Discurso durante a 159ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Considerações sobre pesquisa que concluiu que “a corrupção define o Brasil, mas não o brasileiro”.

Registro da abertura, pelo Presidente Eunício Oliveira, da 10ª Semana de Valorização da Primeira Infância e Cultura da Paz.

Autor
Ana Amélia (PP - Progressistas/RS)
Nome completo: Ana Amélia de Lemos
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PUBLICA E IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA:
  • Considerações sobre pesquisa que concluiu que “a corrupção define o Brasil, mas não o brasileiro”.
POLITICA SOCIAL:
  • Registro da abertura, pelo Presidente Eunício Oliveira, da 10ª Semana de Valorização da Primeira Infância e Cultura da Paz.
Publicação
Publicação no DSF de 25/10/2017 - Página 17
Assuntos
Outros > CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PUBLICA E IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA
Outros > POLITICA SOCIAL
Indexação
  • COMENTARIO, PESQUISA, AUTORIA, INSTITUTO, PAIS ESTRANGEIRO, GRÃ-BRETANHA, REFERENCIA, CORRUPÇÃO, LOCAL, BRASIL, DIFERENÇA, COMPORTAMENTO, POVO, PAIS, DEFESA, APROVAÇÃO, PROPOSTA, MINISTERIO PUBLICO, COMBATE, CRIME, REGISTRO, IMPORTANCIA, EDUCAÇÃO, FAVORECIMENTO, ETICA, OBJETO, TRABALHO, PROMOTOR DE JUSTIÇA, MULHER, ESTADO DE MATO GROSSO (MT), ORIGEM, ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL (RS).
  • REGISTRO, EUNICIO OLIVEIRA, PRESIDENTE, SENADO, ABERTURA, SEMANA, VALORIZAÇÃO, INICIO, INFANCIA, CULTURA, PAZ, COMENTARIO, QUALIDADE, EDUCAÇÃO, PAIS ESTRANGEIRO, FINLANDIA, ELOGIO, ATUAÇÃO, PROFESSOR, MULHER, LOCAL, CIDADE, GOIANIA (GO), DEFESA, INTEGRIDADE, GRUPO, ALUNO, ESTABELECIMENTO DE ENSINO, VITIMA, ATENTADO.

    A SRª ANA AMÉLIA (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão da oradora.) – Agora, Progressista, Presidente. Passa a se chamar Progressista. Tirou-se o PP e passa a ser apenas Progressista.

    Mais fácil de dizer, porque o som de PP parece PT, Partido dos Trabalhadores. Então, para não haver essa confusão de nomes, de siglas, passamos a nos chamar Progressista.

    Então, Progressista, Partido Progressista.

    O SR. PRESIDENTE (João Alberto Souza. PMDB - MA) – Parabéns.

    A SRª ANA AMÉLIA (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RS) – Obrigada, Presidente.

    Eu queria saudar as Senadoras, os Senadores, os nossos telespectadores da TV Senado, os ouvintes da Rádio Senado.

    Venho, de novo, à tribuna, Presidente, porque foi feita uma pesquisa nacional de valores em 2017, encomendada ao instituto Datafolha pela Crescimentum Consultoria em parceria com o instituto britânico Barrett Values Centre.

    Essa pesquisa trouxe um resultado extraordinário, Senadora Fátima Bezerra. Essa pesquisa diz o seguinte: "Corrupção define o Brasil, mas não o brasileiro.

A corrupção é o comportamento que melhor define hoje o nosso País, mas é a honestidade que melhor caracteriza o brasileiro.

[Parece contraditório e é.]

Enquanto no campo individual, os brasileiros elegeram a amizade, a honestidade, o respeito, a confiança e a paciência [eu acrescentaria a tolerância] como valores que os definem [que define cada cidadão individualmente], no campo da cultura nacional emergiram [no campo oposto] a corrupção, a violência, a agressividade e a discriminação racial. Então, aquela história do brasileiro cordial aqui se esgota, por essa cultura nacional que contradiz a nossa crença nos valores individuais. Nós precisamos exatamente trabalhar para que os valores individuais em que nós acreditamos, os da nossa crença ou, pelo menos, os da resposta à pesquisa, prevaleçam àquela cultura nacional da corrupção.

    Queria dizer que sou favorável, sim, às dez medidas de combate à corrupção que foram encaminhadas ao Congresso Nacional pelo Ministério Público e pela sociedade brasileira e que estão ainda dormitando.

    Aliás, nós, hoje, tivemos a abertura, na parte da manhã, pelo Presidente Eunício Oliveira, da 10ª Semana de Valorização da Primeira Infância e Cultura da Paz, que também é uma questão relacionada à influência na primeira infância, desde a gestação até os dois anos idade, com todos os impactos sobre a criança, da gestação até o nascimento. Ali nós vimos o caso de uma... Estava presente o Ministro Osmar Terra, que é, digamos um grande mentor da defesa da filosofia e do cuidado com a primeira infância. Lá nós vimos um vídeo mostrando que a Finlândia é um país campeão no mundo em educação, porque os professores na Finlândia são considerados e valorizados extraordinariamente. A educação na Finlândia supera... Um professor na Finlândia tem maior relevância do que um médico, do que um advogado, do que um cientista – o professor! –, inclusive na remuneração. E a Finlândia, por conta desse investimento em educação, é o terceiro país do mundo com menor índice de corrupção no Planeta. Então, a associação é indissolúvel entre educação, informação e a questão do combate à corrupção.

