Discurso durante a 11ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Críticas ao Governo Federal na gestão do Partido dos Trabalhadores (PT).

Autor
José Medeiros (PODE - Podemos/MT)
Nome completo: José Antônio Medeiros
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
GOVERNO FEDERAL:
  • Críticas ao Governo Federal na gestão do Partido dos Trabalhadores (PT).
Publicação
Publicação no DSF de 22/02/2018 - Página 48
Assunto
Outros > GOVERNO FEDERAL
Indexação
  • CRITICA, GOVERNO FEDERAL, GESTÃO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), AUTOR, DISCURSO, DEFESA, POPULAÇÃO CARENTE, MINORIA, OPOSIÇÃO, GOVERNO, MICHEL TEMER, PRESIDENTE DA REPUBLICA, REFERENCIA, INTERVENÇÃO FEDERAL, SEGURANÇA PUBLICA, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ).

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PODE - MT. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) – Muito obrigado, Sr. Presidente. Eu vou aproveitar e pegar um gancho no que a Senadora que me antecedeu agora há pouco disse.

    Senadora, é injustificável votar contra a segurança do Rio de Janeiro. E explico o porquê.

    Durante os últimos dez anos, por 14 vezes o Rio de Janeiro esteve ocupado, ali, por forças federais, notadamente do Exército brasileiro, e todas as outras vezes mandadas por governos do PT – ou do Lula, ou da Presidente Dilma.

    Na favela da Maré, por exemplo, o Governo mandou o Exército lá e, por diversas vezes, foi usado o instrumento sabe de quê, Senador João Alberto? Do mandado de busca e apreensão, aquele mandado de busca coletiva.

    Polêmico o discurso... Não vou entrar no mérito da constitucionalidade ou não dessa medida, mas o certo é que eles fizeram isso. Colocaram o Exército da mesma forma, colocaram a polícia e todo mundo para entrar naquelas casas, da mesma forma... Mas, hoje, sabe o que é que eles dizem? É só na casa dos pobres! Por que é que não manda para Ipanema?

    Aí eu vou fazer a mesma pergunta: Por que é que não mandaram para Ipanema naquela época? Por que não mandaram para Copacabana? Por que não mandaram para o Leblon? Por que, em todas as outras dez vezes, dez, não, treze vezes em que o Exército foi lá, Senador João Alberto, o PT só mandou para a casa dos pobres? Por quê? Por que não mandou para a casa dos ricos? Não, mas agora não pode...

    Olhe, eu joguei muito futebol e vou fazer aqui uma comparação com o futebol. Gol é gol. E a gente tem que começar a respeitar as coisas: eles marcaram alguns gols aqui, e se tem que admitir. Eu, por exemplo, estou num partido que é oposição ao Governo, mas se tem que admitir quando se marca um gol.

    Ontem o Senador Magno Malta falou uma coisa muito interessante aqui sobre a mãe dele, a D. Dadá. Ele disse que ela foi ao médico, estava com câncer, com um tumor no cérebro. Ele chegou lá e perguntou ao médico: "O que se vai fazer?" O médico falou: "Olha, não há muito... Ela está com isso, com isso, com isso, vai viver tanto tempo." "Mas o que dá para fazer?", ele perguntou. "Ah, dá para fazer quimioterapia, dá para fazer isso, dá para fazer aquilo." Não deu muita esperança de vida. Mas ele falou: "Só não podia deixar de fazer nada. Tem-se que fazer alguma coisa."

    Dá para compactuar... Nós já começamos janeiro com 15 policiais mortos, com grávida levando tiro na barriga, com bebê, dentro do útero da mãe sendo morto por tiro de fuzil.

    E aí vêm aqui e dizem o seguinte: "Estão entrando na casa dos pobres"; "estão arrebentando com os pobres". Há um pensador que dizia: cada vez em que certos grupos se ajuntam para defender os pobres, os pobres que se cuidem.

    A grande verdade desse pessoal aqui é a seguinte: eles se apropriam de algumas bandeiras de que é impossível discordar, a bandeira das minorias. Eles defendem os índios, os negros, os pobres, as viúvas, os órfãos. Quem é contra isso? Até a Bíblia faz isso.

    Mas é como diz a própria Bíblia: "Me louva com os lábios, mas o seu coração está longe de mim." Sabe por quê? Porque eles sempre defenderam os sem-terra, sempre foram contra as propriedades. O que aconteceu? O que se passou? Quatorze anos, e esse pessoal ainda continua sem terra, invadindo a terra dos outros.

    Sempre defenderam a pobreza e não sei o que, não sei o quê. Por que será que só aumentou o número de pobres? "Olha, nós tiramos não sei quantos da pobreza." E eu ficava sempre encucado: tirou como? Agora é que a gente está descobrindo, aí é que fui entender o "tirou milhões da pobreza". Aí é que fui entender os milhões. A Lava Jato está descobrindo os milhões, mas era em dinheiro. Eu estava achando que tinham tirado milhões de pessoas da condição de pobre, para virar rico. Não. Não saiu ninguém, não. Continuou, aumentou a pobreza. Gostaram tanto dos pobres, que aumentaram a pobreza.

