Discurso durante a 169ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Comentário sobre o segundo lugar obtido pelos estudantes brasileiros na WorldSkils, em Abu Dhabi.

Autor
Roberto Muniz (PP - Progressistas/BA)
Nome completo: Roberto de Oliveira Muniz
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
EDUCAÇÃO:
  • Comentário sobre o segundo lugar obtido pelos estudantes brasileiros na WorldSkils, em Abu Dhabi.
Aparteantes
Cristovam Buarque, Elmano Férrer.
Publicação
Publicação no DSF de 07/11/2017 - Página 79
Assunto
Outros > EDUCAÇÃO
Indexação
  • ELOGIO, GRUPO, ESTUDANTE, BRASIL, MOTIVO, COLOCAÇÃO, COMPETIÇÃO, AMBITO INTERNACIONAL, PAIS ESTRANGEIRO, EMIRADOS ARABES UNIDOS.

    O SR. ROBERTO MUNIZ (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - BA. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente Paim, quero saudar a todos aqui do Rio Grande do Sul. Parece que vieram em sua homenagem. Então, quero parabenizá-los e dizer que estão muito bem representados aqui nesta Casa com o nosso Senador Paim, a Senadora Ana Amélia também, que é do nosso Partido, e a gente fica muito feliz quando as galerias estão repletas para acompanhar os trabalhos desta Casa.

    Mas eu trago aqui um tema também que faz uma complementaridade às palavras do nosso grande Senador Cristovam Buarque. A questão que me traz aqui é algo que cala fundo no coração dos brasileiros, que é quando se discute a educação. E a gente vem ouvindo, Senador Cristovam, Senador Paim, senhores e senhoras, que a educação é uma prioridade neste País. Eu acho que essa frase já se tornou obsoleta, porque na verdade é uma necessidade que nunca alcançamos nem colocamos como prioridade.

    E quero aqui dizer que também, apesar de todos os desmandos e todas as coisas ruins que acumulamos durante muitos anos em educação, nós podemos destacar algumas questões que podem nos trazer um pouco de esperança para o futuro. E aí quero tratar especialmente da oportunidade que tivemos, juntos – eu, o Senador Cristovam, o Senador Armando Monteiro, o Senador Ricardo Ferraço –, de acompanhar a WorldSkils, que é uma olimpíada mundial da educação profissional.

    Em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes, durante a data de 15 a 18 de outubro, Senador Paim, nós tivemos a oportunidade de ver um Brasil diferente, um Brasil que se tornou vice-campeão, competindo com outros 60 países. Lá estavam 1.300 jovens de até 23 anos disputando, em mais de 30 setores da educação profissional, quem melhor tem o seu desempenho.

    Para vocês terem uma ideia, nós tínhamos lá diversas delegações disputando desde a construção de uma parede, a colocação dos azulejos, a uma competição para os trabalhos de hotelaria na confecção de uma cama, na arrumação de uma mesa. Enfim, coisas importantíssimas como a robótica, a informática, o conserto de equipamentos ligados à aviação civil. Nós vimos lá jovens desmontando e montando um motor de um helicóptero, jovens pintando uma funilaria.

    Então, nós tínhamos diversas atividades da área profissional exercidas por jovens, e jovens competindo para que quem estivesse melhor qualificado ganhasse aquela medalha. E aí eu quero destacar esse momento, porque era um momento que era muito maior do que a competição, que é a confraternização da juventude com um olhar para o ambiente do trabalho.

    Na inauguração do evento, tivemos um evento em que quase 8 mil pessoas estavam assistindo, como se fosse nas Olimpíadas, a todos os países passarem com suas bandeiras, e a juventude representando esses países. Era de emocionar a todos que estavam lá a certeza de que aqueles jovens tinham o seu próprio futuro e o futuro do seu país.

    E isso fez com que nós tivéssemos, em um determinado momento, um café da manhã, onde todos nós, Senadores, Deputados e também esses jovens junto com o presidente e a diretoria da CNI, pudéssemos confraternizar. E lá, através do seu canto de guerra, do seu canto que emulava a atividade e a prática do trabalho como algo que era definidor para a boa conclusão da participação dos jovens, ficou claro que aquele desejo de representar o país e também o desejo de construir o seu próprio futuro faria daqueles jovens vencedores, vencedores na vida e vencedores nas Olimpíadas.

