Discurso durante a 128ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Comentários sobre os 37 anos da fundação do Partido dos Trabalhadores (PT).

Autor
Gleisi Hoffmann (PT - Partido dos Trabalhadores/PR)
Nome completo: Gleisi Helena Hoffmann
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ELEIÇÕES E PARTIDOS POLITICOS:
  • Comentários sobre os 37 anos da fundação do Partido dos Trabalhadores (PT).
Aparteantes
Lindbergh Farias.
Publicação
Publicação no DSF de 07/09/2017 - Página 33
Assunto
Outros > ELEIÇÕES E PARTIDOS POLITICOS
Indexação
  • COMENTARIO, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), REFERENCIA, HISTORIA, ELOGIO, GOVERNO, GESTÃO, LUIZ INACIO LULA DA SILVA, DILMA ROUSSEFF, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA, CRITICA, DENUNCIA, PROCURADOR GERAL DA REPUBLICA, OBJETO, PARTICIPAÇÃO, PARTIDO POLITICO, CRIME, CORRUPÇÃO, SENTENÇA JUDICIAL, CONDENAÇÃO, EX PRESIDENTE.

    A SRª GLEISI HOFFMANN (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão da oradora.) – Obrigada, Sr. Presidente.

    Srs. Senadores, Srªs Senadoras, quem nos ouve pela Rádio Senado, pela TV Senado, também quem nos acompanha pelas redes sociais, eu subo a esta tribuna, claro, para falar como Senadora, mas também como Presidenta do meu Partido, do Partido dos Trabalhadores. O PT tem 37 anos de existência. Foi fundado no calor dos movimentos sociais, na luta sindical, na luta pelas melhorias da condição de vida do povo brasileiro.

    Durante esses 37 anos de vida, cometeu erros e acertos, Presidente, como qualquer organização humana. E eu quero dizer aqui que acho e avalio que cometeu mais acertos do que erros, dentro do quadro e da conjuntura brasileira que nós temos.

    Desde que o Partido iniciou, desde os seus primeiros anos de vida, é notória a perseguição que esse Partido sofre por parte da sociedade brasileira, principalmente dos meios de comunicação, e por parte da política, do establishment do Brasil.

    No início, quando nós surgimos, diziam que o PT iria dividir a casa das pessoas para que mais gente pudesse ter acesso a casa. Então, votar no PT significaria, por exemplo, que a sua casa seria dividida com mais uma família, Senador. Ou, então, que o PT iria fechar igrejas – logo o PT, que nasceu das comunidades eclesiais de base –, porque o PT não acreditava em Deus, era um Partido comunista. Era isso que se pregava abertamente. Ou então, que iria raptar crianças para poder fazer finanças para o Partido.

    Nós vivemos anos e mais anos com essas mentiras sendo debeladas pela sociedade, mas foi a nossa força, a determinação da nossa militância, mas, principalmente, a nossa causa, o nosso compromisso com o Brasil que fez com que a gente vencesse todos esses preconceitos e todas essas denúncias.

    E chegamos ao poder no País em 2003, em uma situação de caos absoluto da política brasileira, da economia brasileira, em que a esperança no Brasil era praticamente inexistente. Estávamos com um índice de desemprego alarmante, uma dívida estratosférica, praticamente sem reservas internacionais e, portanto, com a comunidade internacional inteira desafiando o Brasil a ser um País que cumprisse seus contratos.

    Enfim, o PT foi alçado à Presidência como uma necessidade de resgatar a esperança do povo brasileiro. E assumimos o poder.

    Quando iniciamos os primeiros anos de governo do Presidente Lula, o que mais nós ouvíamos era que tínhamos um Presidente incompetente, analfabeto, incapaz. Um Presidente que não sabia dar respostas aos problemas do Brasil, que era motivo geralmente de chacota, que o PT não tinha quadros capacitados para governar o Brasil e que as políticas que nós fazíamos aqui não correspondiam ao nível de desenvolvimento que queriam.

    Lembro as críticas ao Bolsa Família no primeiro ano de governo do PT. Foi um escândalo o Bolsa Família. Foi como se a gente tivesse feito algo extremamente errado. Como nós ousávamos dar uma renda mínima às pessoas que não tinham renda? Por que a gente não dava a vara para pescar em vez de dar o peixe? Escutei muito isso.

