Discurso durante a 166ª Sessão Deliberativa Extraordinária, no Senado Federal

Críticas à suposta candidatura do Sr. Luciano Huck à Presidência da República.

Autor
Lindbergh Farias (PT - Partido dos Trabalhadores/RJ)
Nome completo: Luiz Lindbergh Farias Filho
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ELEIÇÕES E PARTIDOS POLITICOS:
  • Críticas à suposta candidatura do Sr. Luciano Huck à Presidência da República.
Publicação
Publicação no DSF de 02/11/2017 - Página 56
Assunto
Outros > ELEIÇÕES E PARTIDOS POLITICOS
Indexação
  • CRITICA, POSSIBILIDADE, CANDIDATURA, ARTISTA, TELEVISÃO, ELEIÇÃO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, APREENSÃO, REFORMA, PREVIDENCIA SOCIAL, CORTE, ORÇAMENTO, POLITICAS PUBLICAS, POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA, GOVERNO FEDERAL.

    O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, Srs. Senadores, Srªs Senadoras, hoje o jornalista Elio Gaspari fala sobre a possível candidatura de Luciano Huck e lembra daquela desastrada operação na eleição de 1989, em que lançaram o nome de Sílvio Santos.

    Eu, quando olho para essa tal candidatura do Huck, fico vendo o desespero por parte das elites do mercado financeiro, porque deu tudo errado. Eles tinham um roteiro, eles tinham um plano: "Afastamos a Dilma, vamos desmoralizar o Lula, colocar o juiz Sérgio Moro e a Rede Globo com campanhas cotidianas de ataques ao Lula, e vamos destruir o PT." E aí, o candidato deles, que poderia ser Aécio, Alckmin, seria eleito Presidente da República. Nós teríamos um período de dois anos de golpe, no qual eles fariam todas as maldades: uma reforma trabalhista criminosa, tirando direitos dos trabalhadores; essa emenda constitucional do teto dos gastos, que vai acabar com a educação e a saúde brasileiras; uma reforma da previdência; e aí os tucanos ganhariam a eleição em 2018.

    Esse plano deles fracassou. Esse golpe é um fracasso impressionante, a começar pelos seus líderes. Quem eram os líderes do golpe? Eduardo Cunha, que está preso. Aécio Neves, que está nessa situação; que está aí, desmoralizado. E o Temer, que tem 3% de aprovação popular.

    E a economia? Eu vou depois falar sobre a economia aqui. Eles diziam que a economia iria recuperar porque voltaria a ter confiança dos empresários que iriam investir. Ora, o investimento recuou 29%. Eu vou falar sobre economia um pouco mais à frente.

    E aí o que acontece? Eles fazem pesquisa e na pesquisa dá o quê? Lula. O Lula sobe. Sobe Lula. A pesquisa do Ibope – você sabe que, em pesquisa do Ibope, eu não confio muito, mas está dando Lula –, na última, 35%, 36%.

    Quando a gente tira os votos nulos e brancos, vai discutir os votos válidos, dá 47%. Na pesquisa do Ibope, Lula está perto de ganhar no primeiro turno. Eu já vi outra pesquisa do Vox Populi que ele está na frente, ganhando no primeiro turno.

    E onde estão os tucanos? Uma rejeição violentíssima. A candidatura do Alckmin está lá em baixo, com 6% – e hoje ele é o nome que se consolida no PSDB, porque os outros morreram –, 6%.

    E, agora, eles tentam inventar – porque o Huck é o desespero! –, porque todo processo que eles fizeram deu errado, o plano deles fracassou, e o Lula só cresce. Eu estive com ele agora na caravana em Minas Gerais.

    Uma caravana fantástica. Por onde ele anda, o povo sai às ruas, querendo falar com ele, porque é uma lembrança do que foi o seu governo, a inclusão social, a melhora de vida do povo mais pobre deste Brasil. Isso é inegável. Ninguém tira isso do Lula. A vida do povo trabalhador melhorou, e agora só piora. As universidades que foram criadas pelo interior do País, os institutos federais que foram criados neste País...

    E, aí, eu fico vendo: lá, nessa caravana, em Minas Gerais, nós passamos em Diamantina. Visitamos a casa onde nasceu Juscelino Kubitschek. Há um museu lá na casa em que ele nasceu. Quando eu olho para a história, eu fico vendo: poxa, tentaram fazer com Juscelino, com Getúlio, o que fizeram com a Dilma e tentam fazer com o Lula.

