Pronunciamento de Ciro Nogueira em 14/09/2017
Discurso durante a 132ª Sessão Deliberativa Extraordinária, no Senado Federal
Alerta para a necessidade de ações em favor do meio ambiente.
- Autor
- Ciro Nogueira (PP - Progressistas/PI)
- Nome completo: Ciro Nogueira Lima Filho
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
-
MEIO AMBIENTE:
- Alerta para a necessidade de ações em favor do meio ambiente.
- Publicação
- Publicação no DSF de 15/09/2017 - Página 70
- Assunto
- Outros > MEIO AMBIENTE
- Indexação
-
- COMENTARIO, NECESSIDADE, ATUAÇÃO, PAIS, FAVORECIMENTO, MEIO AMBIENTE, ELOGIO, UTILIZAÇÃO, ETANOL, VEICULOS, CITAÇÃO, MATERIA, JORNAL, ASSUNTO, ANUNCIO, PAIS ESTRANGEIRO, INGLATERRA, FRANÇA, PROIBIÇÃO, COMERCIO, VEICULO AUTOMOTOR, FUNCIONAMENTO, GASOLINA, OLEO DIESEL, DEFESA, AMPLIAÇÃO, AUTOMOVEL, ELETRICIDADE, BRASIL, RESPONSABILIDADE, PARTICIPAÇÃO, CONGRESSO NACIONAL.
O SR. CIRO NOGUEIRA (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - PI. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs Senadoras e Srs. Senadores, reportagem recente publicada no jornal britânico The Times e reproduzida, no Brasil, pela Folha de S.Paulo, noticia que o Reino Unido proibirá, a partir do ano de 2040, a venda de todo e qualquer veículo movido a gasolina ou óleo diesel em seu território.
Essa medida radical do Reino Unido se Insere num esforço global de redução da emissão de poluentes, movimento que tende a mudar de forma drástica o paradigma da mobilidade em todo o Planeta.
O ano de 2040 parece distante, mas, se atentarmos bem, trata-se de um horizonte de apenas 23 anos, em que uma das principais economias europeias pretende simplesmente riscar do seu mapa qualquer veículo movido a combustíveis fósseis.
E os britânicos querem mais, e rápido. Além da meta ousada para 2040, o governo daquele país prevê sanções tributárias para a circulação de veículos a diesel nas vias mais poluídas já a partir de 2020, ou seja, daqui a pouco mais de dois anos.
Mesmo veículos híbridos, que contam com uma combinação de motores - um elétrico e outro a combustão -, mesmo esses estão com os dias contados na terra da Rainha.
A pressão da sociedade civil britânica em geral, não apenas dos ambientalistas, tem feito com que o governo caminhe cada vez mais para a adoção de uma matriz energética e de transportes que se valha de fontes renováveis de energia.
A França segue o mesmo caminho e o Ministro do Meio Ambiente, Nicolas Hulot, também já anunciou que o seu país pretende abolir os carros a combustão até 2040.
A indústria automobilística, atenta às movimentações dos governos nacionais e da sociedade civil, começa a traçar estratégias para se antecipar e promover a transição antes mesmo das futuras proibições legais. A sueca Volvo anunciou que, a partir de 2019, vai produzir apenas carros puramente elétricos ou híbridos.
Enquanto a Europa já estabelece data para se livrar de automóveis movidos a combustíveis fósseis, nosso país ainda não iniciou qualquer discussão nesse sentido.
O Brasil, com a posição estratégica que ocupa como detentor de importante parcela de todos os recursos naturais do planeta, poderia estar na vanguarda do debate e da proposição de novas políticas públicas de preservação do meio ambiente.
É verdade que o pioneirismo brasileiro na produção de etanol, que é um biocombustível, já contribui para a sustentabilidade ambiental do setor de transportes e hoje responde por 18% da necessidade energética do transporte rodoviário, cifra que pode aumentar com mais desenvolvimento tecnológico.
O programa de produção de etanol iniciado na década de 70 introduziu mudanças enormes nos padrões da produção de automóveis no país, com o surgimento dos carros bicombustíveis, e foi fator que impulsionou a divulgação das teorias científicas do aquecimento global, incentivando investimentos em biotecnologia.