    Aí eu pergunto: por que os outros que nos antecederam não fizeram isso? Não fizeram porque não há condições de fazer isso em uma sociedade que é desigual, em que nem todos têm a mesma oportunidade. Simples assim.

    Então, vivemos 500 anos neste País com uma situação de desigualdade profunda, com falta de oportunidade, e queriam que o PT, então, não tivesse um programa que pudesse ser minimamente social, que justificasse o ataque à pobreza.

    Mas por que eu digo isso, Sr. Presidente? Porque, com todas essas críticas, esse foi o único Partido que elegeu, reelegeu, elegeu e reelegeu dois Presidentes da República. E por que fez isso? Pelo resultado das suas políticas ao povo brasileiro.

    Foi um Partido que fez uma política externa altiva e ativa, reconhecida globalmente com muito respeito. Por onde o PT ou o Brasil era falado, era respeitado.

    Infelizmente, não é isso que vemos hoje. Temos presidentes vindo visitar países da América do Sul e América Latina que não chegam ao Brasil. Não reconhecem o Presidente que está no Palácio do Planalto, sequer têm deferência a ele.

    O nosso Presidente era recebido em todos os lugares com honras de Chefe de Estado. Era ovacionado, e ainda é. O Presidente Lula, internacionalmente, ainda é um dos líderes políticos mais respeitados que nós temos.

    Desenvolvemos uma política de geração de empregos – foram mais de 22 milhões de empregos, quando diziam que nós não tínhamos capacidade para isso –; ressuscitamos a indústria naval; fizemos o conteúdo nacional; fortalecemos a Petrobras com a descoberta do pré-sal; trouxemos desenvolvimento sustentado; debelamos a fome neste País. O Brasil foi um dos primeiros países a alcançar uma das políticas do milênio, um dos desafios do milênio, que era reduzir a fome e a pobreza. Nós praticamente retiramos a fome do solo brasileiro. E investimos muito em educação.

    Quem dera, não é? Aquele Presidente analfabeto, que todo mundo criticava, que muitas vezes era motivo de chacota e de gozação, foi o Presidente que mais criou universidades, que mais abriu cursos superiores e que, hoje, é o que mais tem títulos de reconhecimento, de honoris causa, no Brasil, exatamente por isso. Aliás, nessa caravana que fez pelo Nordeste, ele foi muito homenageado em razão das universidades e dos cursos universitários que lá abriu.

    Mas, mesmo assim, durante esse governo, tivemos também um ataque muito grande ao Presidente Lula e ao PT, dizendo que nós éramos um partido da corrupção. V. Exª se lembra do mensalão, da AP 470, que, inclusive, disse que o PT era o grande organizador disso. E por que o povo brasileiro elegeu de novo o Presidente Lula, mesmo com essa denúncia? Elegeu o Presidente Lula porque tinha resultados do seu governo e elegeu o Presidente Lula porque também viu que havia perseguição em cima do PT.

    Será que, em 500 anos, o PT era o único partido ou o Presidente Lula o único a cometer erros e deslizes e a praticar a corrupção no Brasil como estavam a dizer? Pois bem, o Presidente Lula foi reeleito, termina o seu mandato com mais de 80% de aprovação e elege a Presidenta Dilma Rousseff. E a Presidenta Dilma é reeleita – numa campanha acirrada, mas é reeleita.

    Como é que fazem para retirar o PT do poder? Qual é o critério? Qual é o instrumento de que utilizam? O impeachment, que foi votado por esta Casa aqui; o afastamento da Presidenta, que completa um ano agora. Ou seja, não conseguiram ganhar do PT nas urnas; não conseguiram tirar o PT da Presidência da República pela disputa no voto; tiveram que recorrer a um artifício, que foi um golpe parlamentar, patrocinado pela mídia e por setores da elite brasileira.

    Pois bem, tiraram a Presidenta Dilma e decretaram, como vinham decretando há muito tempo, a morte do PT, a morte do Presidente Lula e que, a partir dali, o Brasil estaria feliz, o Brasil conheceria o que é desenvolvimento e combate à corrupção.

