Discurso durante a 135ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Críticas ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva, ex-Presidente da República.

Autor
José Medeiros (PODE - Podemos/MT)
Nome completo: José Antônio Medeiros
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
GOVERNO FEDERAL:
  • Críticas ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva, ex-Presidente da República.
Publicação
Publicação no DSF de 20/09/2017 - Página 20
Assunto
Outros > GOVERNO FEDERAL
Indexação
  • CRITICA, GOVERNO FEDERAL, GESTÃO, LUIZ INACIO LULA DA SILVA, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA, REFERENCIA, OPERAÇÃO, POLICIA FEDERAL, INVESTIGAÇÃO, CORRUPÇÃO, PETROLEO BRASILEIRO S/A (PETROBRAS).

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (PODE - MT. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores e todos que nos acompanham, eu havia preparado uma fala para hoje, mas, diante dos impropérios, diante das sandices que ouvi agora há pouco, não havia como eu fazer meu discurso. Eu tenho que realmente fazer o contraponto, porque, senão, daqui a uns dias, a gente vai estar vendo chover para cima. Esta é a grande verdade.

    Eu ouvi, agora há pouco, dizer um rosário de coisas sobre o ex-Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva.

    Olha, esse senhor é uma das pessoas mais queridas do País nos últimos tempos. Eu não sei por que estão chorando tanto. Agora resolveram dizer que ele é um perseguido. Perseguido por quê?

    Todos os seus companheiros...

    A gente tem que traçar a linha do tempo e fazer aqui uma história, um roteiro com começo, meio e fim para que as pessoas possam ver que esse discurso de perseguido, de coitado não se aplica.

    Olha, ele veio e se candidatou três ou quatro vezes. Foi eleito; fez o governo em céu de brigadeiro; recebeu uma economia estável, uma economia com a moeda estável; passou oito anos; fez um programa para deixar alguém esquentando a cadeira dele, para ele voltar daí a quatro anos, e a única coisa que deu errado, a meu ver... Se ele foi perseguido, ele o foi pela sua sucessora, que gostou da cadeira, que gostou do helicóptero – se não me engano é um Puma, Senador Cidinho, aquele helicóptero bonito ali da Aeronáutica –, gostou do Palácio do Planalto e resolveu ficar.

    Quando ele chegou, em 2014, para reaver o trono que achava ser seu, ela falou: "Pare aí. Você tem aqui um negocinho chamado Pasadena, você tem um negócio chamado Petrobras... Se você se meter, você está enrolado. Meu Ministro da Justiça está ali, e tem um negócio aí que acabaram de abrir chamado Lava Jato..." E ele teve que se quedar e ainda fazer campanha para ela. Eles já estavam com o grupo rachado.

    Mas o que me faz mudar até o rumo do discurso e vir aqui fazer este contraponto é o fato de que não dá para aceitar uma senhora vir aqui, com cara de candura, com uma voz mansa para falar que fulano está com tantos por cento nas pesquisas porque o povo brasileiro tem memória. Sim, o povo brasileiro tem memória, e nós vamos ver isso em 2018, não tenho dúvida disso.

    Sabem por que vamos ver isso em 2018? Porque esses números que estão aí serão os mesmos que ele terá nas urnas. E sabem por quê? Porque ele sempre teve um teto.

    No momento em que Duda Mendonça criou o Lulinha Paz e Amor e que fez a carta ao povo brasileiro, ele ganhou um sobreteto, e aquele povo o elegeu, mas esse sobreteto é o mesmo povo que foi para a rua, que ficou irritado e foi para a rua.

    Portanto, não tem mais esse, qualquer candidato ganhará de S. Exª no segundo turno. Mas ainda faço mais esse contraponto para dizer que uma casa quando está arrebentada, porque foi dito aqui pela Senadora que, de repente, o País quebrou de um ano para cá... Eu quero dizer, Senador Cidinho Santos, que, quando você pega uma casa... Você alugou uma casa para um inquilino, ele vai lá e a arrebenta todinha: encanamento entupido, tudo lascado. Quando você pega a casa, você tem um tempo para fazer reforma. Reforma é pior do que construir novo. E é isso que estamos tentamos todos nós fazer aqui.

    Aí vem a Senadora aqui e se aparta da responsabilidade pelo Governo e diz o seguinte: "o Governo de vocês, o Presidente de vocês..." Nós estamos todos aqui, Senadores, responsáveis, sim, pelos nossos atos, e graças que afastamos aquela Presidente porque senão este País eu não sei em que lugar estaria, porque nós estávamos derretendo.

    Pois bem. O que nós estamos todos tentando fazer aqui não é tentando por causa do Temer, porque o Temer é um sujeito elegante, porque fala bem. Não, o que estamos tentando fazer aqui é reconstruir uma nação, é para as pessoas voltarem a ter sentido de povo, porque até o sentimento de nação o Brasil estava perdendo. Nós estamos tendo de reconstruir do zero, as nossas academias estão carcomidas, estão entranhadas com pensamentos os mais – não vou nem citar aqui, não vou nem citar aqui... Mas as nossas escolas perderam o rumo com essa doutrinação que fizeram.

