Discurso durante a 13ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Considerações sobre a CPI da Previdência.

Registro de protocolo de requerimento para criação da CPI da Eletrobras.

Elogio ao tema da Campanha da Fraternidade de 2018: "Fraternidade e Superação da Violência".

Autor
Hélio José (PROS - Partido Republicano da Ordem Social/DF)
Nome completo: Hélio José da Silva Lima
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
PREVIDENCIA SOCIAL:
  • Considerações sobre a CPI da Previdência.
MINAS E ENERGIA:
  • Registro de protocolo de requerimento para criação da CPI da Eletrobras.
SEGURANÇA PUBLICA:
  • Elogio ao tema da Campanha da Fraternidade de 2018: "Fraternidade e Superação da Violência".
Publicação
Publicação no DSF de 24/02/2018 - Página 13
Assuntos
Outros > PREVIDENCIA SOCIAL
Outros > MINAS E ENERGIA
Outros > SEGURANÇA PUBLICA
Indexação
  • COMENTARIO, ATUAÇÃO, COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), OBJETO, CONTAS, PREVIDENCIA SOCIAL.
  • REGISTRO, PROTOCOLO, REQUERIMENTO, CRIAÇÃO, COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), OBJETO, CENTRAIS ELETRICAS BRASILEIRAS S/A (ELETROBRAS), DEFESA, URGENCIA, INSTALAÇÃO.
  • ELOGIO, CONFERENCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL (CNBB), MOTIVO, ASSUNTO, CAMPANHA DA FRATERNIDADE, COMBATE, VIOLENCIA.

    O SR. HÉLIO JOSÉ  (PROS - DF. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) – Muito obrigado, nobre Senador Paulo Paim, nosso Presidente.

    Primeiro, quero agradecer a V. Exª por ter feito a permuta comigo, porque vou sair, daqui a pouquinho, para a cidade de Santa Maria. Eu sou pré-candidato, na eleição que vem, a Deputado Federal, segundo a colocação do meu Partido. Então, tenho que estar no campo, trabalhando, e muito.

    Meu Partido me designou, porque me quer na outra Casa aqui, vizinha, no ano que vem. Então, tenho que estar no campo, trabalhando muito.

    V. Exª é o sonho nosso – ou V. Exª ou o nosso querido Requião – para candidato, pré-candidato a Presidente do Brasil, se V. Exª puder vir a aceitar o convite do PROS para ser o candidato a Presidente do Brasil pelo PROS. V. Exª sabe que o Presidente nacional já lhe franqueou.

    Eu acabava de falar com o Senador Requião: caso ele possa decidir por colocar o nome dele a candidato a Presidente do Brasil pelo PMDB, isso será muito importante também para o Brasil, porque são dois democratas, duas pessoas que com certeza poderão muito bem representar o Brasil, de forma adequada, porque sinceramente, nobre Senador Paulo Paim...

    O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – O Senador Requião é unanimidade.

    O SR. HÉLIO JOSÉ  (PROS - DF) – Unanimidade! É um irmão.

    Nobre Senador Paulo Paim, eu comemorei muito, nobre Senador Requião, a passagem do dia 31 para o dia 1º, porque é a grande oportunidade este ano para votarmos em ficha limpa, para votarmos em pessoas com trabalho prestado, para votarmos em pessoas diferentes, seja para deputado estadual, deputado distrital, Deputado Federal, Senador, governador ou Presidente da República. Então, é a grande oportunidade para o nosso povo, que está nos ouvindo.

    Por isso, quero fazer um cumprimento muito especial aos ouvintes da Rádio Senado e telespectadores da TV Senado, que são pessoas bem informadas, pessoas formadoras de opinião, que nos ouvem e que nos ajudam a reverberar, por este Brasil afora, nobre Senador Paulo Paim, os feitos.

    E esta foi uma semana de grande júbilo para nós – V. Exª, que foi o nosso artífice para pegar aqui 61 assinaturas; com a sua, 62 assinaturas; para podermos fazer a CPI da Previdência –, pois, no início desta semana, foi enterrada de vez essa proposta de PEC, essa reforma da previdência antipovo, uma reforma da previdência conhecida como PEC da morte, a PEC 287, que não permitiria às pessoas se aposentarem.

