Pronunciamento de João Alberto Souza em 16/08/2017
Discurso durante a 116ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
Solicitação ao Ministro da Saúde, Ricardo Barros, no sentido de que aumente a quantidade de equipamentos de hemodiálise no Estado do Maranhão.
- Autor
- João Alberto Souza (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/MA)
- Nome completo: João Alberto de Souza
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
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SAUDE:
- Solicitação ao Ministro da Saúde, Ricardo Barros, no sentido de que aumente a quantidade de equipamentos de hemodiálise no Estado do Maranhão.
- Publicação
- Publicação no DSF de 17/08/2017 - Página 56
- Assunto
- Outros > SAUDE
- Indexação
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- SOLICITAÇÃO, ASSUNTO, SAUDE, REFERENCIA, ADMINISTRAÇÃO HOSPITALAR, DOENTE, TRATAMENTO, AUSENCIA, ESTADO DO MARANHÃO (MA), MUNICIPIO, CODO (MA), MAQUINA, LIMPEZA, SANGUE, REQUISIÇÃO, RICARDO BARROS, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DA SAUDE (MS).
O SR. JOÃO ALBERTO SOUZA (PMDB - MA. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, Srªs Senadoras e Srs. Senadores, Sócrates, o filósofo grego, costumava dizer que uma vida sem desafios não vale a pena ser vivida. E, nessa mesma linha, um outro pensador disse algo semelhante: um caminho sem obstáculos não leva a lugar nenhum. A estatura de uma pessoa, de fato, pode ser avaliada pelos desafios que enfrenta, pelos obstáculos que supera ao longo do caminho. Não podemos esquecer, entretanto, que alguns caminhos são mais acidentados do que outros.
Vejamos, por exemplo, os desafios enfrentados pelos doentes renais crônicos do nosso País. Seus rins pararam de funcionar. Alguns dias sem tratamento podem ser letais. Ou eles se submetem a um transplante renal – um tratamento que, infelizmente, e por uma série de razões, não está acessível a todos que precisam – ou fazem diálise. Na grande maioria dos casos, eles fazem a hemodiálise, que consiste em se conectar, por algumas horas, em dias alternados, a uma máquina filtradora de sangue. Não existe alternativa. Não há terceira via.
Imagino como deve ser difícil manter tal compromisso: várias horas por semana, anos a fio, preso a uma máquina como condição para permanecer vivo. E esse, infelizmente, nem é o maior obstáculo na vida de um doente renal crônico; muitos ainda enfrentam enormes dificuldades para, simplesmente, terem acesso a uma máquina de hemodiálise.
No meu Estado, o Maranhão, muitos doentes têm de viajar por horas a fio, centenas de quilômetros, várias vezes por semana, apenas para chegar a uma cidade que disponha de um serviço de hemodiálise. Um doente que hoje more, por exemplo, em Chapadinha, um Município no interior do Estado – uma situação que já foi, inclusive, noticiada pela imprensa –, terá de viajar 250 quilômetros para chegar à capital, São Luís. A viagem não dura menos de três horas e meia. E, se a hemodiálise for feita três vezes por semana, como é usual, ele terá de percorrer 1,5 mil quilômetros e passar, no mínimo, 21 horas semanais dentro de uma ambulância, de uma van ou de algum outro veículo que faça a gentileza de o transportar.
Os dados do último censo Indicadores e Dados Básicos de Saúde, publicado pelo Ministério da Saúde, indicavam uma prevalência de pacientes em diálise pelo Sistema Único de Saúde de 32 habitantes por 100 mil, no Maranhão. Considerando nossa população atual, que gira em torno de 7 milhões de habitantes, poderíamos estimar um total de cerca de 2.240 pacientes em diálise.
É um número bem próximo do que foi divulgado recentemente pelo Governo do Estado: algo acima de 2 mil pacientes atendidos por mês nas 14 unidades de hemodiálise habilitadas pelo Ministério da Saúde – são seis em São Luís; três em Imperatriz; uma em Caxias; uma em Bacabal; uma em Timon; uma em Pedreiras; e uma em Codó; Municípios do Estado do Maranhão.
Em Bacabal, por exemplo, a clínica Biorim possui um centro comandado pela Drª Fabiana, a responsável técnica. Mas o Dr. Afonso Paulo Costa Ferro, diretor da clínica, informou-me que, apesar de conseguirem acolher 246 pacientes por mês, totalizando 3.198 sessões, infelizmente 17 pacientes ainda esperam por uma vaga. Estão à porta da clínica, esperando, se não houver hemodiálise, apenas a morte.
No dia 12 de agosto, estive na cidade de Codó, onde visitei, em companhia do Deputado João Marcelo e do Dr. Francisco Oliveira, a clínica de hemodiálise daquele Município, reaberta recentemente pelo atual Prefeito Francisco Nagib – um excelente empreendimento!
Assim como Codó, Bacabal merece ampliar suas vagas.
Lamentavelmente, não é o bastante.
No ano passado, o Ministério Público teve de instaurar 175 processos para internação emergencial de pacientes que necessitavam de diálise. E o problema não se restringe às grandes áreas de vazio assistencial do interior do Estado; ele também está na capital. O Hospital Dr. Carlos Macieira, que integra o SUS e é referência estadual em procedimentos de alta complexidade, realiza sessões de hemodiálise continuadamente nos três turnos e, ainda assim, não consegue atender completamente à demanda por tratamento.
Percebam os nobres pares que este não é um problema exclusivo do Maranhão. É um problema nacional. Diversos outros Estados também têm vastas áreas onde não há sequer uma máquina de diálise disponível; onde os doentes têm de viajar horas e horas para serem tratados; e onde há enormes dificuldades para realizar sessões de diálise.
E, para tornar essa questão ainda mais séria, os estudiosos nefrologistas, epidemiologistas e demógrafos dizem que a situação tende a se agravar: nossa população está cada vez mais velha, e duas das doenças mais frequentes nos dias de hoje –hipertensão arterial e diabetes – estão diretamente relacionadas à doença renal. Essa é uma questão que precisa ser enfrentada. Temos de eliminar os obstáculos que atravancam o caminho dos doentes renais e precisamos, também, estar à altura do desafio de prevenir o adoecimento...
(Soa a campainha.)
O SR. JOÃO ALBERTO SOUZA (PMDB - MA) – ... do restante da população. Sem ações preventivas que estimulem um estilo de vida mais saudável, milhões de brasileiros e brasileiras poderão se somar às fileiras daqueles que hoje penam para receber um tratamento mais apropriado e tempestivo.
Senhores e senhoras, aproveito esta oportunidade para fazer um apelo ao Ministro da Saúde, Ricardo Barros: a quantidade de postos de hemodiálise no Estado do Maranhão está muito aquém do necessário. Como é triste ver, em pleno século XXI, os nossos semelhantes morrerem por falta do tratamento adequado. É urgente. Ministro, socorra o Estado do Maranhão!
Muito obrigado, Presidente.