Discurso durante a 130ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Reflexões sobre a crise do sistema político.

Solidariedade aos moradores de Domingos Martins e famílias víimas do acidente com o grupo de dança da região.

Registra a votação amanhã, do projeto de lei que tipifica o crime de abuso a mulher.

Autor
Magno Malta (PR - Partido Liberal/ES)
Nome completo: Magno Pereira Malta
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SISTEMA POLITICO:
  • Reflexões sobre a crise do sistema político.
HOMENAGEM:
  • Solidariedade aos moradores de Domingos Martins e famílias víimas do acidente com o grupo de dança da região.
DIREITOS HUMANOS E MINORIAS:
  • Registra a votação amanhã, do projeto de lei que tipifica o crime de abuso a mulher.
Publicação
Publicação no DSF de 13/09/2017 - Página 106
Assuntos
Outros > SISTEMA POLITICO
Outros > HOMENAGEM
Outros > DIREITOS HUMANOS E MINORIAS
Indexação
  • CRITICA, GOVERNO, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA, LUIZ INACIO LULA DA SILVA, FATO, ROUBO, CORRUPÇÃO, ADMINISTRAÇÃO PUBLICA.
  • SOLIDARIEDADE, FAMILIA, VITIMA, ACIDENTE, RODOVIA, MEMBROS, GRUPO, DANÇA.
  • MUNICIPIO, DOMINGOS MARTINS (ES), ESTADO DO ESPIRITO SANTO (ES).
  • REGISTRO, REALIZAÇÃO, VOTAÇÃO, PROJETO DE LEI, TIPICIDADE, CRIME, ABUSO, MULHER.

    O SR. MAGNO MALTA (Bloco Moderador/PR - ES. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, Srs. Senadores, Senadora Rose, Senador José Medeiros, não há ninguém aqui, só nós três mesmo. É porque a televisão não está mostrando. O público que nos vê pela TV Senado e aqueles que nos ouvem pela Rádio Senado e nos acompanham pelas redes sociais. Eu queria fazer um registro, Sr. Presidente, importante para mim, antes de entrar, de fato, naquilo que quero tratar hoje à noite.

    Eu estive, este final de semana próximo passado, Senadora Rose, lá no interior da Bahia, na minha terra, onde eu nasci. Eu nasci em Macarani, cidade do interior da Bahia, e fui criado em Itapetinga, Senador José Medeiros. E lá estão meus parentes: tios, primas, primos... E eu sempre volto, todo ano, quando Deus me dá oportunidade – pelo menos três ou quatro vezes, tenho que ir –, porque a Bíblia diz que nós não devemos desprezar os dias dos pequenos começos. E eu não posso tirar de mim o privilégio de voltar àquele lugar, para não me esquecer de onde Deus me tirou. Eu sou filho de uma faxineira, funcionária da Prefeitura de Itapetinga, que ganhava meio salário mínimo. E quando nasceram meus dentes, na Bahia, ACM já era ACM. E depois, Senador José Medeiros, Deus me colocou aqui, como colega de ACM. Ainda fui Senador, com ACM aqui.

    E eu estava lá com a minha família, tudo gente simples, e fui lá ver a casa de mãe, Senadora Rose, que estou reformando e que eu quero deixar igualzinha: com o mesmo sofá, com a mesma radiolinha de mãe, com os mesmos quadros que mãe tinha na parede, o joguinho de latas dela – uma lata maior para colocar feijão, a menorzinha era para arroz, a outra era farinha, e assim vai. Era aquele jogo de latas que as pessoas têm em casa. Assim é a minha felicidade, o meu alimento. E eu estive lá, em Macarani, com meus primos. E depois em Itapetinga, fiquei na casa do meu primo Edilson, radialista da cidade, trintas e tantos anos, tão conhecido o Edilson, tão querido, tão hospitaleiro, com a sua esposa, com os seus filhos; na casa do meu tio Waldomiro, a sua esposa, Irazinha, os filhos lá, o Peu...

