Discurso durante a 134ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Condolências à família da Srª Diva Rodrigues de Freitas, lider indígena na comunidade do município de Pacaraima.

Necessidade de renovação política no Congresso Nacional.

Autor
Telmário Mota (PTB - Partido Trabalhista Brasileiro/RR)
Nome completo: Telmário Mota de Oliveira
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM:
  • Condolências à família da Srª Diva Rodrigues de Freitas, lider indígena na comunidade do município de Pacaraima.
SISTEMA POLITICO:
  • Necessidade de renovação política no Congresso Nacional.
Publicação
Publicação no DSF de 19/09/2017 - Página 13
Assuntos
Outros > HOMENAGEM
Outros > SISTEMA POLITICO
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, LIDER, COMUNIDADE INDIGENA, MUNICIPIO, PACARAIMA (RR), ESTADO DE RORAIMA (RR).
  • COMENTARIO, ASSUNTO, CORRUPÇÃO, BRASIL, MEMBROS, POLITICA, NECESSIDADE, RENOVAÇÃO, CONGRESSO NACIONAL, POLITICO, ENFASE, SISTEMA ELEITORAL.

    O SR. TELMÁRIO MOTA (Bloco Moderador/PTB - RR. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, Senador Humberto Costa, Srªs e Srs. Senadores, Senador Lindbergh, legítimo representante do Rio de Janeiro, ouvintes da Rádio Senado e telespectadores da TV Senado, é com muito pesar que venho anunciar o falecimento da líder indígena Diva Rodrigues de Freitas. Diva, como era conhecida, nasceu no Baixo Rio Branco, no dia 13 de outubro de 1964. Ela deixa 6 irmãos, 5 filhos e 13 netos.

    Apresento minhas condolências à família da Diva e a toda a comunidade indígena enlutada por essa guerreira, que sempre batalhou por melhorias na saúde indígena como secretária do conselho local.

    Era sempre brincalhona e irreverente com os que a cercavam, mas firme, ética e ardorosa defensora dos projetos sobre saúde indígena. A Diva, como era conhecida, não só defendia a saúde indígena, mas era, Sr. Presidente, uma soldada do primeiro momento na defesa de todas as lutas dos povos indígenas. Se a luta fosse dos professores, a Diva ali estava presente; se fosse da saúde, a Diva estava presente; se fosse questão de terra, de espaço, de conquista, a Diva estava presente; se fosse questão de preconceito contra os povos indígenas, a Diva também estava presente.

    Inclusive, lutando aqui em Brasília para tentar indicar o primeiro indígena para comandar o DSEI Leste do Estado de Roraima, ela bateu à porta do Parlamentar. E ele foi de uma falta de delicadeza imensurável. Chegou a expulsá-la de dentro do seu gabinete. Mas, mesmo assim, a Diva nunca abaixou a cabeça. E não tenho nenhuma dúvida de que a luta da Diva não foi em vão. Enquanto existir um só índio, ele estará lutando por esses direitos para que amanhã seu destino possa ser conduzido pelos próprios indígenas.

    Portanto, ficam aqui as minhas condolências a ela, a essa guerreira que precocemente parte, mas que deixou um legado, uma história de luta pelo seu povo. Tuxaua, como mulher, ela comandava uma comunidade no Município de Pacaraima e estava à frente de todas as lutas dos povos indígenas.

    Sr. Presidente, Srªs Senadoras, Srs. Senadores, eu venho a esta tribuna hoje para um breve pronunciamento que considero necessário ao momento de intensa tempestade política por que passamos.

    Por um lado vemos, a cada dia, mais e mais homens públicos com a moral desmoronada diante de operações policiais; vemos um Judiciário e um Ministério Público implacáveis contra a corrupção, expondo a enorme podridão administrativa que se acumulou por tanto tempo; vemos um sistema político corroído, cuja reforma tão necessária tropeça na Câmara dos Deputados, que, por sua vez, não ouve a voz da população.

    A propósito, existe algum cartaz ou manifestação neste País pedindo reforma política?

