Pela Liderança durante a 161ª Sessão Deliberativa Extraordinária, no Senado Federal

Registro da conquista da segunda colocação do Brasil na WorldSkills, realizada em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes, e elogio ao SENAI.

Autor
Armando Monteiro (PTB - Partido Trabalhista Brasileiro/PE)
Nome completo: Armando de Queiroz Monteiro Neto
Casa
Senado Federal
Tipo
Pela Liderança
Resumo por assunto
CIENCIA E TECNOLOGIA:
  • Registro da conquista da segunda colocação do Brasil na WorldSkills, realizada em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes, e elogio ao SENAI.
Aparteantes
José Maranhão, José Medeiros.
Publicação
Publicação no DSF de 27/10/2017 - Página 32
Assunto
Outros > CIENCIA E TECNOLOGIA
Indexação
  • ELOGIO, RESULTADO, GRUPO, REPRESENTANTE, BRASIL, COMPETIÇÃO, AMBITO INTERNACIONAL, LOCAL, PAIS ESTRANGEIRO, EMIRADOS ARABES UNIDOS, REFERENCIA, PROFISSÃO, TECNICO, DESENVOLVIMENTO, TECNOLOGIA, ENGENHARIA, FABRICAÇÃO, CONGRATULAÇÕES, PARTICIPAÇÃO, SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL (SENAI), TREINAMENTO, PESSOAS, ESTRANGEIRO, COMENTARIO, ORADOR, PERIODO, CARGO, PRESIDENCIA, ENTIDADE.

    O SR. ARMANDO MONTEIRO (Bloco Moderador/PTB - PE. Como Líder. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, Senador Eunício Oliveira, Srªs e Srs. Senadores, é com satisfação que eu ocupo esta tribuna no dia de hoje para fazer um registro, meu caro Senador Telmário, que orgulha a todos nós brasileiros. Refiro-me à conquista do 2º lugar que o Brasil obteve na WorldSkilIs, a maior competição mundial de profissões técnicas, com uma tradição – essa olimpíada – de mais de 60 anos.

    Tive a honra de integrar uma delegação parlamentar, composta pelos Senadores Cristovam Buarque, Ricardo Ferraço e Roberto Muniz e os Deputados Jorge Côrte Real e Alex Canziani, que teve a oportunidade de acompanhar o campeonato em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos, e assim testemunhar os avanços de vanguarda na tecnologia de domínio de técnicas de manufaturas e engenharias.

    O resultado confirma a excelência e mantém o Brasil na elite da educação profissional do mundo. Lembro que na última edição, em São Paulo, há dois anos – essa competição ocorre a cada dois anos –, o Brasil já havia obtido a primeira posição. Estamos entre os melhores do mundo pelo desempenho das últimas dez olimpíadas, ao lado da China, da Coreia do Sul, da Suíça e, mais recentemente, da Rússia. E isso é importante para criar oportunidades para os jovens e, de algum modo, assegurar ganhos de competitividade para as empresas brasileiras. Meu caro Senador Benedito de Lira, nós obtivemos 15 medalhas, sendo 7 de ouro, 5 de prata e 3 de bronze, além de 26 certificados de excelência.

     É exigido que os alunos demonstrem habilidades e domínio de técnicas individuais e coletivas em profissões próprias da atividade industrial e do setor de serviços. As áreas em que fomos premiados são as mais diversas, meu caro Governador José Maranhão, Senador ilustre. Nós disputamos em áreas como mecatrônica, eletricidade industrial, manufatura integrada, construção de estruturas metálicas, manutenção industrial, desenho mecânico, dentre outras modalidades.

    Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o Brasil participa do torneio desde 1983. Nesse período, meu caro Senador Cidinho, os resultados na disputa melhoraram a cada edição e a equipe brasileira tornou-se uma certeza entre os melhores do mundial, ao lado de nações que são referência, como a Coreia do Sul e a Alemanha, o que atesta a excelência do trabalho desenvolvido pelo Senai. A representação brasileira é feita pelo Senai, por alunos do Senai. Dos 56 jovens que participaram da olimpíada, 51 são do Senai. Portanto, essa é uma demonstração de que o Senai é uma instituição de excelência nessa área.