    E como o povo é fascinado por este novo momento do Brasil, que repudia esses comunistas esquerdopatas! Como o povo lembra! Disse bem o pastor... Eu ia chamar o Lindbergh de pastor. Eu ia chamar de pastor, ouviu? Deus queira que vire pastor mesmo. O Senador Lindbergh... Ele falou quase chorando aqui, não foi? Ele quase me emocionou quando ele falou: "Presidente Lula, o povo não te esqueceu". Não esqueceu mesmo, não. Eu fiquei impressionado como, no interior, o povo repudia o PT, como o povo não consegue se esquecer das mazelas, das indignidades! Em uma coisa ele tem verdade no que fala, o Senador Lindbergh, quando ele disse: "Defender Lula é defender o Bolsa Família, é defender os mais pobres". É verdade: pobre dos filhos dele, pobre da mulher, dos cunhados...

    "Defender o Presidente Lula é defender a democracia". Que democracia? Eles queriam a ditadura do proletariado. O povo hoje fala... Eles chamam de direita, mas ser esquerda, no Brasil, é ser a favor de aborto, de legalização de droga, de casamento homossexual e de armar esquema e aparelhar o País para roubar.

    Ele disse: "O Presidente Lula fez muitas universidades." Verdade. "Muitas escolas técnicas." Verdade. "O Bolsa Família." Verdade. Mas nada disso deu a ele o direito de assaltar a Nação. Mas, para eles, Lula precisa ser incluído, Senador Medeiros, no Estatuto do Índio. Se eles quiserem, eu faço a emenda para incluir Lula no Estatuto do Índio ou no Estatuto da Criança e do Adolescente. Lula se tornou inimputável. É inimputável. Amanhã ele estará, mais uma vez, depondo para Sergio Moro, esse indigno juiz perseguidor de Lula, perseguidor do PT! "O Presidente Lula, que lutou pelos mais pobres!" "Esse desgraçado desse Temer, que só favorece os mais ricos!" Ei! Ué? A JBS virou um monstro, no Brasil, com Lula entregando o BNDES para eles; à Odebrecht eles entregaram tudo que era dos fundos de pensão e mais o BNDES; à OAS eles entregaram. Essa corja está toda presa, e Lula não favoreceu os ricos.

    O Brasil não é tolo, com todo o respeito que eu tenho aos Senadores do PT, aos puxadinhos do PT, a esses esquerdistas de um socialismo que não vingou no mundo, de um comunismo morto, enterrado, sepultado no mundo! Eu não tenho bandido de estimação. Se Temer é bandido, pague. Pague, Lula! Pague, Dilma!

    Agora, semana próxima passada, Palocci deu a bala de prata no meio da testa do Lula. Eu não vi ninguém vir à tribuna e xingar Palocci. Com todo respeito à ousadia do meu colega, Senador Lindbergh, à ousadia de Vanessa Grazziotin – ô mulher atrevida para falar. Fala bem e gosta de falar. Se deixar, fala a sessão toda –, não vi nenhum atrevido subir aqui e dizer: "Palocci (Expressão vedada pelo art. 19 do Regimento Interno do Senado Federal.), Palocci (Expressão vedada pelo art. 19 do Regimento Interno do Senado Federal.) Prove!" "Esse Palocci é um (Expressão vedada pelo art. 19 do Regimento Interno do Senado Federal.), nunca se reuniu conosco, nem sabemos quem é ele!" "Esse Palocci é um (Expressão vedada pelo art. 19 do Regimento Interno do Senado Federal.), esse Palocci nunca foi nada nosso, nunca foi filiado ao Partido! Você vai ter que provar (Expressão vedada pelo art. 19 do Regimento Interno do Senado Federal.) Palocci é (Expressão vedada pelo art. 19 do Regimento Interno do Senado Federal.)"

    Ninguém. Todo mundo caladinho, todo mundo com o rabo no meio das pernas, todo mundo com a viola no saco, porque a bala de prata está na mão do Italiano. O Italiano nem assinou delação ainda e já foi falando logo: "Não, porque ele levou um pacotinho de mimos." Pacotinhos de mimos não; foi de corrupção mesmo. "Foi logo levando US$300 milhões, e também o triplex, e o terreno, e...".

    O SR. PRESIDENTE (José Medeiros. PODE - MT) – Tirou milhões da pobreza.

    O SR. MAGNO MALTA (Bloco Moderador/PR - ES) – Dadá, Dadá, mãe, mãe, Dadá, me acorde! Morda aqui para ver se sai leite.