    Há uma frase, famosa frase de Carlos Lacerda, que, para mim, está presente na política até hoje, quando Lacerda fala de Getúlio: não pode ser candidato; se for candidato, não pode ganhar; se ganhar, não pode tomar posse; se tomar posse, não pode governar. Eles inviabilizaram o governo de Getúlio Vargas.

    O suicídio de Vargas foi uma resposta ao golpe que já tinha acontecido. Vargas não amanheceria aquele dia como Presidente da República. Seria deposto. Derrubaram Vargas depois de o Vargas criar a Petrobras, em 1953. Houve muita oposição à criação da Petrobras. Não foi simples. Na época, Assis Chateaubriand, que dominava os meios de comunicação, fez uma campanha implacável contra a criação da Petrobras. O Getúlio também dobrou o salário mínimo.

    Vocês vejam que esses dois pontos – direito dos trabalhadores e petróleo –, na minha avaliação, estiveram presentes no golpe da Dilma. Tanto é que eles fizeram a reforma trabalhista e estão entregando petróleo. Estão entregando o nosso pré-sal a preço de banana para as multinacionais do petróleo.

    Mas, vejam bem: depois de Vargas, Juscelino ganha a eleição, e vem Lacerda, novamente, com a mesma frase. E Juscelino ganha a eleição. E começou uma campanha do Lacerda para que o Juscelino não assumisse. Alegaram, na época, que ele não tinha tido maioria absoluta dos votos. Foi necessário que o Marechal Lott, no episódio que ficou conhecido como Novembrada, se antecipasse para impedir o golpe. Ele afastou o Presidente da Câmara, Carlos Luz, e empossou o Vice-Presidente do Senado, Senador Nereu Ramos. E, ali, Juscelino conseguiu assumir.

    Depois, João Goulart. Deram o golpe.

    Quando há governo popular, que tem projeto de país, soberania nacional, eles tentam desarticular. O que aconteceu com a Dilma foi exatamente a mesma coisa.

    Aqui há uma ironia da história. Inclusive, falei isso no comício de Minas Gerais, no ato final da caravana em Minas Gerais, sobre Tancredo Neves. Engraçado que as pessoas associam Tancredo a Aécio na nossa militância. Inclusive, quiseram vaiar o Tancredo. Eu digo, sobre esse aspecto, que a situação era oposta. O Tancredo, nesse aspecto... Tancredo sempre foi uma figura de centro. Não era um cara de esquerda, nunca, era um cara de centro, um conciliador, mas, nesse aspecto, o Tancredo Neves sempre esteve do lado certo, contra o golpismo. Tancredo esteve com o Getúlio, esteve contra Lacerda; Tancredo esteve com Juscelino Kubitschek e Tancredo esteve contra o golpe de 64. Quando o Presidente do Congresso, Auro de Moura Andrade, declarou vacância do cargo de Presidente da República, apesar de João Goulart estar aqui no Brasil, foi de Tancredo o gesto de esticar o dedo e gritar: "Canalhas, canalhas, canalhas"! A ironia da história é que foi o neto de Tancredo que, novamente – talvez sem saber, porque não tem tanto conhecimento histórico –, trouxe de volta as palavras de Lacerda. Porque o que fizeram com a Dilma foi o seguinte: "Não pode ser candidata. Se for candidata, não pode ganhar. Se ganhar, não pode tomar posse". Lembram o que aconteceu depois que a Dilma ganhou? Ele pediu recontagem de votos, não conseguiu fazer a recontagem de votos... Chegou a ter o papel ridículo de pedir para ser diplomado no lugar dela. Não queria que ela tomasse posse. Mas ela tomou posse. Aí eles foram para a última: "Tomando posse, não pode governar", e não deixaram a Dilma governar. Fizeram aliança com o Eduardo Cunha.

    Agora, eu, quando vejo o PSDB assim, desmoralizado... Uma pesquisa interna do PSDB diz que 75% dos eleitores dizem que eles não ganham. Há uma rejeição enorme. Eu, quando vejo tudo isso... Eu trago um artigo meu, de abril do ano passado – abril do ano passado –, em que eu faço uma análise dessa posição dos tucanos e falo da covardia deles, que foram para as ruas sem demarcar campo com essa extrema direita, que defendia intervenção militar.