    Foi um momento muito importante, Senador Paim, porque percebemos que há possibilidade de se construir um futuro sem pensar simplesmente nas coisas que dão errado. Nós precisamos, neste País, não é de otimismo, é de um realismo para as questões que são boas.

    De lá para cá, Senador Cristovam, tenho tentado acompanhar a mídia. Fiz questão de deixar as minhas palavras um pouco mais longe daquela data, para ver se a mídia poderia trazer aquele fato como algo importante, não pela qualidade simplesmente do evento, mas por ser um farol que ilumina o futuro dos jovens, para que mais jovens se coloquem à disposição de estar em carreiras técnicas, para que esta Casa – o Senado Federal, o Congresso Nacional – possa entender que existe um déficit. Esse déficit, em relação à educação profissional, é monstruoso, Senador Cristovam.

    Posso aqui dizer rapidamente, passeando aqui por uma tabela em que você percebe a proporção de alunos do ensino médio integrado à educação, que na Alemanha 47,8% dos alunos do ensino médio já integram a educação com a educação profissional; na Áustria, quase 70%; na Espanha, 34%; na Finlândia, 70%; na Itália, 56%; em Portugal, 46%; no Reino Unido, 42%; na Suíça, 65%; e no Brasil não chega a 10%, Senador Paim.

    Esse é um triste legado, mas que, com as olimpíadas da educação profissional, nos traz a convicção de que o jovem só deseja essa oportunidade que o Estado brasileiro está negando a ele. O jovem quer essa oportunidade para poder mudar a sua vida e construir, mais do que nunca, um futuro melhor para a sua família.

    O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – Eu quero cumprimentar V. Exª pelo pronunciamento. Olha, é um belo pronunciamento.

    Eu sou um apaixonado pelo ensino técnico. Eu era um menino muito pobre em Caxias do Sul, mas, a partir do momento em que eu entrei na escola técnica – de manhã eu aprendia a profissão, e à tarde tinha um ensino curricular normal –, isso permitiu que eu desse uma alavancada na minha vida. Hoje estou aqui, no Senado.

    Então, como sou um apaixonado pelo tema, queria cumprimentá-lo. Vou pedir cópia do seu pronunciamento no final.

    O SR. ROBERTO MUNIZ (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - BA) – Muito obrigado, Senador Paim.

    Senadores, eu trago aqui uma questão... Senador Paim, é muito importante essa sua trajetória, porque temos ouvido falar, Senador Elmano, Senador Cristovam, de um mantra. Existe um mantra hoje em todos os locais em que você vai fazer capacitação, vai trabalhar com empreendedorismo. As pessoas tendem a levar o jovem a pensar fora da caixinha, ou seja, a fazer da vida deles uma inovação. E é real, é importante nós entendermos que a criatividade é, sem sombra de dúvida, o motor que impulsiona a humanidade do agora para o futuro.

    Mas naquele dia lá, naquele dia em que eu vi os jovens brasileiros conseguirem a medalha de vice-campeões mundiais na educação profissional, eu comecei a pensar uma coisa um pouco diferente.

    Eu queria trazer para nós um mantra. Em vez de a gente pensar fora da caixinha, vamos pensar em construir caixinhas. Vamos fazer com que os jovens possam ter habilidade, competência e atitude para construir caixinhas, para que a gente possa entregar produtos, para que os cursos técnicos de tecnologia possam estar disponíveis para essa juventude, para que ela possa construir, com a sua habilidade, um país diferente.

    Precisamos de jovens que construam as caixinhas, para que, depois de construir aquela caixinha, ele possa fazer uma caixinha maior, uma caixinha melhor. Depois que ele fizer aquele pão – e estava havendo um concurso de panificação –, que ele possa fazer um pão mais saudável, um pão com os produtos locais, como a mandioca brasileira.

    É assim que nós vamos melhorar: ensinando os jovens a construir a própria caixinha no Brasil e a aperfeiçoar essa caixinha, para que nós possamos fazer um Brasil cada vez melhor.