    Esse resultado – e esse registro eu faço com pesar – contrasta com a posição brasileira em outros rankings mundiais na área educacional. Por exemplo, na última edição do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA, na sigla em inglês), o País registrou queda de pontuação nas três áreas avaliadas, quais sejam: ciências, leitura e matemática. Com isso, o Brasil ficou na 63ª posição em ciências, na 59ª posição em leitura e na 66ª colocação em matemática. A prova foi aplicada em 70 países.

    Parabenizo o Senai, que treinou 51 dos 56 brasileiros que estavam na disputa dessa olimpíada, Senador Benedito de Lira, com mais de 1,2 mil jovens de 70 países que estiveram presentes.

    Essa é uma oportunidade também para se valorizar, como já referi, o papel exercido pelo Senai, que é um dos cinco maiores complexos de educação profissional do mundo e seguramente o maior da América Latina; que tem uma tradição de investimentos continuados, de busca de excelência e de desenvolvimento de competências na área da educação técnica, com uma marca já de 75 anos. É uma instituição que alia essa longevidade e, ao mesmo tempo, a capacidade de se renovar continuamente para poder melhor desempenhar o seu papel institucional. Seus cursos formam profissionais para 28 áreas da indústria brasileira, desde a iniciação profissional até a graduação e a pós-graduação tecnológica. Nas ações de qualificação profissional do Senai realizadas ao longo de quase 75 anos, nesse período mais de 60 milhões de brasileiros passaram pelas escolas do Senai.

    Estudo recente com base em dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), de 2014, do IBGE, mostra que profissionais que fazem cursos técnicos têm um acréscimo na renda de 18%, em média, em relação a pessoas com perfis socioeconômicos semelhantes que concluíram apenas o ensino médio. E aí, meu caro Senador Benedito de Lira, o Brasil está desafiado a, cada vez mais, conectar o ensino médio com o ensino profissional. Sabe V. Exª que no Brasil apenas 10% dos alunos do ensino médio cursam matérias do ensino técnico? O que significa dizer que isso atrasa o Brasil no processo de profissionalização. O ensino técnico termina se constituindo no ensino de passagem, e não numa etapa de formação, que pode ser uma etapa já conclusiva, habilitando o jovem a já ter uma profissão. Portanto, o Brasil precisa conectar cada vez mais...

    Eu tenho a satisfação de ouvir o nobre Senador José Maranhão.

    O Sr. José Maranhão (PMDB - PB) – Eu queria, primeiro, manifestar a minha satisfação, a minha alegria pela boa nova que V. Exª acaba de trazer ao conhecimento do Senado da República e, consequentemente, do Brasil. Mas, ao lado de uma notícia alvissareira, V. Exª chama a atenção daqueles que formulam as equações de ensino no Brasil – o Ministério da Educação – que o ensino no Brasil, sob o aspecto da utilidade dos cursos e sobretudo da sua afinação com o ambiente internacional de tecnologia avançada, está mais de um século atrasado em termos gerais. O ensino oficial no Brasil, o ensino público, é uma fábrica de frustrados. Dos jovens que concluem o segundo grau no Brasil, apenas 12% a 13% acessam o curso superior.

    E os demais, o que estarão fazendo? Absolutamente nada, porque o ensino no Brasil está muito distante, no nível superior, do cenário internacional, em que países emergentes já conseguiram conquistar uma posição. V. Exª citou aí a Coreia do Sul, e nós poderíamos citar todos os tigres asiáticos e a própria China continental, que conquistaram uma posição de liderança no que respeita ao ranking do domínio de ciência e tecnologia. Não há espaço no mundo de hoje para quem, saindo dos bancos escolares ou das universidades, não se mostrou capaz de acompanhar esse desenvolvimento. O Brasil é um grande importador de tecnologia – e pior do que isso, de produtos feitos, que muitas vezes ganham apenas um selo feito no Brasil e nem a caixa é feita no Brasil. Nós somos um dos países que tem o maior número deste aparelhozinho, o celular. E não se conhece nesse aspecto, nenhum desses aparelhos que hoje dominam os mercados do mundo, inclusive o brasileiro, que tenha sido fruto de um projeto saído de inventores e de tecnólogos, cientistas nacionais. Isso é uma coisa lamentável. Ou o Brasil se apercebe disso e imediatamente corrige essa rota que está errada, ou então nós vamos continuar sendo um mero importador de produtos acabados e construídos em outros países, com evasão de divisas crônica, que nunca deixou de onerar a nossa balança de pagamentos. Não fosse o sucesso do setor primário, sobretudo na monocultura da soja, que é outra coisa que tem que ser discutida nesta Casa do Congresso, a monocultura... Nós não sabemos no futuro o que vai acontecer com a soja mesmo, porque o Brasil não está utilizando até a exaustão – como devia fazê-lo – o que pode utilizar, em relação aos subprodutos que muitas vezes são até jogados no lixo, da soja, da cana-de-açúcar e de outros produtos, para ter produtos novos como aconteceu com a indústria petrolífera no mundo todo. Então eu felicito V. Exª. Aliás eu já me acostumei a ouvir os seus sensatos e responsáveis pronunciamentos sobre questões dessa natureza.