    Aí, é cada discurso cara de pau, cada discurso inconsequente, falando para amaciar o ego da militância: "O povo te trará de volta!" Que povo? A CUT? O MST? Os Black Blocs?

    Porque nós, essa classe média baixa, ou a alta, essa elite de que vocês falam, que vocês tomaram uísque...

    Aliás, todos aqui tratem de se reeleger, porque, se não se reelegerem, vocês vão ter que enfrentar Moro também. Por isso essa movimentação, para dar fim à Lava Jato. Quem muito cospe para cima, um dia cai na cara.

    Eu tenho defendido aqui o Ministério Público e faço. E tenho dito que os arranhões que o Ministério Público, uma instituição séria, têm sofrido são por conta dos concurseiros. O concurseiro é aquele cara que faz concurso para o Correio e não passa, faz para o Banco do Brasil e não passa, faz para a Polícia e não passa... Aí, vem, faz para o Ministério Público e vira promotor. Aí vira o cavalo do cão. É cavalo do cão. Chega ao interior, é ele que manda: manda confiscar computador, dar esporro em prefeito, diz o que fazer e o que não fazer.

    Ninguém precisa ter medo de promotor. Existe o Conselho Nacional do Ministério Público, que foi criado exatamente para julgar comportamento, se ético ou não ético, de promotor. Pronto. Você acha que você não está errado? Mande-o contratar um advogado e represente contra ele aqui. O Ministério Público na Lava Jato é primordial, mas não está acima da lei também.

    Na delação do Joesley Batista, o Procurador Janot passou do limite. Não se dá uma delação em que o indivíduo nada tem a pagar. Você, quando dá uma delação e reduz uma pena, você dá redução de pena, mas é preciso que seja pedagógica a pena que ele vai receber. Ele precisa cumprir alguma coisa. O Marcelo Odebrecht está preso. Estava preso, delatou. Ainda tem mais cadeia, está puxando cadeia! Por que é que Joesley, então, foi viver no paraíso nova-iorquino, segundo a frase maravilhosa, oportuna, no momento certo, do Ministro Fux? "Nesse momento, precisamos tirá-los do exílio nova-iorquino e trazê-los para o exílio da Papuda." Estão presos, cabeça pelada... O bicho já está até com uma cara de marginal mesmo.

    Os irmãos Metralha cometeram crime de lesa-pátria, Senador Medeiros. Dois canalhas! Estou me referindo ao Joesley e ao Saud. O saldo negativo que eles deixaram para o Brasil é enorme. Não se fala no irmão do Joesley. Ele e o Saud... E aí o cara continua ameaçando, dizendo que ele tem mais gravações que estão fora do Brasil. É preciso o Supremo Tribunal Federal agir duramente e não permitir que eles saiam com cinco dias. Ministro Fachin, já foi errada a prisão de cinco dias; eles quebraram aquilo que assinaram, para receber a delação; eles esconderam provas.

    Senadora Rose, eu aqui fiz um discurso e falei: "Olha, esses dois meninos de Lula são dois meninos traquinas." O Joesley falando com o Saud... Diz ele que foi conversa de bêbado. Quer dizer que bêbado fica acordo quatro horas e aguenta, conversando, falando e rindo? Ele falou assim: "Olha, das 30 traquinagens que nós fizemos..." Eu acho que o filho de Lula aprendeu com ele. "Das 30 traquinagens que nós fizemos, nós só vamos entregar 20. Vamos guardar dez."

    Há dez traquinagens! E, aí, disse que, na traquinagem, há José Eduardo Cardozo.

    Eu convivi com o Zé. Quando ele era Deputado Federal, eu não era Senador. Tenho respeito por ele como advogado. Convivemos pacífica e respeitosamente no impeachment. E eles dizem que... Os canalhas gravaram o Zé Eduardo e depois falavam entre si: "Zé Eduardo é quem vai detonar o Supremo", como se Zé Eduardo tivesse gravado o Supremo para eles.

