Discurso durante a 170ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Críticas ao discurso proferido pelo Líder do Partido dos Trabalhadores.

Registro da presentação de projeto de resolução para cassar o decreto editado pelo ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que autoriza os fiscais do Ibama a destruirem os equipamentos empregados na prática de ilícitos ambientais.

Autor
José Medeiros (PODE - Podemos/MT)
Nome completo: José Antônio Medeiros
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ELEIÇÕES E PARTIDOS POLITICOS:
  • Críticas ao discurso proferido pelo Líder do Partido dos Trabalhadores.
MEIO AMBIENTE:
  • Registro da presentação de projeto de resolução para cassar o decreto editado pelo ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que autoriza os fiscais do Ibama a destruirem os equipamentos empregados na prática de ilícitos ambientais.
Publicação
Publicação no DSF de 08/11/2017 - Página 31
Assuntos
Outros > ELEIÇÕES E PARTIDOS POLITICOS
Outros > MEIO AMBIENTE
Indexação
  • CRITICA, DISCURSO, AUTORIA, LIDER, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), LUIZ INACIO LULA DA SILVA, RELAÇÃO, DEFESA, PATRIMONIO PUBLICO, BRASIL.
  • SOLICITAÇÃO, APOIO, SENADOR, PROJETO DE RESOLUÇÃO, AUTORIA, ORADOR, OBJETIVO, CASSAÇÃO, DECRETO FEDERAL, AUTORIZAÇÃO, DESTRUIÇÃO, EQUIPAMENTOS, PARTE, FISCALIZAÇÃO, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), REALIZAÇÃO, ATO ILICITO, MEIO AMBIENTE.

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PODE - MT. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, Senador Cássio Cunha Lima, e todos que nos assistem, o debate político nacional tem ficado cada vez mais difícil para a sociedade compreender, porque existe uma realidade que é e uma que deveria ser; existe uma realidade que é e uma que alguns dizem ser.

    Estou vendo agora, de repente e não mais que de repente, começarem a defender o patrimônio nacional. Hoje, o Líder do Partido dos Trabalhadores fez um discurso emocionante, um discurso efervescente, defendendo o patrimônio nacional, mas, Sr. Presidente, permita-me, pois quero que aqueles que nos ouvem possam ouvir, nas próprias palavras do grande timoneiro do Partido dos Trabalhadores, Sr. Luiz Inácio Lula da Silva, o que o Lula falou sobre entregar o patrimônio brasileiro a outros países. São palavras de Luiz Inácio Lula da Silva sobre entregar o patrimônio brasileiro a outros países (Reprodução de áudio de celular):

Eu quero confessar para vocês e falo isso com orgulho: possivelmente, se não fosse um governo como o nosso aqui, no Brasil, o Evo Morales teria tido muito mais dificuldade na Bolívia, porque aqui no Brasil havia uma elite atrasada que queria que o Brasil fosse duro com a Bolívia. Eu lembro da primeira conversa que você teve, no meu gabinete, com o Evo Morales, com o Marco Aurélio Garcia, quando você perguntou: "Ó Presidente Lula, como você se comportaria se nós nacionalizássemos a Petrobras?" Isso antes de eles serem governo. E eu disse: "Olha, o gás é de vocês, o petróleo é de vocês, portanto, sabe, vocês fazem o que vocês quiserem." E foi assim que nós nos comportamos.

    "E foi assim que nós nos comportamos." Aquilo ali, segundo os entendidos, foi um prejuízo, por baixo, de 5 bilhões ao Brasil. Entregou-se de mão beijada. Na época, falaram: "Não, simplesmente, eles tomaram, colocaram o Exército, fez aquela coisa toda." E hoje ele se jacta e diz que existia ali uma elite atrasada que queria fazer mal à Bolívia. Portanto, o Lula e o PT, que eram muito avançados, fizeram aquela pequena doação da empresa brasileira à Bolívia. Entregaram de mão beijada! Não é que venderam, não; deram! E agora ficam aqui pelos cantos gritando, defendendo o patrimônio brasileiro.