    É um cenário de fim do mundo este, um cenário de calamidade política sem precedentes o que se afigura ao nosso redor. É natural que a população se sinta descrente e abandonada pela política, ou pior, sinta-se massacrada pelos homens públicos que deveriam praticar a boa política, mas nada mais fazem do que trocar votos por favores escusos, enriquecendo a si e à própria família.

    Inicialmente, eu gostaria, Sr. Presidente, de reverenciar e enaltecer o talento e o espírito público de promotores e juízes, pela forma segura, técnica e implacável com que têm operado a Justiça, num "doa a quem doer" sem amarras e com muita coragem. E essa uma atitude que todos deveríamos aplaudir e incentivar e que está passando a limpo a história política da Administração Pública em nosso País.

    Há que se por um basta nesse estado de coisas e banir da vida pública toda essa turma que rouba, enriquece e vota contra o povo e contra o trabalhador brasileiro. Desta tribuna, eles culpam o aposentado, falam que o aposentado é privilegiado e vai quebrar o Brasil, mas nenhum deles vem a esta tribuna para explicar a mala de dinheiro em fuga nas mãos do Rocha Loures, que foi capturado pela Polícia Federal. Essa respeitada Polícia Federal, Sr. Presidente, que foi aplaudida de pé nos desfiles de 7 de setembro, encontrou R$51 milhões do Sr. Geddel Vieira Lima e seus aliados, que se se mantêm calados. Por que esse silêncio?

    A eles pergunto: se todo o dinheiro público que vocês roubaram fosse devolvido, qual seria o montante que sobraria para os investimentos em educação e saúde de que tanto carecemos, sem precisar mexer na honrada aposentadoria dos brasileiros? É isso que cada um deles deve responder.

    Até quando, Sr. Presidente, esses políticos do mal prevalecerão? Pois afirmo aqui que podemos nos unir para pôr fim a essa situação de crise institucional que nos afoga em meio a tanta coisa malfeita que se descobre a cada raiar do dia.

    Pois, se hoje as manobras ocultas impedem o andamento da reforma política que tramita no Congresso, que façamos nós, os políticos de bem, de braços com a população, uma reforma efetiva. Façamos isso, eu e você, nas urnas que vêm, negando o nosso precioso voto a esses bandidos marcados pelo Ministério Público e pelo Judiciário, banindo-os para sempre da vida pública.

    Vamos juntos, em 2018, fazer a reforma definitiva de que tanto se necessita e que dificilmente sairia deste Congresso.

    Sr. Presidente, nós não podemos esperar que as exclusões de políticos que não têm um procedimento republicano sejam feitas só pelo Ministério Público ou pelo Judiciário. A população como um todo tem que ter a consciência de que voto não é instrumento de troca, de que voto não é instrumento de negócio. Voto é o ato cívico de responsabilidade com a Nação e, sobretudo, com a nossa população e a nossa própria família.

    Quando se vota errado, quando se negocia o voto, novamente se elegem os malfeitores, novamente se elegem os corruptos. E é, portanto, excluindo isso desse procedimento, votando pela consciência, pelo passado, pela dignidade, pelo compromisso real, que nós vamos construir o País dos nossos sonhos.

    O Congresso, Câmara dos Deputados e Senado, não pode ser culpado pelos nossos erros na hora da votação. É fundamental que se olhe a plataforma, é fundamental que se acompanhe o passado. Eu sempre digo aqui que pau que nasce torto não tem jeito: morre torto; até a cinza é torta. Então, é fácil você saber o futuro se você for olhar o passado. E aí estão carimbados, aí estão identificados pelo Ministério Público, pelo Judiciário, em função de suas práticas reprováveis.

    Não é possível – não é possível! – que a sociedade brasileira possa se acostumar com os erros. Precisamos corrigir.

    E depois de tantas mazelas, depois de tantas denúncias, depois de limpar a sujeira debaixo desse tapete – nesse sistema democrático que permite isso –, é hora de irmos às urnas e ali, sim, carimbar, colocar o nome, o nome da renovação. Não da renovação pela simplicidade, mas a renovação de se trocar o mal pelo bem, porque dessa forma vamos construir o Brasil dos nossos sonhos.

    Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 19/09/2017 - Página 13