Pela Liderança durante a 159ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Crítica ao Presidente Michel Temer por não editar medida provisória que altere a reforma trabalhista, conforme prometido.

Homenagem pelo aniversário de 348 anos da cidade de Manaus - AM.

Autor
Vanessa Grazziotin (PCdoB - Partido Comunista do Brasil/AM)
Nome completo: Vanessa Grazziotin
Casa
Senado Federal
Tipo
Pela Liderança
Resumo por assunto
TRABALHO:
  • Crítica ao Presidente Michel Temer por não editar medida provisória que altere a reforma trabalhista, conforme prometido.
HOMENAGEM:
  • Homenagem pelo aniversário de 348 anos da cidade de Manaus - AM.
Publicação
Publicação no DSF de 25/10/2017 - Página 19
Assuntos
Outros > TRABALHO
Outros > HOMENAGEM
Indexação
  • CRITICA, MICHEL TEMER, PRESIDENTE DA REPUBLICA, MOTIVO, AUSENCIA, EDIÇÃO, MEDIDA PROVISORIA (MPV), ASSUNTO, ALTERAÇÃO, LEGISLAÇÃO TRABALHISTA, DESCUMPRIMENTO, ACORDO.
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, MUNICIPIO, MANAUS (AM), ESTADO DO AMAZONAS (AM), COMENTARIO, HISTORIA, CIDADE, VINCULAÇÃO, PRODUTO, BORRACHA, IMPORTANCIA, ZONA FRANCA, CRITICA, SITUAÇÃO, INFRAESTRUTURA, SEGURANÇA PUBLICA, ECONOMIA.

    A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PCdoB - AM. Como Líder. Sem revisão da oradora.) – Muito obrigada, Sr. Presidente, Senador João Alberto.

    Srªs e Srs. Senadores, companheiros e companheiras, Sr. Presidente, mais um dia que eu venho à tribuna... Não o fiz semana passada, porque me encontrava participando de um evento internacional, assim como o Presidente do Senado Federal. Lamentavelmente, esperava que, no meu retorno, nós já tivéssemos a medida provisória editada – a medida provisória que muda a reforma trabalhista –, mas, infelizmente, Srs. Senadores, isso não aconteceu.

    Então, mais uma vez, venho à tribuna com um cartaz, mostrando que faz 103 dias hoje – ou seja, 3 meses e 13 dias – que Michel Temer deixa de cumprir sua promessa, sua palavra, perante o Brasil e, sobretudo, perante a sua Bancada de apoio aqui, no Senado Federal, e não edita a medida provisória que muda a reforma trabalhista e que conserta uma série de irregularidades, ilegalidades e absurdos contidos no projeto aprovado pela Câmara e, posteriormente, pelo Senado Federal.

    Mas, Presidente, eu hoje, neste dia 24, uma terça-feira, venho à tribuna para cumprimentar e parabenizar a minha querida cidade de Manaus, cidade que, no dia de hoje, está completando 348 anos de existência.

    A nossa capital, a cidade de Manaus, recebeu esse nome em homenagem a uma tribo de indígenas chamada Manao, indígenas que lutaram bravamente contra os colonizadores portugueses. Dessa luta, Sr. Presidente, destaca-se a figura legendária de Ajuricaba.

    Ao ser preso e amarrado a um navio, com ferros e correntes, pelos portugueses – para ser levado a Belém para lá trabalhar como escravo –, o índio Manao Ajuricaba preferiu se atirar às águas do Rio Negro – e, portanto, morrer afogado – do que se transformar em mais um escravo dos colonizadores portugueses.

    Esse nosso herói maior, portanto, ficou no imaginário da nossa história, no imaginário de um povo que até hoje mantém viva a chama da liberdade, uma população que é trabalhadora, hospitaleira e detentora de uma riqueza cultural sem igual.

    Eu falo isso, Sr. Presidente, porque sou uma filha adotada da cidade de Manaus. A cidade, assim como sua gente, me acolheu como uma verdadeira filha – do mesmo modo faz com tantas outras pessoas que, de todos os cantos do País, vão a Manaus e se transformam em verdadeiros manauaras, como eu me transformei.

    Em outubro de 1848, a nossa capital era uma vila, conhecida como cidade da Barra do Rio Negro. Em 1856, passou a ser chamada de Manaus. No começo do século XX, a época áurea da borracha, Manaus ficou conhecida como o coração da Amazônia, a cidade da floresta, a Paris dos trópicos. Foi uma época de crescimento econômico significativo, acompanhado também do desenvolvimento urbano.

    No apogeu desse período, o Brasil tornou-se o maior exportador de borracha. Manaus, por exemplo, foi a segunda cidade brasileira a introduzir a eletricidade na iluminação pública, após Campos dos Goytacazes, cidade do Rio de Janeiro. Naquele período, o bonde elétrico também passou a ser uma realidade na capital amazonense, transporte utilizado somente nos principais centros da Europa.

    O Teatro Amazonas, que até hoje é ícone...

(Soa a campainha.)

