Discurso durante a 130ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Defesa da continuidade das investigações no âmbito da operação Lava Jato.

Considerações sobre a visita oficial de S. Exa. a Taiwan.

Comemoração dos 100 (cem) anos de fundação da Associação Religião e Misericórdia em Porto Alegre, conhecido como Centro Israelita.

Autor
Ana Amélia (PP - Progressistas/RS)
Nome completo: Ana Amélia de Lemos
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PUBLICA E IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA:
  • Defesa da continuidade das investigações no âmbito da operação Lava Jato.
ATIVIDADE POLITICA:
  • Considerações sobre a visita oficial de S. Exa. a Taiwan.
HOMENAGEM:
  • Comemoração dos 100 (cem) anos de fundação da Associação Religião e Misericórdia em Porto Alegre, conhecido como Centro Israelita.
Aparteantes
Magno Malta.
Publicação
Publicação no DSF de 13/09/2017 - Página 90
Assuntos
Outros > CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PUBLICA E IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA
Outros > ATIVIDADE POLITICA
Outros > HOMENAGEM
Indexação
  • COMENTARIO, MOVIMENTAÇÃO, POLITICO, OBJETIVO, EXTINÇÃO, OPERAÇÃO LAVA JATO.
  • REGISTRO, VISITA OFICIAL, PAIS ESTRANGEIRO, TAIWAN, COMENTARIO, HISTORIA, CULTURA, RELEVANCIA, RELAÇÕES DIPLOMATICAS, IMPORTANCIA, DISPENSA, VISTO DE PASSAPORTE, VISITA, TURISTA, EMPRESARIO, PAIS.
  • HOMENAGEM, CENTENARIO, FUNDAÇÃO, INSTITUIÇÃO RELIGIOSA, JUDAISMO, LOCAL, MUNICIPIO, PORTO ALEGRE (RS), ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL (RS).

    A SRª ANA AMÉLIA (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão da oradora.) – Sr. Presidente, Senador José Medeiros, que preside esta sessão, quero, antes, cumprimentar o Senador Armando Monteiro pela abordagem que fez. Eu não quis fazer aparte, mas foi uma abordagem necessária.

    Senador, acho que é preciso, permanentemente, que esses temas estejam na nossa agenda aqui, numa visão crítica ao Governo. Quando se critica, é para melhorar, não para destruir o que foi conquistado até agora.

    Eu queria, hoje, tratar de três temas, todos relevantes.

    Começo falando da questão dessa situação rumorosa, vergonhosa em alguns aspectos, de, aparentemente, haver uma movimentação para sepultar a Operação Lava Jato.

    Esse é um processo complexo, o maior processo envolvendo uma relação promíscua entre o setor privado e o setor público, mais especificamente o setor político. Nós não temos o direito, Senador Magno Malta – não temos o direito! – de sepultar a Operação Lava Jato, porque isso seria, eu diria, até dar as costas à sociedade brasileira, à população brasileira, que foi às ruas aos milhares, homens e mulheres, para manifestar e para defender o fim da corrupção, o fim da impunidade.

    E quando nós vemos um esforço velado, aparente ou expresso no sentido de sepultar a Lava Jato, nós estamos diante de um risco inaceitável, porque é a esperança última que teremos em relação a esse processo comandado pelo Juiz Sergio Moro.

    Se a lei é igual para todos, Senador, ela tem que ser igual para Lula, para Temer, para o Procurador Rodrigo Janot, para qualquer Senador aqui dentro, para qualquer empresário, para Joesley Batista, que enfim foi para a cadeia. A lei é igual para todos, e não há como tergiversar sobre isso, porque, senão, vamos ter um país de leis diferenciadas protegendo quem pode mais do que aqueles que podem menos. Não é essa a forma como vamos construir um País democrático, forte e respeitado lá fora.

    Quero dizer que a Lava Jato é um ativo importante para a depuração do sistema político e empresarial de nosso País – e de forma exemplar. Não podemos, portanto, e não devemos sepultar esta Operação Lava Jato. A delação pode estar apresentando algumas distorções, mas não podemos tirar esse instrumento do Código Penal brasileiro, para que, através dele, possamos continuar auxiliando nas investigações.

