Discurso durante a 166ª Sessão Deliberativa Extraordinária, no Senado Federal

Considerações acerca da passagem da caravana do ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva pelo estado de Minas Gerais.

Registro do comparecimento do Ministro da Justição à reunião da Comissão de Economia do Senado.

Autor
Gleisi Hoffmann (PT - Partido dos Trabalhadores/PR)
Nome completo: Gleisi Helena Hoffmann
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ATIVIDADE POLITICA:
  • Considerações acerca da passagem da caravana do ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva pelo estado de Minas Gerais.
SENADO:
  • Registro do comparecimento do Ministro da Justição à reunião da Comissão de Economia do Senado.
Aparteantes
Lindbergh Farias.
Publicação
Publicação no DSF de 02/11/2017 - Página 42
Assuntos
Outros > ATIVIDADE POLITICA
Outros > SENADO
Indexação
  • REGISTRO, BALANÇO, VISITA, EX PRESIDENTE, LUIZ INACIO LULA DA SILVA, CIDADE, PAIS, COMENTARIO, LIDERANÇA, POLITICA, PROXIMIDADE, POPULAÇÃO, SOCIEDADE CIVIL, AGRADECIMENTO, JORNALISTA, ACOMPANHAMENTO, FATO, CRITICA, TELECOMUNICAÇÃO, BRASIL.
  • REGISTRO, VISITA, SENADO, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DA FAZENDA (MF), CRITICA, GOVERNO FEDERAL, POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA.

    A SRª GLEISI HOFFMANN (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão da oradora.) – Obrigada, Sr. Presidente.

    Srs. Senadores, Srªs Senadoras, quem nos acompanha pela TV Senado, pela Rádio Senado e também pelas redes sociais, quero agradecer primeiramente ao Senador Hélio José por ter feito essa troca comigo para que eu pudesse falar agora.

    Eu venho a esta tribuna hoje, Sr. Presidente, para fazer um balanço da caravana do Presidente Lula pelo Estado de Minas Gerais. Nós terminamos a caravana agora, dia 30, segunda-feira, e foi uma caravana de grande sucesso.

    Foram oito dias de caravana, do dia 23 ao dia 30, e nós visitamos – o Presidente Lula visitou e eu tive a oportunidade de acompanhá-lo por várias cidades – 21 cidades, entre cidades onde nós tínhamos atos marcados, conversas, agendas e paradas que aconteceram sem previsão da agenda quando as pessoas se reuniam na beirada do asfalto para esperar o Presidente Lula passar.

    E foi uma caravana muito alegre e muito participativa, mas também muito emotiva pelo pedido das pessoas, pela saudade que as pessoas demonstravam do Presidente Lula e, principalmente, pelos relatos da situação em que as pessoas estão vivendo: o problema da economia, o problema da sobrevivência e do aumento da pobreza. E é impressionante, Sr. Presidente, Srs. Senadores, Srªs Senadoras, como a grande mídia ignorou a caravana – ignorou a caravana.

    Foi um grande evento político que aconteceu em nosso País. O Presidente Lula é a maior liderança popular da história deste País. Não há nenhuma pessoa hoje que pontue em pesquisa como o Presidente Lula está pontuando. Não há outra liderança que tenha a disposição que o Presidente Lula está tendo de viajar por este País.

    Há outros candidatos viajando, fazendo eventos, recebendo títulos, premiações, fazendo reuniões. Mas como o Presidente Lula? Não há nenhuma liderança.

    O Presidente Lula visita as praças públicas para conversar com as pessoas; para na beira da estrada para conversar com as pessoas; visita as universidades e institutos federais; vai no assentamento da reforma agrária. Não tem problema nenhum: vai em assentamento da reforma agrária; vai em propriedades de agricultores familiares; vai a cooperativas agrícolas. O Presidente Lula pisa a terra, pisa a poeira, pisa o asfalto. Não tem medo de conversar com o povo, não precisa de grande esquema de segurança.

    Esse é o Presidente Lula.

    E, mais do que isso, o Presidente Lula não só fala; o Presidente Lula ouve. Nós fizemos uma reunião em Diamantina, na universidade federal, com reitores do Vale do Jequitinhonha que foi impressionante – eram reitores e diretores de institutos federais de educação. O Presidente Lula ficou duas horas ouvindo o que os reitores, o que os diretores, o que os professores tinham a falar: os problemas que temos nas nossas instituições federais de ensino; o que nós teríamos a melhorar; o que aconteceu no governo dele que foi positivo e que foi negativo; o que se precisaria fazer de melhor para um governo à frente.