    E, quando eu reli esse artigo, eu fiquei, de fato, impressionado. Eu dizia que essa covardia deles estava abrindo caminho para a extrema direita no País. E foi isso que aconteceu. Eles foram para as ruas, com o pessoal do Bolsonaro, todos gritando "Fora, Dilma", e havia aquele pessoal defendendo intervenção militar, e os tucanos nunca demarcaram campo. Acaba que esse pessoal comeu a base dos tucanos. E hoje a gente vê, inacreditavelmente, o Bolsonaro em segundo lugar nas pesquisas de opinião.

    Então, eles estão desesperados, estão atônitos, com medo do Presidente Lula, porque o Lula não para de crescer e vai crescer mais, porque a situação da vida do povo – eu vou entrar nos números da economia – só piora.

    Os cortes no Orçamento do próximo ano vão inviabilizar o funcionamento das universidades, dos centros de pesquisas. Estão tirando dinheiro dos pobres. Este ano, nós temos 3,5 milhões a mais de pobres, e eles dizem que não há dinheiro para aumentar o Bolsa Família. É muita cara de pau. A quantidade de dinheiro para comprar a votação do Temer na Câmara dos Deputados, Refis, bancos ganhando dinheiro, grandes empresários... O Itaú ganhou 25 bi lá no Carf. Agora estão dando isenção de 16 bi para as multinacionais do petróleo só no próximo ano. Agora, não tem dinheiro para o Bolsa Família. Tiraram 1,1 milhão de pessoas do Bolsa Família.

    Então, esse desespero deles é que está levando a essa procura de nomes como Luciano Huck. O Lula, inclusive, lá em Minas Gerais, falou sobre isso. Disse: "Seria bom o Huck candidato, porque, em vez daquele rosto sorridente, o eleitor veria a cara do logotipo da Globo". Eles inclusive falam de Meireles de vice. É tentar colocar alguém, porque, de fato, os planos que eles tinham, na verdade, fracassaram completamente.

    Eu, sinceramente, queria que a economia brasileira estivesse em outra situação, porque o pior de todo esse golpe é que quem está pagando a conta de tudo isso, de todo esse desgoverno, dessa quadrilha que está no Palácio do Planalto, são os mais pobres, infelizmente. São os mais pobres.

    E eu trago aqui os números, porque a mesma imprensa, infelizmente, a mesma imprensa que, quando o governo era do PT, jogava a economia para baixo, agora tenta dizer: "Olha, está tudo bem. Os empregos estão voltando".

    Eu quero aqui falar em cima de gráficos e em cima de números. Só que antes eu quero voltar um pouco. Olha, essa história que eu contei antes sobre Getúlio, Juscelino, Jango e o que aconteceu com a Dilma tem que deixar o povo brasileiro consciente de uma coisa: eu, sinceramente, acho que Lula vai ser eleito Presidente da República. Ele vai ser eleito, primeiro, porque não vão conseguir impedir a candidatura dele.

    Agora, essa matriz dessa elite brasileira golpista, que não tem compromisso com a democracia, vai permanecer. Se nós erramos, sabe o que é que foi que nós erramos? Nós subestimamos a história; nós subestimamos o caráter antidemocrático da burguesia brasileira. Subestimamos! Não usamos as armas que tínhamos para nos preparar.

    Não, não podemos cometer esse erro de novo. Nós sabemos que o DNA da Globo é golpista. O Lula eleito Presidente da República, eles vão tentar desestabilizá-lo.

    Só que, agora, nós vamos ter que aprender com a história, com o que aconteceu com Getúlio, com Juscelino, com Jango e com Dilma. São quatro ataques antidemocráticos que ocorreram em períodos diferentes da história. Para isso, nós vamos ter que governar com mobilização popular. Vamos ter que enfrentar esses setores.

    A bandeira da democratização dos meios de comunicação tem que ser colocada. Não é possível um monopólio como esse da Rede Globo. E sabe onde nós vamos nos inspirar? Nos exemplos de países como a Inglaterra, como a França, democracias capitalistas sólidas, para regular, para democratizar os meios de comunicação.

    Chega de ilusões. Vamos ter que ter um programa mais ousado. Vamos tributar as grandes fortunas, lucros e dividendos, porque é preciso ter dinheiro para fazer um programa de reformas estruturais.

    Vamos ter que mexer no rentismo. Esses juros brasileiros são escorchantes. Como aceitar 390% de cartão de crédito? O nome disso é roubo! É uma concentração bancária: quatro bancos detêm 80% do crédito do País. E esses títulos da dívida pública, com uma taxa Selic altíssima, são transferência de dinheiro do Orçamento para algumas famílias de grandes empresários e de banqueiros.