    Como eu disse, se a lei é a mesma para todos, nós temos que entender e usar esses instrumentos, que estão à disposição, para esse processo depurativo. O mundo inteiro espera dos brasileiros e das suas instituições um comportamento absolutamente altivo, independente, soberano, mas, sobretudo, comprometido com a ética, com a responsabilidade e com a honestidade nesses procedimentos. Todos – todos! – têm que pagar pelos crimes que cometeram: Lula, Temer, Geddel, Palocci, Joesley Batista e os demais envolvidos nessas operações.

    Então, eu queria fazer este registro, para não dizer... Com tudo o que está acontecendo no País, com os milhares de reais encontrados num apartamento, com as denúncias recentes que envolveram o ex-Presidente Lula, feitas por uma pessoa de copa e cozinha, braço direito e esquerdo do Presidente Lula e da ex-Presidente Dilma, Antonio Palocci – braço direito e esquerdo desses dois Presidentes, então, não se pode agora jogar o delator às feras e dizer que ele é um traidor –, é preciso não tapar o sol com a peneira, é preciso reconhecer os erros, em vez de ficar atacando quem vem apresentar o que está acontecendo no País.

    Eu quero, agora, fazer um relato breve, Senador José Medeiros, porque tive a honra de ser convidada, na semana passada, para uma visita oficial a Taiwan. Foram quatro dias de uma produtiva agenda, em que tive a oportunidade de conviver com o Poder Executivo, com o Poder Legislativo, com os centros de pesquisa na área pública, de horticultura e fruticultura; conviver também com uma espécie de Vale do Silício que há em Taiwan, no sul do país, e que tem parcerias inclusive com a Pontifícia Universidade Católica do meu Estado do Rio Grande do Sul, de Porto Alegre.

    Esse país tem 23 milhões de habitantes, e a distância entre o extremo norte e o extremo sul é de 400km. Senador José Medeiros, imagine o tamanho desse país! E um país que tem uma renda per capita de US$22 mil. São 23 milhões de habitantes e 14 milhões de turistas que saem de Taiwan para viajar e conhecer o mundo.

    E esse país fez o seu desenvolvimento focado em educação e tecnologia. Taiwan está hoje sendo uma espécie de exemplo para o nosso País, porque já construiu o seu Vale do Silício, tão competente quanto o dos Estados Unidos. Está produzindo chips para aparelhos de todos os tipos e mostrando a sua capacidade na hora da produção também de alimentos.

    Eu fiquei sabendo de algo quando eu estive lá que nunca imaginei: o nosso bom, saboroso e suculento mamão formosa, que nós conhecemos e consumimos aqui, foi desenvolvido em Taiwan, que antes se chamou Formosa, porque os portugueses, quando chegaram lá pela primeira vez, disseram "Ó que ilha formosa!" V. Exª esteve lá. De grande memória, o nosso intérprete Chang falou no senhor, como também o nosso querido amigo Fábio Franco, o representante, o nosso Embaixador em Taiwan. Eu fiquei surpresa, porque foi preciso ir tão longe para descobrir que o mamão formosa leva esse nome em homenagem ao local onde esse saboroso mamão foi geneticamente construído.

    É um país que também produz abacaxis de excelente qualidade, muito doces todos os abacaxis. O doce mais conhecido em Taiwan, um doce tradicional, é feito de abacaxi, um bolinho recheado de abacaxi, que o Senador Magno Malta, quando voltou de lá, levou para os amigos do Espírito Santo.

    O SR. MAGNO MALTA (Bloco Moderador/PR - ES. Fora do microfone.) – Com certeza.

    A SRª ANA AMÉLIA (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RS) – Eu queria também dizer, Senador, que Taiwan me surpreendeu pela pluralidade. Taiwan é um país plural do ponto de vista religioso. Lá convivem budistas, cristãos, taoistas. Lá também é um país aberto à questão do gênero. O Congresso de Taiwan aprovou, há dois meses, o casamento de pessoas do mesmo sexo.

