Discurso durante a 15ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Defesa de medidas de combate à violência no País, com ênfase no Estado do Rio de Janeiro (RJ), onde os índices de criminalidade vêm aumentando com o decorrer dos anos.

Autor
Wilder Morais (PP - Progressistas/GO)
Nome completo: Wilder Pedro de Morais
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SEGURANÇA PUBLICA:
  • Defesa de medidas de combate à violência no País, com ênfase no Estado do Rio de Janeiro (RJ), onde os índices de criminalidade vêm aumentando com o decorrer dos anos.
Publicação
Publicação no DSF de 28/02/2018 - Página 328
Assunto
Outros > SEGURANÇA PUBLICA
Indexação
  • REGISTRO, SITUAÇÃO, AUMENTO, INDICE, VIOLENCIA, LOCAL, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), DEFESA, DECRETAÇÃO, ESTADO DE DEFESA, LIBERDADE, ATUAÇÃO, EXERCITO, CRITICA, DEFASAGEM, POLICIA, COMENTARIO, SISTEMA PENITENCIARIO, ERRADICAÇÃO, REGALIA, SOLICITAÇÃO, APOIO, SENADO, OFICIAL GENERAL, INTERVENTOR, APROVAÇÃO, PROJETO DE LEI DO SENADO (PLS), AUTORIA, JOSE MEDEIROS, SENADOR, RELATOR, ORADOR, CENSURA, ESTATUTO, DESARMAMENTO.

  SENADO FEDERAL SF -

SECRETARIA-GERAL DA MESA

SECRETARIA DE REGISTRO E REDAÇÃO PARLAMENTAR - SERERP

COORDENAÇÃO DE REDAÇÃO E MONTAGEM - COREM

27/02/2018


DISCURSO ENCAMINHADO À PUBLICAÇÃO, NA FORMA DO DISPOSTO NO ART. 203 DO REGIMENTO INTERNO.

    O SR. WILDER MORAIS (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - GO. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srs. e Srªs Senadoras, "O Brasil corre o risco de se tornar um narcopaís". As fortes palavras do general Heleno são um grito de alerta para acordar o Brasil da nossa apatia diante da violência que cresce há pelo menos 15 anos.

    Tive a honra de ser Relator da Política Nacional de Segurança Pública na Comissão de Constituição e Justiça desta Casa.

    No parecer aprovado pela comissão, demonstramos que a guerra de facções do Rio de Janeiro se espalhou como um câncer pelo país sugeríamos o uso de medida constitucional ainda mais enérgica - o estado de defesa.

    Fico muito satisfeito de ver que o Presidente reconheceu a gravidade da situação e que os remédios tradicionais não surtem mais efeito.

    Neste parecer ficou claro que a violência tem quatro grandes origens que precisam ser enfrentadas já:

    i) fronteiras escancaradas para todo tipo de tráfico, exigindo uma polícia especializada;

    ii) polícias sucateadas, precisando de contingentes mínimos e investimentos;

    iii) população sem direito de defesa, precisando revogar o Estatuto do Desarmamento;

    iv) territórios dominados pelas facções, exigindo intervenções firmes como essa.

    Essa medida se encaixa perfeitamente no que o Brasil precisa. Me espanto quando vejo que alguns críticos à medida tentam dizer que não há crise e alegam que os índices de criminalidade de 2018 são iguais aos de 2017.

    Meu Deus, 2017 foi o ano mais violento da história do país com 70.000 homicídios!

    Apenas no Rio de Janeiro foram mais de 5.500 assassinatos, 190.000 roubos e 106.300 furtos registrados e 125 policiais mortos!

    Não podemos nos conformar. Isso é guerra!

    Ora, se a calamidade é antiga, ainda mais urgente e forte deve ser a resposta do Estado brasileiro.

    Também dizem os críticos que nada vai mudar por que o exército já está lá. Ora, isto é uma grande ignorância ou mesmo falta de caráter.

    O que foi tentado foram as operações de garantia da lei e da ordem. Nestas, o exército apenas apoia a polícia militar e tem o comando parcial, incompleto.

    Foram 10 operações de GLO nos últimos 7 anos, com 800 milhões de reais em custos e poucos resultados.

    O exército precisa de liberdade para agir e fazer mudanças concretas no funcionamento do Estado.

    Nosso exército é reconhecido mundialmente pela sua capacidade de pacificar, como fez no Haiti e em várias missões de paz pelo mundo.

    Precisamos deixá-los fazer o mesmo no Brasil. E isso que faz essa intervenção.

    O general Braga Neto terá amplos poderes para fazer funcionar toda a segurança pública do Estado. Sem submissão a pressões políticas. Podendo combater pela raiz a ineficiência, as ilegalidades e a corrupção ali presentes.

    Com todo respeito ao povo carioca, mas as polícias do Estado estão totalmente sucateadas. Mais de 3.400 viaturas da PM paradas por falta de manutenção, apenas 75% do efetivo esperado está em atividade, aproximadamente 21.000 homens e mulheres.

    Isto se resolve com gestão e investimentos!

    A situação fica ainda mais dramática: 2.000 policiais estão cedidos a outros órgãos e 7.000 em funções burocráticas.

    Ou seja, menos da metade dos policiais estão nas ruas, protegendo a população. Isto é apenas um exemplo de erro grave de gestão que a intervenção federal poderá resolver. E trará uma melhoria rápida e sustentável na segurança da população.

