Comunicação inadiável durante a 136ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Homenagem ao estado do Rio Grande do Sul pelos 182 anos da Revolução Farroupilha.

Comentário sobre a união dos Senadores do estado do Rio Grande do Sul, em apoio ao PLC 561 de 2015 que visa reduzir a dívida do estado.

Autor
Paulo Paim (PT - Partido dos Trabalhadores/RS)
Nome completo: Paulo Renato Paim
Casa
Senado Federal
Tipo
Comunicação inadiável
Resumo por assunto
HOMENAGEM:
  • Homenagem ao estado do Rio Grande do Sul pelos 182 anos da Revolução Farroupilha.
DESENVOLVIMENTO REGIONAL:
  • Comentário sobre a união dos Senadores do estado do Rio Grande do Sul, em apoio ao PLC 561 de 2015 que visa reduzir a dívida do estado.
Publicação
Publicação no DSF de 21/09/2017 - Página 15
Assuntos
Outros > HOMENAGEM
Outros > DESENVOLVIMENTO REGIONAL
Indexação
  • HOMENAGEM, DATA, ANIVERSARIO, REVOLUÇÃO, FARROUPILHA (RS), COMEMORAÇÃO, FESTA, LOCAL, ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL (RS).
  • COMENTARIO, NECESSIDADE, UNIÃO, SENADOR, MOTIVO, REVERSÃO, SITUAÇÃO, DIVIDA, ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL (RS), ENFASE, PROJETO DE LEI, ALTERAÇÃO, INDICE, CORREÇÃO, DEBITOS.

    O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) – Senador Cássio Cunha Lima, que preside a sessão, vou me referir especialmente à Senadora Ana Amélia e ao Senador Lasier. Só não fiz o aparte, Senador Lasier, a V. Exª, porque, como eu ia falar do mesmo assunto, não ia tirar parte do seu tempo. Mas já cumprimento a Senadora Ana Amélia, que já fez um aparte ao nosso Presidente, ou fez uma consideração, em nome dos três gaúchos, e sei que ela vai falar também do tema.

    Sr. Presidente, hoje é dia 20 de setembro. De fato, é uma data especial para todo o povo riograndense. Hoje é o Dia do Gaúcho. Esse dia foi escolhido para relembrar o início de tantas revoluções, mas da Revolução Farroupilha, em 20 de setembro de 1835. A importância do dia 20 de setembro é tão grande que, em 1978, foi decretado feriado em todo o Estado pela Lei Estadual 4.453, de 1978.

    O povo está nas ruas, o povo está nas cabanhas, o povo está nos galpões, o povo está no Parque da Harmonia e em tantos outros parques pelo Estado, lembrando a chaga dessa revolução.

    As terras sulinas do Rio Grande são riquíssimas em diversidades culturais, sociais e econômicas. Várias etnias, povos e gente dos quatro cantos do mundo se juntaram aos indígenas, para formar aquela sociedade – negros, espanhóis, portugueses, italianos, alemães, árabes, palestinos, judeus, poloneses, japoneses e muitos e muitos mais. Muitos e muitos irmãos, todos brasileiros, vindos – eu diria – de todos os continentes, como vieram de todos os Estados, lá foram acolhidos. Esses homens e mulheres desbravaram a nossa querência, o nosso rincão, os nossos espelhos d'água.

    Essa riqueza de diferenças produziu conhecimento e sabedoria. Isso é visto e compreendido nas nossas danças, na culinária, nas vestimentas, no folclore, nos centros de tradição, no chimarrão, nos festivais de música nativista, em todas as áreas. Lembramos muito até o vento, o vento minuano.

    Mas há de se dizer, de sublinhar que a nossa história foi forjada sempre com muita dor, a ferro e fogo, revoluções, entreveros, degolas, traições, como, por exemplo, o Massacre de Porongos. Eu diria: vida longa, vida longa aos ideais dos lanceiros negros e – por que não dizer também – dos lanceiros brancos.

    Por isso, o Rio Grande do Sul é uma terra de contradições, do sim e do não, de peleias verbais, de exércitos de palavras e – por que não lembrar – de maragatos e ximangos. Por que não lembrar: eu sou do Caxias, mas o quanto é forte no Rio Grande a disputa de gremistas e colorados.

    Avanços tivemos, mas, como em qualquer outro Estado, Presidente, em qualquer Estado da Federação brasileira, há muitos e muitos problemas: desemprego; funcionalismo e professores com salários parcelados – a parcela agora foi R$350 –; uma dívida com a União que é um esculacho, como a gente diria, um tapa na cara.

    Em 1998, ela era de R$9,7 bilhões. O povo gaúcho pagou R$22 bilhões, e ainda devemos cerca de R$50 bilhões.

    Apresentamos o PLC 561, de 2015, com a finalidade de reverter essa situação. E os três Senadores assinaram. Lembro, Senadores, que me procurou o ex-Constituinte Zanetti com essa ideia. Eu estava em Brasília naquele dia; nos outros dois, no Rio Grande – porque, se não me engano, era uma sexta-feira. Liguei para ambos, que disseram: "Pode colocar o nosso nome na apresentação do projeto." Por esse projeto, a União deve ao Rio Grande. Se se fizer o cálculo correto, a União é que deveria pagar, e não o Rio Grande, que já pagou a dívida e que tem a receber. É assim, Sr. Presidente.

    E, assim, os minutos e as horas avançam, entre o cheiro do suor e a geografia das mãos calejadas dos trabalhadores e trabalhadoras, no campo e na cidade, entre rugas e cabelos brancos, entre uma história e outra, entre uma poesia ou uma declamação ou um verso construído na inspiração do repentista, umas alegres, outras tristes, o canto geral do velho Rio Grande segue em frente.

    O gaúcho Luiz Carlos Prestes dizia que não há vento favorável para quem não sabe a que porto quer chegar.

    Nestes tempos de desencontros e olhares quebrados, precisamos voltar a acreditar que o Rio Grande e o Brasil têm jeito.

    Queremos a nossa esperança de volta; mas a esperança do verbo esperançar, como nos ensinou o educador Paulo Freire. Esperançar não é esperar. Esperançar é agir, é buscar, é almejar, é fazer de vários modos, é olhar de vários ângulos, é enlouquecer em sonhos e utopias, mas construir o amanhã no dia a dia. É o horizonte que os nossos olhos alcançam, são as nuvens do outro lado do mundo, é a água do Pacífico ou as savanas da África.

    Esperançar é a autocrítica que temos que fazer, porque ainda estamos em débito com ela. E aí temos a autocrítica pessoal, a da nossa existência; temos a autocrítica social; e talvez a mais urgente, aquela que é alicerce, de uma vez por todas, da Nação, que é a autocrítica política e mesmo a partidária.

    E, se não fizermos isso do individual ao coletivo, nos despindo e deixando de lado as indiferenças e até pequenas diferenças, correremos um sério risco de sepultar o sublime na vida dos brasileiros, seremos egoístas pelo poder, estaremos, infelizmente, apodrecendo a esperança.

    Vamos esperançar!

    O Rio Grande do Sul e o Brasil têm jeito. Assim, eu creio.

    Viva o 20 de Setembro! Viva o dia dos gaúchos e gaúchas de todas as querências! Viva, viva a nossa Pátria querida, Brasil, Brasil, Brasil!

    Obrigado, Presidente, pela tolerância. Eu sei que são cinco minutos, e V. Exª me deu praticamente dez minutos.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 21/09/2017 - Página 15