    É um país de vitalidade extraordinária em relação a braços abertos. Encontrei jovens brasileiros fazendo grande sucesso, alguns falando fluentemente mandarim, trabalhando, apresentando programas na televisão, seja em Taiwan, seja na China Continental. Encontrei empresários com restaurantes – alguns do seu Estado, Senador Magno Malta, capixabas, com restaurante bem conhecido e bem frequentado em Taipé, capital de Taiwan. Encontrei empresários do Paraná. Encontrei um jovem professor de inglês de Bento Gonçalves. Uma harmonia dessas pessoas num país que acolhe todos os estrangeiros de uma maneira absolutamente calorosa e afetuosa e que oferece oportunidades.

    Eu queria registrar, por oportuno, que o que me impressionou também é que Taiwan tem um respeito extraordinário à questão da sustentabilidade.

    É um país que investiu muito na infraestrutura, que tem trens rápidos, transporte eficiente e educação de alta qualidade.

    Eu queria registrar que essa relação destes dois países, Brasil e Taiwan, se deve também a um ativismo extraordinário do representante do Embaixador de Taiwan aqui, em Brasília, Isaac Tsai, e do nosso Diplomata, o Embaixador Fábio Franco, que representa os interesses brasileiros em Taipé, Taiwan. O ativismo competente desses diplomatas faz a diferença para a relação ampliada dos nossos países.

    Eu queria dizer que a única demanda que Taiwan tem é uma demanda que 97 países já concederam a Taiwan, que é a dispensa do visto por 90 dias para visitantes, turistas ou empresários ou executivos. São 97 países. Entre esses, vejam só, estão Canadá, Chile, Colômbia, Costa Rica, Paraguai, Peru e Estados Unidos da América, que concederam já a dispensa desse visto. E esses países não fazem o mesmo com a República Popular da China. Portanto, eu penso que a diplomacia brasileira precisa ter altivez e atitudes corretas em relação a isso.

    Na Europa, são 43 países que dispensam o visto de entrada de Taiwan e não fazem o mesmo em relação à República Popular da China.

    Então, o que eu trago aqui apenas é um país de oportunidades que, embora pequeno na sua geografia, é um país que está fornecendo ao Brasil a oportunidade para brasileiros e também para taiwaneses que querem vir ao Brasil e investir aqui em tecnologia.

    Vi, Senador Magno Malta, melancia amarela. Nesse centro, fiquei impressionada e imaginando que gosto teria uma melancia amarela. É o gosto de melancia maravilhoso. Fazem lá também já couve-flor roxa, fazem lá cenouras de todas as cores e estas frutas maravilhosas que eles desenvolvem, mangas – todos os tipos de frutas que estão fazendo –, podendo transferir para o Brasil muito dessa tecnologia na produção de sementes híbridas.

    Então, Senador Magno Malta, que esteve lá e conheceu talvez melhor do que eu esse país tão pequeno, tão rico e tão plural na sua convivência, com muito prazer concedo aparte a V. Exª.

    O Sr. Magno Malta (Bloco Moderador/PR - ES) – Senadora Ana Amélia, V. Exª faz um belo discurso trazendo à baila para o Brasil um país tão importante, pequeno, irmão nosso – até a história se parece com a nossa. Quando eles vão nos mostrar naquele museu o descobrimento, o mapa, aquela tradução em português, parece que estamos vendo o descobrimento do Brasil.

    A SRª ANA AMÉLIA (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RS) – Do Brasil.

    O Sr. Magno Malta (Bloco Moderador/PR - ES) – Até a frase: "Terra à vista!"

    A SRª ANA AMÉLIA (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RS) – "Que formosa ilha!"

    O Sr. Magno Malta (Bloco Moderador/PR - ES) – "Formosa ilha!" E parece que eles estão entrando ali na baía de Porto Seguro. Não é?

    A SRª ANA AMÉLIA (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RS) – É verdade.

    O Sr. Magno Malta (Bloco Moderador/PR - ES) – Porque foram descobertos também pelos portugueses. É uma história muito parecida.