    Então, eu queria construir um mantra diferente. Em vez de dizer "vamos pensar fora da caixinha", digamos "vamos construir a caixinha e vamos fazer dessa caixinha uma caixinha cada vez maior e melhor". E aí, quem sabe, Senador Paim, Senadores aqui presentes, nós possamos ter, no futuro, nas primeiras páginas do nosso jornal, a certeza de que, se ganharmos, vamos estar nas manchetes, e não simplesmente se perdermos.

    Fiquei muito preocupado com a taxa de abstenção ontem do Enem. Fiquei preocupado, Senador Cristovam, se o sentimento é de desistir da educação. Eu entendo que essa educação, que tem de se tornar prioridade, por uma necessidade de Brasil, parte do momento em que a gente tem a vontade de fazer a inclusão social através das escolas.

    E não é só escola, não é só escola em tempo integral – que é outra coisa em que a gente sabe que há uma disputa muito grande. Muita gente fala em escola em tempo integral, mas eu acho que chegou a hora em que precisamos fazer educação em tempo integral –, mas é disponibilizar ao aluno a possibilidade de ele poder se educar, mesmo quando não está na escola.

    Eu quero finalizar, parabenizando as instituições que conseguem, com toda a dificuldade, fazer essa inclusão através da educação profissional. Quero parabenizar a CNI, através do Senai; a CNA, através do Senar; a Confederação do Comércio, através do Senac...

    O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – Eu fiz o Senai.

    O SR. ROBERTO MUNIZ (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - BA) – V. Exª fez o Senai?

    Eu só quero finalizar, porque sei que esse tema é muito candente – acende um sentimento de Brasil que a gente deseja, acende a vontade de construir esse Brasil novo – e é um tema que sempre está na agenda, mas nunca está na prioridade. A gente precisa mergulhar profundamente, para que a gente não destrua o que vai bem.

    Eu tive a oportunidade de ter um debate com o jornal Valor Econômico, com a diretoria da CNI também presente. Eu tive que ir lá dar um testemunho, como V. Exª está dando. Eu fui Secretário do Trabalho e Ação Social do Estado da Bahia nos anos 2001, 2002.

    Naquele instante, nós estávamos implantando a Ford. Não seria possível a implantação da Ford se não fosse o Senai. Não havia ambiente – ambiente do trabalho –, não havia trabalhadores capacitados para enfrentar o desafio da implantação de uma nova fábrica. E eu posso dar o testemunho da Bahia: se não fosse o Senai, não haveria Ford, não haveria as 27 sistemistas à época, não haveria as fábricas de calçados, não haveria a industrialização do Estado da Bahia. Nós ficaríamos presos na década de 70, quando implementamos o polo.

    Podemos dizer isso do Senai, do Senac, em diversos Estados. Se não fosse a presença deles para apoiar a implementação e a capacitação dos jovens e de trabalhadores também – isso é muito importante. Não é só a inclusão da juventude, mas também a inclusão e o reposicionamento laboral do trabalhador brasileiro, que eles fazem –, não haveria Brasil. O Brasil seria só São Paulo. E o Brasil sem Brasil não é uma São Paulo forte. Nós somos fortes, porque somos todos os Estados.

    É por isso que eu quero parabenizar o Presidente Robson; todos os presidentes das federações; o Presidente da Federação das Indústrias do Estado da Bahia, Ricardo Alban; todos os diretores; os professores e dizer que nós perdemos. Nós perdemos para a Rússia, que será a sede dos próximos jogos, das próximas Olimpíadas.

    Mas a gente teve um sabor de vitória maravilhoso. Sabem por quê? Porque grande parte da equipe da Rússia foi treinada por brasileiros, pelo Senai. Ou seja, nós ficamos no segundo lugar com gostinho de campeões. A educação não é a disputa pelo primeiro lugar; é a disputa pela excelência. Excelência não é você trazer a medalha, é você participar, para que mais jovens possam ter medalha no peito, principalmente quando a medalha trata da educação.

    Então, Sr. Presidente, queria agradecer e parabenizar esses jovens. Eu soube que, no dia 22 de novembro – ainda não recebi oficialmente essa confirmação –, o Presidente Temer receberá esses jovens que foram agraciados com o vice-campeonato mundial. Então, eu queria parabenizá-los já de antemão. Mas também, se não acontecer isso, que se sintam todos abraçados.