    Nós precisamos desse dinheiro para mudar a cara do País. Eu acho que, Lula sendo eleito, imediatamente nós teremos que chamar um processo constituinte, porque esta Constituição já foi destruída. Essa Emenda Constitucional dos Gastos... Rasgaram a Constituição brasileira! A Constituição do Dr. Ulisses não existe mais. E, em um processo constituinte, nós vamos fazer mobilização de massas, porque nós não podemos deixar Lula na situação em que ficou a Dilma, refém de Eduardo Cunha.

    Então, nós temos que aprender com essas lições da história. E eu vejo de forma muito clara que o Presidente Lula está consciente disso. Ele tem dito, nos seus discursos: "A primeira coisa que eu vou fazer é um referendo revogatório para anular a Emenda Constitucional do Teto dos Gastos, para anular essa reforma trabalhista, para anular as privatizações".

    Vamos jogar para o povo, porque este Governo atual não tem legitimidade para entregar o País como está entregando.

    Agora, eu vi tanta gente aqui falar de emprego...

    Eu vi o Senador Fernando Bezerra trazendo números... Eu quero mostrar números do IBGE. Aqui: a Dilma foi afastada em maio do ano passado. O desemprego, de lá até hoje, cresceu em 1,6 milhão pessoas. Isso aqui é fato. São números incontestáveis!

    É claro que piorou muito, e agora começa a ter uma retomada, porque uma recessão desse tamanho... Quando você chega ao fundo do poço, você sai; mas, infelizmente, quando há recessão grande, você às vezes tem a retomada em "V": você cai e sobe.

    A nossa, infelizmente, não está sendo essa. A economia caiu, e estamos subindo, assim, num processo de estagnação. E eu ainda chamo a atenção... O Senador Fernando Bezerra não quis me dar o aparte, porque ele sabia que eu tinha números.

    "Está melhorando o emprego". Os jornais estão fazendo uma grande festa! Agora, sabem onde está melhorando o emprego? Vou mostrar aos senhores: "Carteira assinada caiu: 810 mil pessoas em um ano". Continua caindo! Sabe onde é que está melhorando? No emprego sem carteira de trabalho e trabalhador por conta própria. A recuperação dos empregos que eles estão fazendo conta de fazer essa festa é toda de gente sem carteira assinada e por conta própria! É o cara que está desempregado e decide vender alguma coisa no centro da cidade. É isso! A comemoração deles é essa!

    Qual é o truque que eles estão fazendo? Na reforma trabalhista, eles estão querendo justamente transformar esse trabalho precário em trabalho formal. Eu citei há pouco o jornal do Espírito Santo, que dizia o seguinte: chamava para trabalho intermitente, que é uma categoria que eles criaram. Para mim, é semiescravidão, porque na Constituição diz, de forma clara, que todo trabalhador tem que receber um salário mínimo. Agora, eles quebraram isso. E, no jornal do Espírito Santo, havia lá vagas de emprego em lanchonetes e em restaurantes: R$4,45, a hora. Chamavam para trabalhar cinco horas, no sábado, e cinco horas no domingo. Sabe quanto esse cidadão vai receber no final do mês? Vai receber R$170! São esses os trabalhos de que eles estão falando!

    Inclusive, essa reforma trabalhista entra em vigor sabe quando? No dia 11 de novembro. Eu quero chamar a atenção, porque, no dia 10 de novembro, vai haver mobilizações em todo o País. É importante a gente ir para as ruas, defender os trabalhadores brasileiros.

(Soa a campainha.)

    O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – Dizer que um outro governo vai anular essa reforma trabalhista que foi feita de forma ilegítima.

    Então, eu chamo os trabalhadores brasileiros a irem às ruas nesse próximo dia 10, contra essa reforma trabalhista.

    Mas, vamos lá: os números. Eles diziam que era tirar a Dilma que a economia iria se recuperar, porque os empresários iriam retomar a confiança. Sabe quanto caiu em investimento no País? Caiu 29%! Sabe por que não investem os empresários? Porque as pessoas estão sem dinheiro na ponta; porque a demanda está lá embaixo.

    Neste ano, o investimento caiu em 5%. Aí, falaram: "Puxa! No primeiro trimestre, houve um crescimento de 1%." Houve. Mas, desse 1%, 0,9% é safra agrícola, infelizmente. Indústria caiu, investimento caiu. No trimestre passado, o crescimento foi de 0,2%. Foi a liberação do FGTS e que foi correta. O consumo das famílias cresceu 1,4%, mas o resto é tudo muito pequeno. Não há consistência e não há saída, Senador Roberto Rocha.