    A SRª ANA AMÉLIA (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RS) – Igual.

    O Sr. Magno Malta (Bloco Moderador/PR - ES) – E eu fiquei muito impressionado com aquele povo. Eu fui na posse da Presidente e nós havíamos terminado o impeachment quando os esquerdopatas estavam vendendo para o mundo que aqui houve um golpe, um golpe comandado pelo Senado da República e um golpe em que o Presidente do Senado era o Senador Renan Calheiros, com quem, há um mês, Lula desfilou em Alagoas, de braços dados: "Companheiro, Renan". Então, quer dizer, companheiro Renan é golpista...

    A SRª ANA AMÉLIA (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RS) – O Ministro Ricardo Lewandowski presidiu a sessão.

    O Sr. Magno Malta (Bloco Moderador/PR - ES) – O Lewandowski deu um vexame aqui. É a própria encarnação do vexame. Rasgou a Constituição e cuspiu nela aqui, dentro deste plenário, para que o Brasil pudesse ver. Mas não vem ao fato. O fato é que eu, quando lá estive no Parlamento – a imprensa do mundo estava lá, porque era posse da Presidente –, fui recebido pelo Presidente da Suprema Corte, para me ouvir sobre o impeachment. Eu tive a oportunidade de falar para os jornalistas do mundo tanto lá, quanto no Parlamento, onde V. Exª esteve. É um povo ordeiro, sem violência, até porque a lei é cumprida. Lá bandido não tem grupo de direitos humanos que militam como se os humanos não tivessem direito para poder chamá-los de coitadinhos e tirá-los da cadeia. E me impressionou muito, porque eles haviam levantado as redes sociais minhas e da minha esposa aqui, porque eles iam receber. E uma TV muito importante de lá nos convidou para que pudéssemos ir àquele restaurante a céu aberto – V. Exª deve ter ido lá, a Noite Market deles.

    A SRª ANA AMÉLIA (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RS) – Não. É Night Market.

    O Sr. Magno Malta (Bloco Moderador/PR - ES) – Night Market deles.

    A SRª ANA AMÉLIA (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RS) – Mercado noturno.

    O Sr. Magno Malta (Bloco Moderador/PR - ES) – E nós fomos.

    A SRª ANA AMÉLIA (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RS) – Eu fui também, eu fui lá.

    O Sr. Magno Malta (Bloco Moderador/PR - ES) – Alguma coisa, que é da cultura deles, eu recusei; mas um franguinho, um negócio e tal... Fui lá e fiz uma matéria com essa televisão. Impressionante que, no outro dia, essa matéria estava nas televisões; e, à noite, eu me aproximo da Presidente...

    A SRª ANA AMÉLIA (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RS) – E ela tinha visto o senhor falando...

    O Sr. Magno Malta (Bloco Moderador/PR - ES) – E ela disse: "Eu vi você na televisão; eu vi você falando do Brasil e dizendo que o Brasil não sofreu nenhum golpe." E o desejo deles, daquele povo que nos considera como irmãos, é que nós tenhamos, de fato, parceria com eles. E aí eu fico perguntando à diplomacia brasileira: vocês têm medo dos chineses?

    A SRª ANA AMÉLIA (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RS) – Não; desse lugar em que há 23 milhões de habitantes, não é, Senador?

