Discurso durante a 183ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Elogios ao Projeto Jovem Senador.

Autor
Paulo Paim (PT - Partido dos Trabalhadores/RS)
Nome completo: Paulo Renato Paim
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SENADO:
  • Elogios ao Projeto Jovem Senador.
Publicação
Publicação no DSF de 30/11/2017 - Página 23
Assunto
Outros > SENADO
Indexação
  • ELOGIO, PROGRAMA, PARTICIPAÇÃO, JUVENTUDE, SENADO, LEITURA, CARTA, PARTICIPANTE, ESTUDANTE, ORIGEM, MUNICIPIO, FLORES DA CUNHA (RS), ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE (RN).

    O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, eu queria, em primeiro lugar, embora não esteja mais aqui, deixar registrada toda a minha solidariedade à Senadora Kátia Abreu, que, com certeza, embora tenha sido expulsa do seu Partido, seria abraçada por todos os partidos deste Plenário – inclusive o seu nome seria até disputado. Então, Senadora, o seu pronunciamento foi um pronunciamento histórico, um pronunciamento que realmente fala o que V. Exª está sentindo em relação à expulsão que houve.

    Fica aqui este depoimento de carinho, respeito e solidariedade. Eu tenho certeza de que todos os partidos, nesta Casa – eu tenho certeza –, estariam com os braços abertos, com o coração batendo mais forte, para receber V. Exª, que aqui sempre foi muito corajosa, muito firme, sempre numa posição de apontar caminho para as grandes causas. Nunca se dobrou ao interesse, às vezes, pequeno de alguns. Então, Senadora, ficam aqui o nosso abraço e o respeito.

    Sr. Presidente, eu queria, mais uma vez, elogiar esta Casa pelo programa Jovem Senador. Eu tive a satisfação de, há cerca de oito anos, encaminhar à Mesa Diretora do Senado essa proposta. Cumprimento aqui toda a Mesa do Senado, os consultores que abraçaram a ideia e a transformaram nesse belo projeto do programa Jovem Senador. Nós, que estamos num momento das nossas vidas olhando para o futuro, estamos vivendo um presente muito triste para o nosso País e querendo que a juventude participe ativamente de um projeto de Nação, fortalecendo a democracia e apontando novos caminhos.

    Ontem, eu participei aqui com essa moçada. Fiquei entusiasmado até com o brilho nos olhos deles, porque se prega neste País, infelizmente, que política é coisa de ladrão, de malandro... Não é bem assim, não. Há ladrão e malandro em todas as áreas. Todas: no Judiciário, no Executivo, no Legislativo, na iniciativa privada... Em todas as áreas há malandro...

    O SR. PRESIDENTE (João Alberto Souza. PMDB - MA. Fora do microfone.) – Em todos os segmentos.

    O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – Em todos os segmentos – V. Exª tem razão.

    E vi essa moçada aqui animada. Muitos falando já que vão ser candidatos a Vereador, a Prefeito, a Deputado Estadual, Federal, Senador, Governador... E uma menina mais ousada disse que o sonho dela é chegar à Presidência da República. Isso é bonito, isso é prazeroso... É gostoso ver que a nossa juventude não está alienada, como alguns dizem, só querendo aprovar na escola inclusive, um projeto que... Com todo o respeito que merecem aqueles que pensaram nele, aquele projeto que diz que na escola não se pode discutir política. Onde estamos e aonde chegamos?

    Ontem eu falei da carta da gaúcha, da Geysa Berton. E muitos falaram: "Leia, leia a carta dela. Você não leu." E eu disse: não, eu li um outro dia. Pois bem. Leio novamente, porque eu recebi, de punho, dela. Então, vou ler a carta dessa gaúcha que tirou o primeiro lugar. Ela, que é de Flores da Cunha, pertinho da minha cidade natal, Caxias do Sul, da Escola Estadual de Ensino Médio São Rafael, sendo sua professora a Srª Edolésia Fontoura de Rosa Andreazza.

    Diz a carta:

[Quero] Uma nação de pluralidade [sindical] singular [a minha veia sindical me fez falar sindical].

A diversidade que caracteriza o Brasil está presente por todos os cantos desta Pátria. Variadas religiões, posições socioeconômicas, estilos musicais e etnias juntam-se, formando uma multiplicidade indubitável e com características únicas de cada um dos 207 milhões de habitantes, tornando o Brasil um país cosmopolita. [É a carta da menina.]

Contudo, ao passo que a Nação brasileira vai em busca da igualdade e união entre contrastes, o preconceito ocupa um lugar na sociedade brasileira contemporânea. [É verdade.]

Esses regidos pela intolerância do cotidiano devem ser combatidos, a fim de fortalecermos os vínculos entre as diferenças, abolindo as desigualdades.

A cultura adotada pelo povo brasileiro transcende fronteiras: [eu sempre digo que direitos humanos, solidariedade, não têm fronteira. Aí, diz ela:] desde a prática da umbanda até o budismo; [aí, diz ela:] do berimbau, passando pelas guitarras de rock, à batida do funk; da feijoada ao sushi; do cocar do indígena do Norte à bombacha do gaúcho do Sul [do querido Rio Grande]; da família patriarcal à família moderna.

