Pela Liderança durante a 183ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Críticas ao Senador Lindbergh Farias, por afirmar a ocorrência de crise no PSDB.

Autor
Paulo Bauer (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/SC)
Nome completo: Paulo Roberto Bauer
Casa
Senado Federal
Tipo
Pela Liderança
Resumo por assunto
ELEIÇÕES E PARTIDOS POLITICOS:
  • Críticas ao Senador Lindbergh Farias, por afirmar a ocorrência de crise no PSDB.
Publicação
Publicação no DSF de 30/11/2017 - Página 39
Assunto
Outros > ELEIÇÕES E PARTIDOS POLITICOS
Indexação
  • CRITICA, LINDBERGH FARIAS, SENADOR, MOTIVO, PRONUNCIAMENTO, ASSUNTO, CRISE, POLITICA, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DA SOCIAL DEMOCRACIA BRASILEIRA (PSDB), COMENTARIO, OPOSIÇÃO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), REFERENCIA, ELEIÇÃO MUNICIPAL, LEGITIMIDADE, IMPEACHMENT.

    O SR. PAULO BAUER (Bloco Social Democrata/PSDB - SC. Como Líder. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, Senador Cidinho, Srs. Senadores, Srªs Senadoras, prezados ouvintes da Rádio Senado, telespectadores da TV Senado, ocupo a tribuna, na sessão desta tarde, para aqui me pronunciar com relação a um pronunciamento que fez nesta tribuna, na tarde de ontem, o Senador carioca Lindbergh Farias.

    O pronunciamento do Senador do PT, do Estado do Rio de Janeiro, é um pronunciamento que, sem dúvida alguma, precisamos aqui analisar e, inclusive, contestar.

    Por mais que tenha respeito pela pessoa do Senador Lindbergh Farias, como colega Parlamentar desta Casa, não posso me calar na condição de Líder da Bancada do PSDB e também como Senador do Partido, que sou, pelo Estado de Santa Catarina.

    Na data de ontem, o Senador carioca, o Senador petista, disse aqui, da tribuna, que o PSDB vive a sua maior crise, que os Senadores do PSDB, que estão aqui neste plenário, merecem até o sentimento da "pena" do Senador Lindbergh. Só se ele fosse uma ave, ele poderia falar de "pena", porque a "pena" sentimental, se é desta que ele estava falando, nós dispensamos e rejeitamos, porque dela não precisamos.

    O Senador também disse que a situação do PSDB era uma situação de depressão, que ele observava a depressão na manifestação e na conduta dos Senadores da minha Bancada neste plenário. Pergunto a V. Exªs, que diariamente se encontram aqui no plenário, se existe algum sentido, ou alguma manifestação, ou alguma figuração de depressão nas atitudes e na conduta dos Senadores que integram a Bancada do meu Partido? Certamente, o Senador Lindbergh, que não usa óculos, deveria providenciar um par de óculos, para enxergar um pouquinho melhor o que acontece no plenário desta Casa, porque essa depressão não é visível a nenhum de nós, já que os Senadores do PSDB trabalham com dedicação, apresentam grandes projetos, apontam caminhos para o Brasil, têm acima de tudo grande contribuição para com o trabalho legislativo que nós desenvolvemos aqui no plenário e também nas comissões.

    E fala mais o Senador petista: diz que nós andamos de cabeça baixa. Cabeça baixa, Senador Lindbergh, nós não temos e não precisamos ter, porque nós não temos do que nos envergonhar. Pelo contrário. Trabalhamos com dedicação e temos, no nosso Partido, grandes exemplos de ação e atenção ao futuro do Brasil e para a construção do Brasil.

    Quero dizer que o Senador Lindbergh, na verdade, poderia merecer uma série de contestações e críticas, mas o que eu tenho a dizer é que ele deve estar possuído por algum grau de esquizofrenia. Isso mesmo: esquizofrenia. Por quê? Por que ele esquece, ou não considera, ou não consegue ver algumas questões e algumas informações que eu aqui menciono para reavivar a memória, não só dele, mas daqueles que eventualmente acreditaram na sua manifestação.

    O PSDB, na última eleição municipal brasileira, recebeu votos em todo o Brasil, o que transformou o Partido no campeão nacional de votos naquela eleição de prefeitos e de vereadores. Nós recebemos no Brasil 17.612.606 votos, um crescimento de 25% em relação à votação que recebemos em 2012. Enquanto isso, na mesma eleição, o Partido do Senador perdeu 60% dos votos; ou seja, de cada dez brasileiros que votaram no PT em 2012, seis abandonaram os nomes do PT na última eleição. Quem perde 60% do seu patrimônio e não menciona isso e não se lembra mais disso deve ter um problema de esquizofrenia, com certeza.

