Discurso durante a 19ª Sessão Conjunta, no Congresso Nacional

Críticas às declarações do ex-Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, sobre a representatividade do mandato de suplentes de Senador

Autor
José Medeiros (PODE - Podemos/MT)
Nome completo: José Antônio Medeiros
Casa
Congresso Nacional
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SENADO:
  • Críticas às declarações do ex-Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, sobre a representatividade do mandato de suplentes de Senador
Publicação
Publicação no DCN de 09/11/2017 - Página 36
Assunto
Outros > SENADO
Indexação
  • CRITICA, RODRIGO JANOT, EX PROCURADOR GERAL DA REPUBLICA, MOTIVO, DISCURSO, ASSUNTO, AUSENCIA, REPRESENTAÇÃO, SUPLENTE, SENADOR.

     O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Democracia e Cidadania/PODE-MT. Para uma breve comunicação. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, o ex-Procurador Rodrigo Janot foi a Cuiabá para proferir uma palestra -- coisa que ele tanto critica e que são ilegítimas quando feitas por Lula -- no Congresso Nacional dos Auditores de Controle Externo -- CONACON. E o ex-Procurador defendeu uma extensa reforma política como forma de combater a corrupção.

      Diante de toda a discussão havida, ele disse que essa reforma política resolverá todos os problemas da corrupção, porque não é o Judiciário nem a polícia que vão resolver esse problema. Aí ele emendou o seguinte:

            Eu não sei se vocês já se deram conta, mas nós temos alguns Senadores da República que estão ocupando a senadoria sem ter tido nem mesmo um voto. Não tiveram voto nenhum, zero! O sujeito era suplente daquele que fez campanha, ninguém nem mesmo sabia quem era a pessoa! Aí o Senador é chamado para ocupar um Ministério, o Senador é chamado para alguma coisa, assume o suplente. Qual é a representatividade que tem essa pessoa? Voto zero! Qual a legitimidade? Voto zero! Qual é a vinculação, qual é o compromisso que essa pessoa tem?

      Seguindo a mesma linha de raciocínio, o Sr. Janot também criticou a forma de ingresso na Câmara dos Deputados, com eleição de candidatos beneficiados pelas coligações. O Sr. Janot se acha na condição de julgar o Legislativo brasileiro completo. Ele se acha na posição de julgar a Câmara e o Senado Federal. Portanto, é o “dono da verdade”, o “incorruptível”, o “dono de toda legitimidade”, o “santo” e o “imaculado”.

      Sr. Janot, eu sou filho de um sujeito analfabeto, um homem pobre, mas eu vou lhe dizer uma coisa: nunca precisei pegar nada de ninguém! Portanto, quanto a essa história de honestidade, não venha para cima de mim com isso, porque o senhor não vai cantar muita vitória com isso. Eu acho que honestidade não serve como pedestal nem como trampolim para ninguém. porque é obrigação. Então, não adianta o senhor vir com essa cara fechada do senhor, com essa cara de vestal para cima de mim. Eu nunca precisei pegar nada de ninguém. O senhor me respeite, em primeiro lugar.

      Em segundo lugar, Sr. Janot, o senhor foi ao meu Estado para desancar dois Senadores! O senhor deveria ser mais elegante. O senhor deveria ser mais elegante, Sr. Janot!

      Eu vou dizer ao senhor o seguinte: o Estado de Mato Grosso não tem vergonha da sua representatividade. Sabe por quê? Porque, quanto ao voto que foi dado para cada suplente, estava no material publicitário o nome do suplente, estava na urna. Então, o povo de Mato Grosso não votou enganado.

      E mais, Sr. Janot, vou dizer que legitimidade e representatividade é muito em razão do caráter, coisa que o senhor demonstrou não ter. Eu vou repetir -- eu estou muito calmo, não que eu esteja emocionado, não, Sr. Janot --, vou repetir: o senhor demonstrou para o Brasil inteiro que o senhor não tem caráter. O pior de um homem não é ter mau ou bom caráter. O problema do homem é não ter caráter, e o senhor, no dia em que deu aquela entrevista gaguejando para o povo brasileiro, quando o senhor veio para a frente da TV, ao vivo, dizer que existiam graves denúncias, que existia um vídeo grave, muito grave, contra Ministros do STF, quando, na verdade, a coisa era contra o Ministério Público, e o senhor disse que era com o STF, naquele momento, para mim, o senhor acabou. E veja que eu fui um dos que foi enganado. Muitas vezes eu vim à tribuna defender o senhor.

      Eu votei contra o Delcídio enganado. Eu votei naquele flagrante preparado que o senhor fez contra o Delcídio. Quando o Delcídio falou que havia obstrução de Justiça, Sr. Janot, contra Lula, contra Dilma, eu exigi que o senhor fizesse uma representação contra Dilma.

     O senhor fez? Não! Mas 1 ano depois, Sr. Janot, quando a coisa apertou, 1 ano depois, o senhor entrou às pressas com uma ação contra Lula e contra Dilma. Por que 1 ano depois? Um ano depois foi descobrir que havia obstrução de Justiça? Ou havia ou não havia. Em pleno impeachment o senhor pediu a prisão de Jucá e de Renan. Quase 1 ano depois. Não tinha nada.

     Para mim isso não é engano, não é nada. Isso, sim, é falta de caráter. Isso tira, sim, a legitimidade. Se o senhor está dizendo que eu não tenho legitimidade para vir aqui, eu digo que o senhor é que não tem legitimidade, porque não é concurso, não é curso, não é nada que dá legitimidade a um homem, é caráter. E isso eu tenho de sobra. O senhor me respeite! O senhor me respeite quando for ao meu Estado!.


Este texto não substitui o publicado no DCN de 09/11/2017 - Página 36