    Eu estou fazendo esse parêntese aqui simplesmente para que as pessoas possam ver que não é bem assim, que não é esse amor todo pelo Brasil, que não é esse cuidado todo com o Erário.

    Hoje, recebi, em meu gabinete, um prefeito dizendo sobre as máquinas que receberam. Dilma fez um programa, o chamado PAC 2, que distribuiu máquinas moderníssimas para todos os Municípios. Aquilo deu um rombo, nas finanças brasileiras, de bilhões também. Essas máquinas estão quase todas paradas – os caminhões e as máquinas –, porque os prefeitos não conseguem dar manutenção. Aquilo era para fazer serviços na pequena agricultura, mas boa parte dos caminhões está carregando lixo nos Municípios, e as máquinas estão sem ter muita utilidade, porque as prefeituras não conseguem dar manutenção.

    Isso é só para fazer um contraponto, para que a população brasileira não caia no engodo desses discursos bonitos. Eles colocam assessores muito competentes – aqui, no Senado, há um profissional chamado ghost writer – que escrevem aqui discursos históricos, se precisar. Aí eles vêm aqui, leem e transformam a realidade. É importante fazer esse contraponto, para que novamente a população brasileira não caia nesse engodo, porque já caiu por diversas vezes. E não é fácil, realmente, se livrar dessa teia de inverdades. Todos os dias, como se fosse um pingo d'água, eles vêm aqui, se revezam, combinam a estratégia e começam.

    Se fosse só o Partido dos Trabalhadores, haveria conserto, mas, não; eles se revezam tanto aqui como na Câmara, porque eles têm várias instâncias, vários puxadinhos. Há um Partido que ontem lançou uma candidata, lançou um balão de ensaio como candidata e está ensaiando uma briga pública. Então, eu quero avisar também aos eleitores que aquilo é fake, aquilo não é verdade. Na verdade, estão ensaiando, para, no final, caminharem todos juntos com o PT. Por quê? Também é uma forma de buscar espaço. Criam uma dificuldade para vender uma facilidade. E é bom também avisar, para que o eleitor possa saber se desviar dessas mazelas.

    Por falar em mazela, eu queria também, Sr. Presidente, falar sobre um decreto que o Presidente Lula fez em 2008. Esse decreto tem causado um mal tremendo ao Estado de Mato Grosso, Senador Fernando Bezerra. O que acontece? Esse decreto autoriza a destruição de equipamentos por parte da fiscalização do Ibama: destruição de caminhões, de patrolas, de qualquer tipo de equipamento que esteja cometendo ilícitos ambientais. Num primeiro momento, de repente, podemos falar: "Que bacana! Se está cometendo ilícito, é preciso destruir mesmo e tal." Agora, vejam bem, se há uma balsa cometendo um ilícito, afunda-se a balsa. Aí eu lhe pergunto: se há 2 mil litros de combustível ali, isso não vai causar um dano ambiental também? Se há um trator causando um ilícito, vamos queimar o trator. Isso também não traz um dano? O argumento é que geralmente os fiscais têm dificuldade de retirar esses equipamentos. Senadora Simone Tebet, eu penso que, no momento em que nós estamos, na quadra que nós estamos, já não se justificam mais essas coisas. Há prefeituras que fazem de tudo por um equipamento que seja, um trator, uma caminhonete. Então, eu penso que esses equipamentos... Se vai-se fazer uma operação, já se pode até combinar com o prefeito: "Prefeito, arruma uma prancha que nós temos uns equipamentos ali para buscar." Levem esses equipamentos e doem para a prefeitura. Agora, o que acontece? Estão queimando equipamentos. Estados como Mato Grosso têm sido vítimas.