    O que nós estamos vendo hoje? Nós estamos vendo um país enfiado em uma das piores crises econômicas; um país que está gerando desemprego; um país que voltou a ter fome, para vergonha dos brasileiros; um país que não é mais respeitado internacionalmente; um país que está fechando as suas universidades; um país que não tem dinheiro mais para ações básicas do Estado brasileiro; e um país que está sendo dirigido por corruptos, por um Presidente que foi gravado, no Palácio do Jaburu, dizendo que tinha que parar uma operação, por pessoas que participaram deste Governo, ex-ministros dele e também assessores, carregando malas de dinheiro ou tendo pacotes de dinheiro. Tudo isso acontecendo, e é o PT que sempre pagou a maior conta. Quando iniciou a Lava Jato, a tese era de que – e é por isso que estou falando isto, é porque quero chegar a essa denúncia sem fundamento, do Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot – o PT era uma organização criminosa, que nos apossamos do Estado para roubar do Estado brasileiro, do Governo brasileiro, para distribuir dinheiro, para comprar cargos, para enriquecer, para ganhar eleições. Foi isso que disseram. Fizeram até um PowerPoint, lá no meu Estado; um Procurador de lá fez um PowerPoint que virou chacota depois, nacional e internacional. Aliás, aonde a gente vai no mundo e fala com juristas, fala com advogados, o pessoal ri do comportamento do Ministério Público brasileiro em relação a esse PowerPoint, tentando mostrar que o Presidente Lula comandava uma organização criminosa.

    E, quando estouram todos os escândalos, envolvendo inclusive PSDB, envolvendo PMDB, envolvendo outros partidos que sempre governaram este País, não falam em organização criminosa. Eles se calam. O Presidente Lula foi condenado, agora, a nove anos de prisão com um processo em que não há provas. Não há prova nenhuma contra ele. Aliás, as provas que há são provas de inocência.

    Mas o Presidente Temer, não. Esse foi liberado pela Câmara dos Deputados mesmo tendo gravação de que estava recebendo benefícios e de que estava trabalhando contra a Justiça. O assessor do Presidente Temer, que foi pego com uma mala de dinheiro, bem como seu Ministro Geddel Vieira Lima, seu ex-Ministro, que, agora também está com caixas de dinheiro, foram soltos, não ficaram na cadeia. Olha, que há malas de dinheiro. Pergunto: onde é que há malas de dinheiro do PT? Onde há caixas de dinheiro do PT? Mas esses foram soltos. O Vaccari, que é o nosso tesoureiro, que foi inocentado pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região, continua preso.

    São dois pesos e duas medidas. Um Senador desta Casa, quando era do PT, foi cassado; o outro, por ser do PSDB, foi liberado. Engraçado isso! E, agora, qual não é a surpresa que nós temos de que, no meio de toda essa barafunda que está acontecendo no Brasil – malas de dinheiro, delações da JBS, que são desconfirmadas ou partes que não foram entregues... Aliás, é um absurdo: como é que o Ministério Público Federal deixa parte de uma delação sem entregar? Deixa uma parte de uma delação sem considerar no processo? Pior do que isso: um dos Procuradores, braço direito do Ministro Janot, envolvido com a empresa que fez essa delação! Foi um dos que mediou, e disseram que ele ganhou R$40 milhões através de um escritório de advocacia. É esse Marcelo Miller, que está trabalhando lá.

    E o que faz o Procurador-Geral, Rodrigo Janot, ao invés de explicar isso? Tem que explicar isso aqui. Por que alguém da confiança dele ganha R$40 milhões de um escritório que serve à JBS? E não é só isso: várias das denúncias, várias das delações premiadas, inclusive a do ex-Senador Delcídio do Amaral, que está sendo questionada porque ele mentiu, foram capitaneadas por esse Procurador Marcelo Miller. Elas vão valer? Será que ele ganhou dinheiro também para fazer isso? É um escândalo!

    Aí, o que faz o Procurador-Geral? Oferece uma denúncia contra o PT, dizendo que o PT é organização criminosa: Presidente Lula, Presidenta Dilma, eu, que sou Presidente do PT. Qual é a organização criminosa? Qual é o crime que nós fizemos, Dr. Janot? Porque a denúncia que foi apresentada é uma coisa absurda: não tem um fundamento, só tem delação. É justamente quando as delações são questionadas que V. Sª apresenta uma denúncia por organização criminosa em cima de delações? Delações pegas de todos os processos para juntar e dizer que ali há uma organização criminosa, com uma falta de observação do devido processo legal?