Os limites imaginários do povo brasileiro não possuem início nem fim, caracterizando a pluralidade singular da [nossa] Nação. Contudo, acentuando diferenças que, inúmeras vezes, trazem consigo a amargura [eu diria também a tristeza] da discriminação.

A intolerância, provinda de pensamentos conservadores cultivados diariamente, por meio de discursos corriqueiros, alcança cada vez mais vítimas.

    Olhem o caso desses dois atores que adotaram uma menina negra, e uma outra pessoa, que não quero nem citar o nome, ofendeu a eles e à criança por ela ser negra. Aí volto a Nelson Mandela: como é triste alguém odiar uma criança ou ensinar a outra a odiar pela cor da pele. Como é bonito, gostoso, prazeroso, amoroso amar o outro como a si mesmo.

    Enfim ela diz, ela vai em frente:

A doutrinação e a alienação permitem a visão distorcida de outros pontos de vista, fazendo-nos crer num ideal egocêntrico. Esses fatores naturalizam a violência verbal e física, o bulling e a opressão contra minorias, agravando-as cada vez mais.

Dessa forma, a liberdade cultural e de expressão, direito contido na Constituição Federal, passa a ser mais limitada, prejudicando [a sociedade no seu todo] a sociedade brasileira e o progresso do país.

Em síntese [diz ela na sua carta, na sua redação, não é uma carta, é uma redação, primeiro lugar no Rio Grande do Sul ], é inquestionável a importância da diversidade e o cultivo da compreensão às diferenças no Brasil moderno. O poeta Otávio Paz escreveu: "O que põe o mundo em movimento é a interação das diferenças, suas atrações e repulsões; a vida é pluralidade, morte é uniformidade".

Dessa forma, visando ao bem comum e ao respeito perante os inúmeros contrastes, faz-se necessário o investimento por parte do governo...

(Soa a campainha.)

    O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) –

... em campanhas veiculadas nas escolas e na mídia, frisando as distintas linhas ideológicas referentes à religião, aos costumes e à importância da igualdade entre todos no País, independentemente de outros fatores.

Assim, aprenderemos a conviver em uma nação de pluralidade singular [sim, de pluralidade singular], sem preconceitos.

    Sr. Presidente, eu fiz questão de ler a carta na íntegra hoje. É a carta de uma jovem que tirou o primeiro lugar no Programa Jovem Senador do Rio Grande. Estavam aqui ontem os 26 Estados e mais o Distrito Federal. O primeiro lugar foi aqui do Distrito Federal. Eu fiquei animado com a fala dessa gurizada.

(Interrupção do som.)

    O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – Ouvi discursos inflamados, mas discursos apontando a linha da construção coletiva, Senadora Vanessa, apontando caminhos, pois este País tem tudo para dar certo, apontado que a juventude não é racista, não é preconceituosa, não é atrasada, não é ignorante. Tem que ser muito ignorante para querer julgar o outro pela cor da pele.

(Soa a campainha.)

    O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – Senador Acir Gurgacz, V. Exª estava aqui ontem também. Foi bonito de ver aqui a molecada ontem, em um País com tanto confronto, com tanto ódio, com tanta violência nos dias de hoje, quando vemos que, em cada dez jovens assassinados, oito são negros. Eles vão passar toda a semana aqui.

    Via-se no olhar deles o carinho, o respeito um pelo outro. E aqui estavam negros, estavam brancos, havia meninos de origem indígena, todos falando só sobre liberdade, igualdade e nenhum tipo de preconceito e discriminação. Não aceitam nenhuma discriminação. Isso é uma aula para os mais idosos, é uma aula para aqueles que procuram criminalizar a própria política...

(Interrupção do som.)

    O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – ... para aqueles que não têm a noção do que é fazer o bem sem olhar a quem.

    Sr. Presidente, é com esta fala que eu termino. Permita-me só porque eu disse que falaria todos os dias. Falei na segunda, falei na terça e falo hoje: faltam seis dias. Greve nacional, 5 de dezembro. Todos contra a reforma da previdência.

    Sei que está havendo uma grande mobilização. Cumprimento, mais uma vez, todas as religiões que já anunciaram que vão distribuir santinhos, nas igrejas, nos cultos, nos atos em que praticam a sua visão religiosa, dizendo o nome e o partido daqueles que querem tirar o direito da aposentadoria da nossa gente...

(Interrupção do som.)

(Soa a campainha.)

    O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – São os mais pobres, da classe média para baixo.

    Leiam o texto e venham aqui à tribuna e me contestem. Leiam o texto. Mulher, 10 anos a mais, se passar, para poder ser aposentar. Hoje é de 30 anos passará para 40 anos o tempo de contribuição. Homem, é de 35, vai também para 40, 5 anos a mais. E ainda aumenta a idade: mulher, 7 anos a mais; e homem, 5 anos a mais. Todo mundo sabe que há uma discriminação muito grande contra a mulher. Essas terão mais prejuízo.

    Por isso, eu faço um apelo aqui a todos os que estão em casa, independentemente da idade, jovem, adulto, idoso, negro, branco, índio, migrante e imigrante: vamos todos, no dia 5 de dezembro, fazer uma grande manifestação.

(Interrupção do som.)

    O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS. Fora do microfone.) – Não à reforma da previdência.

    Obrigado, Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 30/11/2017 - Página 23