    Eu, inclusive, agradeço a V. Exª pelo tempo, mas, se puder me dar, ao todo, dez minutos, eu garanto que encerro. Eu peço desculpas a V. Exª.

(Soa a campainha.)

    O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – Mas, hoje, como está meio vazio... Eu agradeço muito a tolerância de V. Exª para eu tentar fechar o meu discurso.

    Eu não acredito na recuperação da economia, infelizmente, porque, veja bem, para a recuperação da demanda, temos quatro pontos centrais: consumo das famílias, gastos do Governo, investimentos e setor externo.

    De investimentos eu já falei aqui. Nós estamos afundando. E o investimento público eles estão cortando. No Orçamento de 2018, se você for comparar com 2014, a queda é de três vezes. Você sai de um orçamento de mais de 80 bilhões de investimento para pouco mais de 20 bilhões. É isso que está no Orçamento de 2018, com o investimento público lá embaixo. A Petrobras diminuiu seu investimento. Era 1,9% do PIB e agora 0,8%. Então, aqui, investimento, eu não vejo recuperação.

    Gastos do Governo. Estamos numa política de austeridade radical. Daqui também não tem saída.

    E veja o consumo das famílias. Infelizmente, essas reformas que eles estão fazendo – a reforma trabalhista e a pretensa reforma previdenciária – vão piorar a situação porque estão tirando o dinheiro das mãos dos pobres. O Lula sempre teve esse seu segredo na economia: colocar dinheiro na mão do pobre. O dinheiro que você coloca na mão do pobre, das pessoas que mais precisam é investido na economia. Uma grande desoneração que se dá para o grande empresário, aquilo vai para o bolso do empresário, não vai para a economia.

    Então, eu também não vejo, na parte de consumo das famílias, uma saída. Você melhorou no mês passado por causa do FGTS, mas não é uma melhora consistente, porque a reforma trabalhista vai significar redução salarial, e nós vamos tirar poder de compra dessas pessoas no momento em que a economia está lá embaixo. Então, infelizmente, eu não vejo por onde essa economia se recuperar.

    Este Presidente da República, o Temer, livrou-se, nessa votação da Câmara, de ser investigado pelo Supremo Tribunal Federal. A gente sabe que houve muita compra de votos. Isso aqui não é sério. Um governo que negocia a mudança do conceito de trabalho escravo com a Bancada ruralista para comprar votos de Deputados não é um governo sério.

    Agora, ele ganhou. Ele vai ficar até 2018, mas vai ficar como pato manco, um Governo fraco, um Presidente que não pode andar nas ruas deste País. Eles vão tentar agora entrar na pauta da reforma da previdência. Por isso, eu chamo novamente uma mobilização, porque 308 votos numa PEC eles não vão conseguir, mas eles estão querendo dar um jeito na reforma da previdência e aprovar algumas mudanças sem o quórum qualificado da PEC.

    Ontem, o Meirelles foi à Comissão de Assuntos Econômicos. Eu perguntei para ele: Ministro Meirelles, e os sonegadores da Previdência? O senhor está querendo mexer no benefício de prestação continuada, que atinge sabe quem? Pessoa com deficiência, idoso acima de 65 anos, que recebe uma renda inferior a um quarto do salário mínimo, pessoas muito pobres. Eles estão querendo mexer com esses, mas não mexem com os sonegadores.

    E eu olhei para ele: sabe qual é a empresa que mais deve à Previdência? A JBS. O senhor era sabe o que da JBS? Presidente do Conselho de Administração. E o senhor, como Presidente do Conselho de Administração, não pagou a Previdência. Agora vem culpar o rombo da Previdência dos pobres que recebem o benefício de prestação continuada.

    O senhor tem coragem de propor que, para ter aposentadoria integral, a pessoa tem que trabalhar 40 anos. Quem consegue trabalhar 40 anos? Ninguém fica trabalhando o tempo inteiro. Há período de desemprego. Eles querem impedir o trabalhador de receber uma aposentadoria integral. Agora, dão bilhões para grandes empresários. Este é o Governo. Qual é a autoridade desse Temer, que se aposentou com 55 anos, de elevar a idade de todo mundo para 65 anos? Não tem autoridade alguma.

    Eu encerro o meu pronunciamento, Senador Roberto Rocha, levantando esse tema da previdência, que, junto com a reforma trabalhista, para a gente é central,...