    Então, é um momento de grande alegria para todos nós, em especial, para V. Exª, que viu o feito da gente...

    O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – V. Exª me permite? Sei não é hora de aparte...

    O SR. HÉLIO JOSÉ  (PROS - DF) – Pois não, Senador Paulo Paim.

    O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – Mas V. Exª faz um belo pronunciamento e destaca o trabalho da CPI da Previdência.

    Eu quero elogiar V. Exª.

    O SR. HÉLIO JOSÉ  (PROS - DF) – Obrigado.

    O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – V. Exª foi o Relator de toda a Comissão. Às vezes, há relator que pensa que é o relator dele mesmo. Não! V. Exª foi o Relator do Brasil, de Brasília e de todos os membros da Comissão, tanto que o seu relatório – tive a alegria de presidir essa CPI – foi aprovado por unanimidade. Mesmo o Líder do Governo, Romero Jucá, reconheceu essa obra.

    Essa CPI foi fundamental para que o Governo acabasse reconhecendo que a CPI está certa, que há superávit, que o problema é de gestão; que, se o seu relatório – que eu digo que é o relatório do povo brasileiro, é nosso, é de todos nós – for aplicado, inclusive, com as recomendações, as gerações futuras não terão problema nenhum com a previdência e, ainda, não precisaremos mexer, nem retirar um direito sequer do trabalhador.

    Fiz um aparte só para elogiar o trabalho belíssimo de V. Exª.

    Na cartilha que o meu Gabinete fez, você está lá, na primeira página. Eu estou do seu lado, inclusive, fazendo um aplauso pelo brilhante relatório de V. Exª.

    O SR. HÉLIO JOSÉ  (PROS - DF) – Olha, nobre Senador Paulo Paim, eu fico profundamente agradecido pela sua elegância, pela sua competência, pelo seu reconhecimento, porque você é um símbolo nosso da luta de resistência, por um Brasil inclusivo, por um Brasil que respeite os direitos humanos, por um Brasil que respeite a Constituição, por um Brasil que respeite a Lei 8.112, a Lei 8.666, um Brasil ético, um Brasil leal.

    Por isso, eu sou entusiasta de uma candidatura de uma personalidade como o senhor, que tem 32 anos de vida pública, sempre de ficha limpa, íntegro, ou de uma candidatura como a do nobre Senador Requião, porque, com certeza, são dois nomes com toda a legitimidade para poder tirar o Brasil do atoleiro e da crise em que se encontra.

    E esse trabalho que fizemos a quatro mãos na CPI da Previdência, como V. Exª realmente coloca, foi um trabalho essencial para que o Governo reconhecesse que essa proposta era inviável, como reconheceu esta semana, enterrando-a de vez quando veio com essa questão da intervenção no Rio – que não seria necessária dessa forma abrupta e da forma encaminhada como foi, sem planejamento, sem nada.

    Nós aprovamos – eu aprovei – essa intervenção aqui, reconhecendo que o Brasil está muito, assim, preocupado com a segurança pública; mas ela foi feita fora de hora, muito mais para justificar a saída à francesa do Governo, em razão da derrota que teria com relação à votação da PEC da previdência, do que, de fato, para resolver o problema da segurança pública.

    O problema da segurança pública é um problema nosso, é um problema da Casa. Todos nós queremos resolver, todos! Tanto é que aqui ninguém é contra... E nós sempre apoiamos todas as ações do Governo central para fortalecer a segurança pública dos Estados, dos Municípios, e, com certeza, vamos encaminhar formas corretas e boas, porque essa era nossa pauta desde o início do ano de trabalho.

    Eu acho que V. Exª, inclusive, hoje, fazer uma fala importante sobre a questão da segurança pública.

    Eu queria também, Senador Paulo Paim, dizer para o Brasil que 42 Senadores assinaram a CPI da Eletrobras. Nós protocolamos a CPI da Eletrobras na Mesa do Senado há, mais ou menos, três semanas. Até hoje essa CPI não foi lida. Sabemos notícias de que há uma pressão muito grande e de que três Senadores refluíram após a assinatura que tinham feito para a CPI. Então, de 42, caíram para 39 assinaturas.