    E as denúncias têm-se acentuado e constantemente chegado ao nosso gabinete de que tem havido arbitrariedades. Eu espero que não haja, mas eu tenho me preocupado muito, Senador Cássio Cunha Lima, com Estados como o Mato Grosso. Por quê? Sem querer dar uma de coitadismo, coisas que acontecem no Mato Grosso não acontecem no Sul e Sudeste maravilha; coisas que, às vezes, acontecem no Nordeste não acontecem nos grandes centros.

    Recentemente, eu ouvi uma fala do Ministro Barroso, que eu achei extremamente preconceituosa. Num debate jurídico, ele disse que, em Mato Grosso, está todo mundo preso. Um colega dele, anteriormente, certa feita, já tinha feito um comentário jocoso sobre Mato Grosso, dizendo, referente ao Ministro Gilmar Mendes: "O senhor não está falando com um jagunço da sua fazenda", fazendo alusão como se, em Mato Grosso, toda fazenda fosse cheia de jagunço, Senador Fernando Bezerra.

    Eu queria dizer aqui, em nome do bom povo de Mato Grosso – e aqui falo por Mato Grosso do Sul também –, que as nossas fazendas hoje praticamente seguram a balança comercial brasileira, que, nas nossas fazendas, nas cozinhas, há...

(Soa a campainha.)

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PODE - MT) – ... nutricionistas...

    Eu já me encaminho para o final, Sr. Presidente.

    Nas fazendas, hoje, há cozinhas com nutricionistas. As nossas fazendas são verdadeiras empresas.

    São estereótipos, pois, quando se fala de Mato Grosso, o sujeito já vem pensando que é trabalho escravo, que é jagunço. E aí, quando chegam esses funcionários, esses servidores públicos lá, eles já chegam com essa sanha: "Vamos queimar tudo, vamos quebrar tudo."

    Eu quero dizer aos meus pares que eu estou colocando aqui, e peço apoio, um projeto de resolução para cassar esse decreto do Presidente Lula e parar com essa história de queimar equipamento. Eu vejo que pegam um caminhão com uma tonelada de cocaína e não vejo Polícia Federal queimando o caminhão. O que se diz? Perdimento do bem em nome do Erário, mas não se toca fogo no caminhão carregado com cocaína. Agora, pegam um trator em determinado lugar e já tocam fogo?!

    Um sujeito em Colniza me falou:

Senador, eu deixei tudo que eu tinha e comprei um Volvo para poder carregar eucalipto. Fui mostrar a lavoura de eucalipto para o meu vizinho, e, quando eu voltei, meu caminhão estava em chamas. E eu falei: "Pelo amor de Deus, o que vocês fizeram?" E disseram: "A gente pensou que você ia tirar madeira." E ele falou: "O caminhão estava vazio, não estava cometendo crime algum." E disseram: "Mas nós pensamos que você ia tirar madeira em terra indígena".

    Sabem por que eles pensaram isso? Porque a estrada que ali tocava ia para uma terra indígena. Não pode ser assim. Eu duvido que fariam isso num Estado como São Paulo ou num Estado como o Rio de Janeiro, mas, lá no interior do Mato Grosso, lá no meio do mato, onde há hipossuficiência total dos produtores, esse tipo de coisa acontece.

    Eu peço encarecidamente ao Ministro...

(Soa a campainha.)

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PODE - MT) – ... Zequinha Sarney e à Presidente do Ibama – e já encerro, Sr. Presidente – para encontrar um meio-termo. Que possamos cassar esse decreto aqui e fazer uma legislação que possa dar instrumentos para a fiscalização do Ibama, mas não esse tipo de coisa.

    Não cabe mais esse tipo de situação, até porque isso está causando revoltas. Lá, já por duas vezes, veículos e a sede do Ibama foram queimados, porque, se o Estado age dessa forma, a população está se achando no direito de também fazer o mesmo. Barbárie gera barbárie!

    Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 08/11/2017 - Página 31