No cenário atual, podemos dizer que algumas tímidas iniciativas se alinham à tendência mundial de produção sustentável e ambientalmente correta. É o caso da fabricação de carros elétricos ou híbridos.
Uma reportagem divulgada recentemente pelo Jornal Nacional mostrou os benefícios e as dificuldades da fabricação desse tipo de veículo no país. O principal desafio para que os carros elétricos se tomem populares seria a criação de postos de reabastecimento.
Segundo a matéria, o problema é complicado de resolver porque a frota desses veículos é pequena, o que toma difícil achar investidores interessados em financiar os pontos de recarga. Cidades como Fortaleza, Belo Horizonte e São Paulo já possuem pequenas frotas de carros elétricos que trafegam de forma experimental, mas os postos de recarga são poucos.
O que quero salientar aqui, Sr. Presidente, é que temos a tecnologia para a fabricação de carros ambientalmente corretos, que funcionam, são mais baratos, usam energia limpa e que podem ajudar a diminuir a poluição nas grandes cidades, mas nos faltam as iniciativas e os recursos para realizar essa mudança.
As metas de sustentabilidade estabelecidas pela Organização das Nações Unidas (ONU) para 2030 evidenciam que o Brasil precisa agir agora se quiser se alinhar aos objetivos sustentáveis de desenvolvimento já determinados. Para tal, precisamos buscar soluções inovadoras que possam ajudar a diminuir a poluição e melhorar as perspectivas negativas que nos assombram.
Ressalto que a proteção do meio ambiente é uma das minhas metas de trabalho aqui no Senado e tenho me empenhado em apoiar e propor iniciativas nesse sentido.
A exemplo do que relatei anteriormente sobre a dificuldade de ampliação da frota de carros elétricos, acabo de apresentar um projeto para incentivar a produção de automóveis movidos a energia elétrica no Brasil.
O PLS 304/2017 institui a política de substituição dos automóveis que usam combustíveis fósseis e estabelece prazo para o fim da comercialização e circulação desse tipo de veículo.
A proposta segue a tendência mundial de adoção de medidas progressivas para proteção do meio ambiente estabelecidas pela ONU e, dessa forma, determina que a partir de 1º de janeiro de 2030, a comercialização de automóveis novos de tração automotora por motor a combustão fica proibida em todo o território nacional.
A regra não se aplicará a determinados tipos de automóveis, como por exemplo os de coleção, os de uso oficial e também aqueles de representação diplomática e de organismos internacionais acreditados junto ao Governo brasileiro.
E fato que o setor de transportes responde pela sexta parte das emissões mundiais de dióxido de carbono, principal agente do efeito estufa. No mundo todo, 95% da energia utilizada pelos veículos vêm da queima de combustíveis fósseis.
Srªs Senadoras, Srs. Senadores, se nada for feito, se a poluição não for combatida e evitada, as mudanças climáticas serão responsáveis por grandes tragédias, como a inundação de cidades litorâneas pelo mar e o grande deslocamento de pessoas.
Com essa proposta, desejamos que, em 2030, a grande maioria dos automóveis fabricados em nosso território sejam do tipo elétrico. Assim, poderemos passar à solução definitiva do problema, que é a proibição da circulação de automóveis movidos com combustíveis fósseis, ou seja, gasolina, diesel e gás natural.
Precisamos trabalhar para podermos acompanhar os países desenvolvidos, como Alemanha, França e Reino Unido, que não só estão discutindo novas formas de abastecimento mais limpas e renováveis, como também já estão colocando em prática os projetos e programas para o alcance desse objetivo.
Nós aqui no Parlamento, temos nossa cota de responsabilidade sobre as decisões e ações em favor do meio ambiente.
Nossos esforços por leis mais adequadas, junto com o trabalho da comunidade científica e os governos, irão determinar que mundo vamos deixar para nossos filhos e netos e, certamente, queremos um mundo melhor, mais seguro e mais limpo para todos.
Por essa razão, peço aos nobres Senadores e Senadoras apoio para a aprovação dessa matéria que, sem dúvida, irá contribuir para que alcancemos esse objetivo.
Muito obrigado.
Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.