Comunicação inadiável durante a 135ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Críticas ao governo de Michel Temer, Presidente da República, fazendo referência às manifestações no Festival Rock in Rio.

Defesa de punição ao General Antonio Hamilton Mourão por sugerir nova intervenção militar no país para combater a corrupção.

Apoio à candidatura do ex-Presidente Lula à Presidência da República.

Autor
Vanessa Grazziotin (PCdoB - Partido Comunista do Brasil/AM)
Nome completo: Vanessa Grazziotin
Casa
Senado Federal
Tipo
Comunicação inadiável
Resumo por assunto
GOVERNO FEDERAL:
  • Críticas ao governo de Michel Temer, Presidente da República, fazendo referência às manifestações no Festival Rock in Rio.
DEFESA NACIONAL E FORÇAS ARMADAS:
  • Defesa de punição ao General Antonio Hamilton Mourão por sugerir nova intervenção militar no país para combater a corrupção.
ELEIÇÕES E PARTIDOS POLITICOS:
  • Apoio à candidatura do ex-Presidente Lula à Presidência da República.
Publicação
Publicação no DSF de 20/09/2017 - Página 27
Assuntos
Outros > GOVERNO FEDERAL
Outros > DEFESA NACIONAL E FORÇAS ARMADAS
Outros > ELEIÇÕES E PARTIDOS POLITICOS
Indexação
  • CRITICA, GOVERNO, GESTÃO, MICHEL TEMER, PRESIDENTE DA REPUBLICA, MOTIVO, PROPOSTA, PRIVATIZAÇÃO, ELETROBRAS PARTICIPAÇÕES S/A (ELETROPAR), ACUSAÇÃO, PARTICIPAÇÃO, CRIME, CORRUPÇÃO, BAIXA, POPULARIDADE, REFERENCIA, MANIFESTAÇÃO COLETIVA, OPOSIÇÃO, GOVERNO FEDERAL, FESTIVAL, MUSICA, RIO DE JANEIRO (RJ), ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ).
  • DEFESA, PUNIÇÃO ADMINISTRATIVA, OFICIAL GENERAL, EXERCITO, AUTOR, PRONUNCIAMENTO, ASSUNTO, INTERVENÇÃO, MILITAR, BRASIL, MOTIVO, CRISE, POLITICA, COMBATE, CORRUPÇÃO.
  • APOIO, CANDIDATURA, LUIZ INACIO LULA DA SILVA, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA, CARGO ELETIVO, PRESIDENCIA DA REPUBLICA, REFERENCIA, PESQUISA, AUTORIA, CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA, TRANSPORTE.

    A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco Socialismo e Democracia/PCdoB - AM. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão da oradora.) – Sr. Presidente, Srs. Senadores, Srªs Senadoras, companheiros e companheiras, eu ouvi a Senadora Ana Amélia falar aqui a respeito da cantora Lady Gaga, que, por uma doença séria – e eu quero cumprimentá-la pela aprovação do projeto na Comissão no dia de hoje, Senadora –, não pôde participar desse show que o Brasil inteiro está acompanhando. Alguns jovens têm a possibilidade de estar lá pessoalmente, mas outros, milhares, milhões, que não a têm acompanham pela televisão. Inclusive, eu, sempre que pude neste final de semana, dei uma espiadinha lá no Rock in Rio.

    E a gente vê como essa festa tem sido importante para o Brasil. A ausência da Lady Gaga obviamente tirou algum brilho, mas não totalmente, porque tem sido um festival, tem sido uma apresentação, um show bastante importante e muito acompanhado pelo Brasil inteiro. E o que me chamou a atenção, Sr. Presidente, foi o fato de que o que mais nós temos assistido é a palavras de ordem das pessoas, da população, se mobilizando e protestando contra o Presidente da República, de forma muitas vezes espontânea, algumas vezes apenas com a presença de um determinado cantor. Mas isto tem sido efetivamente o que tem marcado o Rock in Rio, Sr. Presidente: os protestos contra o Presidente Temer.

    E nós precisamos perguntar por que essa manifestação tem sido a manifestação mais presente no evento, o "Fora, Temer!". Por que será que isso acontece? Temos que perguntar também por que esse grande evento, assim como qualquer outra manifestação cultural no País, acontece em uníssono com o povo brasileiro. Em todos os cantos, seja em apresentação de peças, apresentação de musicais, é esse "Fora, Temer!" que ecoa. E a resposta, Senador Jorge Viana, é muito simples: a população brasileira não quer mais ver a continuidade de Michel Temer à frente da Presidência da República, apenas isso.