    Zé Eduardo, com todo o respeito que eu tenho a você... Estou olhando nos seus olhos. Se não está me vendo agora, você vai ver na internet. Venha a público, irmão. Parta para cima desses canalhas. Você deve? Você recebeu alguma coisa deles? Bom, se você deve, aí não sou eu que vou dizer a você o que fazer. Mas, se você não deve, amigo, dê uma entrevista, chame esse cara de (Expressão vedada pelo art. 19 do Regimento Interno do Senado Federal.), de lixo, de vagabundo! Mas só tem coragem de fazer isso quem não deve. Zé, você gravou o Supremo? Zé, quem você gravou? O que é que você falou para Joesley? Quem está na mão de quem? Mas o cara está acima do bem e do mal. Canalha... Arrogante!

    A Odebrecht já mandou para (Expressão vedada pelo art. 19 do Regimento Interno do Senado Federal.). Desculpe a palavra. Não... Quem quiser, leve-me para a Comissão de Ética. Foi isso o que ele falou. Eu vou para a Comissão de Ética, Zé, porque eu falei isso aí? Eu vou?

    O SR. PRESIDENTE (José Medeiros. PODE - MT) – Vai não. Já retirei das notas taquigráficas.

    O SR. MAGNO MALTA (Bloco Moderador/PR - ES) – Não... Joesley disse: "O Parlamento a Odebrecht mandou para (Expressão vedada pelo art. 19 do Regimento Interno do Senado Federal.). Agora, o Executivo, nós detonamos; nós é que vamos acabar. E Zé Eduardo acaba com o Supremo." Quer dizer: nós vamos ajoelhar o País aos pés de quem? De Joesley? Da JBS? E nós, a partir de agora...

    Por que eu chamo a atenção do Ministro Fachin? As pessoas estão acostumadas a fazer o politicamente correto, mas o cidadão que está em casa quer me ouvir falar a verdade. E a verdade é essa. Foi isso que esse canalha falou. Quem quiser que coloque pim, pim, pim na minha voz, mas eu não vou deixar de falar.

    Vão acabar com o Brasil! O Brasil agora deixou de ser do Rei Emílio e do seu filho, o Príncipe Regente Marcelo Odebrecht. Agora pertence a Joesley, a seu irmão e a sua corja. "Vamos acabar com o Executivo [Senadora Rose]. Com o Supremo, o Zé acaba. Com o Legislativo a Odebrecht já acabou." Meu Deus! Quando eu ouvi isso, eu fiquei estarrecido! É a mente mais criminosa, a mente pensante mais criminosa... Eu pensei que um Parlamentar que está preso era a mente mais criminosa que eu já havia visto em operação, mas a desse Joesley é brincadeira.

    "Se eu estiver com esse Janot, eu vou dizer: Janot, Janot, isso é coisa de menino. Uma operação dessas, Janot, com 120 homens na rua... Janot, está pensando que você está falando com menino? Janot, na escola que você estudou, nós é professor." "Nós é professor"? Nem o português você estudou. "Nós é professor." É... Mamãe, me acode. "Nós é professor." O professor está preso!

    Ministro Fachin, corria pelos corredores que, quando o Saud... Quando o senhor estava para ser indicado pelo PT para ser Ministro, o Saud veio ao Senado e correu gabinete por gabinete com o senhor, pedindo pelo senhor. Não foi no meu, porque eu não dei a ousadia para esse vagabundo – aliás, com todo o respeito, não recebi o senhor também. Mas ele que saiu pedindo. Diz que a JBS que pediu ao PT.

    Mas eu estava inquirindo o senhor na CCJ, e o senhor me disse uma frase que eu não esqueço – até porque eu não votei no senhor, porque o senhor é declaradamente petista, o senhor era a favor de invasão de terra; eu tenho até o seu discurso aqui, eu até podia botar aqui, né? O discurso de Fachin? Mas está na internet –, o senhor me disse assim: "Senador, depois que um homem vira ministro do Supremo, a partir da toga a conversa é outra".

    Que coisa boa, Ministro! Então o senhor está de toga agora! A sociedade brasileira espera que o senhor mantenha esses canalhas apodrecendo na cadeia. O Supremo Tribunal Federal, a Justiça brasileira, virou achincalhe da Nação. É só abrir as redes sociais e vocês vão ver: ninguém esconde, ninguém faz fake, as pessoas botam a cara, atacam ministro todos os dias.

