Discurso durante a 164ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Agradecimento à acolhida recebida por S. Exª em visita ao Estado do Pará.

Reflexão a respeito da atual crise política e social que atinge o Brasil.

Autor
Alvaro Dias (PODE - Podemos/PR)
Nome completo: Alvaro Fernandes Dias
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ATIVIDADE POLITICA:
  • Agradecimento à acolhida recebida por S. Exª em visita ao Estado do Pará.
CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PUBLICA E IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA:
  • Reflexão a respeito da atual crise política e social que atinge o Brasil.
Publicação
Publicação no DSF de 31/10/2017 - Página 61
Assuntos
Outros > ATIVIDADE POLITICA
Outros > CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PUBLICA E IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA
Indexação
  • AGRADECIMENTO, ESTADO DO PARA (PA), MOTIVO, RECEPÇÃO, VISITA, ORADOR, CIDADE, BELEM (PA), ELOGIO, CARACTERISTICA, MEIO AMBIENTE, ENTE FEDERADO, COMENTARIO, DESIGUALDADE SOCIAL, CONTRADIÇÃO, RIQUEZA (SC), PAIS.
  • COMENTARIO, CRISE, NATUREZA SOCIAL, POLITICA, PAIS, SITUAÇÃO, POBREZA, DOMINIO, CORRUPÇÃO, APOIO, OPERAÇÃO LAVA JATO.

    O SR. ALVARO DIAS (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PODE - PR. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, Srs. Senadores e Srªs Senadoras, eu venho à tribuna hoje para agradecer a calorosa acolhida do seu Estado, Presidente, o Estado do Pará, e de sua capital, Belém. A convite do ex-Senador Mário Couto, que lançou um livro sobre trajetória política, lá estive em uma concentração popular de proporções significativas, com cerca de 5 mil ou 6 mil pessoas presentes.

    Estamos aqui exatamente para falar da pujança, da grandeza de um Estado emergente, certamente um dos mais prósperos Estados do País, que está em construção, já que as necessidades são reconhecidas e visíveis. Há pouco, nós ouvimos, desta tribuna, a dissertação sobre os problemas que existem em relação à logística e ao transporte, que, certamente, são ações que desenvolverão o Estado em um ritmo de maior celeridade, transformando-o não só nesse Estado de preservação ambiental importante, mas em um Estado também produtor, capaz de promover o desenvolvimento do País.

    E creio ser oportuno destacar a grandeza da Amazônia. Estivemos no delta do Rio Amazonas e nos lembramos de que este País é detentor de 13% da água doce do mundo. São 12 mil rios que cortam o solo brasileiro. E, certamente, o Rio Amazonas, mais se parecendo com um oceano, é sem dúvida o carro-chefe de todos os rios que cortam o Brasil, obviamente, significando um patrimônio extraordinário. A Bacia Amazônica são 6 milhões de quilômetros quadrados.

    O mundo vive dificuldades incríveis em razão do aquecimento global. Os fenômenos da natureza explodem: terremotos, furacões, o mar avançando sobre a terra e fazendo vítimas. Os países mais ricos do mundo certamente se preocupam com o que poderá ocorrer e passam a exigir do Brasil a preservação desse santuário ecológico, que é um patrimônio da humanidade. Isso não deve ser responsabilidade, portanto, só dos brasileiros, que se esmeram em preservá-lo, já que nações ricas destruíram, devastaram as suas florestas, contaminaram os seus rios e os seus lagos e agora exigem a preservação ambiental do nosso País a qualquer preço, sem contribuir para que ela se torne cada vez mais eficiente e valorizada. Nós precisamos cobrar do mundo pela preservação que fazemos. O mundo há de continuar respirando esse ar oxigenado que brota das profundezas da Amazônia, mas certamente será cobrado. Haveremos de cobrar. Há que se pagar esse imposto pela preservação ambiental do nosso País. E que não se confunda a cobrança de participação na preservação ambiental com a entrega da Amazônia, porque não se admite a entrega sequer de um palmo de terra da Amazônia a qualquer nação estrangeira, a qualquer grupo econômico estrangeiro. O que se exige, se proclama, se defende é a contribuição universal para preservação desse patrimônio da humanidade que é a Amazônia.