    Então, arrebentaram a economia do País, arrebentaram com tudo o que tinha para arrebentar. Demora, gente. Demora para reconstruir. Os números... A economia já começou a mostrar PIB positivo. Graças a Deus, o meu Estado já está crescendo em níveis chineses, mas por causa do agronegócio, mas o restante estamos tentando reconstruir.

    Recebemos essa herança maldita de 14 milhões de desempregados. Até mais do que isso porque os desalentados, as pessoas que já não procuram mais empregos não estão nas estatísticas. Mas, aí, vem aqui uma Senadora dizer que, de repente, o País das Maravilhas virou aquilo. Então, por que será que a Presidente teve quase o Brasil inteiro nas ruas contra ela? Eu digo: é por essas mentiras, é por essa desfaçatez, é por esse cinismo que não voltarão. Eu vou repetir aqui: hashtag #nãovoltarão, porque, quando a gente vê alguém se passando por vítima... E, aí, a gente tem, vamos lá, todos, mas são todos, todos os tesoureiros do Partido – e não gosto de apontar dedo, mas já que vieram aqui apontar dedo e dizer que nós não temos vergonha, que nós acabamos com o País, eu vou devolver –, todos os tesoureiros foram presos; boa parte dos Ministros do ex-Presidente foi presa; está enrolado em não sei quantos inquéritos; boa parte da Bancada, em não sei quantos inquéritos – e é normal a pessoa responder a inquéritos, mas é todo o Partido... E mais, todos os que estão delatando estão dizendo: "Olha, ele era o chefe, the boss." Delcídio disse isso, Palocci disse isso, Cerveró, todos eles.

    Eu vim da roça, Senador Airton Sandoval, e lá... Eu tinha vários irmãos e geralmente, quando a gente fazia uma traquinagem e negava, os outros irmãos todos diziam, e meu pai falava: "Mas todos os seus irmãos estão dizendo isso, e só você está certo aqui?" Mas, no caso do Lula, não. Não são dois ou três, não: é todo mundo. É todo mundo.

    Eu respeito o direito de defesa. Inclusive, dizem... Dizem, não, ao réu é dado o direito de mentir para se defender. Mas quero deixar bem claro isto aqui: tudo que se está falando sobre o Brasil aqui, neste momento, é estratégia de defesa. Por que se está tentando pintar o ex-Presidente como perseguido? Uma estratégia de defesa. É uma estratégia de defesa, para martirizar.

    Aí vêm dizer que é uma vergonha o que o Senado fez. Que vergonha? Eu não me sinto envergonhado, não. Acho que, na verdade, se eu estivesse na condição da Presidente do Partido que esteve aqui, aí, sim, eu estaria muito envergonhado. Mas sinto orgulho do que fizemos no processo de impeachment. Sinto orgulho nas votações que temos feito aqui, para tentar levantar este País. Então, quando ela disse que estão acabando com o País, é o contrário. Nós estamos reformando. Nós estamos ajeitando a casa, é isso que estamos fazendo.

    Quando tentamos votar aqui a reforma trabalhista, para gerar mais empregos, para dar uma relação de trabalho melhor entre trabalhador e empregador, o que vieram fazer aqui? Vieram mentir. Mentiram até fazer calo na língua. Começaram a dizer para os trabalhadores que eles só iam ter meia hora de almoço, que não iam ter mais 30 dias de férias, que não iam ter FGTS. Gente, mentiram demais, ou seja, faltaram com a verdade, para a gente não ser tão grosseiro. Faltaram com a verdade. E aí as pessoas ficaram amedrontadas. Tenho encontrado pessoas que falam: "Senador, eu não vou ter mais 30 dias de férias?" Eu tenho respondido: não, provavelmente você vai ter 40, 45, porque, se quiser dividir suas férias em 3 e pegar 10 dias de férias antes de um feriado prolongado, em vez de 10, vai ter 15. Se fizer isso três vezes por ano, vai ter 45 dias.

    A gente tem que falar isso aqui, porque, todos os dias, em vez de trazer a solução... E tenho observado esses discursos aqui: vêm, criticam, criticam, criticam, criticam. E aí eu fico me perguntando: sim, mas passaram 13 anos, por que não fizeram? Por quê? Tiveram todo esse tempo para taxar lucros e dividendos, tiveram todo o tempo para fazer o que queriam e não fizeram. Mas, agora, apaga-se toda a história, e é como se o País estivesse começando agora, como se o PT não tivesse passado na história deste País.

