Discurso durante a 183ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Solidariedade à Senadora Kátia Abreu, em razão de sua expulsão do PMDB.

Comentários sobre a campanha mundial “16 dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres”.

Autor
Vanessa Grazziotin (PCdoB - Partido Comunista do Brasil/AM)
Nome completo: Vanessa Grazziotin
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ELEIÇÕES E PARTIDOS POLITICOS:
  • Solidariedade à Senadora Kátia Abreu, em razão de sua expulsão do PMDB.
DIREITOS HUMANOS E MINORIAS:
  • Comentários sobre a campanha mundial “16 dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres”.
Publicação
Publicação no DSF de 30/11/2017 - Página 13
Assuntos
Outros > ELEIÇÕES E PARTIDOS POLITICOS
Outros > DIREITOS HUMANOS E MINORIAS
Indexação
  • SOLIDARIEDADE, KATIA ABREU, SENADOR, FATO, EXPULSÃO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DO MOVIMENTO DEMOCRATICO BRASILEIRO (PMDB), MOTIVO, DIVERGENCIA, POLITICA.
  • COMENTARIO, CAMPANHA, AMBITO INTERNACIONAL, COMBATE, VIOLENCIA, VITIMA, MULHER, REFERENCIA, DIA, LUTA, SINDROME DE IMUNODEFICIENCIA ADQUIRIDA (AIDS), IGUALDADE RACIAL.

    A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PCdoB - AM. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão da oradora.) – Muito obrigada, Sr. Presidente.

    Srªs Senadoras, Srs. Senadores, Sr. Presidente, aproveitando a presença da Senadora Kátia aqui, Senadora Kátia, não sei se V. Exª ou o Brasil prestou atenção, mas a Senadora Kátia está inscrita pela Liderança da Minoria. E está inscrita pela Liderança da Minoria porque, há alguns dias, na semana passada, o PMDB, o Partido dela de até então, tomou uma decisão de expulsá-la do Partido. Senadora Kátia, essa notícia foi uma notícia inacreditável não para mim, mas para o Brasil inteiro.

    Imediatamente, assim que soube, fui às minhas redes sociais manifestar solidariedade a V. Exª, Senadora Kátia. Sobretudo porque o Partido, que pune a Senadora Kátia Abreu e a expulsa das fileiras partidárias, o faz por quais razões? Porque a Senadora Kátia apoiou aqui a Presidenta Dilma contra o golpe, porque, como nós, a Senadora tinha convicção plena e absoluta de que aquilo era um golpe que estava em curso. Mas a Senadora Kátia também está sofrendo e foi punida pelo seu Partido porque ousou ficar ao lado dos trabalhadores e votar contra a reforma trabalhista.

    Senadora Kátia, não apenas a sua postura orgulha a nós mulheres brasileiras, mas a sua postura orgulha todos os trabalhadores, sobretudo aqueles de Tocantins que a fizeram Senadora da República. Não foi o PMDB de Geddel Vieira Lima, o PMDB de Michel Temer, não foi esse PMDB que a trouxe ao Senado como Senadora, não. V. Exª, Senadora Kátia, tenha certeza de que, com a postura adotada nesses últimos tempos, tem ganhado muito perante a opinião pública e, sobretudo, perante os seus eleitores do Estado de Tocantins.

    Então, Senadora, eu, sinceramente, digo-lhe que eu não falo isso e não estou nesta tribuna apreensiva, ou aborrecida, ou triste porque V. Exª foi excluída de um partido político. Eu acho que isso é bom para V. Exª, porque quem não merece a presença de V. Exª é o próprio PMDB. O PMDB não está à altura de vosso mandato, Senadora Kátia. É lamentável que, enquanto tantos são protegidos – e protegidos de forma inexplicável, porque envolvidos que estão diretamente com denúncias gravíssimas de corrupção, não é por divergências político-partidárias, divergências de posições políticas, é por denúncias graves –, numa primeira oportunidade, o PMDB a expulsa. Mas tenho certeza de que V. Exª é muito maior não do que o Partido, porque o PMDB é um grande Partido, mas é muito maior do que aqueles que hoje tomaram conta do Partido, em que as forças de esquerda deste País se abrigaram na luta contra a ditadura e logo após a ditadura militar.

    Então, eu tenho certeza, Senadora Kátia, de que V. Exª seguirá firme e forte, com suas opiniões, com suas ideias e, assim, V. Exª continuará recebendo não só o apoio de Tocantins, mas o apoio e principalmente o respeito da Nação e do povo brasileiro. Minha mais irrestrita solidariedade a V. Exª, Senadora Kátia Abreu.

    Sr. Presidente, Srªs Senadoras e Srs. Senadores, hoje ocupo esta tribuna para falar de um momento importante que nós mulheres estamos vivendo não só no Brasil, mas no mundo inteiro, porque estamos vivendo o período dos 16 dias de ativismo pelo fim da violência contra as mulheres.