(Soa a campainha.)

    O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – ... mas eu não poderia encerrar o meu pronunciamento sem falar de um último tema, que foram os leilões de pré-sal que aconteceram, na semana passada, na sexta-feira passada, inclusive foram realizados no Rio de Janeiro. Eu participei de uma manifestação lá contra esses leilões.

    E o dramático desses leilões é o seguinte. Nós estamos entregando o nosso pré-sal para as multinacionais do petróleo a preço de banana. Não sei se vocês sabem, mas a Petrobras já vendeu 66% do Campo de Carcará, do pré-sal, para uma empresa estatal norueguesa, pelo preço de 2,5 bilhões, uma bagatela. O barril de petróleo sai a R$2. É um presente. Vendeu o Campo de Sururu à Total francesa.

(Interrupção do som.)

    O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – A Total francesa disse que foi o maior negócio da vida dela.

    E agora o que eles fizeram? Eles fizeram esse leilão do pré-sal. Primeiro, eles caíram muito a participação governamental. A média no mundo de participação governamental é 70%, 80%. A nossa aqui era 60%. Está caindo para abaixo de 40%. Por que eles fizeram isso? Eles fizeram a Medida Provisória 795. Eles inventaram uma jabuticaba para beneficiar a Shell e a Exxon Mobil. O que disseram eles? "Olha, tudo o que a petroleira investir em exploração e produção de petróleo ela pode deduzir do lucro na hora de pagar a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido e o Imposto de Renda." Então, nós podemos ter uma situação em que uma Shell ganha um campo de pré-sal e, dependendo do investimento que ela faça, em vez de pagar imposto, ela receba créditos tributários. Isso é um escândalo.

(Soa a campainha.)

    O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – E, por fim, sabe o que fizeram? O Presidente Lula criou uma política de conteúdo local para gerar empregos no Brasil, fazer navios, plataformas e sondas aqui. Sabe o que eles fizeram nesse caso, na Medida Provisória 795? Zeraram o imposto de importação.

    Então, em relação a tudo que vem de fora da cadeia de petróleo e gás não precisa pagar imposto. Eu acho que o nome deveria chamar política de conteúdo internacional, porque está gerando empregos fora do País. Você pode trazer uma plataforma, e não paga nada. Você vai destruir o setor naval brasileiro, a indústria naval, a indústria de máquinas e a siderurgia. Chamo a atenção: o aço também. Se você compra uma máquina no Brasil, paga imposto; se compra uma máquina fora do Brasil, não paga imposto.

    Eu vou encerrar, porque já passei muito o meu tempo. O Senador Roberto Rocha está aqui, quero agradecer. Vou encerrar meu discurso. Mas encerro, dizendo a todos que tenho uma convicção.

(Interrupção do som.)

(Soa a campainha.)

    O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – Eu tenho uma convicção e quero passar esta minha convicção para vocês que estão nos escutando. É impressionante a mudança que a gente está vendo no País.

    Volto a dizer: o plano deles do golpe deu errado, fracassou. O Lula está quase ganhando no primeiro turno, em tudo que é pesquisa. O povo brasileiro tem sabedoria, o povo brasileiro está operando uma mudança em curso. Nós vamos derrotar esse golpe.

    Por isso, peço só uma coisa a vocês. A luta aqui no Senado é inglória, no Parlamento é inglória. Nós temos que ocupar as ruas do País. Nós temos que impedir que essa reforma da previdência avance. Nós temos que ir para as ruas no dia 10, para falar da reforma trabalhista, porque, se houver gente na rua, ninguém segura, ninguém segura o povo brasileiro.

    E o Lula vai ser candidato. Hoje não dá tempo para falar, mas quero falar das questões jurídicas. Garanto a você: eles não vão conseguir tirar Lula do jogo.

(Soa a campainha.)

    O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RJ) – Eu garanto. Quero explicar isso depois, no próximo pronunciamento. Eles não vão conseguir.

    O golpe deles era um golpe continuado: era tirar Dilma e impedir Lula. Não vão conseguir, pessoal. Lula vai ser candidato. E a gente vai voltar a governar para este povo, vai voltar a investir em universidades, em institutos federais, vai pensar novamente um Brasil grande, que cresce, incluindo o seu povo.

    Vamos em frente. Vamos resistir. Há muita luta pela frente, mas tenho certeza da nossa vitória final. Nós vamos enterrar esse golpe, e vai ganhar a democracia brasileira, com Lula Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 02/11/2017 - Página 56