    Quero só registrar um exemplo: houve um jovem que saiu do interior de Minas Gerais e esqueceu o passaporte na bagagem dele. Parece brincadeira, mas este País tem muita coisa boa. Houve uma mobilização enorme, porque essa bagagem sumiu e com ela sumiu também, infelizmente, o passaporte. Sem passaporte, Senador Elmano, ele não podia viajar. A Polícia Federal, a diretoria da CNI, a companhia aérea Azul, todos se mobilizaram. O jovem chegou lá com um dia de atraso, mas ele foi campeão.

    O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – Muito bem.

    O SR. ROBERTO MUNIZ (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - BA) – Então, quero, com estas palavras, parabenizar todos que participaram lá.

    Senador Cristovam.

    O Sr. Cristovam Buarque (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PPS - DF) – Me permite...

    O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – Eu estava estranhando o Senador Cristovam não fazer um aparte nesse tema.

    O Sr. Cristovam Buarque (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PPS - DF) – Nesse tema...

    O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – V. Exª... Nesse e em outros temas. Eu esperava nesse.

    O Sr. Cristovam Buarque (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PPS - DF) – Nesse tema... Lembrando que, além do senhor, Senador, o Presidente Lula também...

    O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – Também.

    O Sr. Cristovam Buarque (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PPS - DF) – ... foi aluno Senai. Imagine se não tivesse sido. A vida dele mudou...

    O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – Mudou, mudou, mudou radicalmente.

    O Sr. Cristovam Buarque (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PPS - DF) – ... como a gente encontrou jovens que tiveram, com clareza, uma mudança radical na vida por terem passado por um curso do Senai ou do Sesc, por exemplo, ou por outro curso profissionalizante. Mas eu tive o privilégio de estar, junto com o Senador Roberto, o Senador Ricardo Ferraço, o Senador Armando Monteiro, lá nessa grande Olimpíada. É uma experiência excepcional. É como se todas as olimpíadas atléticas fossem em um só lugar, durante poucos dias. Você entra ali e vê todos os tipos de exercícios sendo disputados. Ela é sobre o como fazer, não sobre quem salta mais longe, quem corre mais depressa, quem pula mais alto, quem joga mais futebol. É sobre quem é capaz de fazer um bolo melhor, quem é capaz de fazer uma joia mais bonita, quem é capaz de consertar mais rapidamente o motor de um helicóptero, fazer um robô – 60 especialidades, se eu não me engano. É algo fenomenal, com muitos países, cada um com suas equipes, disputando. E o Brasil tem se saído bem nas últimas olimpíadas. O que eu creio que vale a pena a gente dizer é que aí se vê a capacidade brasileira de estar na frente, mesmo na área educacional, em primeiro lugar – basta fazer um esforço. Nós não estamos condenados a ser apenas grandes atletas, nós podemos ser também grandes intelectuais, grandes profissionais, basta investir corretamente. Segundo, o que eu acho importante desse evento é manifestar o fundamental do ensino profissionalizante. O Brasil tem um fascínio por universidade, e não percebe que hoje mais importante até do que muitos cursos universitários são certos cursos profissionalizantes. É lamentável esse nosso fascínio pelo superior, sem querer passar pelo médio. A prova é o Enem. Uma coisa boa que há no Brasil hoje é como, durante esse tempo – era um dia, agora dois dias –, o Brasil inteiro se mobiliza pelo Enem. E o Enem começou como um exame para medir a qualidade do ensino médio e não era para entrar na universidade. Ninguém dava a mínima para o Enem, quase não saía nos jornais que havia Enem. Quando o Enem se transformou num instrumento para entrar na universidade, o Brasil o descobriu! O Brasil o descobriu e esqueceu o lado fundamental do Enem que é medir a qualidade das escolas. Antigamente, se divulgavam as notas que as escolas tiravam. Paramos de fazer isso ou paramos de dar importância a isso, pelo fascínio com o ensino superior. É como se todo mundo quisesse ser da Seleção Brasileira de Futebol sem querer jogar bola no campo da várzea. É preciso promover...

    O SR. ROBERTO MUNIZ (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - BA) – Sem passar pelas categorias de base.

