Discurso durante a 135ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Comentários sobre a instituição do Dia Nacional de Conscientização e Enfrentamento à Fibromialgia.

Críticas aos discursos de perseguição política a Lula, ex-Presidente da República, réu investigado na Operação Lava Jato.

Autor
Ana Amélia (PP - Progressistas/RS)
Nome completo: Ana Amélia de Lemos
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SAUDE:
  • Comentários sobre a instituição do Dia Nacional de Conscientização e Enfrentamento à Fibromialgia.
ELEIÇÕES E PARTIDOS POLITICOS:
  • Críticas aos discursos de perseguição política a Lula, ex-Presidente da República, réu investigado na Operação Lava Jato.
Publicação
Publicação no DSF de 20/09/2017 - Página 24
Assuntos
Outros > SAUDE
Outros > ELEIÇÕES E PARTIDOS POLITICOS
Indexação
  • COMENTARIO, CRIAÇÃO, DIA NACIONAL, CONSCIENTIZAÇÃO, LUTA, DOENÇA GRAVE, CORPO HUMANO, MULHER.
  • CRITICA, DISCURSO, ASSUNTO, PERSEGUIÇÃO, POLITICA, LUIZ INACIO LULA DA SILVA, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA, MOTIVO, REU, OPERAÇÃO, POLICIA FEDERAL, INVESTIGAÇÃO, CORRUPÇÃO, PETROLEO BRASILEIRO S/A (PETROBRAS), COMENTARIO, PARALISAÇÃO, OBRAS, OBJETIVO, REELEIÇÃO.

    A SRª ANA AMÉLIA (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão da oradora.) – Caro Senador Cidinho Santos, que preside a sessão desta tarde aqui no Senado, nossos telespectadores da TV Senado, ouvintes da Rádio Senado, caros colegas Senadores e Senadoras, eu venho à tribuna para agradecer aos colegas Senadores a aprovação hoje, na Comissão de Assuntos Sociais, de um projeto de minha autoria, relatado pelo Senador Ronaldo Caiado, que é médico, estabelecendo o dia 12 de maio como o Dia Nacional de Conscientização e Enfrentamento à Fibromialgia. Na Comissão, foi em caráter terminativo. Agora vem para a Mesa, para os procedimentos regimentais.

    A falta de conhecimento dessa síndrome neurológica prejudica o tratamento da doença, que atinge, sobretudo, em grande maioria, as mulheres. Os fibromiálgicos, ou pacientes que sofrem de fibromialgia, sofrem duas vezes: fisicamente, porque a dor, dizem os pacientes, é insuportável, imobiliza, as pessoas perdem; e ainda emocionalmente o preconceito de quem desconhece a gravidade desse problema.

    E por ser uma doença de características femininas, é sempre dito que a mulher está fazendo fita, como se diz lá no meu Estado, ou está simulando uma doença que não existe. Porque ela não tem nenhum sintoma, se fizer um exame de sangue, qualquer tipo de exame laboratorial, não haverá nenhuma identificação de inflamação. É uma dor muscular. E ela tem origens emocionais também, Senador Cidinho Santos.

    Eu lhe agradeço, V. Exª estava lá ajudando a votar.

    Ela tem origens emocionais, e por isso é uma doença em que mais de 80% dos pacientes são mulheres. Depois de uma dor muito forte, uma dor sentimental, a perda de um filho, a perda do marido, uma separação, uma tragédia familiar, todos esses fatores podem detonar o gatilho da doença das mulheres. E, como na Medicina ainda é uma doença relativamente pouco diagnosticada, ou na hora diagnosticada, pela falta de conhecimento sobre a natureza da doença, que é uma doença de fundo neurológico, há dificuldade ainda maior no tratamento.

