Discurso durante a 164ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Pesar pelo falecimento do ativista político Paulo Fonteles Filho.

Autor
Paulo Paim (PT - Partido dos Trabalhadores/RS)
Nome completo: Paulo Renato Paim
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM:
  • Pesar pelo falecimento do ativista político Paulo Fonteles Filho.
Publicação
Publicação no DSF de 31/10/2017 - Página 84
Assunto
Outros > HOMENAGEM
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, MORTE, ATIVISTA, COMUNISTA, ELOGIO, VIDA PUBLICA, DEFESA, DIREITOS HUMANOS, COMBATE, ABUSO DE AUTORIDADE, VIOLENCIA.

     O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, na sexta-feira passada, dia 27, apresentei voto de pesar pelo falecimento de Paulo Fonteles Filho.

     Paulinho Fonteles, como era conhecido, estava internado há cerca de 15 dias, lutando contra uma broncopneumonia.

     Nos deixa após um infarto fulminante, na manhã de quinta-feira (26 de outubro), aos 45 anos. Ele foi vereador em Belém pelo Partido Comunista do Brasil (PCdoB).

     Nascido no ano de 1972, em meio aos porões da ditadura militar, dentro de uma prisão no Ministério do Exército, que prendeu e torturou seus pais.

     Paulinho ficou conhecido pela defesa dos Direitos Humanos, a garra de luta contra abusos de autoridade, violência e em favor da liberdade da condição humana circulava em seu sangue, fazia parte de sua genética.

     Sua mãe, Hecilda, o pariu pesando 37 quilos, foi "cortada e costurada sem anestesia e não disse um ai" como ele mesmo relatou em carta endereçada ao General Mourão.

     O ativista político era, também, filho de Paulo Fonteles, professor, advogado e político do Partido Comunista do Brasil (PC do B), morto em junho de 1987.

     Em declaração dada em junho deste ano a um portal na internet Paulinho Fontele declarou: "Em certa medida eu faço a luta pela sobrevivência desde o ventre então sou calejado nisso então a gente tem que tratar isso [as ameaças] com firmeza, não pode se recolher, não pode se acovardar. A capacidade de sobreviver é um milagre".

     Ainda menino se interessou pela militância do pai junto aos trabalhadores rurais do Pará.

     Com o assassinato de Paulo Fonteles, Paulinho ingressou no Partido Comunista do Brasil.

     Ao participar de um debate em Marabá organizado pela juventude comunista, com a presença da veterana comunista Elza Monerat, ele fortaleceu o ativismo.

     Era presidente do Instituto Paulo Fonteles de Direitos Humanos, blogueiro, escritor, poeta e membro fortemente atuante da Comissão da Verdade do Pará.

     A partida prematura causou profunda tristeza na militância comunista, movimentos de direitos humanos, familiares e amigos.

     Apesar de ter militado quase toda sua vida política no PCdoB, entre 2007 e 2009 Paulinho Fonteles se filou ao Partido do Trabalhadores.

     Nas redes sociais, amigos e companheiros de trabalho externam a tristeza com a notícia.

     O PCdoB também divulgou nota de pesar.

     "Paulinho era um dos melhores entre nós, amigo, companheiro, solidário, altaneiro, abnegado, dedicado a luta do povo pondo a sua vida constantemente em risco na defesa dos direitos humanos num Estado dominado pelo latifúndio e pela pistolagem. Sua trajetória nos deixa um legado de sonhos, esperança e luta."

     O velório aconteceu na Assembleia Legislativa do estado do Pará e o sepultamento ocorreu na sexta-feira (27) no Cemitério Santa Izabel, na cidade de Belém.

     Paulinho Fonteles, Presente!

     Era o que tinha a dizer.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 31/10/2017 - Página 84