    Por isso, eu venho trazer aqui o depoimento da coordenadora do Colégio Goyases, de Goiânia, que o Brasil inteiro acompanhou, a Prof. Simone Elteto – coordenadora desse colégio –, na entrevista que ela deu, no programa Fantástico, ao repórter Marcelo Canellas, no domingo. Imagino que todos que assistiram àquela entrevista densa, sincera, profunda, vigorosa, corajosa perceberam a serenidade daquela professora, a coragem que ela teve não apenas em ter evitado uma tragédia maior naquela escola, em que um jovem armado matou dois colegas e feriu outros quatro, que poderia ser estendida. O que mais me chamou a atenção, além dessa coragem no controle daquele aluno que estava transtornado, foi o que ela disse: "A nossa escola trata de diálogo, de respeito às pessoas, às individualidades." Aquilo tudo ficou transcrito como valores essenciais nesse processo. Então, é preciso que essa cultura que nós achamos que nós temos individualmente passe ao coletivo e à cultura nacional.

    Por isso, eu também quero chamar a atenção para um projeto que foi desenvolvido pelo Ministério Público do Estado de Mato Grosso e por uma jovem gaúcha nascida no Rio Grande do Sul, em Alegrete, Luciana Freitas, uma Promotora da Comarca de Comodoro, um Município que fica a 638km de Cuiabá.

    E o que diz esse projeto que começou lá neste Município de Mato Grosso? Qual é o lema desse projeto, Senador João Alberto? Onde há educação a corrupção não tem vez. Onde há educação a corrupção não tem vez!

    Ele é desenvolvido pela promotoria daquele Município e esta professora pega os alunos de escolas municipais e estaduais, de 10 a 17 anos, que estão cursando o ensino fundamental e o ensino médio. A iniciativa da Promotora Luciana Fernandes de Freitas consiste em aplicar e explicar o que é a corrupção e quais são as formas de combatê-la. Aborda desde os grandes escândalos nacionais e regionais da corrupção, publicados diariamente pela mídia, e também estabelece uma relação imediata com as ações que, muitas vezes, nós achamos muito ingênuas e até mesmo tolas, mas que estão permeadas de corrupção. Por exemplo, quando um aluno, e eles mesmo expressam, fura a fila para pegar a merenda escolar nas escolas públicas, ou quando alguém invade uma área reservada para o estacionamento de deficientes não sendo deficiente, ou quando nós não levantamos de um banco de um ônibus de transporte público, Senador, para dar lugar a uma mulher grávida, a uma pessoa idosa ou a uma pessoa deficiente.

    Esses gestos pequenos é que vão ampliando a nossa tolerância com os gestos maiores da corrupção.

    A cola escolar, o que é senão o roubo do conhecimento de um colega que sabe e eu, que não estudei, vou lá apropriar-me daquilo que é um patrimônio daquele estudante...

    Então, eu queria cumprimentar o Ministério Público lá do Mato Grosso, porque se diz que, onde há educação, a corrupção não tem vez, a Finlândia é a prova disso, porque fez um maciço investimento na educação e através dela, mas, sobretudo, na família.

    Ouvi uma mãe, bem formada, nesta semana, dizer que ela tentou fazer uma carteira de estudante em casa para ter a vantagem de uma passagem mais barata no ônibus, porque ela usava muito o ônibus. E o seu filho, um menino de sete anos, vendo a mãe fazer aquela carteira disse: “O que você está fazendo?” “Estou fazendo uma carteira de estudante para mim.” E ele disse: “Mas você não é estudante.” Um menino de sete anos. “Você não é estudante, isso não está certo, isso está errado.” A mãe, Senador João Alberto, eu diria, foi tomada pela racionalidade, pela responsabilidade, pela ética do filho de sete anos, e pegou aquele papel e rasgou. Talvez essa mãe tenha muito orgulho deste filho que tenha feito isso para ela, e ela aprendeu uma grande lição, ...

(Soa a campainha.)

    A SRª ANA AMÉLIA (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RS) – ... porque aquele filho, de sete anos, admoestou a mãe, deu-lhe uma lição, mas ele poderia ter simplesmente ficado em silêncio, ter copiado aquela irregularidade e ter repetido esses atos de cópia, de falsificação, para se beneficiar, mas não, uma criança de sete anos, Senador Humberto Costa, faz essa observação à mãe, de que ela estava praticando uma irregularidade porque ela não era estudante.

    Então, eu queria saudar esta iniciativa do Ministério Público da Comarca de Comodoro, da jovem Luciana Fernandes de Freitas, de educar uma geração para ver o custo que tem a corrupção nos benefícios para a comunidade – na escola, na segurança, na saúde, em todos os serviços.

    O dinheiro que é sugado pela corrupção falta em todos esses setores, mas é, sobretudo, nos pequenos gestos que começa a grande corrupção – no nosso comportamento coletivo e na nossa cultura nacional.

(Soa a campainha.)

    A SRª ANA AMÉLIA (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RS) – Muito obrigada, Presidente, pela tolerância do tempo.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 25/10/2017 - Página 17