Pronunciamento de Paulo Paim em 04/10/2017
Discurso durante a 147ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
Solicitação de transcrição nos anais do Senado de carta enviada pela Confederação das Mulheres do Brasil acerca do descontentamenco com a reforma trabalhista.
- Autor
- Paulo Paim (PT - Partido dos Trabalhadores/RS)
- Nome completo: Paulo Renato Paim
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
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TRABALHO:
- Solicitação de transcrição nos anais do Senado de carta enviada pela Confederação das Mulheres do Brasil acerca do descontentamenco com a reforma trabalhista.
- Publicação
- Publicação no DSF de 05/10/2017 - Página 133
- Assunto
- Outros > TRABALHO
- Indexação
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- SOLICITAÇÃO, TRANSCRIÇÃO, ANAIS DO SENADO, CARTA, AUTORIA, CONFEDERAÇÃO, MULHER, BRASIL, ASSUNTO, REFORMA, LEGISLAÇÃO TRABALHISTA.
SENADO FEDERAL SF -
SECRETARIA-GERAL DA MESA SECRETARIA DE REGISTRO E REDAÇÃO PARLAMENTAR - SERERP COORDENAÇÃO DE REDAÇÃO E MONTAGEM - COREM 04/10/2017 |
O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, solicito, respeitosamente, que esta Casa registre nos anais, documento da Confederação das Mulheres do Brasil sobre a reforma trabalhista, que passo a ler.
Revogar a lei da escravidão trabalhista. Não permitir a aprovação do desmonte da Previdência. Em defesa dos direitos das mulheres. Fora temer.
A aprovação da lei de Temer que extingue os direitos trabalhistas e a CLT esse ano e da PEC da Morte (55) em 2016 já produzem mais miséria, desemprego e caos na saúde pública.
No triste dia 2 de agosto a desmoralizada e corrupta Câmara Federal livrou Temer das investigações do STF pelos crimes de corrupção que cometeu.
A cobrança do povo será do tamanho de sua dor.
O fechamento do Programa Farmácia Popular que garantia remédios para as pessoas mais pobres e beneficiava principalmente a população de mais de 60 anos; a ausência de atendimento em UTIs com pessoas morrendo nas filas como é o caso do estado do Goiás que possui 246 municípios e só 13 tem leitos de UTI; o fechamento de clinicas de saúde da família no Rio de Janeiro que deixarão sem atendimento mais de 230 mil habitantes; fechamento de 20 maternidades na cidade de São Paulo e mais de 23 mil leitos do SUS, a maioria leitos obstétricos; a ausência de atendimento às crianças com microcefalia, a maioria filhos de mães adolescentes do nordeste; a aprovação da lei que permite o trabalho da gestante em locais insalubres com atestado feito por médico pago pelo patrão, o fim do direito à amamentação, a redução dos salários, o aumento da discriminação no trabalho com o fim do direito ao salário igual para trabalho igual é um pouco da cruel e sanguinária realidade de fome, desespero, peregrinação, dor e morte que as famílias, e sobretudo as mulheres, as crianças e os idosos estão enfrentando.
Os senadores e deputados federais eleitos no estelionato eleitoral de 2014 aprovaram a PEC da escravidão que muda 203 dispositivos da CLT e a PEC da Morte em dezembro de 2016. Congelaram por 20 anos os investimentos na saúde, educação e assistência social desrespeitando seus eleitores.
Mesmo tendo aprovado essas atrocidades depois vemos vários parlamentares participando e divulgando campanhas do outubro rosa limitadas que falam de prevenção ao câncer e esquecem milhões de mulheres em filas de cirurgias, radioterapias e quimioterapias por estarem esfacelando o SUS e defendendo os interesses dos planos de saúde suplementar.
Queremos a prevenção, mas não aceitamos demagogia e marketing depois de leis sanguinárias serem aprovadas no Congresso Nacional. Não culpem as mulheres como se não quiséssemos nos proteger. Vocês é que agridem as brasileiras.
De 2014 até hoje os ocupantes do Planalto apoiados pelo Congresso transferiram três trilhões e seiscentos bilhões de reais para bancos.
Os pagamentos de juros e amortização da dívida pública são realizados todos os anos utilizando em média 45% do orçamento da União, enquanto a Saúde nunca recebe 5% e o Saneamento Básico nem 1%.
Isso e mais a ausência de investimento nas empresas nacionais, para beneficiar os “campeões nacionais” como Eike Batista e Joesley Batista candidatos a monopólios brasileiros trouxe como resultado 26,5 milhões de desempregados ou subempregados e a maior recessão em toda a história do Brasil agravando a fome, a miséria e o total retrocesso na garantia dos direitos sociais e trabalhistas, o fim da saúde e educação públicas, o aumento da violência com o descaso com a segurança pública, o sucateamento dos transportes públicos e a negligencia total com a habitação e o fechamento das creches. É agressão e descaso sem fim com o povo e o país que tem tudo para ser uma grande Nação.
É neste país sofrido com 26 milhões de desempregados que pretendem que aceitemos que a mulher grávida trabalhe em locais insalubres com atestado dos médicos de patrões.
É colocar a faca no pescoço de milhares de mulheres que precisam do emprego e prestes a dar à luz, ficará ameaçada de perder o emprego caso não aceite o risco à própria saúde e do seu bebê.
Não aceitamos e lutaremos para revogar essa reforma trabalhista escravocrata. Proteger e valorizar a maternidade é obrigação desse Congresso Nacional.
Ontem foi dia 3 de outubro, dia da revolução de Getúlio Vargas e dos trabalhadores que em 1930 iniciaram a implantação das leis que agora lutamos para defender.
As maldades não param e as ruas serão a resposta. Não daremos sossego a todos que buscam a impunidade assaltando os direitos de mulheres e homens que lutam honestamente para colocar a comida na mesa de seus filhos e cria-los ensinando dignidade e honra.
Vamos defender o legado de lutas de nosso povo e de seus líderes: Getúlio Vargas e João Goulart.
Viva o Brasil, viva a mulher brasileira que não se dobra e não se rende. Não permitiremos que essas leis sejam aplicadas. É hora de desobediência civil. Nenhum direito a menos.
Assina este documento: Confederação das Mulheres do Brasil.
Era o que tinha a dizer.