    Eis a hora de recobrar a credibilidade! Eis a hora, Supremo, de tirar os direitos da delação desses canalhas! Não é hora de se acovardar, porque, se o Supremo se acovardar, essas autoridades vigentes que aí estão, com mandato ou sem mandato – e os que estão com mandato ficarão sem mandato amanhã –, vão pagar com a chantagem desse chantagista-mor, chantagista doutor da Nação brasileira, o Sr. Joesley.

    Supremo, em nome de 206 milhões de pessoas – vamos tirar aí uns quinze, que gostam do PT, do PCdoB, desse povo –, a Nação brasileira espera. Aliás, esse povo também espera que esses canalhas paguem. Até porque a lei só permite a um indivíduo gravar o outro, autoriza, quando se está correndo risco iminente de vida. Eles não estavam correndo risco de vida, saíram gravando todo mundo, para ter todo mundo de refém. Para poder fazer...

    Você fala: "Ah, mas o Temer recebeu". Realmente, recebeu o cara. Mas e agora, Procurador Janot? O senhor recebeu também o advogado de Joesley num boteco, atrás de três caixas de cerveja! O senhor, com esse cabelo branquinho, achou que óculos iam escondê-lo? E agora? O crime não foi receber fora de hora, fora da agenda? Não estou querendo ofendê-lo, Procurador, mas complicou! Que coincidência é essa? Dentro de um boteco, num sovaco de cobra! Encontrarem-se logo lá? E eu quero avisar para todo mundo que hoje todo mundo é cinegrafista. Quem tem um celular é cinegrafista.

    "Ah, mas ele cometeu um crime!" – mas Joesley foi lá provocar o cara, para o cara cair na ratoeira dele. Ainda que o Temer seja um criminoso, e lhes digo: se for, pague, não tenho um bandido de estimação. Mas o cara entra na sua casa, provoca você, grava você, joga você dentro da ratoeira, depois segura na mão?

    Ele dizia assim: "Nós não 'vai' ser preso. 'Cê' sabe, nós não 'vai' ser preso. Nós não 'vai' ser preso. Sabe por que nós não 'vai' ser preso? Porque 'antonte' nós gravamos um. Nós não 'vai' ser preso. 'Antonte' nós gravamos mais dois. Nós não 'vai' ser preso. Nós não 'vai' ser preso porque nós 'tem' todo mundo na mão". A lei não permite – a lei não permite!

    Senhores, por que eu estou fazendo este discurso aqui, Senadora Rose? Porque eu tenho o privilégio, como V. Exª, de andar nas ruas, eu tenho o privilégio de andar no aeroporto, de as pessoas virem a mim e me cobrarem: "Senador, vai ficar do jeito que está? Senador, e a situação do Procurador? Senador, e esse Joesley?"

    Agora eles têm gravação de mais gente, mas estão no exterior! Supremo, mantenha-os presos!

(Soa a campainha.)

    O SR. MAGNO MALTA (Bloco Moderador/PR - ES) – Chame a Interpol e mande a Interpol fazer busca e apreensão!

    Então, peço agora ao Executivo que o BNDES, que é sócio de diversas empresas desse complexo milionário, com o dinheiro dos fundos de pensão, com o dinheiro da Caixa Econômica, com o dinheiro de aposentado – Senador Lindbergh, isso é que é dinheiro de aposentado, isso é que é roubar dinheiro de aposentado, tirar o dinheiro do BNDES, tirar dinheiro dos fundos de pensão para entregar aos canalhas, aos ricos, à elite deste País, que é amiga de vocês... Tiraram o suor da minha mãe, o suor da sua mãe, o suor do seu pai, do seu tio que não se aposentou, da sua tia que não se aposentou. Roubaram o País, fizeram um complexo milionário! O BNDES pode muito bem entrar na Justiça, e a Justiça pode bloquear dinheiro de todas essas empresas para que o patrimônio do Brasil seja devolvido. Eu não sou experto, não tenho conteúdo jurídico. A minha base é a verdade. Mas eu não tenho os artigos a serem citados. Mas essa é a mais pura de todas as verdades.

    Eu encerro, Senador José Medeiros, dizendo, com uma dor no peito, que, no sábado, quando Geddel foi preso, a mãe dele disse que ele não é ladrão, que ele é doente. A mãe dele está certa: ladrão é quem está nas filas dos hospitais, e o ladrão é doente.