    O interventor terá total controle do sistema penitenciário do Estado, irá acabar com as regalias dos criminosos e quebrar as universidades do crime em que se converteram as prisões.

    A situação e desesperadora e a intervenção é totalmente necessária.

    Uma oportunidade de ouro para testarmos novas técnicas e modelos de gestão de segurança.

    Precisamos de um choque de ordem, de tolerância zero na criminalidade. É claro que, para isso, os nossos militares necessitarão de condições de trabalho.

    O Senado precisa dar apoio absoluto ao general Braga Neto e sua honrosa tropa. Este é o momento para implantarmos soluções de médio e longo prazo como as que elenquei no relatório de segurança pública.

    A primeira delas é poder tratar os inimigos da nação com a força necessária. Marginal armado de fuzil é um alvo, como disse o general Heleno em entrevista recente.

    É urgente a aprovação da Lei do Abate, o PLS 352/2017 do Senador José Medeiros e de minha relatoria.

    O projeto é tão simples como necessário.

    Reconhece que o policial ao disparar contra um criminoso fortemente armado, está agindo em legítima defesa.

    Hoje o policial que toma esta atitude será investigado e pode ser até processado e condenado. Veja só, ser punido por ter ferido um criminoso que estava portando um fuzil no meio da rua.

    É uma inversão de valores absurda que precisa acabar já!

    Precisamos valorizar nossos policiais e militares, nossos guardiões nesta guerra civil

    Precisamos também reorganizar rapidamente as polícias estaduais. O quadro fluminense de contingente reduzido e policiais em funções burocráticas se repete na maioria dos estados.

    Apresentei o PLS 391/2015 que determina, pelo menos, 80% do contingente deva estar em atividade-fim, defendendo a população. Violências e combate com polícia na rua e inteligência, não com burocracia.

    Outro fator urgente para tratarmos é a questão das fronteiras.

    O Brasil tem 15.00km de fronteira terrestre e 7.500km de costa, somos vizinhos dos três maiores produtores mundiais de cocaína.

    Para estrangular a fonte de recursos do crime organizado, precisamos fechar as fronteiras, necessitamos de uma polícia especializada.

    Por isso, apresentei a PEC 3/2018 criando a Polícia Nacional de Fronteiras. O Governo precisa acatar esta proposta já.

    Tomar as medidas necessárias para sua implantação o quanto antes. Enquanto isso, equipar e apoiar as tropas de fronteira do exército e da polícia federal

    Temos que respeitar o direito de defesa armada do cidadão.

    A guerra contra o crime organizado é a saga de uma geração e passa por diversas estratégias e táticas, como vimos aqui.

    Enquanto isso, o cidadão está sozinho no fogo cruzado. O Estatuto do Desarmamento é um fracasso baseado numa mentira!

    Em 15 anos de desarmamento, os homicídios cresceram continuamente no país, em Goiás os assassinatos quase dobraram! O cidadão de bem está desarmado, enquanto os criminosos andam livremente com fuzis pelas ruas. É hora de acabar com esta farsa!

    O PLS 224/2017 de minha autoria, que reconhece o direito de posse de armas aos moradores de zonas rurais está pronto para ser aprovado na pauta do Senado Federal.

    E o PLS 348/2017 que institui o Estatuto do Armamento, também está pronto para aprovação na CCJ.

    O povo não aguenta mais esperar.

    Estas matérias fazem justiça para que os homens e mulheres de bem possam se armar e defender da criminalidade crescente.

    Srªs e Srs. Senadores, a violência é um problema grave e não há bala de prata para solucioná-la.

    São várias frentes que devem ser atacadas em paralelo para avançarmos continuamente.

    Mas além das medidas específicas de segurança, precisamos também pensar nas condições sociais e econômicas em que floresce a criminalidade.

    O bandido fez uma escolha, ele não é vítima da sociedade. Porém, precisamos ter clareza que a destruição dos valores da família e a ausência dos serviços básicos do Estado facilitam a cooptação dos jovens pelo crime organizado.

    Por isso, esta intervenção de segurança deve ser acompanhada de uma intervenção urbana e social. Levar saneamento, água encanada, iluminação pública e vias trafegáveis à população mais carente do Rio de Janeiro e de todo o Brasil. Isto quebrará a fonte de renda dos criminosos que controlam o comércio nas comunidades carentes.

    Liberará a entrada de mais serviços públicos, facilitará a atuação policial e trará qualidade de vida e dignidade para este povo trabalhador. A intervenção é uma medida acertada do Governo, necessária e talvez até atrasada. Mas não é a solução final.

    Precisamos, em resumo: i) aprovar a lei do abate; ii) criar a polícia nacional de fronteiras; iii) garantir mínimos de policiais nas ruas bem treinados e equipados; iv) retomar o controle dos presídios; v) levar dignidade e urbanização planejada às nossas cidades. vi) garantir o direito ao armamento e à legítima defesa do cidadão.

    Neste dia histórico, eu gostaria de encerrar com uma mensagem de otimismo.

    Este não é o fim da violência, mas o fim do seu crescimento. O Brasil está retomando o seu respeito próprio, e criando a coragem que vai nos levar a vitória final sigamos juntos, firmes e convictos de que essa guerra precisa de todos os brasileiros de bem para ser vencida.

    A paz triunfará. O Brasil vencerá.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 28/02/2018 - Página 328