Discurso durante a 161ª Sessão Deliberativa Extraordinária, no Senado Federal

Comemoração pelos 50 anos do Projeto Rondon, programa federal de caráter interministerial sob a coordenação do Ministério da Defesa.

Autor
Valdir Raupp (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/RO)
Nome completo: Valdir Raupp de Matos
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
CIDADANIA:
  • Comemoração pelos 50 anos do Projeto Rondon, programa federal de caráter interministerial sob a coordenação do Ministério da Defesa.
Publicação
Publicação no DSF de 27/10/2017 - Página 53
Assunto
Outros > CIDADANIA
Indexação
  • COMEMORAÇÃO, CINQUENTENARIO, PROJETO RONDON, COORDENAÇÃO, MINISTERIO DA DEFESA, IMPORTANCIA, PESQUISA, ASSISTENCIA MEDICA, COMBATE, POBREZA, BENEFICIO, PESSOAS, INTERIOR, COMUNIDADE INDIGENA, PAIS, ENFASE, ESTADO DE RONDONIA (RO), CONGRATULAÇÕES, MEMBROS, PROJETO.

    O SR. VALDIR RAUPP (PMDB - RO. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, Srªs e Srs. telespectadores da TV Senado e ouvintes da Rádio Senado, minhas senhoras e meus senhores, venho hoje à tribuna para enaltecer os 50 anos do Projeto Rondon.

    Foi agora em julho que o projeto completou meio século de existência, contado a partir de 1967, quando um grupo universitário formado por dois professores e trinta alunos partiu para o meu Estado, Estado de Rondônia, quando ainda era Território Federal, com o objetivo de colocar o seu conhecimento em favor da população pobre daquele lugar. Durante 28 dias, fizeram-se pesquisas e prestou-se assistência médica às pessoas. Eram os jovens universitários da antiga Universidade do Estado da Guanabara, hoje chamada UFRJ, da Universidade Federal Fluminense e da PUC, todas do Rio de Janeiro.

    Com base no êxito alcançado pelo projeto, que inicialmente se denominou Operação Zero, e no entusiasmo despertado nos estudantes que dele participaram, criou-se o Projeto Rondon, um nome de rara felicidade, pois homenageia um dos poucos heróis genuínos que temos no Brasil, uma personalidade sobre cujo caráter não pairam quaisquer dúvidas, tampouco sobre o seu espírito público, e sobre a sua magnanimidade.

    Este é o Marechal Cândido Rondon: um sertanista, um indianista, um militar pacifista, um humanista que foi indicado, em 1957, ao Prêmio Nobel da Paz, pelo Explorers Club, de Nova Iorque, com apoio de entidades científicas e culturais espalhadas pelo mundo; o autor da famosa frase, que não somente foi dita, mas também vivida quando abordava tribos indígenas ainda sem contato com a civilização brasileira: "Morrer se preciso for; matar, jamais, nunca." Pois o Marechal Rondon deu nome a esse projeto que vim exaltar hoje da tribuna do Senado. Mas antes disso, cumpre dizer: ele dera nome ao meu próprio Estado, batizado Rondônia em sua memória.

    Rondon, o projeto, teve duas fases, Sr. Presidente. Animou o sentimento de solidariedade dos nossos jovens do ensino superior de 1968 até o ano de 1989, quando foi extinto; e depois foi relançado em 2004 e continua ativo até hoje. No seu formato atual, o Projeto Rondon é um programa federal de caráter interministerial sob a coordenação do Ministério da Defesa.

    Desde o seu lançamento, o Projeto já beneficiou 863 Municípios brasileiros, realizou 157 ações e envolveu 19.951 rondonistas, como são conhecidos os estudantes e professores que dele participam.

    Têm prioridade para receber os rondonistas os Municípios brasileiros de mais baixo IDH, que é o Índice de Desenvolvimento Humano. Assim, por privilegiar os Municípios mais carentes, mais pobres, as ações do projeto acabam por se concentrar nas Regiões Norte e Nordeste.

    Sr. Presidente, eu vou terminar este breve discurso ao dizer quais são os objetivos fundamentais do Projeto Rondon, e vou dizê-lo em poucas palavras. Mas antes eu gostaria de chamar a atenção para uma particularidade que reputo da maior importância.

    Notem que o programa começa em 1968 e é extinto em 1989. Certamente o foi em razão da imagem que tinha no momento da redemocratização, no ano da primeira eleição direta depois da ditadura, de ser um projeto ligado à iniciativa dos militares. Todavia, o primeiro governo Lula teve a grandeza de reabilitá-lo, e ainda por cima, a partir de uma proposta da União Nacional dos Estudantes do Brasil, a UNE.

    Então é uma proposta que faço aqui: por que não nos inspirar no exitoso Projeto Rondon, no momento atual, em que o acirramento ideológico parece deteriorar as relações civis? Por que não guardar o ensinamento de que tudo o que é bom para o Brasil, independentemente de qual grupo político o tenha criado, de que tudo o que for bom para os brasileiros merece ser cuidado e preservado?