    O SR. ARMANDO MONTEIRO (Bloco Moderador/PTB - PE) – Obrigado.

    O Sr. José Maranhão (PMDB - PB) – Infelizmente no Brasil de hoje tudo está resolvido dentro de uma equação que já não tem mais cabimento no mundo de hoje, uma equação ideológica, de direita e esquerda. O mundo hoje não pensa assim, o mundo hoje não caminha assim. V. Exª se constitui como uma das belas exceções nas abordagens que tem feito, levando a sério questões que são realmente muito sérias. Parabéns a V. Exª.

    O SR. ARMANDO MONTEIRO (Bloco Moderador/PTB - PE) – Muito obrigado, Senador. Eu incorporo seu aparte com muita satisfação.

    Falávamos, há pouco, sobre a dimensão desse trabalho do Senai. É sempre bom lembrar que o Senai dispõe hoje de uma capacidade instalada fantástica, não apenas no modelo presencial das aulas mais tradicionais, em suas 518 unidades fixas, mas também em mais de 500 unidades móveis, com uma rede que garante maior capilaridade e que alcança quase 3 mil Municípios no País, contando, meu caro Senador Benedito, com parcerias técnicas e financeiras com instituições de vários países – da Alemanha, do Canadá, do Japão, da França, da Itália.

    O Senai apoia a indústria brasileira no campo da tecnologia de processos, de produtos, de gestão. Agora, por exemplo, há um programa de grande alcance de instalação de centros tecnológicos em várias regiões do País, centros que são referência, como, por exemplo, o Cimatec, na Bahia, o Centro de Mecatrônica, no Rio Grande do Sul, o centro de curtimento de couro, lá na Paraíba.

    Portanto, o Senai hoje não cuida apenas da formação profissional, mas vai além disso. Inspirado em modelos bem-sucedidos no mundo, como, por exemplo, o do Instituto Fraunhofer, na Alemanha, desenvolve todo um processo de tecnologia aplicada, porque o Brasil está desafiado no plano da ciência, mas temos que transformar esse conhecimento básico em soluções tecnológicas aplicáveis à indústria.

    Eu diria até que o conhecimento só é apropriado socialmente, quando se transforma em alguma solução tecnológica ou em algum produto, senão termina sendo um mero exercício acadêmico.

    Portanto, o Brasil tem que fazer a ponte entre o desenvolvimento da ciência, da pesquisa básica e da pesquisa aplicada, e das soluções tecnológicas que são desenvolvidas pela indústria. E aí tenho certeza de que o Senai tem dado uma contribuição extraordinária nesses últimos anos.

    Eu quero ouvir o Senador José Medeiros, com satisfação.

    O Sr. José Medeiros (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PODE - MT) – Senador Armando Monteiro, V. Exª, como sempre, até pela bagagem de conhecimento que tem, traz boas explanações, enriquecendo o debate aqui, na Câmara Alta legislativa. Eu queria parabenizar também o Senai e dizer a V. Exª que não vejo outra saída para o Brasil – e isto não é chavão – que não seja nós nos preocuparmos com produção de conhecimento – produção de conhecimento que tenha algum efeito prático, como V. Exª disse. Desde a época da academia, eu sempre dizia e fazia esta crítica de que a academia brasileira vive quase desligada do seu objetivo-fim. Nós temos uma academia que às vezes é dela para ela mesma e em si mesma. E V. Exª traz esse tema importantíssimo. Eu tive a experiência, porque fiz curso do Senai, aprendi a soldar no Senai.

