Pronunciamento de Cristovam Buarque em 09/10/2017
Fala da Presidência durante a 151ª Sessão Especial, no Senado Federal
Encerramento da Sessão Especial destinada a Homenagear o Dia do Professor.
- Autor
- Cristovam Buarque (PPS - CIDADANIA/DF)
- Nome completo: Cristovam Ricardo Cavalcanti Buarque
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Fala da Presidência
- Resumo por assunto
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HOMENAGEM:
- Encerramento da Sessão Especial destinada a Homenagear o Dia do Professor.
- Publicação
- Publicação no DSF de 10/10/2017 - Página 34
- Assunto
- Outros > HOMENAGEM
- Indexação
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- HOMENAGEM, DIA NACIONAL, PROFESSOR, COMENTARIO, RELEVANCIA, ATIVIDADE PROFISSIONAL.
O SR. PRESIDENTE (Cristovam Buarque. Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PPS - DF) – Obrigado, professor, mas eu sou um defensor da sua ideia. (Risos.)
Para encerrar – vou deixar para fazer o meu discurso em outra hora, não é problema –, mas eu queria de dizer que é uma honra estar aqui tentando homenagear os nossos professores. Esse dia devia se chamar o dia dos construtores do Brasil, que são os professores, que são os construtores de todos que constroem o Brasil.
E o Brasil vive um momento muito difícil, e que para mim os dois problemas que nós temos, são só dois, passam pela educação, logo, pelos professores: um, é coesão nacional, termos um sentimento de que somos um País, e não centenas de pequenas republiquetas, cada uma defendendo seu interesse específico; e, segundo, rumo para olhar que temos que trabalhar em busca das novas, futuras gerações. Coesão e rumo. Só duas coisas.
É claro que isso passa aqui, pelos políticos, mas são os professores que vão construir a coesão de uma maneira sólida. Quem descobre um país são os marinheiros, como os portugueses nos descobriram. Quem defende um país são os militares, mas quem constrói são os professores.
A Itália é um exemplo. A Itália era formada por pequenos grupos que se constituíam como pequenas nações independentes. Foi a escola que fez a Itália, ensinando italiano, que não se falava quase italiano. E o Exército para os que já estavam com mais de 18 anos de idade.
É a escola, é a escola que é capaz de fazer a língua, o civismo, ensinar Geografia, ensinar História e tentar igualar oportunidades, porque um País onde não há igualdade de oportunidades não é uma Nação.
Então, a coesão vem da escola e, portanto, dos professores, e o rumo também, porque, daqui para frente, não tem rumo o País que não for capaz de conseguir, na economia, três coisas pelo menos: produtividade, competitividade e inventividade.
Isso passa pela Ciência e Tecnologia, mas Ciência e Tecnologia passa pela universidade e a universidade passa pelo ensino médio, que passa pelo ensino fundamental e que passa pela pré-escola. É a escola que é capaz de trazer coesão – sentirmos todos num só País – e rumo para que este País possa avançar em direção ao futuro. Estamos sem coesão e estamos sem rumo, claro, neste momento, mas vamos superar tudo isso. Vamos superar pelo trabalho de cada um de nós todos; mas vamos superar, sobretudo, quando tivermos uma escola que seja das melhores do mundo e o filho do mais pobre possa ter a mesma oportunidade que os filhos dos mais ricos, como já fizemos com o futebol, porque a bola é redonda para todos. Felizmente, os ricos brasileiros não tiveram a péssima ideia de dizer: pobre só joga com bola quadrada. Se tivessem feito isso, o Neymar não era hoje um dos homens com o maior salário no mundo. Foi a bola redonda que permitiu a todos nós aqui disputarmos com ele. E cada um de nós, com perna de pau, não tivemos o talento, ou não tivemos a persistência, ou não tivemos a vocação. Ele teve talento, persistência e vocação, porque teve igualdade de oportunidade no futebol, graças à bola redonda para todos.
Precisamos de escolas redondas para todos. E isso passa, sobretudo, por um professor muito bem remunerado para ser escolhido entre os melhores do Brasil, com muita formação na hora da seleção, com dedicação absoluta à atividade e com avaliações periódicas do desempenho, para poder justificar até o altíssimo salário que deve ter, como você disse no Japão.
Por isso estamos homenageando os construtores do Brasil. E eu agradeço a cada uma e a cada um de vocês que aqui estiveram. Um grande abraço e feliz Dia dos Professores, no próximo dia 15, a todos aqueles que escolheram essa missão de construir, os construtores do Brasil.
Um grande abraço para cada um e para cada uma! (Palmas.)
Está encerrada esta sessão.