    É um escândalo isso! É um escândalo, Dr. Janot! V. Exª está para sair do cargo e quer mostrar serviço? É isso? Só que V. Exª vai sair do cargo e vai sair carimbado por essa delação da JBS e por ter um dos seus principais procuradores, pessoa de sua absoluta confiança, envolvido até o último fio de cabelo numa negociata de delação furada. É isso que o senhor vai levar para o seu currículo. Não é a denúncia do PT, não, porque carece de provas, carece de fundamento. Isso é criminalização da política, isso é criminalização do Partido.

    E sabe por que nós achamos que o senhor fez isso? Para dar respaldo ao seu procurador lá do Paraná que está sendo ridicularizado – e o senhor vai ser ridicularizado também por conta dessa denúncia –, e para tentar desgastar o PT. Sabe por quê, Presidente? Porque, de novo, volto a dizer que fiz um relato histórico aqui sobre o PT, sobre todos os nossos problemas, de onde saímos, onde chegamos e por que governamos este País por quatro mandatos – um interrompido no início, mas ganhamos quatro eleições consecutivas aqui. Sabe por quê? Porque o PT de novo está se transformando na esperança do povo brasileiro.

    O Presidente Lula fez uma caravana pelo Nordeste que foi sucesso de público e crítica, que nem a imprensa – a imprensa aqui, a mídia local – conseguiu desmoralizar porque a mídia internacional acompanhou a caravana. Então, saímos em vários veículos internacionais, mostrando a quantidade de povo que seguia o Presidente Lula, a quantidade de povo que se reunia para ver Lula, para pegar Lula, para falar com Lula, para dizer que na época de Lula – sim, na época de Lula! – eles estavam melhores, tinham renda, tinham emprego, tinham escolas para os seus filhos. Na época de Lula, eles podiam comer três vezes ao dia; na época de Lula, eles se sentiram cidadãos brasileiros. Essa gente, independentemente do que vocês façam para tentar desconstruir o PT ou o Presidente Lula, essas pessoas vão continuar confiando porque eles experimentaram um governo que olhou por elas, diante de uma história do nosso País que nunca olhou para os mais pobres, que nunca olhou para os trabalhadores.

    E foi o PT, nesta Casa, um dos primeiros partidos a se levantar para defender os trabalhadores e o povo brasileiro das barbaridades do golpe que deram na Presidenta Dilma. Foi o PT que denunciou e disse: "Olha, vão fazer a Emenda Constitucional 95 para congelar investimentos para a gente não ter mais investimentos no Brasil e, portanto, não ter geração de emprego; para parar o Minha Casa, Minha Vida; vão congelar a educação, recursos para a educação, porque querem fechar as nossas universidades; vão congelar recursos para a saúde, para a assistência social".

     Nós denunciamos isso, fomos contra, e defendemos o interesse da maioria do povo; assim como denunciamos a reforma trabalhista, que agora vai começar a ter os seus resultados perversos na vida das pessoas; assim como denunciamos a reforma da previdência, o desmonte do Estado brasileiro. Foi o PT que se posicionou firme ao lado dos trabalhadores e do povo mais pobre. E vai continuar se posicionando e vai continuar dizendo que o Estado brasileiro tem que servir à maioria dos seus habitantes, do seu povo; que tem que servir àqueles que mais precisam; e que o Estado brasileiro é um instrumento de fazer justiça social e não pode servir a 30% apenas da população brasileira. Não pode ser só ela a ser incluída no Orçamento da República. Vamos continuar falando isso.

    Então, não adianta, viu, jornal O Globo? Porque vocês fizeram hoje uma manchete... Os únicos que a fizeram com tanta crise acontecendo – malas de dinheiro andando para cima e para baixo; JBS revendo a delação... E eu sei que já mostraram aqui, mas O Globo, esse jornal cândido aqui, que faz política o tempo inteiro, que tem lado na história – sempre teve –, faz uma manchete dizendo que Janot denuncia Lula, Dilma e PT, por organização criminosa, e coloca, embaixo, uma fotografia cheia de malas de dinheiro.