    Vou falar uma coisa que eu sempre disse aqui na tribuna: de pobreza eu entendo, porque vim lá do Sertão do Caicó, fugindo da fome, para Mato Grosso. Pobreza é a pior desgraça que há. A melhor coisa da pessoa é quando ela muda de condição de vida, quando arruma um emprego, quando vive dignamente.

    Mas essas pessoas adoram, adoram um curral de pessoas hipossuficientes, para poder fazer este discurso de coitado aqui; para dizer: "Você é um coitado, há um vilão judiando de você, e essa elite, e esse não sei o quê..."

    Hoje, por exemplo, o Lula amanheceu inspirado. Eu estava lendo o tuítes dele, e ele falava: "Essa elite, este Governo que quer arrebentar com o Rio de Janeiro, que quer perseguir os pobres..."

    Puxa, deveriam ter respeito pelos pobres, sabe por quê? O sujeito que bate um traço de massa de concreto, às duas horas da tarde, Senador, tem que ser respeitado e não ser usado o tempo inteiro. E o caboclo usa, cotidianamente, o biombo dos pobres para poder se dar bem na política. Todos os dias ele usa!

    Quando ele foi para a Presidência da República – eu não o estou condenado, não; não o estou condenando por ter jantado com os ricos, não –, ele só sentou à mesa com os ricos deste País, com a elite deste País. Aí, agora, ele vem falar mal da elite; elite que o ajudou a governar, que deu suporte. Aliás, o governo Dilma só caiu quando a elite falou: "Não, não, não; até para a gente é demais", quando o soltou na banguela.

    Foram milhões de pessoas para as ruas. O Congresso não se mexeu; mas, quando – vamos dizer assim – o PIB do País falou: "Nós não damos conta mais, porque nós estamos quebrando, essa mulher vai arrebentar conosco", aí, o impeachment deslanchou. Essa que foi a grande verdade, mas foi quando a turma deles mesmo que soltou. Aí, vêm falar das elites. Que elites? "Nós somos o pai dos pobres", é verdade! E filho dos ricos!

    Então, neste discurso aqui eu iria até falar de outra coisa, iria falar de Mato Grosso, Senador João Alberto; mas, quando eu ouço essa cantilena aqui, as pessoas morrendo no Rio de Janeiro, precisando de segurança pública, não importa. Não gostam do Temer, não sei o quê. Por oito anos, falaram que o Temer era a melhor pessoa do mundo, era culto, era inteligente, era o melhor constitucionalista. Sabem por quê? Porque queriam os votos do PMDB, porque, sem o voto do PMDB, não se elegeriam.

    Aliás, se elegeram já nas gatas, como diz o nordestino, já arranhando, na última eleição. Só se elegeram por causa dos votos do PMDB. E quem trazia esses votos? O vampirão, porque agora montaram uma escola lá e dizem que é o vampirão. Agora, é o vampirão. Eu não o estou defendendo, não; não sou procurador do Temer, não; mas agora passou a não prestar? Agora, todas as mazelas são dele?

    Então, é o seguinte: coerência, por favor. Assumam o Temer. Eu, se fosse eles... Para ter coerência, o PT poderia estar dizendo: "Não; essa medida acertada, no Rio de Janeiro, é nossa, nós fazíamos isso. Ele está nos copiando." Não...

    Mas não é de se estranhar que votem contra, porque votaram contra a Constituição – quando todo o Brasil estava fazendo uma nova lei, votaram contra –, esta mesma Constituição que hoje eles bradam aqui que defendem. Votaram contra! Lei de Responsabilidade Fiscal, que ajudou muito a controlar as finanças deste País, votaram contra. Plano Real, votaram contra. Bolsa Família, sabem o que é que o Lula dizia? Ele dizia que era uma forma de comprar votos. Hoje em dia, Bolsa Família é um programa totalmente do PT, eles não admitem que isso aí já existia.

    Na verdade, com todos esses programas o que aconteceu foi que eles mudaram de nome. Eu era criança, Crédito Educativo, que hoje é o Fies, já existia. Eu era menino, esse Programa Minha Casa, Minha Vida já existia em alguns outros programas, de uma outra forma; mas era o BNH, eram as casas de Cohab; já havia, faziam sorteio. Lógico, houve avanços? Houve; a população foi crescendo também. Não; são pai de tudo; tudo que é bom é deles; tudo que é ruim é dos outros.

    E por que eu venho aqui? Vocês podem falar: "Tem implicância com o PT." Não tenho implicância com o PT. Eu tenho implicância com a falta de coerência.