    Eu não quero aqui abrir as feridas do passado, acho que o passado está perfeitamente registrado pela história, mas eu quero falar do presente e, principalmente, do nosso futuro.

    Por um lado, era fato e verdade que uma boa parte da população brasileira ingenuamente apoiou a sua saída porque acreditava de fato que bastava a saída da Presidenta Dilma, que bastava a troca de poder para que tudo melhorasse, para que a corrupção diminuísse, para que a crise fosse extirpada. Então, a grande, a imensa maioria da população que apoiou a saída da Presidenta Dilma o fez porque tinha essa esperança. E essa mesma população hoje vai aos locais públicos para gritar o "Fora, Temer!", porque ela está vendo que não é nada disso que está acontecendo.

    Aliás, Srs. Senadores, o Procurador-Geral Janot, antes de deixar a Procuradoria, fez uma denúncia – uma denúncia não baseada em convicção. Não. Uma denúncia baseada em provas claras, concretas. E, nessa denúncia, cita sete importantes figuras da República. Sete. E, dos sete, vejam a ironia, Srs. Senadores, Srªs Senadoras, desses sete, quatro estão presos. Quatro estão presos.

    E os três que sobram estão onde? No Palácio do Planalto. Aliás, um é o próprio Michel Temer, a maior autoridade da República. O outro, que continua lá, é o Ministro Moreira Franco, o Ministro das privatizações, que acha que o Brasil de hoje vai ser igual àquele Brasil que apoiou as privatizações das telecomunicações, porque diziam que tudo ia melhorar. Agora, não. Nós temos um sistema energético bem estabelecido, razoavelmente eficiente, mais eficiente se comparado à atuação de outras empresas privadas do setor.

    Então, privatizar a Eletrobras para quê? Para diminuir dívida brasileira? Dívida pública? Não. Nunca nenhuma privatização serviu para resolver o problema da dívida.

    Então, veja, Moreira Franco está lá. Mas está lá também Eliseu Padilha. Eliseu Padilha, Moreira e Michel Temer. Os outros quatro denunciados estão presos: dois ex-Presidentes da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha e Henrique Eduardo Alves, além de estarem presos o ex-Deputado e ex-auxiliar direto de Michel Temer, Rodrigo Rocha Loures, e Geddel Vieira Lima.

    E Geddel Vieira Lima é um caso à parte, porque o Brasil nunca viu tanta dinheirama reunida num mesmo lugar. E em que lugar? Não era num banco. Era num apartamento. R$51 milhões!

    Então, eu não quero voltar ao passado. Eu quero dizer e falar deste Governo agora!

    Houve erros no governo anterior? Não há dúvida. Agora, foram esses erros que levaram o Brasil ao ponto que chegou? Não. Houve uma crise. Há ainda uma crise econômica, que é mundial, muito forte, que acomete duramente o Brasil, a Nação brasileira.

    Problema de corrupção, nós estamos vendo. De onde vem? Vem do sistema, infelizmente, de pessoas inescrupulosas.

    Senhores, tenho ouvido muita gente falar da violência no Brasil, da violência no Rio de Janeiro. É verdade. É lamentável. É triste. É triste! Milhares e milhares de brasileiros e brasileiras, brasileirinhos e brasileirinhas que vivem nas favelas do Brasil, do Rio de Janeiro, sobretudo, não podem ir à aula porque está havendo tiroteio na região, porque a violência cresce. E há alguns que acham que a saída para isso é armar a população brasileira. Obviamente não é armar a população brasileira. Não é liberar a venda do armamento, não.

    A saída para isso começa pelo restabelecimento da democracia. Quais os exemplos que as principais autoridades do Brasil dão à população brasileira? Eu pergunto aos senhores e pergunto às senhoras: qual é o principal exemplo? Apartamentos que não têm armas, não têm fuzis, mas têm R$51 milhões. É esse o exemplo que um Presidente da República tem que dar para o seu País? Não. Esse não é um exemplo de que o Brasil precisa. O exemplo de que o Brasil precisa é de pessoas sérias, honestas, corretas à frente da Presidência da República.

    E, aliás, esse "Fora, Temer!" não é só por conta da corrupção, é por conta do programa também, porque em grande parte eles assumiram o poder e o próprio Michel Temer dizia que era a ponte para o futuro, ou seja, é uma travessia curta, um período de supressão da democracia para fazer reforma previdenciária, fazer reforma trabalhista, fazer privatizações, aprovar a lei do teto, que foi a PEC que aprovaram, limitando gastos com saúde e com educação.