    A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PCdoB - AM) – ... do mais importante e famoso ciclo econômico da cidade, foi referência arquitetônica e musical da época. Depois do demorado período de construção, a sala foi inaugurada em 1896, quando a cidade ainda não havia sequer completado 50 anos de emancipação política.

    O virtuoso círculo só acabou no começo da década de 20, 1920, quando a exportação brasileira caiu significativamente por causa da produção na Ásia, feita pelos ingleses, particularmente na Malásia, cuja semente da borracha levaram, de forma ilegal, do nosso País.

    E só viemos a ter outro grande círculo virtuoso do desenvolvimento com a implantação, em 1967, da Zona Franca de Manaus. Por conta desse modelo, hoje a cidade de Manaus, capital do Amazonas, detém o sexto maior PIB do Brasil.

    Portanto, além da importância econômica, a Zona Franca tem para nós também uma importância ambiental significativa e faz com que o Estado do Amazonas seja um dos mais preservados do Brasil, do ponto de vista de manter a sua floresta intacta. Eu digo que é um ganho significativo para o nosso País e, sobretudo, para o nosso futuro.

    Mas, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, Manaus não é apenas essa cidade bela que cantamos em versos e prosas. Manaus tem muitos problemas – tem um dos piores sistemas de saneamento do Brasil. No ranking do Instituto Trata Brasil, das cem maiores cidades do Brasil, Manaus é a 97ª. Ou seja, nós só temos um sistema melhor de saneamento do que Porto Velho, capital de Rondônia; Macapá, capital do Amapá; e Ananindeua, cidade da região metropolitana de Belém.

    O transporte público também é lamentável, lastimável, assim como o atendimento nas unidades públicas municipais de saúde.

    Manaus é uma cidade violenta. Segundo a Universidade do Estado do Amazonas, o número de homicídios cresceu mais de 157% de 2001 a 2015.

    E Manaus tem sido uma das cidades que mais têm sofrido com a crise econômica. Afinal de contas, a produção do polo industrial é dirigida para o consumo, sobretudo, no Sudeste e Sul do Brasil. E, se vivemos uma crise econômica no Brasil, essa cidade chamada Manaus, a minha querida cidade, é uma das que mais rapidamente e mais profundamente é atingida.

    Mas, apesar disso tudo, Sr. Presidente, eu quero concluir aqui a minha participação neste momento, na tribuna, agradecendo a bondade de V. Exª, Senador João Alberto, que me propiciou um tempo maior para que eu pudesse ler o meu pronunciamento e fazer daqui a minha homenagem à cidade de Manaus.

    Hoje é feriado em Manaus. Faço uma homenagem, lendo um poema de um dos poetas por quem tenho profunda admiração e respeito, que é Aníbal Beça.

    Ele escreveu o seguinte sobre Manaus:

Toda cidade se habita

como lugar de viver.

Só Manaus é diferente

pois em vez de habitá-la

é ela quem me habita.

Queria esse privilégio [...]

sem dividir com ninguém.

Mas além dos seus encantos

descobri que é generosa

na morada, em seu abrigo,

nos mimos de seus mistérios

há lugares para todos.

Aí se faz diferente

uma cidade de muitos

de bem querer singular

levada pelo Rio Negro

nas suas águas lavando

um caso de amor plural.

    Então, é dessa forma, com esse poema de Aníbal Beça, Presidente, que faço as minhas homenagens, cumprimentando a minha querida cidade de Manaus. E cumprimentando a minha querida cidade, eu cumprimento essa nossa gente, sempre com uma palavra de esperança.

    Vivemos momentos difíceis no Brasil. E lá nada é diferente, pelo contrário. Parece que lá as coisas acontecem com uma profundidade ainda maior. Mas, apesar de todas as dificuldades que estamos encontrando, tenho certeza de que saberemos trilhar um caminho para um futuro melhor, para as futuras gerações que lá vivem, para que possam ter uma vida melhor ainda.

    Eu cheguei a Manaus em 1976, acompanhando minha família, meu pai, que lá foi trabalhar. Naquela época, Manaus era uma cidade de aproximadamente 300 mil habitantes. Hoje é uma metrópole de mais de 2 milhões de habitantes, que acumulou muita coisa ruim, mas, sem dúvida nenhuma, muita coisa boa.

    E eu tenho muito orgulho de dizer, Presidente: Manaus é uma cidade de gente carinhosa e acolhedora.

(Soa a campainha.)

    A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PCdoB - AM) – Porque muitas das famílias que lá estão podem não ter dinheiro para comprar um bom aparelho de televisão, para comprar um bom móvel para sua casa. Mas, com o pouco de dinheiro que elas têm, elas preferem comemorar o aniversário de algum ente da família, porque essa é a forma de se congratular com a vizinhança, congratular com os amigos, congratular com os parentes.

    Por isso, o amor da gente por Manaus e o amor de Manaus pela gente não é um amor individual, mas é, sim, um amor coletivo, Sr. Presidente.

    Muito obrigada.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 25/10/2017 - Página 19