    E aquilo, para um jovem – eu tinha 16 anos –, faz com que ele saia com outra sensação. Ele sai se sentindo importante; ele sai se sentindo inserido no mercado; ele sai de lá, dizendo: "Eu sou um profissional. Eu sei fazer isso." É o conhecimento dos professores colocado ali, na prática, e tendo capilaridade. Eu me preocupo, Senador Armando – e já me encaminho para o final –, porque, no nosso País, temos hoje um processo de desindustrialização. Estamos voltando muito para o setor primário e isso, de certa forma, inibe um pouco a produção de conhecimento. O que ocorre? Eu vejo hoje a China, por exemplo, já de olhos para a África, que fica na metade do caminho do nosso principal cliente. A gente, se continuar assim e não privilegiar a produção de conhecimento – e conhecimento prático –, fica para trás. Eu sempre comparo Detroit e o Vale do Silício. Detroit fabricava carros com conhecimento já pronto ali e todo mundo achava que aquilo não acabava nunca. Detroit hoje está uma cidade fantasma; ao passo que o Vale do Silício produziu conhecimento, conhecimento prático. Hoje, cada um de nós anda aqui com um celular que tem mais de duzentas patentes. Então, nós temos que nos preocupar com isso. Eu vejo que o Senai talvez, hoje, seja uma das poucas sementes para a pessoa já ir se inserindo nesse ramo. Então, parabenizo V. Exª também por trazer esse assunto tão importante, que eu creio não tem que se encerrar aqui. Temos de debatê-lo mais. Muito obrigado.

    O SR. ARMANDO MONTEIRO (Bloco Moderador/PTB - PE) – Muito obrigado, Senador José Medeiros.

    Eu fazia referência há pouco sobre essa capacidade instalada, as parcerias internacionais que o Senai vem promovendo e também sobre a ação para ajudar os nossos irmãos da África e da América Latina, a desenvolverem programa de formação e de capacitação profissional.

    O Senai tem feito parceria permanente com o Ministério das Relações Exteriores do Brasil e, é bom lembrar, opera oito centros de formação profissional no exterior – em Angola...

(Soa a campainha.)

    O SR. ARMANDO MONTEIRO (Bloco Moderador/PTB - PE) – ... em Cabo Verde, na Guatemala, em Guiné-Bissau, na Jamaica, no Paraguai, em São Tomé e Príncipe.

    Todas essas estruturas foram montadas exatamente por conta da parceria do Governo brasileiro, que tem origem já há muitos anos, e do nosso Senai. Lembro inclusive que há um centro de tecnologia ambiental no Peru, para o qual o Senai também ofereceu uma contribuição muito importante.

    Meu caro Presidente, Senador Cidinho, já me encaminhando aqui para o final, eu gostaria de lembrar que o Senai tem uma presença no estímulo e na inovação da indústria e, como disse o Senador José Medeiros, a indústria brasileira está desafiada a obter ganhos de produtividade. O caminho para a obtenção de ganhos de produtividade é a capacidade de inovar mais crescentemente, inovar processos, inovar produtos. Sem isso, a indústria brasileira não poderá suportar essa pressão competitiva em escala global.

    Portanto, nós temos, sim, que promover um esforço permanente para desenvolver competências com vistas a esse cenário, que é um cenário tão desafiador para a indústria brasileira.

    Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, é preciso, portanto, reconhecer e enaltecer o papel exercido pelo Senai ao longo de mais de sete décadas.

    Eu quero também expressar a minha satisfação pessoal de poder ter presidido essa instituição...

(Soa a campainha.)

    O SR. ARMANDO MONTEIRO (Bloco Moderador/PTB - PE) – ... durante oito anos e de ter oferecido ao meu tempo, ao tempo em que exerci a Presidência do Conselho Nacional do Senai e a Presidência da Confederação Nacional da Indústria, uma modesta contribuição para que essa instituição tão modelar pudesse se consolidar como uma marca muito respeitada neste País.

    Muito obrigado, meu caro Senador Cidinho, a quem agradeço pela tolerância.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 27/10/2017 - Página 32