Pela Liderança durante a 183ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Críticas à decisão do PMDB de expulsar S. Exª. dos quadros do partido.

Autor
Kátia Abreu (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/TO)
Nome completo: Kátia Regina de Abreu
Casa
Senado Federal
Tipo
Pela Liderança
Resumo por assunto
ELEIÇÕES E PARTIDOS POLITICOS:
  • Críticas à decisão do PMDB de expulsar S. Exª. dos quadros do partido.
Publicação
Publicação no DSF de 30/11/2017 - Página 16
Assunto
Outros > ELEIÇÕES E PARTIDOS POLITICOS
Indexação
  • CRITICA, MEMBROS, PARTIDO DO MOVIMENTO DEMOCRATICO BRASILEIRO (PMDB), MOTIVO, DECISÃO, EXPULSÃO, ORADOR, PARTIDO POLITICO, AGRADECIMENTO, DISCURSO, SOLIDARIEDADE.

    A SRª KÁTIA ABREU (PMDB - TO. Como Líder. Sem revisão da oradora.) – Obrigada, Sr. Presidente.

    Colegas Senadores e Senadoras, quero aproveitar esta oportunidade e agradecer as palavras generosas e de apoio da Senadora Vanessa Grazziotin e de tantos Senadores e Senadoras, colegas e pessoas do Brasil inteiro, do meu Estado de Tocantins, que se manifestaram a respeito do ocorrido, da expulsão poucos dias atrás. Eu quero agradecer a todo o Brasil a solidariedade.

    Sr. Presidente, eu confesso, com muita alegria e com muita convicção, que sou católica, cristã, com bastante fervor, espiritualista e uma estudiosa aplicadíssima da Bíblia, mas nunca, nos meus discursos e pronunciamentos, iniciei aqui citando ou mencionando qualquer trecho de algum livro da Bíblia. Mas hoje eu gostaria de citar um trecho bastante apropriado para este momento, na minha visão.

    Conforme Mateus, o Evangelista, Jesus disse: "Não deis aos cães o que é santo, nem lanceis ante os porcos as vossas pérolas, para que não as pisem com os pés e, voltando-se, vos dilacerem” (Mateus 7:6).

    Sr. Presidente, quando um homem se comporta de maneira oportunista e revela o tempo todo que não tem convicções é porque, na verdade, o que move essa pessoa sem convicções são seus interesses próprios, das suas próprias famílias. É o patrimonialismo famoso no Brasil, daqueles que querem valer-se do poder para enriquecer o seu patrimônio; que não têm como objetivo-fim as pessoas, a sociedade, o Brasil, o espírito público, mas apenas o seu espírito próprio e de todos que o rodeiam.

    Mas, Sr. Presidente, quem tem convicções, quem tem lado, quem caminha junto com as suas convicções dorme em paz com a sua consciência e não pode se acovardar, nem diante da morte, até porque, para mim, vale a pena morrer por ideais. Eu ainda sou desse tempo.

    O Brasil e o Tocantins sabem que fui expulsa de uma legenda cuja cúpula não reúne condições morais e virou o escárnio da Nação. No Tocantins, não é diferente. A mesma cúpula da legenda que hoje me expulsa envergonha os tocantinenses também com práticas de corrupção.

    Agora, eu pergunto a todo o Brasil: por que me expulsaram? Porque tenho princípios? Porque tenho ética? Porque tenho coerência? Porque não sou oportunista? Porque não faço parte de quadrilha? Porque não faço parte de conluio? Porque não estou presa? Porque não uso tornozeleira? Porque não tenho apartamento cheio de dinheiro? Ou porque não apareceu nenhuma mala cheia de dinheiro da Senadora Kátia Abreu? Será que é por esses motivos que fui expulsa do PMDB?

    Vim a esta tribuna para registrar minha indignação não pelo que fizeram comigo, senhores colegas. Não, absolutamente. Eu não tenho que me indignar pelas questões que outras pessoas praticam. Mas vim aqui registrar minha indignação pelo que essas pessoas desse Partido, a cúpula desse Partido, fizeram com o Partido de Ulysses Guimarães, pelo que eles fizeram com o Partido das Diretas-Já, pelo que eles fizeram com a política, pelo que eles fizeram com o Brasil e pelo que eles estão fazendo com o meu Tocantins.

    Minha expulsão foi determinada por uma figura...

(Soa a campainha.)

    A SRª KÁTIA ABREU (PMDB - TO) – ... conhecida do Brasil e dos brasileiros, conhecida desde os letrados aos iletrados, conhecida desde os mais simples aos mais abastados, conhecida por ser uma pessoa nociva à vida pública brasileira e ave de rapina da coisa pública.

    Quero destacar grandes figuras com quem convivi nesse Partido, que me ajudaram, que me apoiaram, que me deram solidariedade, figuras extraordinárias por todo o Brasil. Mas a cúpula atual desse Partido tem desfigurado, prejudicado e atingido de morte até aqueles que não se assemelham a eles.

    Eu gostaria, Sr. Presidente, de saber da equipe técnica desta Casa para qual câmera eu falo de frente. Eu gostaria de falar de frente em primeiro lugar com o meu Tocantins.