    O Sr. Magno Malta (Bloco Moderador/PR - ES) – É, porque tem medo de perder a parceria comercial, porque o outro é vingativo. A conversa é essa, não sei se V. Exª já tomou conhecimento. Isso é de uma pobreza... É por isso que a diplomacia israelense chamou o Brasil e os nossos diplomatas de anões diplomáticos – anões diplomáticos. Eu aqui faço coro com V. Exª e gostaria de conclamar os Senadores que estão conosco aqui – que não são muitos – para que façam coro conosco. Lá eles consomem o mármore, o granito do meu Estado. Com a parceria, o mamão papaia nosso vai para lá também. A nossa pimenta-do-reino, do Espírito Santo, vai para lá. O nosso café vai para lá também. Então, é um parceiro importante. Por que esse medo? Chega de este País ter autoridades, Presidentes covardes. Têm medo de tudo; homens comprometidos, problemáticos, expostos todo dia. O Brasil vive a sua crise de autoridade e a sua crise de liderança, e é por isso que eles têm medo de tudo. Queira Deus, em 2018, não tenhamos frouxos comandando este País, mas gente corajosa e limpa, sabe? E gostaria muito de ver um Presidente que tivesse a coragem de trazer Taiwan para dentro, como um parceiro comercial, um parceiro na área de tecnologia – porque opera a mais alta tecnologia deste mundo. São eles que têm produzido para o mundo. São eles! V. Exª acabou de falar que o Vale do Silício deles é uma coisa impressionante; e é! Então, fico muito feliz de ouvir esse discurso. E encerro, dizendo a V. Exª que eu tenho um sonho: o meu sonho é voltar a Taiwan.

    A SRª ANA AMÉLIA (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RS) – O meu também, Senador Magno Malta.

    Espero que, quando voltar a Taiwan, o Brasil já tenha entendido que, para ser soberano, precisa ter vigor, precisa ter coragem de tomar certas decisões. E esta é uma delas: simplesmente conceder um visto, a liberação da visa. O que é preciso hoje fazer: você tem que ir lá à embaixada, conseguir um visto para poder vir ao país. E o Brasil da mesma forma: o brasileiro que quiser ir tem que fazer isso. E taiwaneses têm que fazer isso.

    Então, a dispensa dessa visa no passaporte é por 90 dias; não é para a eternidade, mas mesmo que fosse... Ela tem um sentido importante, porque são 14 milhões de turistas taiwaneses com dinheiro suficiente e que têm interesse no Brasil, adoram o Brasil, querem vir ao Brasil, querem continuar ampliando os negócios com o Brasil. Então, nós estamos perdendo essa oportunidade.

    Para se ter uma ideia, o museu que V. Exª visitou, o Museu Nacional de Taiwan, é uma das joias mais raras da história mundial. Os objetos que estão lá, alguns deles de 300 anos antes de Cristo, estão à vista de quem for visitar. Cinco milhões de pessoas visitam esse museu anualmente.

    Nós não podemos perder essa oportunidade.

    Então, eu lhe agradeço muito, Senador Magno Malta. Soube que sua passagem foi um furacão lá por Taiwan – um furacão no bom sentido; não foi uma Irma, foi no bom sentido – porque todos falaram sobre essa sua performance, inclusive televisiva.

    Eu agora volto a falar de um país parecido com Taiwan – parecido porque tem pouca geografia e tem muita história – que se chama Israel. Sabe o porquê, Senador? É porque, em Porto Alegre, hoje estão sendo comemorados cem anos de fundação da Associação Religião e Misericórdia. Fundada em 12 de setembro de 1917, chamada depois de Sociedade de Religião e Misericórdia Hebraica, a sinagoga mais antiga de Porto Alegre, conhecida como Centro Israelita, foi testemunha de muitas transformações sociais, políticas e ideológicas em escala global, que tiveram também seus efeitos no próprio centro, considerado um firme elo entre judeus e o Estado. Aliás, lá judeus e cristãos têm uma relação extremamente fraterna.

    Situado no coração do bairro Bom Fim, muito conhecido, e filiado à Federação Israelita do Rio Grande do Sul, o Centro Israelita celebrará seu centenário na capital com uma ação socioambiental. Hoje pela tarde, em outro bairro, na Praça Lupicínio Rodrigues, no Menino Deus, serão plantadas mudas de árvores. Membros da comunidade e autoridades da comunidade judaica fizeram esse evento. Foram plantadas na praça...

(Soa a campainha.)

    A SRª ANA AMÉLIA (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RS) – ... dez árvores, uma para cada década da sinagoga, que foi a primeira ali instalada, um ato simbólico para caracterizar todo o trabalho histórico feito ao longo desses cem anos de existência, segundo o Presidente da Sinagoga, Flavio Lermann.