    Eu estava em Macarani, Deputado Evair, a cidade onde eu nasci, onde minha mãe, minha avó conheceram Jesus, onde eu dei os meus primeiros passos, onde aprendi a assinar o meu nome, onde vi meus parentes. Macarani virou uma ilha, porque em volta de Macarani inteira é só fazenda de Geddel. A minha terra, onde eu nasci, é de Geddel.

    Postaram uma foto minha com Geddel no Twitter. Botaram: "Amigos para sempre". Eu dei uma risada porque Geddel não é o único bandido com quem eu tenho foto. Podem entrar na internet que eu tenho foto com Lula, eu tenho foto com Dilma, eu tenho foto com Palocci. Eu presidi a CPI do Narcotráfico e por isso eu tenho foto com Fernandinho Beira-Mar, eu tenho foto com Hidelbrando Pascoal. Ah! Eu tenho fotos com muitos bandidos! E eu, que durante 37 anos tirei drogados das ruas, Senadora Rose, imagine quantos traficantes passaram pela minha casa e quantas fotos eu tenho com eles.

    Mas eu estava lá exatamente no lugar onde ele comprou tudo. É tudo dele. As terras são todas dele. Agora estão dizendo que estão com medo de uma delação dele. Eu acho que ele não faz, porque se fizer vai ter que levar o irmão. Esta é a minha indignação de brasileiro: tenho seis mandatos – seis mandatos! –, comecei como Vereador em Cachoeiro de Itapemirim, tornei-me Deputado Estadual, Federal, Senador da República e ainda, convivendo com tudo isso, sinto indignação, revolta.

    Tenho quatro filhas, pago imposto, vivo dignamente, vivo da minha música, dos meus direitos.

(Soa a campainha.)

    O SR. MAGNO MALTA (Bloco Moderador/PR - ES) – Tenho uma instituição de recuperação de drogados, que é a única coisa que aprendi na vida. Foi uma coisa que minha mãe me ensinou, dizendo: "Filho, a vida só tem um sentido, e o único sentido que a vida tem é quando a gente investe a vida da gente na vida dos outros".

    Lá naquele Estado querido que me adotou... Sou nordestino, sou imigrante naquele Estado. Há muito imigrante italiano, muito imigrante alemão, mas há imigrantes baianos também, imigrante mineiro – não é, Senadora Rose? A Bahia me pariu, o Estado do Espírito Santo acabou de me criar. E eu sou grato a Deus por isso.

    E em nome desse povo que vive revoltado... Ao contrário do que diz o Senador Lindbergh – o povo te quer de volta –, o povo não quer não, Senador, o povo quer ver Lula preso, pagando pelos crimes que cometeu. E a nossa grande cartada, o nosso grande presente, Evair de Melo, Deputado Federal do meu Estado, que aqui está assistindo a esta sessão, é atacar para destruir o foro de São Paulo, porque toda desgraça advém de lá.

    Que dia vamos receber o dinheiro do metrô de Caracas? Que dia vamos receber o dinheiro do Porto de Mariel? E as instalações da Petrobras invadidas pelo índio da Bolívia, combinado com o Lula? Ele combinou para o cara tomar o que era nosso. Que dia vamos receber? Nunca! Os ditadores da África? Nunca! Foi isso que o povo brasileiro perdeu, Senador Lindbergh, foi isso que o povo perdeu, foi isso que o povo perdeu. V. Exª está enganado.

    Encerro, Senadora Rose, Deputado Evair, externando a minha solidariedade aos moradores de Domingos Martins, famílias vitimadas, um grupo de dança tão vitimado.

(Soa a campainha.)

    O SR. MAGNO MALTA (Bloco Moderador/PR - ES) – Um motorista dirigindo um carro, um caminhão com uma pedra em cima, a 94km por hora – dizia hoje o Superintendente da Polícia Federal –, sem qualquer tipo de amarra. As pessoas foram degoladas, amassadas, Senador Medeiros, naquele Estado onde V. Exª esteve.

    O motorista é que tem culpa? Claro! A empresa também, todos. Mas as vidas ninguém vai devolver. O que temos que fazer é prestar solidariedade e dizer: "Olha, se a nossa estrada estivesse duplicada, essa Eco 101..." Eu estou chamando de eco, mas estou falando eca, porque eu tenho nojo: eca, desses trastes!.