    Olha, jornal O Globo, você já teve mais influência neste País. Você, como jornal, a Rede Globo, como televisão, fizeram toda a mobilização do impeachment pela Dilma, levaram as pessoas para as ruas, faziam, ao vivo, os links, incentivavam a protestar! Vocês não têm vergonha do resultado que vocês criaram neste País agora, não? Olhem o resultado em que vocês enfiaram o Brasil: uma crise econômica sem precedentes! E vocês continuam mentindo, quer dizer, tentando mostrar ou tentando ligar as malas de dinheiro do Geddel ao Presidente Lula e à Presidenta Dilma? Vocês não têm vergonha do que vocês fazem? Eu me envergonharia! Olhem o resultado que vocês deram ao Brasil!

    A fome voltou no Brasil! Não adianta vocês fazerem o Criança Esperança, porque vocês não vão conseguir debelar a fome. Aliás, fizeram isso o tempo inteiro, antes de a gente entrar com o Fome Zero, antes de a gente entrar com o Bolsa Família. Vocês são uma organização anterior ao PT. Com muita força! O que de fato construíram para o povo brasileiro? Vocês jogaram este País no caos, com as mobilizações que vocês fizeram, incentivando o povo a ir de verde e amarelo para as ruas. O que vocês falam para essas pessoas agora? Vocês colocaram o Temer na Presidência da República. Vocês colocaram o Geddel para ser Ministro. Vocês colocaram o Rodrigo Rocha Loures para ser assessor do Presidente. O que vocês dizem agora à população brasileira?

    Vocês geraram 14 milhões de desemprego, apoiando uma política de austeridade do Ministério da Fazenda, de um Ministro que entende de ser contador, mas não entende de Brasil. Como é que alguém, que nunca pisou o chão pobre deste País, pode fazer uma política econômica para tirar o País da crise? Não pode! Quem só pisa a sala de banco só pensa em banco.

    A importância da sua cabeça está onde seus pés pisam. É por isso que o Lula dá importância ao povo. O Lula pisa onde o povo está! O Lula não fica nos carpetes, no ar refrigerado. Não fica dando receita fácil de contabilidade. Não. O Lula vai lá e fala com o povo brasileiro, quer saber o que o povo pensa, o que o povo sente e, por isso, acerta na política. É isso!

    Agora, O Globo não! O Globo continua insistindo, continua querendo ligar o Presidente Lula... Onde estão as malas de dinheiro do PT? Fale, Globo! Fale, Janot! Fale, Juízo da Primeira Vara de Curitiba! Onde está a mala de dinheiro, os pacotes, as caixas de dinheiro? Quem é a organização criminosa? Vocês têm que responder isso à sociedade.

    Não pode ficar assim! O Ministério Público não pode ficar fazendo política. Quer fazer política, Janot? Saia de lá, se candidate e venha aqui! Aí, você faz política. Porque o que você fez ontem, ao apresentar essa denúncia, foi eminentemente político!

    E não é só o PT que está falando; um monte de gente está falando. Inclusive Senador que veio aqui, que é crítico do PT, reconheceu isto: que o Ministério Público fica extremamente vulnerável quando toma uma atitude como essa; e vai ficar, e vai receber crítica, nacional e internacional.

    Concedo um aparte ao Senador Lindbergh.

    O Sr. Lindbergh Farias (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – Senadora Gleisi, quero dizer que a senhora me representa. A senhora está fazendo um grande mandato como Senadora e como Presidente Nacional do PT. Saiba, neste momento – e creio que posso falar também pelos militantes deste Partido espalhados pelo Brasil –, que V. Exª nos representa a todos, pela sua garra, pela sua combatividade. Quero aproveitar para felicitá-la, porque sei que hoje é seu aniversário também.

    A SRª GLEISI HOFFMANN (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR) – Muito obrigada.