    Como precisamos apenas de 27 assinaturas para instalação de uma CPI, e todo o Brasil sabe que a CPI está assinada por pessoas sérias como V. Exª, como o nosso nobre Senador Requião, o Senador Renan Calheiros, o Senador Eduardo Braga e outras pessoas – com certeza, pessoas sérias e responsáveis –, e que Bancadas inteiras, como a Bancada do PT, do PCdoB, da Rede, do PSB, não retirarão suas assinaturas; nós vamos instalar a nossa CPI.

    Então, precisamos que, na próxima terça-feira – eu já conversei com o Bandeira –, o nosso Presidente leia o requerimento da CPI, para que todos nós, nobre Senador Requião... O senhor, que é um profundo conhecedor do setor elétrico, o senhor que assinou comigo a CPI, sabe de todas as questões, sabe da importância de Itaipu, da importância das usinas hidrelétricas do seu Estado do Paraná. O nobre Senador Paulo Paim sabe da importância das usinas hidrelétricas e do setor elétrico do Rio Grande do Sul.

    É preciso que todos nós coloquemos ao Presidente Eunício Oliveira a necessidade de instalar imediatamente essa CPI tão importante, porque nós evitaremos o aumento da conta de luz. Isso porque o Presidente da Aneel já esclareceu que, se essa proposta anticidadã de privatização equivocada do setor elétrico que foi encaminhada para cá for aprovada, teremos aumento da conta de luz, teremos mais sacrifícios para os trabalhadores brasileiros, além de perdermos a nossa soberania, nobre Senador Paulo Paim, sobre os nossos cursos d'água, sobre os nossos rios fundamentais, como o Rio São Francisco, o rio da integração nacional, o Rio Tocantins, o Rio Amazonas, o Rio Xingu, o Rio Iguaçu, sobre os grandes cursos por onde passa o Rio Parnaíba, o Rio Grande. O que acontece? Se você privatiza o setor elétrico, quem vai determinar a situação é o comprador, e quem vai fazer isso vai ser o capital internacional. Então, o Brasil, na contramão da história, vai ficar numa situação muito difícil.

    Para concluir, nobre Senador Paulo Paim, a minha fala de hoje, eu quero falar sobre o importante tema da Campanha da Fraternidade, senhoras e senhores ouvintes. Sr. Presidente, Srªs Senadoras, Srs. Senadores, em sua nova Campanha da Fraternidade, a Igreja Católica, que, todos os anos, tem suscitado a mais elevada reflexão dos brasileiros, propõe-nos, em 2018, o importante tema, Senador Paulo Paim, Fraternidade e Superação da Violência, tema que está bem dentro do que o senhor vai falar daqui a pouco. Fraternidade e Superação da Violência, este é o tema da Campanha da Fraternidade deste ano.

    Em 2018, no mês de fevereiro, o Congresso Nacional já se defrontou com a necessidade de autorizar a intervenção no Rio de Janeiro, cuja sociedade está sob ameaça de sucumbir à banalização do mal e do desamor. Justificou-se isso, nobre Senador Requião, por conta da multiplicação exponencial de tiroteios, assaltos e furtos; de roubo de cargas nas estradas; de arrastões nas praias; de vítimas fatais de balas perdidas, de grosso calibre; das mortes de policiais em serviço e de foras da lei; da disseminação do tráfico de drogas; e de tantos outros ilícitos que estão ocorrendo no Rio e em várias outras capitais do nosso Brasil, inclusive aqui em Brasília.

    A violência supura, todos os dias, no funesto estado de coisas em que os cariocas e fluminenses estão imersos, e se repete em todo o País, enlutado por 61 mil homicídios, apenas em 2017, Senador Paulo Paim. Isso mesmo, a escalada da violência não se restringe ao Rio de Janeiro, está em todos os Estados e Municípios, passou dos grandes centros e abarca também cidades médias e pequenas. Por isso, nossas ações devem abarcar o plano dos valores e a refundação da boa convivência humana.