    Nós fizemos uma audiência pública, em que eu entendi um pouco dessa doença, e, quando vim aqui à tribuna, surpreendi-me com o número de e-mails que recebi de pessoas que são portadoras de fibromialgia, manifestando e agradecendo o trabalho que nós fizemos na Comissão de Assuntos Sociais. Ali eu aprendi muitas coisas: que o tratamento não pode ser feito apenas com medicamentos, tem que haver um tratamento mais amplo, com fisioterapias, com massagens, com vários outros tipos de tratamento, porque, se fizer só o tratamento mediante o uso de drogas, não haverá o efeito necessário.

    E agora casualmente hoje, dia em que é aprovada a celebração para marcar o Dia Nacional de Conscientização e Enfrentamento da Fibromialgia, o Brasil e o mundo tomaram conhecimento mais ainda da doença, porque a famosa cantora Lady Gaga, que estava agendada, na sua turnê no Brasil, para participar do Rock in Rio, cancelou, e o motivo foi exatamente a fibromialgia. E o depoimento da Lady Gaga – e agradeço porque coincide com a gente tratar desse tema – foi extremamente valioso, porque ela retrata com fidelidade os problemas que eu acabei de relatar aqui em relação ao preconceito. Como ela disse: "As pessoas pensam que eu estou fazendo drama, mas não é isso. É porque realmente é muito forte." E que o maior prazer de um artista como ela, tão famosa mundialmente, é estar com o público. Então, não teria nenhum motivo para ela fazer cena ou dramatizar uma situação em que ela realmente sofre as consequências da doença. Então, a Lady Gaga nos deu hoje também um bom argumento para sensibilizar os colegas, que já tinham convencimento, porque o relatório do Senador Ronaldo Caiado foi extremamente preciso e completo para o entendimento.

    Então, eu agradeço a todos e penso que essa aprovação do 12 de maio como o Dia Nacional de Conscientização e Enfrentamento da Fibromialgia é uma homenagem a todos os médicos que se dedicam à pesquisa e ao tratamento dessa doença, nas áreas que tratam da dor e em outras áreas da Medicina – trouxemos um especialista de São Paulo, um neurologista, que nos deu muito conhecimento disso –, a todos os médicos que cuidam disso, a todas as pessoas que lidam e, especialmente, a todos os pacientes no nosso País ou fora dele que sofram da fibromialgia. Dez por cento da população brasileira e mundial têm essa doença. Então, não é tão simples fazer a identificação, o diagnóstico da fibromialgia. Por isso, claro, as pessoas sofrem ainda mais.

    Eu não posso agora, nestes minutos que me restam, Senador Cidinho, deixar também de fazer um comentário. Uma Senadora veio aqui, subiu à tribuna, Líder do Partido dos Trabalhadores e voltou a cobrar: tem que botar a mão na consciência. Eu durmo tranquila, Senador Cidinho, durmo com a minha consciência tranquila, porque, enquanto ela me cobra, eu recebo dez manifestações de cumprimentos por ter participado da Comissão do Impeachment e de ter aprovado o afastamento da Presidente. Então, é preciso que se diga, de fato, essas coisas. Não tenho nenhuma forma de arrependimento. O que eu fiz foi pensando na sociedade brasileira, naquele que era o maior anseio de todos os brasileiros, dados os desmandos que o Brasil estava vivendo. Inclusive em 2014, quando muitas obras foram começadas apenas e tão somente com o objetivo de garantir a reeleição.

    E hoje pagamos um preço por obras inacabadas, por obras incompletas, que ficam muito mais caras à população, que está sofrendo as consequências de uma paralisação da duplicação da 116 entre Porto Alegre e Pelotas, ou da segunda Ponte do Guaíba e outras obras que foram iniciadas. Nem falo mais do Polo Naval, que foi uma tragédia verdadeira. E aquilo está transformado numa sucata que custa bilhões de reais, de onde? Dos cofres públicos do cidadão brasileiro. É a sociedade brasileira que está pagando a conta da irresponsabilidade administrativa, e ainda vêm aqui...