    Meus amigos tocantinenses, vocês me conhecem mais do que todo o País. Conhecem a minha luta, minhas adversidades, minha coragem...

(Soa a campainha.)

    A SRª KÁTIA ABREU (PMDB - TO) – ... minhas vitórias e minhas derrotas. Vocês sabem também que, em 23 anos de vida pública, tenho muitos defeitos, e tenho consciência de todos eles, e, talvez, algumas qualidades, mas todos vocês sabem, no Tocantins, que, em 23 anos de vida pública, eu nunca manchei o nome desse Estado, eu nunca envergonhei os meus eleitores tocantinenses, eu nunca pus as mãos em dinheiro público, em dinheiro alheio, privado ou público. Sempre conduzi minha vida e meu trabalho com seriedade. O poder não me mudou, e vocês sabem disto. Continuo destemida, corajosa, valente, mas sou humilde. O poder me serviu para amansar, para amadurecer, para me fazer ver que a cada dia que passa o poder só tem uma função em si mesmo: não é empoderar pessoas, mas empoderar quem está com o mandato na mão. Mas o poder serve para empoderar a sociedade, as famílias...

(Soa a campainha.)

    A SRª KÁTIA ABREU (PMDB - TO) – ... e, principalmente, os mais pobres.

    Sr. Presidente, eu quero dizer que humilde, sim, mas falta de coragem, jamais. A boa coragem na luta de todos os dias.

    Sr. Presidente, quero agora olhar para essa mesma câmera e falar com meus filhos que vou atender ao pedido deles. Amanhã vou colocar numa moldura dourada minha expulsão, porque, vinda das mãos de quem veio, ela é um atestado de boa conduta para o meu currículo.

    Essas pessoas que me expulsaram não servem ao País; elas se servem do País em benefício próprio. O fim de toda a conspiração, Senador Paim, é trágico. Conspiraram contra a política, conspiraram contra a democracia, conspiraram contra o Brasil. Essa cúpula vai fazer com que o PMDB, infelizmente, se transforme não só em bandido, mas se transforme em maldito diante dos olhos da sociedade brasileira. Ninguém pode querer, amigos, fazer o papel de Deus.

(Soa a campainha.)

    A SRª KÁTIA ABREU (PMDB - TO) – Temos que deixá-lo agir em nossas vidas.

    Portanto, Brasil, vamos aguardar o velho ditado: que a Justiça tarda, mas jamais falha!

    A SRª LÍDICE DA MATA (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PSB - BA) – Um aparte Senadora?

    A SRª KÁTIA ABREU (PMDB - TO) – Senadora Lídice da Mata, Senador Paim...

    O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – Como é um momento especial, Sr. Presidente, eu queria ver se a gente poderia fazer um aparte em solidariedade à Senadora.

    O SR. PRESIDENTE (João Alberto Souza. PMDB - MA) – Não é permitido o aparte neste... Por gentileza.

    O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – Então Senadora...

    A SRª KÁTIA ABREU (PMDB - TO) – Normalmente, se fosse uma outra figura...

    O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – Senadora Lídice da Mata e eu em seguida...

    A SRª KÁTIA ABREU (PMDB - TO) – ... especialmente da cúpula do PMDB, Sr. Presidente... Têm havido muito mais condescendência nesta hora. Quantas horas ganhou aqui Aécio Neves para fazer uma defesa pífia a troco de nada? Quantos outros ganharam aqui um tempo exorbitante para fazer a sua defesa e receber a defesa dos colegas? E hoje eu estou impedida.

    Logo o senhor que é o Presidente da Comissão de Ética do PMDB? – que nós sempre tivemos uma convivência bastante razoável. O senhor que se diz e tem praticado aqui a democracia, eu lhe peço que deixe os meus colegas também desabafarem neste momento.

(Soa a campainha.)

    O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – Só um minuto cada um, Sr. Presidente.

    O SR. PRESIDENTE (João Alberto Souza. PMDB - MA) – Está no Regimento Interno da Casa e nós queremos obedecer ao Regimento.

    O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – Um minuto cada um.

    O SR. PRESIDENTE (João Alberto Souza. PMDB - MA) – V. Exª pediu a palavra pela Liderança. Se V. Exª tivesse pedido para falar normalmente...

    A SRª KÁTIA ABREU (PMDB - TO) – Eu tenho certeza, Senador, de que se fosse aqui Romero Jucá, esse canalha, esse crápula do Brasil, esse ladrão de vidas e almas alheias, o senhor teria sido mais condescendente com ele.

    O SR. PRESIDENTE (João Alberto Souza. PMDB - MA) – Não, Excelência.

    A SRª KÁTIA ABREU (PMDB - TO) – Muito obrigada.

    Obrigada ao Brasil, obrigada aos colegas que queriam se manifestar e não o puderam.

    Da mesma forma, agradeço a solidariedade.

    O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – Total solidariedade Senadora.

    A SRª LÍDICE DA MATA (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PSB - BA) – Nos manifestaremos.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 30/11/2017 - Página 16