Discurso durante a 20ª Sessão de Debates Temáticos, no Senado Federal

Sessão de debates temáticos destinada a discutir a questão da violência e da segurança pública.

Autor
Telmário Mota (PTB - Partido Trabalhista Brasileiro/RR)
Nome completo: Telmário Mota de Oliveira
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SEGURANÇA PUBLICA:
  • Sessão de debates temáticos destinada a discutir a questão da violência e da segurança pública.
Publicação
Publicação no DSF de 07/03/2018 - Página 61
Assunto
Outros > SEGURANÇA PUBLICA
Indexação
  • SESSÃO DE DEBATES TEMATICOS, DISCUSSÃO, VIOLENCIA, SEGURANÇA PUBLICA, BRASIL.

    O SR. TELMÁRIO MOTA (Bloco Moderador/PTB - RR. Sem revisão do orador.) – Presidente Eunício, Srs. Senadores, Srªs Senadoras, autoridades que compõem a Mesa.

    Sr. Presidente, para ser mais rápido, nós vamos diretamente àquilo que realmente nos interessa.

    Na verdade, essa intervenção do Rio... Eu fui contra. Por que eu fui contra? Porque o próprio decreto era inócuo, tinha ambiguidades; não tinha as previsões necessárias que a Constituição determina, até para execução do projeto. Segundo, o Ministro Jungmann, na fala dele, uma hora, dizia que o Exército não tinha o poder de polícia, e alguns membros do Governo Federal diziam que a polícia, ali, estava totalmente sem credibilidade e comprometida. E iria agir como?

    Depois, em seguida, logo se observa que o Exército tem esta premissa de que tem disciplina. E, como tem disciplina, onde há disciplina, cumpre-se missão, mesmo que seja uma missão absurda, como foi essa.

    Então, com certeza absoluta, o Exército brasileiro acatou o formato de afogadilho dessa decisão, e o Gen. Braga Netto que seja iluminado nessa missão dele, até porque também essa intervenção... Aqui, ainda agora, ouvi um membro do Ministério Público dizer que ela foi por falta de gestão. Ora, se é por falta de gestão, tinha que tirar o Governador e fazer uma gestão disciplinar no Rio, e não fazer uma meia curva e comprometer a imagem do Exército brasileiro, que é nossa retaguarda.

    Então, o Exército brasileiro entrou nessa missão e tem a obrigação, agora, de fazer cumprir, porque senão coloca a instituição que tem a maior credibilidade neste País em cheque. Por que tudo isso? Para salvar um paciente que estava na UTI, no balão de oxigênio, pegando a extrema-unção, para poder escapar até às eleições; era essa a situação do Governo. Na hora que ele perdeu o foco da Previdência, ele não tinha outro foco e usou aí essa decisão.

    Eu espero que realmente tenha um bom resultado. Eu torço que dê certo, pelo povo do Rio, torço que dê certo, pelos brasileiros, torço que dê certo, pelo Exército brasileiro. Mas, sem nenhuma dúvida, ainda continuo achando que foi uma decisão errada e politiqueira.

    Mas, Sr. Presidente, como aqui todo mundo puxou sardinha para o seu território, eu não posso deixar de falar do meu território.

    Roraima vive hoje um momento de total exceção. É grave. É grave. Nós vivemos um grave momento social, pela invasão, hoje, pelo inchaço da migração venezuelana. Desde 2015, eu venho chamando a atenção do Governo Federal para o fato de que Roraima poderia entrar em uma grande crise, ter ali um colapso econômico e social, e é o que está vivendo hoje. Alertei muito o Governo Federal nesse sentido, e foram levando, levando, de ordem que, agora, o que se está vendo é que foi lá o Presidente, foram vários ministros, e lá virou agora um palco de passear ministro e não resolver nada, Senador Eduardo. Não resolvem nada, não tem nada prático. É preciso colocar a coisa na prática.

    Nós não temos hospitais, estão superlotados, não há geração de emprego... É uma cidade que vive do contracheque: 60% do Estado de Roraima vive do contracheque do Governo Federal, estadual e municipal. É um Estado pequeno, um Estado de fronteira, que está inchado e estamos vivendo uma crise sem precedentes na nossa história. A segurança está abalada. Botaram o Exército para cuidar das BRs, comprometendo, inclusive, até a segurança nesse sentido.

    Então, eu faço um apelo aqui... Principalmente, eu queria fazer um apelo ao Ministro Sérgio Etchegoyen. Ele conhece a realidade...

(Soa a campainha.)

    O SR. TELMÁRIO MOTA (Bloco Moderador/PTB - RR) – ... é um homem que vem do Exército brasileiro – aqui um minuto passa rápido –, tem amor e conhece a nossa realidade.

    Então, Roraima precisa de uma providência rápida. Ao Ministro da Segurança também: precisamos tomar uma decisão rápida.

    Sr. Presidente, dê-me um minuto, que é importante falar isso.

    Veja você, Senador Renan Calheiros,...

    O SR. PRESIDENTE (Eunício Oliveira. PMDB - CE) – Mais um minuto para V. Exª.

    O SR. TELMÁRIO MOTA (Bloco Moderador/PTB - RR) – ... Roraima é o único Estado da Federação que é albergado. Está-se falando em preso e albergaram o povo de Roraima. Às 18h, uma corrente arreia em Waimiri-Atroari. Não passa ninguém. E às 6h da manhã abre. Onde já se viu isso? Cerceado o direito de ir e vir. Ora, coisa simples: coloque ali um corredor ecológico; o mundo inteiro está criando corredor ecológico – esse, de biodiversidade. Cem quilômetros.

    O Estado de Roraima é o único que não está interligado na energia, porque não podem passar ali 100Km. Para a Ilha do Marajó fizeram aquático. Em Roraima, não se pode fazer subterrâneo...

(Soa a campainha.)

    O SR. TELMÁRIO MOTA (Bloco Moderador/PTB - RR) – ... porque, se fizer aéreo, vai morrer papagaio, macaco, periquito, e Roraima pode ficar na escuridão.

    Veja, Renan, se fizessem isso com a tua Alagoas... Imagine só!

    Então, é preciso que o Governo Federal olhe Roraima com mais seriedade, mais compromisso, e entenda que Roraima é um ente federativo.

    Eu queria aqui concluir, Sr. Presidente, dizendo que não é só resolver paliativamente, com remédio homeopático, a situação dos venezuelanos. É preciso compensar o Estado de Roraima pela crise que ele está vivendo. Então, é preciso resolver essa questão energética, essa questão da corrente, e mais do que isso.

    E, aí, eu quero falar novamente com o Ministro Sérgio Etchegoyen.

    É impossível entender que não passem a titulação das terras de Roraima, precisando só, da Secretaria de Segurança Nacional, a autorização para poder fazer a titulação das nossas terras. O povo do interior está indo embora para a cidade – 83%. Somado com o venezuelano, nós vamos viver de quê?

    Portanto, eu queria fazer um apelo à sensibilidade dos Ministros, para que Roraima seja olhado como ente federativo...

(Interrupção do som.)

(Soa a campainha.)

    O SR. TELMÁRIO MOTA (Bloco Moderador/PTB - RR) – ... e não só como um colégio eleitoral, porque realmente só temos 0,2%.

    Muito obrigado a todos.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 07/03/2018 - Página 61