    Em relação ao Presidente Lula, eu acho estranho que as pessoas não entendam: sempre, todas as vezes que fizerem pesquisa, o PT terá entre 30%, 32% ou 33% dos votos dos brasileiros. Esse é o tamanho do Partido. Lula, com esse processo na Lava Jato... Hoje, mais um depoente esteve lá acusado e denunciado também pelo Ministério Público, o compadre de Lula, Roberto Teixeira. E é exatamente a soma das provas, sejam testemunhais, documentais. Não há mais dúvida sobre tudo o que está acontecendo.

    E o mais trágico... Eu sempre tive por Lula um respeito, mas, quando ele invoca o testemunho de uma pessoa morta, ninguém mais, ninguém menos do que a sua própria mulher, D. Marisa, para justificar coisas que ele não sabe, como, por exemplo, os documentos comprobatórios do pagamento de um aluguel, não é justo. Não é correto com a memória de uma pessoa que já morreu fazer esse tipo de invocação num júri ou perante o magistrado que comanda a Operação Lava Jato, no caso, o Juiz Sergio Moro.

    Então, eu acho que todo o patrimônio construído por grandes projetos sociais, que reconheço, mesmo o Minha Casa, Minha Vida... Estive agora na cidade de Lajeado, no Rio Grande do Sul, representando, até com muita honra, o Ministro das Cidades, Bruno Araújo, que não é do meu Partido, mas o fiz, porque é um projeto que começou no governo de Dilma Rousseff, um projeto que está sendo concluído agora no Governo do Presidente Michel Temer. O Prefeito era o Schmidt, do PT, e agora é um prefeito do meu Partido, o PP.

    E a obra foi continuada, não houve nenhuma solução de continuidade. Por quê? Porque gente que tem responsabilidade faz isso; não importa o governo em que esteja, não para uma obra por conta, digamos, da questiúncula política ou partidária. A obra continuou e foram entregues várias unidades habitacionais num bairro importante, Santo Antônio, lá em Lajeado, uma cidade importantíssima do meu Estado, do Rio Grande do Sul. Cumprimento o Prefeito Marcelo Caumo e toda a comunidade, que ganhou naquele dia as chaves dos seus apartamentos. É um projeto que foi iniciado no governo Dilma e concluído no atual Governo, iniciado com um ministro e terminado agora com o Ministro Bruno Araújo, que o conclui; Prefeito do PT, Prefeito do PP, Partido Progressista, o meu Partido, a mesma coisa.

    Então, nós temos que ter um pouco de respeito à verdade, nós temos que ter aqui uma conduta de coerência com as coisas que aconteceram no País, e não ficar com essa ladainha da perseguição política. A Justiça é que está agora tratando dessas questões. E eu acredito no Poder Judiciário brasileiro, no Ministério Público brasileiro, na Polícia Federal e em todas as instituições. E não há o que se discutir sobre esses temas tão candentes.

    O Brasil, como disse ontem Raquel Dodge, está em processo de depuração. E Lava Jato é a operação que é um consenso nacional. Os brasileiros hoje apostam e olham a Lava Jato como a oportunidade, a janela aberta para se fazer definitivamente uma depuração e varrer do mapa do Brasil essa corrupção que corrói o dinheiro do povo brasileiro, que deveria ir para a educação, para a saúde, para a segurança, para a infraestrutura, para as obras inacabadas que foram herança do governo que deixou o poder.

    Então, eu subi à tribuna hoje com esse objetivo, meu caro Senador Cidinho Santos, renovando o agradecimento aos Senadores que ajudaram a aprovar esse projeto, mas refrescando a memória de quem tem memória curta em relação à história que o Brasil está vivendo nesse embate e nesse combate à corrupção. Quem fez coisas malfeitas não pode se acobertar no que fez de bom para o Brasil, não pode, porque não se torna inimputável. A lei é a mesma para todos, não é menos nem mais, a lei é igual, e ninguém está acima dela nem abaixo dela.

    Muito obrigada.

     


Este texto não substitui o publicado no DSF de 20/09/2017 - Página 24