    Enquanto o PSDB foi o partido mais votado, o PT hoje ocupa a quinta posição no ranking eleitoral daquelas eleições e do País. Ficou atrás do PSDB, do PMDB, do PSB e do PSD, por exemplo. O PT, Srs. Senadores, definhou nas últimas eleições, e não tenho dúvida de que, até a próxima eleição, quando elegeremos Presidente, Senadores, Deputados, Governadores e Deputados Estaduais, nós vamos ver o PT ainda menor. Se ele continuar nessa mesma cadência – ou seja, na primeira perdeu seis de dez –, agora, dos quatro que restam nem pode perder seis, porque não tem mais os seis. Talvez perca três e, se perder três, então não será mais nada. Será um partido nanico, sem dúvida nenhuma.

    O Partido dos Trabalhadores, Srs. Senadores, já teve no Brasil 600 prefeituras. Hoje, tem 256. É um quadro que justifica muito mais essa condição de depressão da qual o Senador falou. Não é uma depressão mental, não é uma depressão sentimental; é uma depressão matemática; é uma depressão histórica.

    É uma depressão que, sem dúvida nenhuma, demonstra a falência de um Partido político que outrora dizia que estava pronto para resolver os problemas do País. Não resolveu! Aliás, hoje o País tem problemas que aquele Partido gerou e que ainda merecem e precisam do nosso esforço, porque ex-ministros do governo Lula e do governo Dilma que respondem a processos na Justiça e, inclusive, cumprem pena em penitenciária custam dinheiro público para o Brasil. Aliás, ex-dirigentes do PT, ex-presidentes do PT cumprem pena em penitenciária, e nós sustentamos sua vida no presídio. Portanto, líderes do PT ainda custam aos cofres públicos, e nós não podemos sequer criticar ou reclamar dessa condição porque a justiça se fez.

    É preciso dizer que a falácia acabou. O populismo cínico também acabou. Secou a fonte que o PT tinha para continuar o seu projeto de poder, o seu projeto político. Essa esquizofrenia, com certeza histriônica, também não vai ser permitida por nós. Nós vamos sempre lembrar os fatos para que a memória não falhe e não traia ninguém.

    Eu diria a V. Exªs que, sem dúvida nenhuma, quando fizemos o processo de impeachment, descobrimos que o Brasil estava quebrado. Estava quebrado por uma gestão econômica equivocada. Estava quebrado porque nós tínhamos corrupção em muitos órgãos do governo. Estava quebrado porque a Petrobras não tinha mais viabilidade nenhuma. Estava quebrado porque estava completamente tomado por dirigentes e por militantes partidários que ocupavam cargos comissionados sem ter a necessária qualificação e competência para exercê-los. O Brasil estava quebrado porque nós não víamos no governo políticas adequadas, a não ser as políticas que tinham como propósito e pretensão ganhar a próxima eleição.

    Eu digo a V. Exªs que as práticas políticas mais abjetas e condenáveis, a corrupção, o aparelhamento, a má gestão, isso, sim, é que ficou como legado do PT para o Brasil.

    Nós não vamos permitir a esquizofrenia, não! Nós vamos sempre lembrar. Nós vamos dizer o que aconteceu e o que encontramos. Encontramos pedaladas fiscais. Encontramos contabilidade criativa. Encontramos inflação acima de dois dígitos. Encontramos juros na estratosfera. Encontramos 14 milhões de desempregados. E é verdade, e é necessário dizer, que estamos vendo o Brasil superar aquelas dificuldades, vencer esses obstáculos com trabalho, com dedicação, é verdade, com muita discussão, com muito conflito, com muita polêmica, porque, quando se trabalha para reconstruir algo, é evidente que todos, querendo contribuir, acabam, inclusive pelo excesso de boa vontade, pelo excesso de trabalho, pelo excesso de atitudes, cometendo erros. Mas o resultado que temos a apresentar ao Brasil hoje é muito mais positivo em um ano e meio do que tivemos em vários anos de governo do PT.

    Muito se fez, muito votamos, muito discutimos e muito avançamos. E não enterramos nada. Não abolimos nada. Pelo contrário, fizemos muitas coisas serem até maiores e melhores do que eram no passado.

    Eu lembro ao Senador Lindbergh, que era um líder estudantil – e ele aqui se intitula e se apresenta como um grande líder estudantil; é verdade, ele foi –, que eu também fui, Senador Randolfe Rodrigues, eu também fui presidente de entidade estudantil. Por isso não adianta dizer apenas que só um pode ser um líder: muitos foram líderes, até José Serra, que é do meu Partido já foi líder estudantil no passado. Mas precisamos dizer que, no período do PT no governo, uma das entidades que mais se mostrava mobilizada, presente e lutando pela democracia, inclusive à época em que Lindbergh Farias fazia parte da sua direção, foi a UNE. E como é que terminou a UNE? Igual ao PT. Terminou como um gabinete, com uma sala de ar refrigerado numa sede suntuosa, sem representar ninguém, sem lutar por mais nada e sem fazer qualquer coisa pela cidadania e pela democracia deste País.

