Discussão durante a 156ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Comentário sobre o Ofício nº 70, de 2017 (nº 4.308, de 2017, na origem), da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal, que encaminha ao Senado Federal decisão proferida na sessão realizada no dia 26 de setembro de 2017, nos autos da Ação Cautelar nº 4.327.

Autor
Roberto Rocha (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/MA)
Nome completo: Roberto Coelho Rocha
Casa
Senado Federal
Tipo
Discussão
Resumo por assunto
SENADO:
  • Comentário sobre o Ofício nº 70, de 2017 (nº 4.308, de 2017, na origem), da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal, que encaminha ao Senado Federal decisão proferida na sessão realizada no dia 26 de setembro de 2017, nos autos da Ação Cautelar nº 4.327.
Publicação
Publicação no DSF de 18/10/2017 - Página 44
Assunto
Outros > SENADO
Indexação
  • DEFESA, REJEIÇÃO, DECISÃO, SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (STF), VOTO ABERTO, SESSÃO LEGISLATIVA, ASSUNTO, MEDIDA CAUTELAR, AFASTAMENTO, AECIO NEVES, SENADOR, IMPORTANCIA, RESPEITO, CONSTITUIÇÃO FEDERAL.

    O SR. ROBERTO ROCHA (Bloco Social Democrata/PSDB - MA. Para discutir. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, caros amigos, caras amigas que acompanham mais esta importante sessão do Senado Federal, eu ouvi aqui, até agora, inúmeros Senadores, colegas se posicionando de uma maneira e de outra.

    Eu quero, desde já, Sr. Presidente, cumprimentar V. Exª pela serenidade com que conduz esta sessão, a mesma serenidade com que conduziu a sessão anterior, semelhante, que foi aquela que decidiu sobre a prisão do Senador Delcídio, conduzida pelo Senador Renan Calheiros. É preciso ter realmente muita serenidade nesses momentos, porque é um momento muito desagradável para todos nós.

    Eu quero deixar aqui muito clara a minha posição. A minha posição não é em favor do Senador Aécio Neves; de igual modo, não foi em favor do Senador Delcídio do Amaral – um, inclusive, do PT e outro do PSDB.

    Aquilo que falei em 2015, vou repetir aqui, novamente. Todos nós temos um respeito muito grande pelo Supremo Tribunal Federal. Reconhecemos a seriedade e a probidade pessoal dos seus integrantes. Compreendo também que o acúmulo de processos naquele tribunal tem exigido um esforço mental e emocional muito grande daquelas pessoas. Sim, são pessoas como eu e como vocês, pessoas sujeitas a erros e detentoras de virtudes. No caso dos ministros do Supremo, são virtudes excepcionais. Mas sejamos francos, seus erros, quando ocorrem, são potencialmente devastadores.

    Nós, de igual modo, compreendemos que a democracia não pertence ao Supremo, a Constituição não pertence ao Supremo. O Supremo pertence à democracia, o Supremo pertence à Constituição. A democracia só funciona com regras claras, gerais e aplicáveis a todos.

    O que estamos aqui a decidir neste momento? É sobre a conduta do Parlamentar? Evidentemente que não.

    A Constituição diz claramente, no seu art. 53, §2º, que, "desde a expedição do diploma, os membros do Congresso Nacional não poderão ser presos, salvo em flagrante de crime inafiançável. Nesse caso, os autos serão remetidos dentro de vinte e quatro horas à Casa respectiva, para que, pelo voto da maioria de seus membros, resolva sobre a prisão". Vinte e quatro horas!

    Eu quero dizer, Sr. Presidente: quem pode considerar viver em uma democracia onde alguém é preso de dia para ser julgado e condenado à noite? Quem pode ser julgado em menos de 24 horas sem processo, Senador Renan, sem direito de defesa, sem contraditório, sem a presunção da inocência, que é direito de todo mundo? Nem Hitler, nem o nazismo de Hitler, no Tribunal de Nuremberg, nem no nazismo, nem no fascismo de Stálin ou de Lênin, nem de Mao Tsé-Tung, nem de Fidel Castro, nem de Maduro ou de Hugo Chávez. Evidentemente não se está aqui, neste momento, a se decidir sobre a conduta do Parlamentar, e, sim, sobre a conduta do Parlamento. Em última análise, da democracia, que é um bem precioso desta Casa e do povo brasileiro.

    A conduta do Senador Aécio Neves poderá ser analisada? Sim, claro, poderá ser analisada a conduta dele, a minha e a de qualquer Senador que está aqui, mas isso tem um momento apropriado. Neste momento, aqui, o juízo é de cautelaridade. Aqui não estamos para decidir sobre a conduta dele...

(Soa a campainha.)

    O SR. ROBERTO ROCHA (Bloco Social Democrata/PSDB - MA) – ... até porque qual dos Senadores conhece o processo? Sobre que processo nós estamos a decidir?

    De tal modo, Sr. Presidente, Srs. e Srªs Senadoras, eu acho que, no campo democrático, esse jogo é um jogo de perde-perde, porque afinal, respeitosamente eu digo, nessa tentativa de querer agradar a plateia, de querer jogar para as redes sociais, buscando curtir, comentar e compartilhar, esse jogo é de perde-perde, e, se alguém ganhar, ele está fora do campo, usando botas e farda. Essa é que é a realidade.

    E eu termino aqui com a convicção e a consciência tranquila de que um dia...

(Soa a campainha.)

    O SR. ROBERTO ROCHA (Bloco Social Democrata/PSDB - MA) – ... chegando a esta Casa, decidiu-se sobre um Senador que era do PT. Eu nem tinha nenhuma relação com ele, um Senador que era Líder do Governo, e eu não tinha nenhuma relação com o Governo, mas nós nos manifestamos, como nos manifestamos de igual modo, neste momento. Repito, para concluir, naquele momento, o que estava em discussão não era o Senador Delcídio do PT, como hoje não está em discussão o Senador Aécio, do PSDB. O que está em discussão é o Senado Federal, é a República, é a nossa democracia, é a nossa Constituição, porque é assim que nós fizemos quando tomamos posse aqui, jurando cumprir e fazer cumprir a Constituição.

    Eu manifesto a minha posição, respeitando a posição do Supremo, como comecei falando. Não são infalíveis...

(Soa a campainha.)

    O SR. ROBERTO ROCHA (Bloco Social Democrata/PSDB - MA) – ... tanto que a votação foi de três ministros contra dois, que decidiu, na vez do Senador Delcídio, Senador Jader Barbalho, naquela vez, pelo menos, mandaram ouvir o Senado, conforme determina a Constituição. Desta última vez, nem queriam mais que o Senado fosse ouvido, teve que haver uma decisão apertada para remeter a palavra final, conforme determina a Constituição, a esta Casa. Então, esta Casa tem a responsabilidade de decidir hoje. Não adianta depois falar em judicialização da política. Aqui o que se vê, na boca de alguns, é a política destruindo a política; não é o tribunal que está decidindo sobre a política. Nós da política é que temos que decidir sobre a política.

    E eu termino dizendo: não quero criar biombo para proteger ninguém e não peço proteção para ninguém. No dia em que eu praticar erro eu sei, se praticar erro e a minha conduta for examinada, eu terei o devido processo...

(Soa a campainha.)

    O SR. ROBERTO ROCHA (Bloco Social Democrata/PSDB - MA) – ... legal, mas, neste momento, não está em discussão a conduta do Senador Aécio Neves, está em discussão a nossa coragem de fazer valer os votos que nós tivemos em nossos Estados.

    Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 18/10/2017 - Página 44