    O Sr. Lindbergh Farias (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – E eu acho que V. Exª entra nos pontos centrais. Esse pessoal está desesperado. Eles achavam que, ao dar esse golpe, iriam recuperar a economia. Eles diziam o tempo todo que, quando tirassem a Dilma, a economia iria se recuperar porque os empresários iriam voltar a ter confiança e a investir. E estão colocando o País numa situação... São 2,5 milhões a mais de desempregados só nos últimos 12 meses; há piora da vida do povo. E o desespero é que eles achavam mesmo que, depois de toda essa perseguição infame contra o Presidente Lula, Lula e o PT estariam desmoralizados. Era esse o plano. Aí, eles iriam dar um golpe, fazer um conjunto de políticas que retirassem direitos dos trabalhadores, entregar estatais, a Petrobras, a Eletrobras; e, em 2018, ganharia um candidato deles, quem sabe o Aécio ou o PSDB. E o desespero é o seguinte: só Lula sobe. Lula surge como a grande esperança do povo brasileiro neste momento, para o País voltar a crescer, para fazer o que ele fez no passado, inclusão social. E aí eles vêm com isso, com essa matéria de O Globo, com essa nova denúncia. Eu quero dizer a esse pessoal o seguinte: isso aí é mais do mesmo. O povo percebeu que há uma perseguição contra o Presidente Lula. Eu estive na caravana. Passei três finais de semana viajando com o Presidente Lula. É impressionante, Senadora Gleisi, a força dele com o povo e do povo com ele, a esperança... Eu acho que a gente pode dizer a esse povo brasileiro que a gente vai lutar muito. E nós vamos desfazer muita coisa que eles estão fazendo. Ontem foi votada aqui a medida provisória que praticamente acaba com o BNDES. Eu já disse: fiquem certos de que, em janeiro de 2019, nós vamos anular isso, como vamos anular as privatizações, como vamos anular essa reforma trabalhista... Então, eu quero parabenizar V. Exª e falo com muita verdade: V. Exª nos representa e representa a todos. V. Exª teve seu nome incluído, junto com o do Presidente Lula e da Presidenta Dilma, porque é do PT. Não é por fato concreto, não. Se fosse eu o eleito Presidente do PT, eu estaria no lugar de V. Exª. É claramente política essa denúncia. E num momento como este, num momento em que a Procuradoria deveria estar dando explicações, porque esteve um Procurador envolvido nessa delação escandalosa, porque o que a gente viu nas gravações do Joesley... Essa delação foi escandalosa. Então, quero cumprimentar V. Exª pela combatividade.

(Soa a campainha.)

    A SRª GLEISI HOFFMANN (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR) – Obrigada, Senador Lindbergh. Agradeço-lhe e incorporo suas palavras ao meu pronunciamento.

    Para terminar, duas coisas. De fato, a Procuradoria-Geral da República tem de se explicar, tem que dizer por que Marcelo Miller era tão próximo da JBS e foi a pessoa que costurou toda essa delação e por que uma parte dessa delação que fala dele não veio a público antes, só depois. Tem que explicar.

    Como há coisas também no juízo de primeiro grau de Curitiba que é necessário explicar: escritório da mulher do juiz junto com delator... São coisas muito ruins. E, se exigem explicações nossas aqui, também têm de explicar. Vamos ser claros para todo o mundo.

    E, por último, eu queria dizer que nós temos um livro que foi lançado e se chama Comentários a uma Sentença Anunciada, que faz uma análise da sentença que condenou o Presidente Lula a nove anos. São 122 juristas, Presidente – 122 juristas –, que escreveram 103 artigos. Entre eles, Celso Bandeira de Mello, Juarez Tavares, Pedro Serrano, nomes internacionalmente conhecidos e respeitados.

    E o que escreveram? Que a sentença que condena Lula não tem fundamento. Não tem prova e não está de acordo com o processo penal brasileiro. São 122 juristas! Não estamos falando do PT. Estamos falando de 122 juristas, que não têm ligação partidária, a maioria deles; não são filiados ao PT.

    Então, é importante que o Brasil saiba. Chama-se Comentários a uma Sentença Anunciada. Por que isso? Porque o Moro já anunciava desde sempre que iria condenar o Presidente Lula, independentemente de provas.

    Então, é sobre isto que nós estamos falando, sobre a necessidade de conservar o nosso Estado democrático de direito, a necessidade de conservar o devido processo legal e a necessidade de fazer política da forma como ela tem que ser feita: no debate e na disputa das ideias.

    O Partido dos Trabalhadores, que eu presido e tenho a maior honra de fazê-lo, em nome de todos os militantes, de todos os nossos filiados e filiadas, quer deixar muito claro que nós temos lado nessa história. O nosso lado é o lado da maioria do povo brasileiro e dos trabalhadores deste País.

    Obrigada, Senador.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 07/09/2017 - Página 33