Discurso durante a 163ª Sessão Especial, no Senado Federal

Sessão Especial destinada a celebrar o aniversário de 500 anos da Reforma Protestante.

Autor
Ana Amélia (PP - Progressistas/RS)
Nome completo: Ana Amélia de Lemos
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM:
  • Sessão Especial destinada a celebrar o aniversário de 500 anos da Reforma Protestante.
Publicação
Publicação no DSF de 31/10/2017 - Página 13
Assunto
Outros > HOMENAGEM
Indexação
  • SESSÃO ESPECIAL, CELEBRAÇÃO, REFORMA, IGREJA EVANGELICA, COMENTARIO, HISTORIA, RELIGIÃO, MARTINHO LUTERO.

    A SRª ANA AMÉLIA (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão da oradora.) – Caro Senador José Medeiros, em seu nome e de todos os Senadores que ajudaram a requerer esta sessão de homenagem aos 500 anos de aniversário da Reforma Protestante em nosso País e no mundo, eu queria saudar também o Presidente da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil, Armando Maurmann; o Secretário Executivo do Supremo Concílio da Igreja Presbiteriana do Brasil, Rev. Juarez Marcondes Filho; o Presidente do Instituto Presbiteriano Mackenzie, Sr. José Inácio Ramos; e o Pastor Sinodal da Igreja Luterana Sr. Dalcido Gaulke.

    Caros amigos e amigas, eu queria dizer, Senador Medeiros, que várias razões me trazem a esta tribuna para participar e homenagear esta celebração absolutamente oportuna e justa nestes momentos de grande tensão, de grande incompreensão, de grande intolerância, em nosso País, em várias camadas da sociedade brasileira, mas também um motivo especial: o maior número de protestantes do Brasil está no Rio Grande do Sul, um Estado, considerando proporcionalmente, que teve, na imigração alemã, uma influência extraordinária dos luteranos, dos alemães, que deram uma grande contribuição à cultura do nosso Estado.

    Lendo a revista que foi editada celebrando os 500 anos da reforma, eu me deparei com um texto aqui – e talvez nem todos puderam ter oportunidade de ler – resumindo o que disse ao Rev. Obedes Ferreira da Cunha Jr.:

Desejamos que uma nova geração se levante como guardiã dessa Doutrina, que tanto impacto causou no mundo do Séc. XVI em diante, pois vivemos em uma era tecnológica onde a comunicação é rápida, os sentimentos descartáveis e o conhecimento superficial. Precisamos, por isso, de homens e mulheres como naquele tempo, com a profundidade e a espiritualidade dos reformadores, dos homens e mulheres de Deus bíblicos e visionários de então.

Nos comprometemos com nossa vocação missionária, de envidar esforços e por todos os meios biblicamente legítimos anunciar um Evangelho puro, com Cristo, com Cruz, com arrependimento, com regeneração, com frutos coerentes, para fazer o nome do Senhor exaltado em todo o mundo, por sua tão grande e graciosa salvação.

Esperamos pelo derramar do Espírito Santo de Deus, para que o vento renovador de sua graça sopre sobre nós e nossas famílias trazendo mais amor, comunhão, ética, moralidade e salvação, acima de tudo.

    Penso que essa oração, praticamente, é um voto de fé e de crença desses valores. Talvez pela ausência de valores de espiritualidade, de religiosidade, de confiança que o Ser Supremo norteia a nossa vida, norteia os nossos passos, por não acreditarmos nisso, nós vamos ver esse grau de intolerância e de violência que hoje vemos pelas estatísticas no País. É a falta de Deus no coração das pessoas, é a falta de Deus na mente das pessoas. É a falta da compreensão de que temos que nos respeitar, uns aos outros, na família, na escola, no trabalho, mas especialmente aqui, numa casa política em que nós Senadores, caro amigo Senador José Medeiros, representamos o anseio da sociedade de uma mudança para melhor, nunca involuindo, nunca retrocedendo nesses valores espirituais. E é exatamente esta a minha crença e a minha convicção: de que o que está faltando hoje é isso.

    E, precisamente, Lutero foi um visionário porque, há 500 anos, cinco séculos, ele tinha como meta, como prioridade a educação e o ensino. Considerado o pai da educação pública, defendia, há 500 anos, que, a partir da educação, vem a mudança da sociedade e, assim, dizia para o governo investir mais; criticava o fato de se gastar mais com armamentos do que com escolas; lutou também pelos direitos sociais, para que todos tivessem respeito à vida, à vida em primeiro lugar!

     O Pr. Nestor Paulo Friedrich afirma ainda que a Reforma Luterana deu força à busca pela igualdade: "A briga de Lutero [disse ele] era para que meninos e meninas tivessem acesso a escola, um desafio semelhante aos que temos ainda hoje em uma sociedade notadamente patriarcal: de lutarmos pelos mesmos direitos para homens e mulheres."