    Lá, Sr. Presidente e Srs. Senadores, nos lembramos das diferenças, das desigualdades sociais. São evidentes as diferenças regionais, mas as desigualdades sociais são prevalentes no nosso País, já que alguns se jactaram de terem retirado da pobreza milhões de brasileiros e nós nos confrontamos com dados estarrecedores que revelam a nossa pobreza, o contraste gritante com as riquezas naturais exuberantes do nosso País, sobre as quais nos reportamos há pouco, quando abordamos a riqueza da Amazônia.

    Sim, há um contraste gritante. Há um contraste assustador, perturbador mesmo. Contraste da pobreza nacional com as riquezas naturais deste País, mas há também esse contraste entre o discurso de alguns e a realidade vivida por muitos dos brasileiros.

    Por exemplo, 20 milhões de brasileiros vivem com uma renda de até R$140 por mês, portanto quase um Canadá inteiro; 9 milhões, mais do que uma Suíça, portanto, vivem com até R$70 por mês, abaixo da linha da pobreza; a metade dos brasileiros vivem com até um salário mínimo por mês, portanto uma Alemanha, mais do que uma Alemanha, sendo que 68% dos nordestinos vivem com menos de um salário mínimo por mês. E, se avançamos um pouco, vamos verificar que 35 milhões de brasileiros, portanto mais do que um país como o Canadá, não possuem acesso à água tratada; 17 milhões de brasileiros não possuem acesso à coleta de lixo, portanto uma Holanda; 100 milhões de brasileiros não possuem acesso ao saneamento básico, portanto, mais uma vez, uma população semelhante à da Alemanha sem acesso ao esgoto sanitário; 4 milhões, uma Nova Zelândia, não têm sequer um banheiro em casa. Portanto, esse é um cenário devastador. De cada quatro brasileiros, um vive do Bolsa Família. Em alguns Estados brasileiros do Nordeste, mais de 50% da população vive do Bolsa Família.

    Portanto, há uma pobreza instalada no Brasil que contrasta com a riqueza desta Nação. Por isso, esse é um grande desafio. É, sem dúvida, o desafio maior promover reformas que possam reduzir desigualdades sociais, que possam nos retirar desse cenário de vergonha e de impotência diante dos problemas que afligem as camadas mais pobres da população, já que este País mergulhou num oceano de dificuldades sem precedentes.

    A crise está instalada. Nós saímos de uma recessão, que foi a maior dos últimos 50 anos. Nós estamos vivendo o maior desemprego dos últimos 25 anos. Na verdade, 54% dos brasileiros em idade de trabalhar não estão tendo oportunidade de trabalhar, 22% dos jovens em idade de estudar e trabalhar não trabalham nem estudam e, dos 90 milhões de brasileiros empregados, apenas 33 milhões possuem a carteira de trabalho – mais de 33 milhões não possuem a carteira de trabalho, portanto sem os direitos sociais indispensáveis.

    Esta é a situação do País: um País assaltado por marginais, que, assumindo, em várias oportunidades, governos do País, assaltaram os cofres públicos.

    É preciso dar um basta, portanto. E, quando nós verificamos que há, no Congresso Nacional, propostas que alteram a legislação em oposição à Operação Lava Jato, que é prioridade nacional, nós ficamos estarrecidos, porque se trata de dar uma trombada na aspiração maior do povo brasileiro, que é de ver este País caminhar para um tempo novo, em que a decência e a dignidade possam ser não apenas palavras soltas ao vento, mas, sim, compromisso de comportamento na atividade pública brasileira.

    Quando se tenta conspirar contra a Operação Lava Jato, ignora-se que os assaltos praticados contra os cofres públicos do País levaram à morte milhões de brasileiros, muitos em corredores de hospitais, doentes e abandonados, sem atendimento, com a morte chegando antes que o médico, e outros tantos nas ruas do País, especialmente na periferia das grandes cidades, como ocorre no Rio de Janeiro, vítimas da violência, porque o dinheiro que deveria ser aplicado num sistema de segurança pública competente foi jogado pelas janelas da corrupção e da incompetência administrativa. É por essa razão que, quando se fala em ladrões, fala-se também em assassinos.

    Portanto, Sr. Presidente, Srs. Senadores, é um momento de grande responsabilidade cívica. As pessoas lúcidas devem se tornar protagonistas neste momento crucial para o futuro do País, porque a omissão pode determinar uma nova tragédia política sem precedentes, com o País sangrando ainda por muito tempo, se as pessoas conscientes e lúcidas não tentarem influir para que as opções brasileiras sejam as mais adequadas na construção da Nação que todos nós merecemos.

    Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 31/10/2017 - Página 61