    Para o senhor ter uma ideia, Senador Paulo Paim, na cidade onde eu passei a minha infância, onde fiz o 1º ano do ensino fundamental, Alexânia, próxima daqui, um marginal invadiu uma escola e assassinou uma moça dentro da escola, na sala de aula, só porque a moça se negou a aceitar o pedido de namoro com esse marginal. A que ponto chegamos numa cidade mediana, de 30 mil habitantes, que é Alexânia, na saída para Anápolis, onde aconteceu essa tragédia há quatro meses? Temos que fazer alguma coisa. Então, a Campanha da Fraternidade deste ano realmente toca nesse tema, que é fundamental.

    Srªs e Srs. Senadores, antes de a mão humana empunhar uma pistola ou uma arma branca, sempre há uma mente corrompida pela ideação do mal, há um coração empedernido, putrefato e disposto a qualquer loucura, há uma ausência completa de empatia e de consideração ao próximo. E a generalização dessa estranha anestesia pode nos arrastar ao caos.

    Na contramão desse potencial absurdo, a Igreja Católica, erguida sobre a pedra fundante de Pedro, veicula, no mundo, a mensagem cristã da paz, do perdão e do amor, do respeito, da verdade e da ressurreição, da acolhida, da comunhão e da partilha.

    Ao testemunharmos, portanto, o ethos que se enraizou em nossa sociedade e a mentira corriqueira que desgraçadamente preside o modo com que gerimos nossa metafórica cidade, não temos como fugir à realidade de que deixamos prosperar, no Brasil, uma vida sem sentido, porque isenta de misericórdia e de amor ao próximo. Esse é o grande problema.

    A vida que se subordina ao dinheiro, nobre Senador Requião, ao comércio, à usura, à ostentação de bens e ao consumo desenfreado é uma vida sem ética, sem amor e sem sentido. É o caminho da violência, nobre Senador Paulo Paim, e das guerras.

    Srªs e Srs. Senadores, meu querido Presidente, como em poucas vezes em nossa história, o Brasil necessita de união. O Brasil requer a salutar volta aos valores éticos, a valorização da família e da comunidade, a busca da felicidade, e não a busca de patrimônio material. E essa nova mirada, Srªs e Srs. Senadores, haverá de clarificar aos nossos corações tudo o que, de fato, não deve, não pode e não será aceito por nós. Antes de tudo, devemos buscar, nobres Senadores, a dignidade humana.

    Aos pobres, que foram expulsos das cidades e jogados em suas periferias, nas favelas e cortiços, devemos a dignidade de acesso à moradia digna, acesso à escola de qualidade, acesso a empregos. E são justamente esses mesmos os mais atingidos pela violência, a violência de traficantes e milicianos, como também a violência do Estado, que os vê como inimigos. Será vã e inócua a pacificação que não escave até as raízes mais fundas de nossa problemática.

    Por isso, Senador Paulo Paim, o PROS, o meu Partido, do qual sou Líder nesta Casa, poderia tranquilamente fazer um grande serviço ao Brasil, como já fizemos o convite, lançando a candidatura de V. Exª. E o PMDB podia fazer um serviço ao Brasil lançando a candidatura do Requião. Seriam duas opções boas para que o povo brasileiro, dentro dessa dignidade humana aqui dita por mim, possa ter uma opção de escolha. E aquele que estivesse na frente, evidentemente, abriria a mão para o outro no momento adequado. Seriam dois nomes éticos. Além de vocês dois, que seriam dois ótimos candidatos a Presidente, haveria mais alguns no rol seleto de personalidades deste País, fichas limpas, íntegros e pessoas honestas, que podem bem representar esses valores da dignidade humana.