    No nosso Brasil, aonde chegou no século XIX com os imigrantes alemães, o luteranismo marca presença principalmente nas Regiões Sul e Sudeste. Ficam no Rio Grande do Sul, onde se estima que estão mais da metade das pessoas – mais da metade das pessoas! – que se identificam como devotas dos ensinamentos de Lutero no País, as sedes nacionais das duas instituições luteranas brasileiras: a Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil e a Igreja Evangélica Luterana do Brasil.

    O Rio Grande do Sul é o Estado que abriga o maior número de luteranos no Brasil. Segundo dados da própria igreja, são 630 mil pessoas devotas aos ensinamentos de Lutero no nosso Estado, mais da metade do total brasileiro, estimado em 1,2 milhão de seguidores. Essa distribuição é consequência direta da grande imigração de alemães em território gaúcho, muitos trazendo consigo as ideias que guiaram a Reforma. Em todo o mundo, são cerca de 70 milhões de pessoas que denominam a si mesmas como cristãos luteranos, com forte presença nos Estados Unidos e também na Europa ocidental.

    E o Senado começa também essa celebração – com essa iniciativa do Senador José Medeiros e de outros Senadores – dos 500 anos da Reforma Protestante nesta sessão especial. O aniversário da Reforma é comemorado no dia 31 de outubro. O pedido de realização foi, como disse, uma iniciativa muito oportuna do Senador José Medeiros.

    E só para lembrar as celebrações que nós estamos tendo no Rio Grande do Sul, ontem, lá em Santa Rosa, lá na região noroeste do Rio Grande do Sul, uma cerimônia reuniu 2 mil pessoas para essa celebração. Isso é apenas a ideia e a dimensão da relevância que tem a participação da Confissão Luterana no nosso Estado do Rio Grande do Sul. Houve várias comemorações.

    Desde 2011, um grupo de trabalho se reuniu para organizar as comemorações da Reforma Protestante no Rio Grande do Sul. Em outubro, mês que está marcando os 500 anos da Reforma, a Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil e a Igreja Luterana do Brasil intensificaram as atividades, buscando lembrar e relembrar a história de Martinho Lutero, que nasceu em 1483 e morreu em 1546, e atualizar as suas ideias para as necessidades dessa sociedade moderna que anda tão depressa. E, por andar muito depressa, a comunicação, como disseram os líderes da igreja, está perdendo esses valores, e nós não podemos perder de vista isso.

    Algumas atividades que ocorreram no Rio Grande do Sul...

    No dia 24, em Porto Alegre, houve a apresentação da Orquestra da Ulbra, com 45 músicos.

(Soa a campainha.)

    A SRª ANA AMÉLIA (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RS) – Também, no último dia 28, em Porto Alegre, o Auditório Araújo Vianna foi palco do evento Raízes e Legado dos 500 anos da Reforma Luterana. O espetáculo contou a história de Lutero e da Reforma com o uso de recursos da dança e da música. O evento cultural foi apresentado pelo ator e historiador Werner Schünemann, que é luterano.

    Também foram realizadas sessões solenes na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul e na Câmara de Vereadores de Porto Alegre.

    No dia 31, em Porto Alegre, às 20h30, quando se completarão os 500 anos da Reforma, a Orquestra Sinfônica de Porto Alegre (Ospa) fará um concerto no Salão de Atos da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. No programa, a Sinfonia nº 2 de Mendelssohn, conhecida como – meu alemão é muito... É difícil de pronunciar. Como seu, não é, Senador? Mas eu vou tentar: Canto de Louvor em português e Lobgesang em alemão.

    Eu queria dizer também que, de 6 a 9 de novembro, em Porto Alegre, haverá vários debates reunindo a nossa Academia, a Universidade Federal, a PUC/RS, a Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento), a Fundação Alexander von Humboldt e várias outras instituições.

    Como eu lembrei, vários Municípios... Em Restinga Seca, foi realizado um encontro sinodal no dia 29; em Vera Cruz, houve um grande culto distrital no dia 22. E, como disse, em Santa Rosa, no final de semana mais de 2 mil pessoas participaram do culto para celebrar os 500 anos.

    Por isso, a Senadora gaúcha vem aqui não só para compartilhar com o Senador José Medeiros essas reflexões, mas também para dizer que esse visionário, Martinho Lutero, já pensava, há 500 anos, naquilo de que hoje nós estamos às vezes nos esquecendo: a prioridade é a educação. Onde há educação, não há corrupção; onde há educação, há o conceito e a consciência dos direitos, mas também dos deveres.

    E é isto que um pregador como ele, um visionário como ele, que fundou a Igreja Luterana, mostra claramente: os caminhos da retidão, da honestidade, da responsabilidade na casa, na família, na relação com todas as pessoas. E é esse legado maior que nós devemos em homenagem a esse homem que se preocupou com uma sociedade mais justa. E nós devemos retribuir o praticando.

    Muito obrigada.

    Parabéns, Senador José Medeiros.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 31/10/2017 - Página 13