    O Sr. Cristovam Buarque (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PPS - DF) – Sem passar pelas categorias de base. Todo mundo quer saltar, não quer subir – são diferentes subir e saltar. As Olimpíadas, a que tivemos a oportunidade de assistir, mostram a importância do curso profissionalizante. Vemos pessoas como o Senador Paim que mudaram a vida graças a um curso profissionalizante. Eu quero também parabenizar o Dr. Robson, da CNI, e todos da equipe dele da CNI, do Senai, de todas as entidades que participaram e dizer que deu orgulho não apenas de ser brasileiro e de estarmos tão bem no cenário internacional em cursos profissionalizantes, mas também como alguém preocupado com a educação do povo brasileiro. Eu gostaria que isso fosse mais divulgado, como o senhor disse. Divulgou-se pouco nosso resultado. Se a gente tivesse tirado o segundo lugar em esportes, eu garanto como teria havido mais divulgação do que o segundo lugar nas Olimpíadas de cursos profissionalizantes. É preciso divulgar, para mostrar que somos capazes e para que as crianças, os jovens brasileiros digam: "Eu quero fazer um curso profissionalizante e, depois, entro na universidade." Parece que não há esse gosto ainda. O mercado vai obrigar, porque hoje o mercado favorece mais até um bom pedreiro que uma grande quantidade de profissionais de nível superior; mais um...

(Soa a campainha.)

    O Sr. Cristovam Buarque (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PPS - DF) – ... bom cozinheiro que os de algumas atividades de nível superior. Eu acho que o mercado vai forçar isso, porque a empregabilidade está, sobretudo, no curso profissionalizante. E a gente precisa convencer as pessoas disso, e as Olimpíadas ajudam, mas era preciso divulgá-las melhor. Eu espero que um discurso como o seu ajude nessa divulgação. Eu quero confirmar que no dia...

    O SR. ROBERTO MUNIZ (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - BA) – Dia 22.

    O Sr. Cristovam Buarque (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PPS - DF) – ... 22 eles vão estar aqui, no Congresso também – eu não sei lá na Presidência. Eu creio que é um bom momento de prestarmos uma homenagem a eles, a esses jovens que trouxeram para o Brasil uma quantidade tão grande de medalhas de ouro, prata e de bronze, porque são bons profissionais.

    O SR. ROBERTO MUNIZ (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - BA) – Senador Cristovam, eu quero receber o seu aparte com muito orgulho e quero dividir com você uma pergunta que você fez à minha esposa, Tereza, e que dividiu com várias pessoas que estavam à mesa. A pergunta é sobre uma coisa que é muito simbólica e importante: "Quem são os ídolos da nossa juventude?" Começamos a debater e vemos a proeminência da quantidade de ídolos que vêm do esporte, a quantidade de ídolos que vêm das artes. Perdemos os nossos ídolos que vêm da literatura, que vêm da educação.

    Eu acho que talvez este fosse um momento, com a vinda desses jovens aqui, para que o Senado pudesse não os transformar em ídolos, mas estabelecer para a juventude brasileira que é possível ser campeão educando e estudando. Isto é muito importante. É muito importante que, na passagem deles, todos que estejam aqui possam dar essa palavra de incentivo para que mais jovens se incorporem ao projeto da educação profissional.

    Senador Elmano Férrer, por favor.