    Gente, respeito a luta política, respeito tudo o que se fala aqui, mas tenho o direito de não concordar. Tenho o direito de não concordar, por exemplo, quando vêm dizer que agora este Senado está se dobrando aos bancos. Meu Deus do céu, passaram 13 anos sentados, tomando Pêra-Manca com os bancos, aí vêm defender os pobres aqui. Usam o pobre como biombo, mas à noite comiam picanha da JBS com vinhos finos da Odebrecht.

    Criaram uma confraria de amigos para receber dinheiro do BNDES. Certa vez, eu perguntei ao Presidente do Banco Central como era o critério. E ele falou: "Nós escolhemos os campeões." Ou seja, se eu sou seu amigo, Cidinho, eu sou campeão. Pronto! Bastava isso. Montaram um capitalismo de Estado que é o mais pernicioso possível. Por quê? Porque é só para os amigos, e os outros se arrebentam, porque quem não for amigo se lasca. Cito isso porque as plantas de frigoríficos lá em Mato Grosso foram praticamente todas dizimadas. A JBS chegava lá, arrendava a planta e a fechava. Fazia o mesmo que uma emissora antigamente. Quando um ator começava a despontar na outra TV, ela ia lá e contratava esse ator. Daí a pouco diziam: "Olha, foi contratado por ela." Aí ele ia para a geladeira. Pronto! Acabava com o sujeito. Esse foi o governo. Então, desculpem-me, mas vir pintá-lo de santo agora, posar de santo agora...

    Na questão da Petrobras, por exemplo – e já me encaminho para o final, Presidente –, fizeram uma campanha dizendo que o PSDB ia privatizar a Petrobras, que a Petrobras é nossa, o petróleo é nosso. Eu não sei de quem, porque, quando a gente viaja para fora e abastece com o combustível da Petrobras, ele custa a metade do preço lá fora. Mas tudo bem.

    Hoje em dia, a gente entende o nosso. O nosso era deles. Foi o cavaleiro que se propôs a proteger os bens da Petrobras contra terceiros e os tomou para si. Acabou com a Petrobras. Mas essa turma ainda tem a coragem de subir aqui e defender conteúdo nacional, defender a Petrobras, sendo que arrebentaram com ela. Se a Petrobras fosse uma empresa privada, ela teria falido. Por que não faliu? Porque está nas nossas costas. Agora vêm aqui... E não é só a Petrobras, não. Quase todas as estatais foram tungadas. Está aí o escândalo da Eletrobras, escândalo disso e daquilo. E aí eu fico abismado de eles virem aqui com aquela santidade e dizerem: "Olha, estão acabando, estão entregando o Brasil." Eu entendo a preocupação, é porque têm interesse em ganhar a eleição e ficam com medo de chegar depois ao poder e não ter nada para pegar. Desculpem-me a grosseria, mas é dessa forma que eu tenho compreendido isso, gente.

    Eu fico pasmo. Nesses dias, chegaram aqui e disseram: "O Geddel foi pego com R$51 milhões!" O Geddel está pululando. Se você entrar no YouTube e colocar Geddel e Lula, Geddel e Dilma, vai ver os maiores elogios e discursos para Geddel e Geddel e Geddel. Quer dizer, as pessoas viram bandidos a partir do momento em que não estão mais com eles. Agora sim, agora Geddel é... Agora Delcídio não é mais companheiro. Palocci é traidor. Veja bem, minha gente, sabe por que Palocci, depois de 36 anos, está sendo expulso do PT? Porque ele resolveu falar como é que aconteciam as coisas aqui, como é que era a coisa aqui em Brasília.

    Então, essa história de vir aqui jogar a culpa para cima do Plenário, não! Toda vez que tentarem jogar essas ignomínias para cima de mim...

(Soa a campainha.)

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (PODE - MT) – ... eu vou vir aqui e fazer o contraponto. O povo brasileiro precisa saber de uma coisa: o PT pode ter feito alguma coisa, pode ter feito alguma coisa de bom, mas proporcionalmente ao que fez de ruim para o País há muita diferença. É um partido que vai deixar uma herança maldita, uma quebradeira para a gente tentar consertar, e, em alguns casos, a gente vai levar anos.

    Essa da economia, não, o Brasil vai sair mais rápido, Senador Cidinho. Mas o prejuízo que estão deixando nas escolas – e eu falo escolas desde o ensino fundamental – na academia...

(Soa a campainha.)

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (PODE - MT) – ... nós vamos demorar para retirar do País.

    E só falando – e é por isso que eu conclamo os meus colegas –, a cada mentira aqui que vierem espalhar nesta tribuna, nós temos que responder com dez verdades, para que o povo brasileiro saiba tim-tim por tim-tim como é que essas pessoas agem e para aprender a não se condoer com a cara de coitado, porque o verdadeiro Lula é aquele que a Senadora Gleisi estava filmando lá e falando, as pessoas o recebendo e ele gritando lá "Olha só que bando de desocupados" e não sei o quê e xingando o cara. Aquela, sim, é a cara do PT.

    Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 20/09/2017 - Página 20