    Foi uma verdadeira lição de democracia. É muito difícil você ver hoje uma liderança política que se disponha a se sentar e ouvir. Você vê as lideranças políticas indo para as regiões, fazendo comícios, fazendo reuniões, falando muito, discursando. Mas, ouvir? Ouvir as pessoas? Ouvir os problemas? É muito difícil! E o Presidente Lula ouve desde os reitores, os diretores de universidades, de escolas técnicas, até o agricultor rural, o assentado da reforma agrária, aquele que está ocupando. Quando para na beira da Estrada, o Presidente Lula ouve. É impressionante! As pessoas vêm e o abraçam. Dizem: "Lula, como você faz falta! Como nós gostaríamos de ter você novamente como nosso Presidente!"

    A identificação de Lula com o povo é algo fantástico! Realmente, tenho muitos anos de militância, mas não vi ninguém ter essa relação que o Presidente Lula teve.

    E quem nos acompanhou, quem cobriu a caravana, foram as redes sociais. Nós tivemos, aí, a participação de pessoas abnegadas, que foram, que cobriram, que falaram para o Brasil o que o Presidente Lula está falando.

    Então, aqui, quero agradecer aos Jornalistas Livres, ao pessoal do Brasil de Fato, ao Mídia NINJA, que estavam constantemente nos acompanhando. Além disso, também quero agradecer aqui ao pessoal da comunicação, das nossas lideranças, da Câmara e do Senado, do PT, da Agência PT, também da Fundação Perseu Abramo, do Instituto Lula, de vários outros sites e das contas do Facebook que acompanharam a gente, ao pessoal que colocou em Twitter. Por isso, a caravana foi um sucesso, inclusive de divulgação.

    Então, queria deixar esse registro. Nós passamos pelo Vale do Jequitinhonha, Vale do Aço, Valo do Mucuri, Vale do Rio Doce, e terminamos em um grande evento em Belo Horizonte, com milhares de pessoas na praça pública. Foi um evento muito bonito!

    E o pior é que existe muita gente – e aí entram alguns veículos da mídia tradicional – querendo dizer que a caravana foi um fiasco. Mas contra fatos não há argumentos: nós temos as imagens, as fotos, a forma como as pessoas trataram o Presidente Lula.

    Então, quero dizer aqui para esses veículos de comunicação: não adianta! Vocês estão, há três anos, batendo no Lula! Ooi! Revistas?! Há três anos, vocês batem no Lula consecutivamente. Antes vocês já batiam, mas, agora, depois dessa Operação Lava Jato... Ele já disse: foi capa de 60 revistas!

    Oiê! Vocês não conseguem derrubar o Lula! Quero só dizer isso pra vocês! Vocês, Rede Globo, outras redes de televisão, parem! Vocês estão fazendo um esforço hercúleo e não conseguem! Sabe por que vocês não conseguem? Porque o Presidente Lula tem relação com o povo brasileiro. O Presidente Lula governou este País, e o povo sabe o que ele fez – o povo sabe o que ele fez! Por isso, o povo, quando Lula visita essas regiões, o abraça, chora, pede para ele voltar, conta as suas mazelas.

    Então, esqueçam, revistas! Tchau para vocês! Esqueçam! Vocês podem pôr "trocentas" capas: vocês não vão conseguir atingir o Lula. Vocês podem querer desmerecer a caravana: vocês não vão conseguir, porque nós temos a alternativa de comunicação. E porque não há ninguém de vocês, bancado por vocês, querido por vocês, que tenha a relação que o Lula tem com o povo brasileiro.

    Esqueçam! Vocês não conseguem colocar um candidato que faça essa disputa! Não conseguem! Tentem! Tentem! Aliás o Lula tem dito isto: "Coloquem um candidato para eu disputar?"

    Aí, vocês querem ganhar no tapetão, querem colocar na capa da revista matérias para desmerecer o Lula e querem, através de uma ação judicial, desmerecê-lo. Aliás, o único partido político, hoje, que se coloca como tal e faz um enfrentamento é o partido político da Lava Jato. É isso que vocês têm. Estão colocando o Judiciário para fazer disputa política: o partido político da Lava Jato. Vocês vão desmoralizar o Judiciário brasileiro, desmoralizar, porque a postura do Sergio Moro é a postura de um candidato que enfrenta outro e não de um magistrado que tem isenção e que julga. É a postura de um candidato. E vocês mídia são responsáveis por isso! Vocês estão desmoralizando as instituições brasileiras e vão desmoralizar o Judiciário.

    Se o partido político da Lava Jato quiser também brigar com o Lula, faça política, lance um candidato. Se o Sergio Moro quer, de fato, enfrentar o Presidente Lula, venha para a arena política; seja candidato e o enfrente. Quero ver ele pisando o Sertão deste Brasil, falando com o povo pobre, podendo ter a empatia de se colocar no lugar do outro. Vamos lá!

    E a outra coisa de que eu quero falar aqui é sobre a vinda, ontem, do Ministro da Fazenda à comissão de economia, para encerrar aqui o meu discurso. Vem aqui o Ministro da Fazenda, muito cheio de si, dizer que nós estamos deixando a recessão de lado e que a economia brasileira está melhorando. Ele dá alguns dados, dizendo que a inflação está baixa, que nós tivemos emprego e que a renda das pessoas está crescendo. Ora, Ministro! É o seu esforço e o da Rede Globo para fazer isso, porque a grande maioria do povo brasileiro não está sentindo as melhoras da economia de que o senhor está falando.