    A fraternidade é a alavanca da superação da violência. E, para muito além do abandono de uma retórica beligerante e regressista contra o outro, nosso parar para pensar também exige, de todos nós, a análise clara, segura e não leniente de nossos tantos erros e de nossa intensa culpa, Senador Paulo Paim. Nosso parar para pensar impõe o reconhecimento de que não há tráfico de drogas sem consumidores adultos e maduros que, de caso pensado, deixam-se seduzir pelo caríssimo, entre aspas, "barato" dos narcóticos. Então, esse "barato" dos narcóticos, pelo qual as pessoas se seduzem, precisa ser contido. Nosso parar para pensar exige de nós, Senador Requião, a clareza de que não há tráfico de armas sem fabricantes de armas e sem agentes corrompidos do Estado que traem sua missão ao aquiescer com o inaceitável.

    Em me lembro de V. Exª, dentro daquelas praças de... Como é o nome daquilo que cobra pedágio? Lá fazendo um enfrentamento, junto com as pessoas, demonstrando que aquilo era mais uma mina de pegar dinheiro do que realmente para pagar, porque, quando o pedágio é para pagar os preços da rodovia, é compreensível, mas, quando ele está abusivo, não dá para aceitar. E eu me lembro de V. Exª fazendo um enfrentamento nessa área. Então, isso, para o Brasil, é inesquecível, porque sabem que V. Exª é um cidadão do povo.

     Nosso parar para pensar deve nos conduzir à conclusão de que apenas unidos, em um projeto de construção de uma sociedade emancipada, digna e livre da desigualdade extrema, Senador Paulo Paim, poderemos conquistar a paz durável neste País, e durável porque calcada na dignificação do ser humano. E V. Exª, com a experiência de Presidente da Comissão de Direitos Humanos desta Casa por vários mandatos e uma pessoa desse meio, seria um grande nome para a nossa Presidência da República.

    Srªs e Srs. Senadores, os tristes episódios de corrupção sistêmica, envolvendo parcelas de nossa classe dirigente...

    O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – Eu vou dizer uma coisa, Requião. Está entrando aqui Requião e Paim.

    O SR. HÉLIO JOSÉ  (PROS - DF) – Exato.

    O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – É um elogio ao senhor e a mim também.

    O SR. HÉLIO JOSÉ  (PROS - DF) – Aos dois.

    O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – Estar ao seu lado para mim é um orgulho. Está entrando aqui Requião e Paim.

    O SR. HÉLIO JOSÉ  (PROS - DF) – É isso aí.

    Os tristes episódios de corrupção sistêmica, envolvendo parcelas de nossa classe dirigente resultaram no patético comportamento de negação, pura e simples, de verdades irretocáveis, Senador Paulo Paim. Flagrados em atos de corrupção escancarada, mulheres e homens em posição de poder nada admitem, ao repetirem o discurso covarde do "não vi, não sei, não foi comigo, estou muito surpreso". Isso é o que a gente mais ouve quando a gente revê a inquisição de alguns.

(Soa a campainha.)

    O SR. HÉLIO JOSÉ  (PROS - DF) – Estou concluindo, nobre Senador Paulo Paim.

    O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – Vai tranquilo.

    O SR. HÉLIO JOSÉ  (PROS - DF) – Obrigado.

    Se pensarmos nos pessimismos reinantes entre os brasileiros e a debandada de tantos para países mais justos e honestos, deveríamos, primeiro, assumir que, entre nós, o jogo da vida tem de ser refundado e, em seguida, abraçar a causa de refundar o jogo da vida, em honra a nós mesmos e às futuras gerações.

    Senador Paulo Paim, minha filha acabou de se formar em Medicina aqui no Brasil...

    O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – Parabéns.

    O SR. HÉLIO JOSÉ  (PROS - DF) – ... e não quer ficar no Brasil, porque a saúde do Brasil está um caos. Então, nós precisamos mudar essa situação. Por que ela não quer ficar no Brasil? Porque ela se sente insegura. Ela acha que não vale a pena, porque a Medicina é um sacerdócio. Sabe o tanto que uma pessoa tem que estudar para ser uma médica, para ser um médico? E ela, que já é formada em Direito e que fez e concluiu o curso de Medicina também, quer ir para fora do País, porque está desolada, desesperançada. Assim estão vários jovens de nosso País.

    E nós precisamos de homens sérios e honestos, como V. Exª e o Senador Requião, para voltarmos a dar esperança para essa classe de jovens...