    Para terminar, Senador, está visitando a América Latina Benjamin Netanyahu, claro, um líder polêmico, como tantos. Ele está na Argentina. Eu o conheci quando estive em Israel. V. Exª esteve recentemente também em Israel, em Jerusalém, fazendo, inclusive, apresentações muito bonitas.

    Eu conheci o jornalista Henrique Cymerman, nascido em Portugal, uma das maiores cabeças que eu já conheci, fazendo uma exposição sobre a história de Israel e também sobre os riscos do Exército Islâmico e de outros grupos terroristas, como o Hezbollah.

    Henrique Cymerman, a propósito do que aconteceu recentemente na Espanha, com os atos terroristas que aconteceram naquele país amigo da Europa, disse que o que está acontecendo agora não está sendo bem avaliado, porque não há um entendimento de que, no dia que se chegue e se derrote no campo o terrorismo, ele quedará como uma herança na internet porque os atentados foram transformados na multimídia. Filmam os lugares e chamam os jovens a se unir à guerra santa para logo atacar. Ele diz também que fazem de maneira que se nota que estamos muito atrás de perceber a gravidade de tudo isso. Eles imitam produções de Hollywood, no caso os terroristas, recriando o mesmo ambiente, a esquecer ou a deletar a linha entre realidade e ficção.

    Ele disse mais: a América Latina não está isenta de possibilidades de ataques. Há células terroristas não só do Exército Islâmico, mas também do Hezbollah, que já atuou, na Argentina, duas vezes. Se a América Latina dormir pensando que está imune a tudo isso, será muito mais doloroso quando o terrorismo atacar.

    Eu encerro com essa referência...

    O Sr. Magno Malta (Bloco Moderador/PR - ES) – Concede-me um aparte, Senadora?

    A SRª ANA AMÉLIA (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RS) – Com muita alegria, concedo um aparte ao Senador Magno Malta.

    O Sr. Magno Malta (Bloco Moderador/PR - ES) – Então vamos ficar à vontade, porque só estamos nós dois aqui mesmo... Precisa nem pedir mais tempo.

    A SRª ANA AMÉLIA (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RS) – Não, o nosso Presidente...

    O Sr. Magno Malta (Bloco Moderador/PR - ES) – Zé, fique aí, viu, Zé? Sentado.

    A SRª ANA AMÉLIA (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RS) – O nosso Presidente.

    O Sr. Magno Malta (Bloco Moderador/PR - ES) – Mas ele vai ficar aí, ele gosta de ficar de Presidente. Depois que eu apartear V. Exª, o Senador Lindbergh tem a palavra, você que vai continuar aí, Zé Medeiros, porque depois eu vou falar da tribuna ali. Senadora Ana Amélia, a senhora fala de Israel, e eu costumo descrever, dizendo que esse é o único lugar do mundo onde você sente a mão de Deus a meio palmo da sua cabeça. Goste quem quiser gostar, não goste quem não quiser gostar, mas Deus escolheu aquele povo, e aí? Pronto: "Abençoarei os que te abençoarem" – essa é a promessa – "e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem." Nesses 13 anos desse Governo perdulário, esquerdopata, ficaram amigos íntimos de todos os inimigos de Israel: onde havia um tirano cruel eles ficaram amigos. Veja a amizade profícua e profunda de Lula com Ahmadinejad: durante 13 anos eles visitaram todos eles; nunca visitaram Israel. E todas as vezes em que Israel é atacado e se defende, eles se pronunciam dessa tribuna como se Israel não pudesse se defender. Benjamin Netanyahu, mais do que uma figura polêmica,...

(Soa a campainha.)