    O dia 25 passado foi o dia nacional de combate à violência contra a mulher e o dia em que, em mais de 120 países, iniciam-se os 16 dias de ativismo. Entretanto, no Brasil, esse ativismo, essa luta, esses debates iniciam-se cinco dias antes, sempre no dia 20 de novembro, como forma de valorizar o dia nacional pela igualdade racial, o dia nacional contra o racismo, que infelizmente é crescente e tem tomado espaços assustadores no seio da nossa sociedade. Então, começamos, no Brasil, esses 16 dias, que para nós são 21 dias de ativismo, no último dia 20. E nós devemos sempre nos referir a esses 16 dias, repito, como, aqui no Brasil, os 16 mais 5, Senador Paulo Paim.

    E por que iniciar antes no Brasil essas atividades alusivas aos 16 dias de combate à violência contra a mulher exatamente no dia da igualdade racial? Porque, infelizmente, as maiores vítimas de violência no Brasil por questões de gênero são exatamente as mulheres negras. Então, isso para a gente é algo muito importante e tenho certeza de que o mundo inteiro fica de olho, com muita atenção, no que ocorre em nosso País.

    Entre uma data e outra, entre o dia 20 até o final da campanha, que ocorre no dia 10 de dezembro, acontecem datas de reflexões muito importantes. O Dia Nacional de Mobilização dos Homens pelo Fim da Violência contra as Mulheres, por exemplo, é comemorado agora no dia 5 de dezembro. E aqui temos o Eles por Elas. O Senador Paim, inclusive, dirige uma Frente Parlamentar denominada Eles por Elas, uma frente dos homens combatendo a violência que as mulheres sofrem no Brasil. Temos também a data do Laço Branco, por conta da violência forte que as mulheres ainda sofrem.

    Eu penso, Srª Senadora e Srs. Senadores, que esse período de debate internacional e essas datas têm sido bastantes destacados de uma forma extremamente positiva porque muitos pensam: "Por que mesmo uma data alusiva ao combate à violência contra a mulher, uma data alusiva à luta pela igualdade racial?" Porque são momentos em que nós remetemos à reflexão a Nação brasileira, que nós chamamos a Nação brasileira a fazer uma profunda reflexão sobre tudo aquilo que vem acontecendo no seu cotidiano.

    Essas datas têm, portanto, muita importância para as mulheres, não só para aquelas... E também a gente comemora o Dia de Combate à Aids nesse período, no dia 1º de dezembro. Essas datas são importantes para que essas reflexões ocorram durante todo o tempo.

    Nós vimos, até por conta de combate à aids, durante a semana, várias reportagens que dão conta da real situação, infelizmente, do curso dessa doença no Brasil. E o dado alarmante que foi divulgado nesses últimos dias é que grande parte da nossa juventude está sendo infectada pela aids, grande parte, e que estamos tendo um retrocesso, no sentido de aplicar as medidas preventivas.

    Então, essas datas são muito importantes não só para as mulheres, mas para a sociedade como um todo, também e principalmente para aquelas mulheres que são soropositivas ou que tenham algum tipo de deficiência, que não podem ver um filme, não podem ouvir uma música ou entrar num cinema sem a acessibilidade, mas para todas aquelas que sabem que a sociedade machista distribui desigualdade e não remunera o chamado trabalho do cuidado.

    Hoje, pela manhã, tivemos uma sessão muito importante de homenagem aos cem anos da Assembleia de Deus no meu Estado do Amazonas. Lá foi falado do trabalho social realizado pelos integrantes da igreja, e eu lembrava também o trabalho social realizado pela mulher, que é um trabalho não reconhecido pelo Estado tampouco remunerado pela sociedade brasileira.

(Soa a campainha.)

    A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PCdoB - AM) – Dessa forma, Sr. Presidente, quero aqui dizer da nossa disposição de, durante esse período, mantermos vivo o debate sobre esses mais diversos temas: debate sobre o combate à violência contra a mulher, o debate sobre o combate à aids, o debate sobre o Dia Nacional da Consciência Negra, de combate ao racismo, o Dia Internacional da Pessoa com Deficiência, que é comemorado no dia 3 de dezembro. Ou seja, são inúmeras datas que ocorrem, na sequência, que levaram mais 120 nações no mundo inteiro a realizarem esta campanha, os 16 dias de ativismo de combate à violência contra a mulher.

    Dito isso, eu gostaria de solicitar de V. Exª que recebesse o meu pronunciamento na íntegra e o desse como lido, porque eu fiz questão de, no início do meu pronunciamento, mais do que falar sobre o que aqui está escrito, aqui está relatado, falar sobre uma forma de violência que foi, sem dúvida nenhuma, sofrida por uma Senadora...

(Interrupção do som.)

    A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PCdoB - AM) – Obrigada, Sr. Presidente.

     Eu fiz questão de relatar e de prestar, aqui desta tribuna, a minha irrestrita solidariedade à Senadora Kátia Abreu, porque é um exemplo, Senadora Kátia. Eu tenho dúvidas de que, se fosse um Senador, homem, eles agiriam com tanta presteza como agiram no caso de V. Exª. Mas são esses atos que fazem com que as mulheres se tornem cada vez mais fortes, com que elas se tornem cada vez mais resistentes e dispostas à luta.

    Aqui vejo também a ex-Senadora Ideli Salvatti, presente no plenário, ex-Ministra da República, uma pessoa que, de igual forma, tem sido muito importante, Senadora, na luta em defesa da democracia, em defesa do Brasil, dos direitos da nossa gente e, principalmente, de todas as mulheres.

    Muito obrigada.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 30/11/2017 - Página 13