    O Sr. Elmano Férrer (PMDB - PI) – Meu nobre Senador Roberto Muniz, eu queria me congratular com o nobre Senador pelo tema da educação ou da formação profissional, ao tempo em que ressalto a importância desse evento de âmbito internacional, as Olimpíadas, em que o Brasil pontuou graças ao Senai, que tem uma história na formação profissional especificamente para a indústria. O nobre Senador Cristovam falou do fascínio pela universidade, pelo ensino superior, que predomina na nossa cultura. Reconhecemos que nossa cultura, sobretudo nas classes da base da pirâmide social, é a de ter um filho na universidade, um filho com uma formação superior. Entretanto, preocupa-me muito hoje a frustração de muitos egressos dessas faculdades Brasil afora, porque não encontram oportunidade no mercado de trabalho, quando, no meu entendimento, no País, os agentes econômicos, quer da indústria, do comércio, do setor de serviços e da agricultura, reclamam por profissionais de ensino médio. Ressalte-se também, nesta oportunidade, por dever de justiça, a prioridade dada pelo Presidente Lula às escolas de formação profissional, às escolas federais – hoje os institutos federais de educação tecnológica. Quando ele assumiu, elas eram em número x, e ele deixou com três vezes x. É importante, porque ele vivenciou. Foi a escola profissionalizante que permitiu a ascensão como profissional, como trabalhador e a ele chegar aonde chegou. Tanto é que ele e a Presidente Dilma também multiplicaram as escolas profissionalizantes. E eu vejo, repito, uma grande preocupação que nós devemos ter esse espaço que separa o ensino profissionalizante do ensino superior no Brasil. Nós estamos levando muitos jovens – é questão de cultura – à frustração, uma frustração coletiva, porque 80% dos egressos das nossas faculdades não encontram mercado de trabalho – essa é a grande realidade –, ao tempo em que todos os egressos das escolas profissionalizantes, principalmente dos institutos federais de educação, se inserem no mercado de trabalho num curto espaço de tempo. Eu vejo isso. Nós temos uma escola que é a primeira Escola Técnica Federal do Piauí, e todos, principalmente quando não tinham oportunidade no Estado, se sobressaíam em São Paulo ou em outras regiões de outros Estados do Brasil. Então, eu vejo que é uma oportunidade de nós reconhecermos não só o trabalho do Senai, como também do Senac, na formação de profissionais para o comércio e para o setor de serviço, do próprio Senar, para a agricultura, e do Sebrae, que também tem um papel importante na formação ou na requalificação dos empreendedores nacionais das mais diversas atividades econômicas, sobretudo voltado para a micro e pequena empresa. Então, são instituições de um trabalho muito importante e relevante não só para o desenvolvimento do País, mas, sobretudo, para o engrandecimento profissional dos nossos jovens. Eu creio que nós temos que dar prioridade ao ensino profissionalizante, porque hoje sabemos que – repito – realmente têm sobressaído as universidades e as faculdades isoladas, principalmente os institutos nas escolas superiores privadas da educação. Eu creio que o pronunciamento de V. Exª engrandece esse discurso. Aliás, o nosso grande mestre nessa área, o nosso Senador expert na área da educação, o Prof. Cristovam, conhece e entende muito bem essa matéria. Então, eu queria me congratular com V. Exª pelo oportuno pronunciamento feito nesta Casa ao ressaltar a importância do ensino profissionalizante em nosso País.

    O SR. ROBERTO MUNIZ (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - BA) – Senador Paim, incorporo o aparte do nosso amigo Senador Elmano Férrer e, para finalizar, eu quero convidar vocês. Eu estou finalizando, Senador Paim, Senador Cristovam e Senador Elmano, um relatório sobre os anos do Pronatec. A Comissão de Educação, através da Senadora Lúcia Vânia, me deu a oportunidade e a honra de fazer a avaliação da política pública da educação profissional. Eu estou finalizando, junto com os nossos consultores da Casa e com os técnicos do gabinete, esse relatório. Quero, oportunamente, poder colocá-lo à disposição de vocês, porque é de fundamental importância o Pronatec. Não podemos deixá-lo morrer e, para que ele não morra, precisamos fazer um redirecionamento em algumas questões pontuais para que possamos ter não um programa, mas, definitivamente, uma política pública que abrace a educação profissional no nosso País.

    Muito obrigado, Senador Paim. Eu quero agradecer a todos que participaram deste nosso discurso. Muito obrigado.

    O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – Meus cumprimentos, Senador Roberto Muniz. É uma fala em que seria muito bom que este plenário estivesse lotado, mas mesmo aqueles que não estão aqui poderão, via TV Senado, ainda recuperá-la. É uma fala importante. Eu, por exemplo, não sabia que, na Espanha, 70% passam pelo ensino técnico. São dados que só vêm iluminar mais o nosso caminho, nós, eu diria – e percebi que V. Exª também –, que somos apaixonados pelo ensino técnico. É como V. Exª disse: primeira caixinha, segunda caixinha, assim, chegaremos todos lá. Parabéns a V. Exª.

    O SR. ROBERTO MUNIZ (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - BA) – Muito obrigado, Senador.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 07/11/2017 - Página 79