    Então, veja que a população se tem manifestado contrária a isso. E, aliás, Sr. Presidente, hoje saiu uma nova pesquisa da CNT (Confederação Nacional do Transporte), e, nessa pesquisa da CNT, é óbvio que o Presidente Lula continua como primeiro lugar, mas o que chama a atenção não é isso. O que chama a atenção é a quantidade de brasileiros e brasileiras que repelem Michel Temer. A aprovação dele hoje é de apenas 3,4%, a aprovação de Michel Temer, sendo que 75,6% avaliam como negativo o Governo dele e apenas 3,4% aprovam Michel Temer. Isso como Presidente.

    Quando a avaliação é pessoal, o índice de rejeição aumenta ainda mais, batendo o nível mais baixo da série da CNT e de toda a história de um Presidente de nosso Brasil. A série da CNT começou em 2011, em seguida, logo que Temer assumiu, 84% dos entrevistados desaprovavam Temer. Em fevereiro, eram 62% e agora são 84%.

    Então, se ele tivesse um pingo de amor pelo Brasil, pelo seu País, ele renunciaria, ele daria um jeito de viabilizar, quem sabe, Senador Jorge, a antecipação das eleições, quem sabe, porque, com ele na Presidência, não dá mais para continuar. Primeiro, que é esse exemplo pior de todos para o povo brasileiro. Segundo, que eles querem acabar de concluir essas reformas, reformas que eu digo que só trarão prejuízo.

    Por isso eu quero repetir aqui o que diz, com muita frequência, o Senador Requião – e nós assinamos o manifesto –, que a hora que conseguimos tirar esse senhor da Presidência da República, nós temos que aprovar uma ação revogatória.

    Aliás, o próprio ex-Presidente do Supremo Tribunal Federal Ministro Lewandowski disse, de forma textual, em entrevista, que vivemos hoje um período de supressão de democracia. E aí, olha o que acontece, vem novamente aquele general – e eu concluo, Presidente –, vem novamente aquele general, o General Antonio Hamilton Mourão, dizer que, se as coisas andarem como estão, deverá haver uma intervenção militar.

    Mais do que repudiar, do que repelir as suas palavras, que devem ser punidas duramente pela Força da qual ele é parte – deve ser punido duramente –, eu fico com as palavras do General Villas Bôas, esse, sim, Comandante do Exército, que disse que nada fará com que as Forças Armadas façam ou promovam qualquer tipo de intervenção. Isso disse o General do Exército.

    Portanto, cabe a Hamilton Mourão uma nova punição, porque, vamos lembrar, não é a primeira vez. Ele foi retirado, foi demitido pelo próprio Comandante do Exército, em 2015, quando falou a mesma coisa; que ele convocava o povo brasileiro. Os políticos não davam conta, então que eles convocavam o povo brasileiro a uma reação patriótica – a uma reação patriótica. E fez elogios a quem? Ao General Brilhante Ustra, um torturador membro do DOI-Codi, no Estado de São Paulo.

    Então, eu espero, sinceramente, que, como esse General Hamilton Mourão já foi punido uma vez pela Força à qual pertence, seja punido novamente. E o que nós precisamos, Sr. Presidente – volto a repetir para concluir a minha participação, agradecendo-lhe profundamente pela paciência, pela tolerância –, o que nós precisamos é restabelecer a democracia.

    E eu espero sinceramente que o Presidente Lula esteja em condições de concorrer ao cargo que for, porque, por mais que falem, por mais que digam, não há provas contra qualquer crime cometido pelo ex-Presidente Lula – não há provas. Ele foi condenado em um processo por convicção, sem uma prova. Nunca foi proprietário de apartamento nenhum. E a isso não se dá outro nome, a isso se diz, sim: é perseguição, e é perseguição política, sim, porque ele, o Presidente Lula, é quem melhor representa todo esse projeto de transformação nacional e de inclusão social. Com falhas? É verdade, com falhas, mas um projeto que colocou, pela primeira vez na história recente do nosso País, o povo brasileiro na frente de qualquer outra coisa.

    Hoje, pelo contrário, o que a gente vê é mercado, mercado, mercado. Cada vez mais o Brasil sendo comandado pelo sistema financeiro rentista.

    Muito obrigada, Senador Cidinho.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 20/09/2017 - Página 27