    Eu tenho dado muito trabalho ultimamente ao nosso Presidente da Comissão de Ética, ao Senador João Alberto. E por que tenho feito isso? É porque essas pessoas vão para a rua... E eu estou cansado de ver aqui que sobem nesta tribuna para chamar o restante da Casa de canalha. Pelo amor de Deus, um Senador subir aqui à tribuna e chamar os outros de canalhas! Eu não gosto de apontar dedo. Nunca subi aqui para dizer: "Senador tal tem tantos e tantos processos." Não faço isso e podia fazê-lo, porque muitos Senadores que sobem aqui dizendo que os outros são canalhas estão por um fio para serem cassados pelo STF, mas eu não faço isso. A meu ver, é o eleitor em outubro que vai julgar. E o que acontece? Foram para a rua agora, quando Lula está quase para ir para Curitiba, dizer que não tem mais que obedecer à lei. Essas mesmas pessoas, que estão reclamando que no Rio de Janeiro tem que cumprir a lei, que o Exército tem que tratar bandido com flor, que não pode fazer isso, estavam insuflando que não tem que obedecer mais à lei neste País! Então, não dá para ficar quieto aqui, porque nós temos que desmentir e dizer que isso não é verdade, para as pessoas que nos assistem dizerem: "Poxa, tem razão. Essas pessoas faziam assim até poucos dias e agora estão dizendo isso." Esse tipo de discurso nós temos que combater.

    Não é possível que toda uma população assista ao que está acontecendo no Brasil em termos de segurança pública... Senador João Alberto, na cidade de Cuiabá – e o senhor a conhece, porque o senhor conhece este Brasil de ponta a ponta –, oito bandidos armados de fuzis entraram em uma UPA, na semana passada, metralhando pacientes e enfermeiros. Em Cuiabá! O que a polícia vai fazer? Se derem um tiro, vão falar: "Não, é este Governo golpista, este Governo ditador que está matando as pessoas." E vai fazer o que com um sujeito desse?! A polícia tem que reagir. Então, o Governo vai fazer o quê? O Governador vem e diz: "Eu não tenho mais condições." Digamos que o senhor seja o Presidente da República, Senador João Alberto, eu sou Governador e digo: "Presidente, no meu Estado, eu não tenho mais condições de manter a segurança, eu não tenho como pagar a polícia, eu não tenho como fazer a segurança, eu preciso de ajuda." O senhor como Presidente da República vai fazer o quê? Vai dizer: "Não, vou deixar para lá"? Não tem como, você tem que agir. A população brasileira toda está dizendo: "Está bom, se não querem que ponha no Rio, tragam para o meu Estado." Mato Grosso mesmo quer. Então, Presidente Temer, se não quiserem no Rio de Janeiro, em Mato Grosso, a gente quer, principalmente fechando a fronteira da Bolívia.

(Soa a campainha.)

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PODE - MT) – E ninguém está defendendo mortandade. Nós queremos segurança, nós queremos simplesmente poder voltar a sentar nas calçadas.

    Aí vem hoje um comandante dizendo: "O remédio é direitos humanos." É verdade. Eu, por exemplo, participo aqui da Frente Parlamentar da Primeira Infância e estou, junto com o Ministro Osmar Terra, tratando da primeira infância. Só que a gente também tem que combater os bandidos, e bandido não se combate com ramalhete de flores.

    Por isso, peço o voto dos Senadores, meus pares, para que possamos dar instrumentos para a polícia, para que não haja mais bala perdida em favela. Nós colocamos um projeto para que a polícia e o Exército possam usar sniper: se bandido está desfilando com arma de guerra, a polícia poderá agir de longe, 100m, 200m, com a bala com endereço certo, com CEP e CPF do sujeito, para que não venha atingir pessoas inocentes. É essa...

(Interrupção do som.)

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PODE - MT) – ... a nossa função...

    Já concluo, Sr. Presidente. (Fora do microfone.)

    Que possamos dar instrumentos para o Exército e a polícia brasileira possam agir.

    Eu, por exemplo, sou do Podemos, e nós temos um candidato à Presidência da República, mas por que está essa onda Bolsonaro? Não é porque o Bolsonaro é o cara, não; é porque as pessoas não aguentam mais a insegurança. E, logo, logo, a segunda pauta que vem aí é a saúde. Os Estados estão em estado de penúria.

    E é por isso que eu volto a dizer: o nosso papel aqui é dar instrumentos para que esses servidores, que são a última barreira de proteção, possam fazer o enfrentamento necessário. Temos que parar com essa história de querer jogar para a galera. Por que não pegamos o exemplo do Senador Benedito de Lira, que foi Governador em Alagoas e fez um extraordinário trabalho lá em...?

(Intervenção fora do microfone.)

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PODE - MT) – Secretário de Segurança?

(Interrupção do som.)

(Soa a campainha.)

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PODE - MT) – Eu concluo, Senador.

    Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 22/02/2018 - Página 48