Discurso durante a 141ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Comentários sobre a carta do ex-Ministro Antônio Palocci de desfiliação do PT.

Autor
Lasier Martins (PSD - Partido Social Democrático/RS)
Nome completo: Lasier Costa Martins
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ELEIÇÕES E PARTIDOS POLITICOS:
  • Comentários sobre a carta do ex-Ministro Antônio Palocci de desfiliação do PT.
Publicação
Publicação no DSF de 28/09/2017 - Página 49
Assunto
Outros > ELEIÇÕES E PARTIDOS POLITICOS
Indexação
  • COMENTARIO, CARTA, AUTORIA, ANTONIO PALOCCI, EX MINISTRO DE ESTADO, ASSUNTO, SOLICITAÇÃO, SAIDA, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), ELOGIO, QUALIDADE, ESCLARECIMENTOS, REFERENCIA, CORRUPÇÃO, CRITICA, PROJETO, PODER, LUIZ INACIO LULA DA SILVA, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA.

    O SR. LASIER MARTINS (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD - RS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) – Eminente Senadora Ângela Portela, Presidente dos trabalhos, Senadores, Senadoras, telespectadores, ouvintes, eu quero dizer alguma coisa sobre a carta mais ruidosa do ano, a carta que foi dada a público ontem pelo ex-Ministro Palocci, e quero falar nos seguintes termos: ao longo dos 13 anos do PT no poder, o seu líder máximo, o ex-Presidente Luís Inácio Lula da Silva, alcançou a glória, representada por um recorde de popularidade, uma invejada influência política e, até certo ponto, uma notoriedade internacional rara.

    Mas esse mesmo período petista serviu para produzir feitos e fatos que colocam o ex-Presidente e seu Partido na galeria dos mais desastrados e sórdidos projetos de poder já vistos no mundo, marcados pela corrupção, pela megalomania e pelo desprezo às instituições democráticas. Esse legado negativo se traduz hoje em condenações na Justiça do próprio ex-Presidente e de seus aliados mais históricos, a decadência de suas biografias e o crescente resultado com relação a esses nomes.

    Isso tudo ficou consolidado na carta de desfiliação do ex-Ministro Antônio Palocci, divulgada ontem. O texto, marcado por uma clareza impressionante e por uma inesperada lucidez vinda de alguém intimamente ligado, historicamente e decisivamente, ao condomínio petista, tornou-se um breve testamento da tragédia de Lula e seus asseclas.

    A carta se tornou um documento, obviamente, histórico. Ele coloca o dedo na ferida, ele autentica verdades incontestes que os alucinados seguidores e seus comandantes sem caráter insistem em negar.

    Inegável mesmo é o papel central do autor dessas linhas escritas em reação à desesperada desqualificação que Lula fez dele e antes da iminente desfiliação pelo PT de Ribeirão Preto. Não podemos também menosprezar a coragem de Palocci para enfrentar o mito construído em torno de Lula e do PT, partido que ele ajudou a fundar e a levar ao poder. Mais: foi graças a Palocci, coordenador da campanha eleitoral de Lula em 2002 e consolidador do seu primeiro período no Planalto, ao se tornar, como Ministro da Fazenda, o fiador da estabilidade ao afastar os temores emergidos por seu próprio Partido.

    E é por essa e outras razões que o texto de Palocci deve provocar abalos ainda maiores no mundo político, constrangendo ainda mais uma insistente candidatura presidencial de Lula. Como verdade dita por alguém que também se protegeu na mentira, ele coloca a nu o seu rei e ainda confirma a escala de erros cometidos pelos Presidentes petistas no campo moral e econômico. Dilma destruiu a economia do Brasil e Lula lançou a política brasileira ao seu nível mais baixo. Não pode haver testemunho honesto que se esconda dessa realidade e nem mente lúcida que não a compreenda.

    Perante o Juiz Federal Sérgio Moro, em Curitiba, Lula preferiu reduzir a estatura daquele a quem mais enalteceu nos seus anos de glória e poder. Em resposta, restou a Palocci confirmar uma segunda vez as relações espúrias do seu ex-líder com empreiteiras e ainda desnudar em praça pública a cristalizada prática de cinismo dos petistas de ontem e de hoje.

    Desmontar farsas criadas pela defesa de Lula e pelas propagandas do Partido é algo que a Justiça, a imprensa e os políticos comprometidos com o bem comum já vêm fazendo há muito tempo. Agora, com testemunhos como esse de Palocci, alcançamos um plano ainda mais íntimo e revelador dessas trapaças. Definitivamente, o rei está nu.

    Espero eu que até mesmo para os milhões de ludibriados por trapaceiros sem qualquer escrúpulo, por populistas sem freio e por delinquentes da máquina pública, o País está sofrendo hoje por um único motivo: por ter se deixado levar nessa carruagem de ilusões e perversidades. E só sairá dessa terrível quadra quando deixar a limpo todas as inverdades e crimes cometidos em nome do povo, o mesmo povo que clama por justiça e dias melhores.

    Não sei por quanto tempo mais o rei Lula continuará desfilando nu. Nem sei se os seus milhões de súditos ainda fiéis continuarão a nutrir sua sina de eterno autoengano. Contra isso, Palocci grita em sua carta de ontem. Fala Palocci: "Até quando vamos fingir acreditar na autoproclamação do 'homem mais honesto do País', enquanto os presentes, os sítios, os apartamentos e até o prédio do instituto são atribuídos a Dona Marisa? Afinal, somos um Partido sob a liderança de pessoas de carne e osso ou somos uma seita guiada por uma pretensa divindade?"

    A maneira refinada com que ele expõe o absurdo maior da cegueira moral da militância petista pode encorajar novos mea-culpa. Torço também para que essa carta do ex-czar da economia petista e fundador do Partido faça com que incautos reflitam mais sobre o que acreditam e sobre qual caráter ousam defender. Não podemos aceitar nem a conivência cínica com os malfeitos e nem um tipo de fanatismo que assusta os observadores mais serenos.

    Enquanto Lula e Palocci trocam acusações que a Justiça haverá de separar nos escaninhos certos, almejo ver uma autocrítica verdadeira do PT e dos líderes petistas, na esperança de a política, a boa política, construir um futuro de paz e prosperidade nas terras brasileiras. A verdade triunfará, a democracia se fortalecerá e os pecados terão castigo.

    Era o que pretendia dizer, Srª Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 28/09/2017 - Página 49