Fala da Presidência durante a 195ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Análilse sobre os motivos do elevado spread bancário no Brasil.

Autor
Cristovam Buarque (PPS - CIDADANIA/DF)
Nome completo: Cristovam Ricardo Cavalcanti Buarque
Casa
Senado Federal
Tipo
Fala da Presidência
Resumo por assunto
ECONOMIA:
  • Análilse sobre os motivos do elevado spread bancário no Brasil.
Publicação
Publicação no DSF de 20/12/2017 - Página 73
Assunto
Outros > ECONOMIA
Indexação
  • COMENTARIO, SISTEMA BANCARIO NACIONAL, CONCENTRAÇÃO, BANCOS, PREJUIZO, TAXA, EMPRESTIMO, DEFESA, AMPLIAÇÃO, CONCORRENCIA, OBJETIVO, REDUÇÃO, INADIMPLENCIA, COMPARAÇÃO, PAIS ESTRANGEIRO, ESTADOS UNIDOS DA AMERICA (EUA).

    O SR. PRESIDENTE (Cristovam Buarque. Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PPS - DF) – Senador, eu fico muito feliz porque V. Exª, um dos mais jovens aqui, porque está na Casa há pouco mais de um mês, se comporta como se aqui estivesse já há dez anos, e que seja quem encerra o ano. Isso é muito simbólico. Eu fico feliz que seja um Senador novo aqui que encerre.

    Mas eu não queria deixar de falar aqui, aproveitando, sobre essa ideia do spread. Não podemos querer corrigir fatos sem levar em conta a causa. O spread é alto, em primeiro lugar, porque temos uma concentração de bancos. São poucos bancos que dominam o mercado financeiro. O Brasil tinha que ter um programa de descentralização, como os Estados Unidos têm há décadas e décadas. Mas, segundo, por causa da inadimplência. A inadimplência força a que, se um não paga, o banco distribua entre os outros. E a inadimplência tem a ver com uma certa impunidade. As pessoas não têm riscos ao não pagar no Brasil, ou um risco muito menor.

    Mas há algo em que eu quero insistir, algo de que falo muito: é que nós somos viciados em dívida. Nós consumimos mais do que a renda permite. E aí tendemos a buscar endividamento. Isso ocorre com o setor público, com o setor privado empresarial e com as famílias. Nós tendemos a trocar de carro mais vezes do que seria o correto, do ponto de vista do equilíbrio financeiro; nós compramos mais coisas do que deveríamos. E, quando se fala na necessidade de austeridade, vem aquele velho bordão de que isso é neoliberalismo.

    A austeridade seria a melhor forma de colocar os bancos de joelhos porque, se não tomarmos empréstimos, os bancos vão ter que baixar os juros.

    O SR. SÉRGIO DE CASTRO (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PDT - ES) – É isso mesmo.

    O SR. PRESIDENTE (Cristovam Buarque. Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PPS - DF) – Essa mania de comprar mais do que é possível é a principal causa do spread alto, mesmo quando a taxa básica de juros Selic cai. Então, a gente precisa entender isso. A elevada demanda, em comparação com o nível de renda, a impunidade na inadimplência, o tamanho da inadimplência e também a concentração dos bancos. Eles terminam exercendo uma espécie de monopólio ao conceder os empréstimos.

    Mas, de qualquer maneira, quero parabenizá-lo e dizer que, para mim é um privilégio estar hoje encerrando aqui o ano.

    Eu gostaria que não houvesse recesso. Há anos eu digo aqui que, em momentos de tanta crise, o Congresso não devia ter recesso. Nós deveríamos trabalhar todos os dias, todas as férias. Se houvesse cansaço, que se descansasse um pouco. Mas, lamentavelmente, entramos em recesso como se o Brasil estivesse normal. Não está normal o Brasil. Deveríamos ter ficado aqui, por exemplo, para enfrentar a reforma da reforma da previdência, aprovando-a ou não. Nós deveríamos ter ficado aqui para enfrentar outros problemas que nós temos. Lamentavelmente, vamos entrar em recesso.

    Eu desejo ao Brasil inteiro um feliz Natal, um próspero 2018 e concluo com o que disse na minha fala lá atrás: que em 2018 votemos pelo Brasil, e não por cada um de nós.

    Um grande abraço para cada uma e para cada um.

    Está encerrada esta última sessão deste ano que tivemos no Congresso brasileiro.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 20/12/2017 - Página 73