    O Sr. Magno Malta (Bloco Moderador/PR - ES) – ... é um líder, um primeiro-ministro. Aliás, eu gostaria de pedir ao Brasil que procurasse ver um seriado chamado Resgate em Entebbe. Eles resgataram todo o planejamento de Israel para poder libertar os judeus de um sequestrado avião que desceu nas terras de um ditador na África, e Benjamin Netanyahu, que tinha no seu irmão Rubem Netanyahu um dos comandantes do resgate, levou todos os judeus com vida de volta para Israel. Benjamin Netanyahu, o Rubem Netanyahu, o tenente Rubem Netanyahu, o último homem lá em cima na torre, soldado do ditador, foi o último a ser alvejado. Ao ser alvejado, ao cair, a arma disparou e alvejou o Rubem Netanyahu. Israel recebe os seus vivos, mas o tenente Rubem Netanyahu chegou num caixão, e a imagem é uma imagem triste de se ver: o tenente Benjamin Netanyahu, o irmão, recebendo o corpo do irmão Rubem Netanyahu. Para quem não sabe, Rubem e Benjamin...

(Soa a campainha.)

    O Sr. Magno Malta (Bloco Moderador/PR - ES) – ... são nomes das tribos de Israel. É mais que um polêmico, é um guerreiro em defesa de uma pátria, de um país ilhado no meio de terroristas, no meio de países árabes que querem a destruição de Israel, mas não conseguirão. Lá está o Mossad, a maior inteligência de guerra do mundo, e a mão de Deus – a mão de Deus. Lá está a terra onde os peregrinos do mundo, atraídos pela presença de Cristo, onde ele viveu, ainda não o Cristo que os judeus estão esperando, porque o Cristo que eles estão esperando, o Messias, não veio ainda. Interessante, esse Messias que é o nosso, em que acreditamos, o nosso Cristo, que eles tentaram debochar nessa fatídica e safada exposição lá na sua terra, infelizmente, do Santander, juntamente com esses doentes mentais – e estou falando isso porque eles podem ficar à vontade para me processar; sabe, com verdadeiras taras sexuais e tentativas de fazer afronta à família brasileira –, é diferente, esse Cristo atrai o mundo inteiro. Onde você anda, o maior orçamento de Israel é para a guerra, para se proteger, e a maior indústria de Israel é o turismo por causa de Cristo, não por causa de outro líder. Infelizmente, o Cristo em que eles não acreditam como o Messias é quem os sustenta, é quem faz entrar o orçamento do exército, é quem põe o pão na mesa deles. Até os árabes, que não creem em Cristo, porque são muçulmanos, na loja deles só vendem produtos que tratam de Cristo: é o nome de Cristo, é crucifixo, é menorá. São essas coisas todas porque Cristo, como nós cremos, está vivo e guarda Israel. Por isso a visita dele é tão importante.

(Soa a campainha.)

    O Sr. Magno Malta (Bloco Moderador/PR - ES) – O Presidente Temer é diferente deles. Precisa-se mostrar como o nosso Ministro Aloysio Nunes, altivo, grande, para ter uma relação respeitosa com Israel, uma nação desenvolvida no meio do deserto, e saber que nós somos parte, porque, em 1948, Osvaldo Aranha deu um voto em nosso nome, para criar o Estado judeu. Mas errou a nossa diplomacia. E aí, com todo o respeito ao nosso querido Senador Aloysio Nunes e ao Presidente Temer, ao aprovarem essa Lei de Migração em um País, com 14 milhões de desempregados, com fronteiras abertas, com 1,1 mil km com o Paraguai, com 700 com a Bolívia e 3 mil no entorno da Amazônia, em que qualquer sujeito pode entrar, vindo de onde vier, que vai virar cidadão, no dia seguinte pode votar, em que as milícias de Maduro podem entrar, os índios da Bolívia podem entrar, qualquer um pode entrar. Eles não atentaram para isso. Estão trazendo o mundo para dentro do Brasil sem qualquer tipo de burocracia para disputar desemprego com os brasileiros desempregados. E aí entram as células do terror. Nós não estamos imunes. Um lobo solitário atraído e apaixonado pelo Estado Islâmico, um louco solitário... Eles estão em todos os lugares. Até porque no Paraguai produziam-se os CDs piratas que eram vendidos em São Paulo, na 25 de Março, e esse dinheiro e essas fábricas pertencem ao terror. Eles são vendidos aqui e voltam para o Hezbollah, lá na fronteira, lá em Foz do Iguaçu, onde é a nossa fronteira com o Paraguai. Então, V. Exª trata de um assunto melindroso, mas verdadeiro. Nós não estamos imunes e daqui a pouco começaremos a pagar o preço. A Presidente Dilma fez um discurso na ONU, o que é condenado pela nossa Constituição, e eles se achavam acima de tudo, até porque não houve punição, em que ela diz que a ONU precisava conversar com o Estado Islâmico.