    Foi isto que o PT nos legou: uma UNE que já foi dos petistas, dos mais ilustres petistas, completamente mofada, completamente silenciosa, condescendente. E isso nós temos que lembrar para que nenhuma esquizofrenia seja prevalecente sobre a verdade.

    É preciso dizer também que nós não concordamos de forma nenhuma que houve um golpe no processo de impeachment. O processo de impeachment foi democrático, foi claro, foi transparente. Votamos a favor, como muitos votaram contra. E, se os que votaram contra não tinham maioria, Senador Cidinho Campos, eles até hoje reclamam do golpe. Se tivessem sido maioria e tivessem impedido o impeachment, estariam dizendo o quê? Que o impeachment foi democrático? Ora, na Casa Legislativa, no Parlamento, o que vale é a maioria de votos. E a maioria de votos aqui concedidos e também na Câmara dos Deputados em favor do processo de impeachment e do afastamento da Presidente se fez dentro da lei, se fez pelo que reza e manda a Constituição Federal. Por isso não venham me dizer que o processo de impeachment é um processo que resultou em prejuízo de um partido como o PSDB e que permitiu e ajudou na projeção de políticos que hoje estão se apresentando e estão aparecendo na mídia como nomes nacionais e que pretendem inclusive se candidatarem a Presidente da República.

    Melhor que tenhamos muitos candidatos, melhor que surjam novas lideranças, melhor que tenhamos candidatos de direita, de esquerda, de centro em todo o País buscando votos e discutindo os problemas do País. Não temos mais a hegemonia, não temos mais a ditadura do Estado governado por um partido chamado PT. Temos a partir de agora a democracia, e a democracia que nasceu do processo de impeachment permitiu e fez com que todos no Brasil, hoje, possam respirar a liberdade, respirar a possibilidade do alcance do poder e tenham, acima de tudo, a condição de vitória com os votos e não vitória com as falácias.

    Digo mais, não há covardia nos atos do PSDB, nem nesta Casa, nem na Câmara dos Deputados e nem nos Estados brasileiros.

    Foi dito aqui pelo Senador carioca, ontem, que o PSDB é um partido que fez crescer outras candidaturas pelo seu ato covarde.

    Eu não conheço nenhum ato covarde, porque eu não sou um covarde. Nenhum dos meus Senadores aqui é covarde. Nós, pelo contrário, somos valentes e lutamos pelo País, defendemos a Constituição, brigamos pela Constituição, fazemos leis que beneficiam a sociedade e respeitamos, inclusive, a oposição.

    Este é o grande sentido da nossa atuação. Nós respeitamos a oposição, e a oposição é salutar, quando bem feita. A oposição é necessária no processo e no regime democrático. Não venham nos acusar de coisas que não fizemos; não venham projetar sobre nós acusações improcedentes e, muito menos, venham nos culpar de eventuais equívocos que possam surgir e que não foram produzidos por nós.

    Tenho certeza, Sr. Presidente, de que nós vamos fazer o nosso trabalho sempre ser um destaque no Parlamento, um destaque no Senado e na Câmara, um destaque nos Estados. Governamos grandes Estados. Governamos São Paulo, governamos Paraná, governamos Goiás, governamos Pará, governamos, enfim, Estados importantes do País. Governamos grandes cidades, a começar pela cidade maior do País, que é São Paulo, e, em toda a gestão em que o PSDB está presente, nós vemos ações positivas, concretas, em favor da população. Vemos, acima de tudo, inovação, modernidade. Vemos o compromisso com o eleitor ser respeitado, trabalhando diariamente, trabalhando com transparência, trabalhando em benefício dos que mais precisam.

    Por isso, o PSDB continuará sua ação e seu trabalho, sem radicalismos, sem desequilíbrios, sem ofensas. Nós prezamos, acima de tudo, a democracia. Nós queremos que prevaleça sempre o bom senso. Nós queremos, acima de tudo, que, na convivência democrática entre oposição e situação e entre todos os Partidos, se faça pelo menos uma coisa: o uso da verdade.

    A verdade é o maior patrimônio que um partido ou um homem público podem ter, e eu estou certo de que, neste pronunciamento que acabo de fazer aqui, não faltei com a verdade em nenhuma palavra. E desafio qualquer um a dizer que faltei com a verdade em qualquer uma das minhas manifestações.

    Encerro, Sr. Presidente, dizendo que respeito a todos e respeito, inclusive, o Senador Lindbergh, com quem já fui Deputado Federal por vários anos na Câmara dos Deputados. Mas peço, com toda a seriedade e responsabilidade, que não se chame nenhum Senador do meu Partido pelas características ou pela forma como ontem aqui se fez uso, porque os meus Senadores são Senadores dignos, são Senadores honrados, são Senadores trabalhadores, são Senadores coerentes, são Senadores bem intencionados e, acima de tudo, são Senadores que sabem muito bem exercer o seu papel nesta Casa.

    Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 30/11/2017 - Página 39