Pronunciamento de Ângela Portela em 21/09/2017
Discurso durante a 137ª Sessão Deliberativa Extraordinária, no Senado Federal
Preocupação com o alto índice de violência em escolas no País, de acordo com os dados divulgados pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico.
- Autor
- Ângela Portela (PDT - Partido Democrático Trabalhista/RR)
- Nome completo: Ângela Maria Gomes Portela
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
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SEGURANÇA PUBLICA:
- Preocupação com o alto índice de violência em escolas no País, de acordo com os dados divulgados pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico.
- Publicação
- Publicação no DSF de 22/09/2017 - Página 55
- Assunto
- Outros > SEGURANÇA PUBLICA
- Indexação
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- APREENSÃO, QUANTIDADE, VIOLENCIA, LOCAL, ESTABELECIMENTO DE ENSINO, PAIS.
SENADO FEDERAL SF -
SECRETARIA-GERAL DA MESA SECRETARIA DE REGISTRO E REDAÇÃO PARLAMENTAR - SERERP COORDENAÇÃO DE REDAÇÃO E MONTAGEM - COREM 21/09/2017 |
DISCURSO ENCAMINHADO À PUBLICAÇÃO, NA FORMA DO DISPOSTO NO ART. 203 DO REGIMENTO INTERNO.
A SRª ÂNGELA PORTELA (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PDT - RR. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs Senadoras e Srs. Senadores, estamos vivendo sob a égide das violências, que têm como alvos principais grupos sociais que apresentam algum traço de vulnerabilidade social, diferença de comportamento ou de pensamento e concepção.
Nestes tempos estranhos, a intolerância e o ódio se impõem a tudo o que se revele diferente dos padrões estabelecidos.
Assistimos a notícias de violência praticada por questão de raça e etnia, de credo, de ideologia, de comportamento e de orientação sexual.
As violências da contemporaneidade são um tanto complexas e nebulosas, posto que se expressam de todas as formas e gestos e em todos os lugares - públicos e privados.
De acordo com dados da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o Brasil lidera o ranking de violência em escolas.
Realizada com mais de 100 mil diretores de escolas e professores dos ensinos fundamental e médio - ou seja, alunos com idades entre os 11 e os 16 anos - a pesquisa global da OCDE, mostra essa liderança nada honrosa do Brasil.
Conforme os dados, 12,5% dos professores brasileiros, ouvidos pelo estudo, afirmaram ser vítimas de intimidação e agressões verbais de alunos, pelo menos uma vez por semana.
Nosso índice é o mais alto entre os 34 países onde a pesquisa foi realizada. Ou seja, nosso país é o pior em termos de violência sofrida pelos educadores brasileiros, o que interfere diretamente, no cotidiano da escola, com reflexos negativos para o ensino e a aprendizagem.
Outra pesquisa, feita pelo sindicato dos Professores do Estado de São Paulo, (Apeoesp), mostra que 44% dos docentes disseram já ter sofrido algum tipo de agressão: verbal, física ou bullying.
Difícil imaginarmos como fica um professor ou uma professora que sofre humilhação, é hostilizado, agredido ou ameaçado por um aluno dentro da sala de aula. As sequelas em cada caso, são profundas e, ao que tudo indica, podem ser eternas.
Sem contar o fato de que professores que sofrem violência dentro da escola, passam a sofrer também, com o preconceito. Sim porque aqueles professores que foram vítimas de violência no ambienta escolar, quando pedem para ser afastados da sala de aula ou para mudar de local de trabalho, via de regra, são vistos pelos demais colegas com preconceito.
Mas a pergunta que sempre se faz é: por que ocorre violência nas escolas?
Como educadora, entendo que muitos fatores contribuem para este estado de violência no ambiente escolar. Há, por exemplo, a educação familiar atual, que é muito liberal. Psicólogos falam que a permissividade dos pais pode resultar em filhos egocêntricos, mimados, tolerantes às frustrações e com dificuldade de aceitar figuras de autoridade.
Especialistas em violência nas escolas, denominam a geração atual de “Geração de cristal”, aquela da qual não se pode cobrar nada, como destacou a professora agredida na semana passada. Mas havemos de convir que o problema da violência que se reflete no âmbito das escolas, não se resume à educação familiar.
Há, também, o componente da desestruturação no seio da família; situação em que, via de regra, ocorrem casos de violência doméstica e contra crianças e adolescentes. Esse tipo de problema se reflete direta e perigosamente na escola, melhor dizendo, na aprendizagem dos alunos, que convivem com violência no ambiente familiar.
Nós, por exemplo, que temos um dos mais altos índices de violência contra a mulher, especialmente, no espaço doméstico, também vivenciamos o problema da violência nas escolas.
São atos de violência entre alunos e alunas e também contra nossos educadores. Um problema que tem levado muitos educadores a se afastarem da sala de aula.
Este é um desafio a ser encarado e superado, para o bem da educação de Roraima.
No geral, precisamos admitir que, com suas regras e práticas escolares, a escola também exerce sua violência institucional sobre os alunos e alunas.
Fato é que a violência nas escolas, seja entre alunos seja contra os educadores, tem sido um grande problema educacional e pedagógico em todos os Estados brasileiros.
Certo é que no quesito violência nas escolas temos muitos desafios que a administração pública não conseguirá resolver sozinha.
Digo isso porque não podemos esquecer ou encobrir uma realidade que perpassa os fatores levantados para tentar explicar a violência da qual são vítimas os educadores brasileiros.
Refiro-me a outros problemas sérios, que corroboram com o clima da violência nas escolas.
Temos professores mal remunerados, escolas em péssimas condições e acúmulo de tarefas.
Todo este estado de coisas tem contribuído para o adoecimento dos professores, assunto sobre o qual tratarei oportunamente.
Era o que tinha a dizer.
Muito obrigada.