    Façamos essa reflexão em nome do sentimento de irmandade que deve presidir as relações entre todos os brasileiros, do sentimento de união que nos deve congraçar na qualidade de povo.

    Tendo feito essa observação, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, refiro-me ao objetivo central do Projeto Rondon, um projeto que deve ser preservado não como programa de governo ou de partido, mas, sim, como programa de Estado, de Brasil. É juntar a necessidade premente de assistência social e de ações do Estado em benefício das comunidades carentes dos Municípios mais pobres do nosso País com a necessidade de desenvolver o espírito cidadão, patriota, solidário, dos nossos jovens universitários e de dar-lhes ocasião de conhecer, com a mão na massa, na prática, por meio da interação direta com as pessoas, a realidade social do País a que pertencem.

    Não consigo imaginar nada que seja mais relevante para cimentar os laços de solidariedade entre os brasileiros – laços sem os quais as sociedades se desarticulam e sucumbem – do que projetos com esse feitio e com essa inspiração.

    Felicito todos os rondonistas que tiveram a grandeza de sair do conforto da sua vida quotidiana para aceitarem encontrar-se com o Brasil. Estou certo de que uma experiência de tal envergadura ficou gravada no íntimo daqueles que dela participaram.

    Falo isso, Sr. Presidente, porque, este ano, há 60 dias, recebemos mais uma missão do Projeto Rondon no meu Estado. Se não me falha a memória, foram 17 cidades, 17 Municípios. Jovens do Rio Grande do Sul ao Rio Grande do Norte, de várias universidades federais e privadas, lá estavam ávidos por conhecer os recantos do nosso Estado, o Estado de Rondônia. Profissionais das mais diversas áreas comandados, como já disse aqui anteriormente, pelo Ministério da Defesa. Lá estava um dos primeiros jovens – hoje já adulto, para não dizer idoso – da primeira expedição Rondon, que foi em 1967, 1968, se não me falha a memória. Ele estava lá junto com os jovens de agora, os incentivando a entrarem nas cidades, nos Municípios de Rondônia para auxiliar as comunidades mais carentes do nosso Estado.

    É por isso que estou defendendo, neste momento, esse projeto grandioso para o povo brasileiro que é o Projeto Rondon. Viva o Projeto Rondon!

    Muito obrigado.

    O SR. PRESIDENTE (Elmano Férrer. PMDB - PI) – Cumprimento o nobre Senador Valdir Raupp e acrescento que sou rondonista. Eu participei de uma operação nacional do Projeto Rondon...

    O SR. VALDIR RAUPP (PMDB - RO) – Que maravilha!

    O SR. PRESIDENTE (Elmano Férrer. PMDB - PI) – ... em 1972. Já formado em agronomia, mas como estudante de direito, tive a oportunidade de deixar o Piauí e de fazer uma operação no Rio de Janeiro. Naquela época, ficamos na Base Aérea Naval de São Pedro da Aldeia. Aliás, parece-me que essa foi a quarta operação nacional. Havia operações nacionais, operações regionais e também os campi avançados das universidades. Sei que no Piauí, naquela época, havia dois campi avançados: um em Picos e o outro em Parnaíba, da Universidade de Goiânia e da Universidade do Espírito Santo. Sei da relevância, da importância disso na integração nacional, permitindo que estudantes do Paraná ou do Rio Grande do Sul, por exemplo, conhecessem a região de V. Exª, a Região Norte; permitindo que muitos de outras regiões conhecessem a Região Nordeste; e permitindo que, de outra parte, mutatis mutandis, os estudantes da Região Norte, da Região Nordeste conhecessem outras regiões desenvolvidas do nosso País.

    Eu defendo isso e quero me associar ao pronunciamento de V. Exª, fazendo um apelo a todos nós desta Casa no sentido de que um programa dessa natureza, hoje talvez mais do que ontem, seja revitalizado, pela importância dele não só no processo de integração, mas também permitindo que estudantes de universidades do Sul do País conheçam as belezas da Amazônia e os problemas do Semiárido do Nordeste. No meu entendimento, à época, em 1968... A duração efetiva do programa foi de 21 anos, mas nós temos que retomar esse programa em uma verdadeira efetividade, valorizando-o e fazendo-o, como disse V. Exª, ser um programa ou um projeto de Estado e não de governo.

    Parabenizo o nobre Senador Valdir Raupp, porque sou um rondonista e sei da importância que teve e que ainda tem esse grande projeto de integração nacional. Quero cumprimentar V. Exª pela oportunidade.

    O SR. VALDIR RAUPP (PMDB - RO) – Muito obrigado, Senador Elmano Férrer. Obrigado a V. Exª, que preside, neste momento, a sessão do Senado. Com um aparte vindo da Presidência do Senado Federal ao meu pronunciamento, eu só tenho que pedir à Taquigrafia que incorpore este maravilhoso aparte ao nosso pronunciamento.

    Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 27/10/2017 - Página 53