    Se tivessem cumprido o contrato em papel... Eles fizeram um contato sabendo que depois eles iriam querer pedir a complementação no contrato, e isso o Brasil já não aceita mais, porque viu as empreiteiras onde estão. Eles não terão! Quatro anos cobrando pedágio sem cumprir o seu dever.

    Aviso os senhores: o povo do Espírito Santo não é bobo. Se vocês não cumprirem, certamente vão devolver o que pegaram em prejuízo, porque o povo vai queimar suas praças de pedágio, o povo vai queimar suas máquinas. Não estou incentivando ninguém a nada. Eu só estou dizendo, Deputado Evair, que ninguém é besta, e os senhores não se iludam.

    Encerro a minha fala ainda, Senadora Rose e Deputado Evair, dizendo que amanhã na CCJ nós vamos aprovar um projeto do Senador Humberto Costa, de que eu sou Relator – penso que ele é terminativo lá; se não for, quero trazer para o plenário, Senadora Rose. V. Exª, que é mulher –, exatamente tipificando o crime que abalou o Brasil quinze dias atrás. Aquele tarado maluco que já ejaculou no rosto da moça e o juiz simplesmente disse que não viu constrangimento, porque não foi na cara mãe dele, não foi na cara da avó dele, porque não foi na boca da mãe dele, porque não foi na cara da namorada dele. É porque ele é novinho, não sei nem se é casado.

    Dizer constrangimento, o que é constrangimento? Será que um juiz não sabe o que é constrangimento? Ele não viu constrangimento? Ninguém ficou constrangido com aquele homem com o pênis de fora, ejaculando no rosto da moça? Até os homens ficaram. Aquele cara podia ter sido assassinado, senhor juiz. E o senhor solta o cara? Ele podia ter sido morto na rua. Até porque quem sabe quem é o irmão dessa moça, o pai, os parentes, os amigos?

    No outro dia o cara faz a mesma coisa, doutor juiz? Ele podia ter sido morto ou podia ter matado alguém. Aí, nós temos que realmente discutir o abuso de autoridade. Isso é abuso de autoridade, juiz. E o CNJ vai ter que investigar esse juiz porque eu, Senador Magno Malta, assinei junto com o Senador José Medeiros, liguei para ele no Mato Grosso e convidei: "Zé, assine comigo".

(Soa a campainha.)

    O SR. MAGNO MALTA (Bloco Moderador/PR - ES) – E estamos representando contra esse juiz no Conselho Nacional de Justiça, para que se investigue o comportamento desse juiz.

    E amanhã votaremos pena maior, tipificação maior. Até me preocupa porque não adianta ter lei se juiz não quer cumprir. Não adianta ter lei se os tribunais superiores não querem cumprir. Mas vamos cumprir a nossa parte. Amanhã nós votamos, Senadora Rose. Lá, eu relato esse projeto importantíssimo do Senador Humberto Costa, que se sensibilizou já há algum tempo. Vagabundo entra, encosta em uma mãe de família, fica acochando ela ali.

    E agora perderam o medo de tudo. A minha esposa estava falando hoje que, lá no nosso bairro, um sujeito subiu no elevador e, no elevador, se masturbou na frente de uma menina de 12 anos de idade. Podia ser uma filha minha, sua, uma neta. Os caras perderam o medo de tudo, perderam os limites porque eles sabem que a Justiça solta.

    Ah! Deus não pode deixar uma desgraça dessa acontecer comigo porque eu sou um homem que amo a Deus, mas o meu sangue vem aqui, o meu sangue está aqui dentro do meu olho e eu não sei do que eu sou capaz.

    Por isso, quero conclamar os Srs. Senadores que são da CCJ: vamos votar por unanimidade, por amor às nossas mulheres. Hashtag #mexeucomumamexeucomtodas, as criaturas. Aliás, não vi nenhuma Senadora defensora dos direitos humanos fazer discurso com aquela plaquinha "#mexeucomumamexeucomtodas", como elas fizeram com a moça da Rede Globo. Porque era da Rede Globo, não é?

    Obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 13/09/2017 - Página 106