(Soa a campainha.)

    O Sr. Magno Malta (Bloco Moderador/PR - ES) – Quer dizer, precisava fazer acordo com o terror. Até porque eles têm uma verdadeira tara por terror; eles têm uma verdadeira tara por ditadores, por esse tipo de gente. Eu amo Israel, eu amo Israel. Israel é a minha segunda pátria. "Abençoarei os que te abençoarem, e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem". Portanto, como V. Exª, faço coro. Parabéns a Porto Alegre, parabéns à associação hebraica, judia,...

    A SRª ANA AMÉLIA (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RS) – Israelita.

    O Sr. Magno Malta (Bloco Moderador/PR - ES) – ... israelita de Porto Alegre. Parabéns àqueles que sobreviveram e ainda convivem com a discriminação mundo afora. O Sr. Lula deu um terreno para que fosse construída aqui uma mesquita do Islã, sem qualquer ordem deste Parlamento, sem qualquer autorização deste Parlamento. Eu fico muito alegre, porque tive a oportunidade de poder ficar aqui para apartear V. Exª.

(Soa a campainha.)

    O Sr. Magno Malta (Bloco Moderador/PR - ES) – Desliga esse negócio, José Medeiros. Nós vamos falar agora até de noite. Apartear V. Exª num assunto tão importante, num discurso tão bem elaborado, falando de duas nações pequenas geograficamente e grandes, pujantes, no seu desenvolvimento, no respeito aos seus cidadãos. V. Exª me emocionou muito quando falou sobre Israel. Eu estive lá em 1987, ganhei uma bolsa para estudar em Israel. Eu só tinha o café da manhã no hotel onde fiquei, não tinha jantar, não tinha almoço, mas descobri que podia cantar em frente ao túmulo de Jesus. Eu cantava todos os dias em frente ao túmulo de Jesus, e os turistas jogavam dinheiro nos meus pés. Eu arrumei uma caixa de papelão, e Jesus passou a me sustentar lá com aquele dinheiro. Quando eu cantava em frente ao túmulo, todos os dias eu passei a almoçar e passei a jantar, porque Jesus é bom o tempo todo. V. Exª está de parabéns!

    A SRª ANA AMÉLIA (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RS) – Nossa, que bonito, Senador Magno Malta! Realmente demonstrou aí o quanto o sentimento de fraternidade e humanidade podem modificar o nosso comportamento e a nossa compreensão sobre as civilizações e sobre os países.

    Ben-Gurion, que tem um centro muito conhecido em Israel, dizia que Israel tinha pouca geografia e muita história. E é exatamente isso, no resumo que V. Exª faz, também em relação a Taiwan.

    Conheci lá em Israel uma escola da paz, que une árabes e judeus e que ganhou prêmios internacionais das Nações Unidas pelo esforço com que, desde as crianças, prepara para a convivência fraterna entre árabes e judeus, um dos símbolos mais significativos, no meu entendimento.

    E falei com um juiz da Suprema Corte de Israel, que era árabe, nascido em... Eu perguntei a ele: "O senhor acredita na paz nesta região?" Ele me disse: "Estamos sempre, permanentemente trabalhando para que isso aconteça um dia".

    Então, eu acho que essa é uma revelação da confiança, da convicção, mas sobretudo da sinceridade das pessoas que trabalham para construir a paz – e é o que mais nós precisamos.

    Muito obrigada, Senador Magno Malta; muito obrigada, Senador José Medeiros, mas muito obrigada especialmente aos telespectadores da nossa TV Senado e aos ouvintes da Rádio Senado. Muito obrigada!


Este texto não substitui o publicado no DSF de 13/09/2017 - Página 90