    O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – Como é o nome da sua filha?

    O SR. HÉLIO JOSÉ  (PROS - DF) – É Maíra Virgínia Mascarenhas Lima.

    O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – Maíra, não vá. Fique aqui que o Brasil vai dar certo.

    O SR. HÉLIO JOSÉ  (PROS - DF) – Se Deus quiser.

    O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – Vamos ter fé neste País.

    O SR. HÉLIO JOSÉ  (PROS - DF) – É isso mesmo, Senador Paulo Paim.

    O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – Homens como o Requião ajudarão muito, com certeza.

    O SR. HÉLIO JOSÉ  (PROS - DF) – Com certeza.

    Flagrados em atos de corrupção escancarada, Senador Requião – volto a dizer –, mulheres e homens em posição de poder nada admitem ao repetirem o discurso covarde de que eu falei de "não vi, não sei, não foi comigo, estou muito surpreso". É um absurdo isso.

    Se pensarmos no pessimismo reinante entre os brasileiros e na debandada de tantos para países mais justos e honestos, deveríamos, primeiro, assumir que, entre nós, o jogo da vida tem de ser refundado e, em seguida, abraçar a causa de refundar o jogo da vida, em honra a nós mesmos e às futuras gerações.

    Urbanismo e urbanidade, fraternidade e superação da violência, portanto, implicam uma campanha permanente dos que gerimos a vida coletiva, implicam um trabalho de longo prazo para reinstalarmos, no peito, a sólida crença em dias melhores.

    Srªs e Srs. Senadores, inscrita na porta de Inferno, de Dante Alighieri, a frase "Deixai toda a esperança, ó vós que aqui entrais" reitera, como em um jogo de espelhos, a certeza de que, enquanto há vida, nobre Senador Paulo Paim, há esperança. A ausência de esperança equivale à não vida. E não vida é sinônimo de morte. Por isso é que V. Exª tem razão em ter esperança. Eu também tenho esperança de que nós possamos ter um Brasil melhor.

    Não vida é perambularmos, amedrontados, por ruas incivilizadas de cidades fantasmas, em que nem a mais tênue sombra de fraternidade se deixa entrever. Não vida é a brutalização latente no Estado carcomido pela desonra da corrupção generalizada, e que, na paz de Deus, há de retroceder. Não vida é a generalização da violência em suas mais variadas formas, graus e intensidades, inclusive a violência simbólica nas instituições públicas, capaz de calar, na sociedade, seus melhores filhos, que são a nossa força motriz, criativa e vital. Não vida, em suma, é a violência ínsita na corrosão dos direitos sociais e também presente no vilipêndio corriqueiro das minorias sociológicas, como os índios, os homossexuais, os afrodescendentes, as crianças, os jovens e as mulheres, pessoas por quem o nosso nobre Senador Paulo Paim tanto tem lutado, junto comigo, com o Requião, o Pedro Simon e outras pessoas honestas nesta Casa, para dar direito, dar voz e dar oportunidade para um Brasil melhor, mais inclusivo.

    Para concluir, em 2018, aceitamos, de bom grado, o convite da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil para, juntos, refletirmos sobre o tema Fraternidade e Superação da Violência, na certeza de que o núcleo duro da eterna mensagem cristã é o melhor remédio para a partilha do pão, a proliferação do sumo bem e o consequente desarme de mentes e corações de bocas e mãos.

    Era o que eu tinha a dizer, nobre Senador Paulo Paim, desejando que Deus abençoe os nossos brasileiros, que abençoe os nossos políticos, que abençoe V. Exª e que abençoe o nosso nobre Senador Requião. E que nós tenhamos um Brasil melhor em 2018 – para 2019 –, quando, depois do dia 7 de outubro, possamos fazer uma limpa nos maus políticos e trazer realmente políticos sérios e honestos, tanto para o Senado como para a Câmara, e manter os honestos que estão aqui, eleger novos honestos tanto para a Câmara quanto para o Senado, para os governos e para as câmaras legislativas dos vários Estados.

    Muito obrigado, Senador Paulo Paim.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 24/02/2018 - Página 13