emprego e da renda", que exatamente dizia que a gente tinha que aumentar o salário mínimo, aumentar o Bolsa Família, fazer o Minha Casa, Minha Vida, investir na educação, pôr dinheiro na saúde, para recuperar a economia. Vocês estão fazendo tudo ao contrário, tudo errado! E ainda vêm cortar salário mínimo do povo trabalhador?

    Vocês vão ter muito o que explicar à população, tanto o Presidente Temer como esta Casa, que votou pelo impeachment da Dilma, porque a tiraram exatamente para equilibrar as contas públicas. E agora as contas públicas estão estourando? Disseram que iam melhorar a vida do povo. E agora vão cortar do salário mínimo? Vocês estão com a cabeça onde, gente? Vocês vão colocar o Brasil no fundo do poço! Vocês têm que fazer o contrário: têm que aumentar o salário mínimo, aumentar o Bolsa Família, colocar mais famílias dentro do Bolsa, colocar dinheiro nas universidades, para que elas continuem fazendo os seus gastos e os seus investimentos...

(Soa a campainha.)

    A SRª GLEISI HOFFMANN (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR) – ... precisam fazer investimento público, resgatar o Minha Casa, Minha Vida, senão não será possível! Nós vamos para o fundo do poço. Não há receita que cresça! Vocês vão aumentar o déficit e continuar pagando Deputado para livrar o Temer? Isso não pode ser feito. Isso é uma vergonha para o nosso País.

    Eu queria consultar a Mesa. Há pelo menos dois Senadores que estão pedindo aparte. Eu posso...

    Senador Jorge.

    O Sr. Jorge Viana (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - AC) – Eu só queria, rapidamente, Senadora Gleisi... Acabei de fazer uma fala nesse sentido. Nós temos que assumir o tamanho do problema do País. E acho que até a imprensa, setores da imprensa que apoiaram o golpe, que apoiaram este Governo, agora já estão trabalhando com os números, que eles são reais: 660 bilhões – bilhões – é o tamanho do custo que nós temos agora do Governo. Já há 200 bilhões para o próximo que assumir. É uma situação gravíssima. Querer reduzir o valor do salário mínimo! Eu acho que é o limite do limite. Mas o Governo tem feito assim: está tirando dos que têm pouco, para dar àqueles que têm de sobra. Agora, hoje, o jornalista Josias de Souza, na Folha de S.Paulo, coloca lá que mais de 4 milhões de brasileiros estão voltamos para a situação de pobreza e miséria. É lamentável. E eu queria só me somar ao pronunciamento de V. Exª, Senadora Gleisi.

    A SRª GLEISI HOFFMANN (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR) – Obrigada, Senador Jorge. Vou agregar o seu pronunciamento, seu aparte, porque, de fato, é uma situação muito triste nós vermos a fome voltando para o...

(Soa a campainha.)

    A SRª GLEISI HOFFMANN (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR) – ... País. Além de a fome voltando, agora reduzindo salário mínimo. Completamente fora da política que nós fizemos nos últimos 13 neste País. Completamente fora. Foi essa política de valorização do salário mínimo que fez com que a gente saísse da crise.

    Então, eu quero deixar aqui registrada a vergonha que está sendo este Governo. E dizer novamente que nós, baseados na experiência com o Presidente Lula, na crise de 2008 e 2009, propusemos, em abril deste ano, um conjunto de medidas emergenciais para o País sair da crise.

    Eu queria muito pedir que essas medidas fossem consideradas, porque é o povo brasileiro que está sofrendo, é o trabalhador brasileiro que está sofrendo.

    Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 17/08/2017 - Página 45