    Vamos por parte aqui, igual a um esquartejador.

    Se a economia estivesse melhorando, a atividade econômica do segundo trimestre não teria sido inferior em 0,2% em relação ao primeiro trimestre. Certo? Nós teríamos uma atividade econômica crescente, mas, não, a nossa atividade econômica continua caindo. Portanto, nós não temos uma economia boa.

    A inflação está baixa. Pudera! Não há atividade econômica. A atividade econômica caindo, como vai haver inflação, gente? A inflação está abaixo do centro da meta. Não há consumo! Não há consumo no País, gente! A economia está parada!

    E os juros continuam altos, não é, Ministro? Claro, o senhor como um bom banqueiro não quer baixar. Então, nós temos uma Selic de 7,5%, com juro real de 4%, quando, nos outros países do mundo, o juro é negativo. O Ministro não soube explicar isso ontem. Ele só sabe dar o dado da inflação. Não há inflação, porque não tem economia.

    "Ah, o emprego melhorou!" Havia 13 milhões de desempregado, e agora há 12,9 milhões. Geramos 100 mil empregos. É uma vergonha esse dado! Vergonha!

    O Sr. Lindbergh Farias (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – V. Exª me concede um aparte?

    A SRª GLEISI HOFFMANN (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR) – Pois não, Senador Lindbergh.

    O Sr. Lindbergh Farias (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – Na verdade, desde que Temer assumiu, da data que assumiu para cá, houve 1,6 milhão de desempregados a mais. Estou fazendo os números da data da posse. Não adianta o Senador Fernando Bezerra balançar a cabeça.

    A SRª GLEISI HOFFMANN (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR) – Não recuperou o que desempregou.

    O Sr. Lindbergh Farias (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – E há mais: os empregos que estão sendo criados. É claro que está voltando o emprego, lentamente – lentamente, esse é o problema. E eu mostro os números daqui a pouco. Agora, está vindo emprego precarizado. Eu, ontem, na sabatina, mostrei um jornal do Espírito Santo que pedia contrato de trabalho intermitente pagando R$4,45 por hora, para uma pessoa trabalhar cinco horas no sábado e cinco horas no domingo. Sabe de quanto seria o salário dessa pessoa, Senadora Gleisi? De R$170. Agora, a mesma imprensa que jogava a economia para baixo, quando o governo era do PT, tenta levantá-la, dizendo que a economia está se recuperando. Sabe quanto nós caímos de investimento, Senadora Gleisi? Foram 29%. O investimento caiu no primeiro e no segundo trimestres, está lá embaixo. E eles diziam que era só tirar a Dilma...

    A SRª GLEISI HOFFMANN (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR) – Que melhorava.

    O Sr. Lindbergh Farias (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – ... que os empresários iam retomar a confiança e iam investir. No segundo trimestre deste ano, o que teve de crescimento foi o consumo das famílias por causa do FGTS, mas não é sustentável. Eu sei que o Senador Hélio José quer falar e, por isso, eu interrompo o meu aparte aqui. Agradeço e parabenizo V. Exª pelo pronunciamento.

    A SRª GLEISI HOFFMANN (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR) – Obrigada.

    Para encerrar aqui, Senador Lindbergh, é verdadeiro isso que V. Exª fala. Geraram 100 mil empregos, não recuperaram os desempregos de antes. Só para deixar um dado, nos governos do Presidente Lula e da Presidente Dilma, foram 22 milhões de empregos gerados.

    A renda dos mais pobres cai, e a renda dos mais ricos sobe. Esse é o Governo Temer.

    Ministro Meirelles, vamos parar de mentir. E Globo, vamos parar também, porque as pessoas não estão sentindo isso. As pessoas estão vendo fome lá. A pessoa que abraçou o Lula na beira da estrada, Presidente, quando nós paramos agora para saudar o pessoal, estava com uma bacia de alface. Ela abraçou o Presidente, chorou e disse assim: "Lula, este aqui é o meu almoço." Então, está melhorando para quem, ô Meirelles? Para quem está melhorando? Governo, diga para quem está melhorando. Quero que os Senadores que defendem o Governo aqui digam para quem está melhorando. Onde estão criando emprego?

    É claro que alguma coisa tem que acontecer, porque nós estamos no fundo do fundo do fundo do poço. Não há como mais ir para o fundo. A partir de agora, você vai subindo, mas vai ser tão lento, tão lento, que o Brasil não vai sentir essa melhora. Eu sinto muito. Vocês estão levando o Brasil à bancarrota. Por isso, Lula vai voltar.

    Obrigada, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 02/11/2017 - Página 42