Pronunciamento de Waldemir Moka em 06/03/2018
Discurso durante a 20ª Sessão de Debates Temáticos, no Senado Federal
Sessão de debates temáticos destinada a discutir a questão da violência e da segurança pública.
- Autor
- Waldemir Moka (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/MS)
- Nome completo: Waldemir Moka Miranda de Britto
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
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SEGURANÇA PUBLICA:
- Sessão de debates temáticos destinada a discutir a questão da violência e da segurança pública.
- Publicação
- Publicação no DSF de 07/03/2018 - Página 71
- Assunto
- Outros > SEGURANÇA PUBLICA
- Indexação
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- SESSÃO DE DEBATES TEMATICOS, DISCUSSÃO, VIOLENCIA, SEGURANÇA PUBLICA, BRASIL.
O SR. WALDEMIR MOKA (PMDB - MS. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, quero pedir vênia e cumprimentar todas as autoridades da Mesa em nome do Presidente Eunício.
Sr. Presidente, não tenho como começar a falar sem lembrar o meu Estado, o Mato Grosso do Sul. Nós temos mais de mil quilômetros de fronteiras, temos fronteira com o Paraguai e com a Bolívia. É sabido que maconha e cocaína, na sua grande e maior parte, entram pelo Estado de Mato Grosso do Sul. Isso é uma verdade constatada, basta ver as apreensões. Sou um daqueles que acham que é preciso ter investimentos, sobretudo na fronteira, para que a gente possa, realmente, jogar luz, para que a gente possa mudar a realidade disso daí.
Antigamente, eram os jovens e mais humildes que eram recrutados pelo chamado crime organizado. Hoje, são os jovens das famílias médias, médias altas, que estão sendo recrutados. Acho isso um avanço muito grande. Vejo aqui – e me pediram para não transformar isso num debate ideológico, partidário – muitos Parlamentares virem dizer que tudo isso, 12 milhões de desempregados, falta de investimentos, aconteceu em dois anos. Ninguém se lembra dos 13 anos em que governos ficaram aqui e não fizeram absolutamente nada, nem investimentos.
Por que isso pode acontecer agora? E se culpa um Governo que pegou interinamente. É toda uma situação de falta de recursos, de escassez de recursos. E se esforça... Vem aqui o Ministro se esforçando – e as autoridades – para colocar essa questão da segurança como uma questão maior, suprapartidária, para que a gente possa, aqui no Senado, discutir a questão que possa impedir... Por exemplo, quero chamar a atenção para o seguinte: quando se vai fazer uma campanha para evitar que os acidentes de trânsito, os desastres de trânsito, aconteçam no País, fala-se em motoristas embriagados. E eu não vi aqui nenhum discurso falando sobre quem é que consome, sobre qual é a demanda dessa droga.
O Brasil exporta muita droga, eu sei disso, mas o consumo do Brasil é feito também pela classe média, média alta. Quer dizer, se tem consumo, tem demanda. E isso é preciso que seja colocado aqui. Se não houvesse isso tudo, não estaríamos também aqui brigando.
Agora, eu não consigo entender a entrada de drogas e de armas que depois são combatidas nos morros do Rio de Janeiro, nos canaviais de São Paulo, e nós não termos um efetivo de agentes no Mato Grosso do Sul, no Mato Grosso e em todos os Estados...
(Soa a campainha.)
O SR. WALDEMIR MOKA (PMDB - MS) – ... que demandam fronteira. Entra isso tudo e depois quer se combater. E deixando de lado... Às vezes, celebridades defendem o uso indiscriminado, e é para isso que eu quero chamar a atenção, porque, se existe demanda, o consumo é estimulado por essa demanda, aqui no Brasil. E, claro, nós somos rota, o meu Estado sofre como rota e sofre também pelo consumo. Quando um viciado em crack atira no pai e na mãe pela falta da droga, comete assassinato, é preciso investigar também a origem disso.
(Soa a campainha.)
O SR. WALDEMIR MOKA (PMDB - MS) – Agora, existem aqueles refinados que consomem cocaína, e aí ninguém fala nada. Ninguém diz: "Por que tanta cocaína no Brasil? Por que tanta coisa?" E ainda há aqueles que defendem: "Não, a maconha não faz nada, ela é um negócio, assim, tipo um cigarro, que não vicia". Acontece que começa pela maconha, mas não termina na maconha, vai-se aumentando o grau da droga. E eu falo isso como médico que sou. Nunca vi ainda alguém começar e terminar. Começa na maconha, mas termina lá.
E temos que acabar com essa história de que tudo isso é fonte de...
(Interrupção do som.)
O SR. WALDEMIR MOKA (PMDB - MS) – ... um ano e meio de Governo. Não é possível que chegamos a essa situação por anos e anos.
Eu não quero falar mal de ... (Fora do microfone.)
(Soa a campainha.)
O SR. WALDEMIR MOKA (PMDB - MS) – ... nenhum governo, mas é preciso dizer que há muito tempo eu mesmo fui o Relator do agora Ministro Blairo Maggi, tentando: onde os Estados quisessem, podia haver a união entre a Polícia Civil e a Polícia Militar. Tentem na prática fazer isso – é uma coisa muito difícil.
Eu fiz parte aqui de uma comissão de inteligência, Senador Presidente Eunício, e naquela época da Copa do Mundo havia uma perfeita integração e, por muita gente que veio aqui, eu acho que foram muito poucos os problemas que nós tivemos. Fala-se no Sisfron, está instalado lá em Dourados, no meu Estado. Sabe o que que acontece? O sistema de comunicação do Sisfron não fala com o sistema da Polícia Civil, da Polícia Militar. Ora, se vai gastar um monte de recursos e os sistemas de comunicação não se comunicam? São coisas que não podem, não devem acontecer. Eu fui lá, e o Comandante Militar do Oeste falou isso. E até hoje, parece-me que há sete anos, se tenta terminar o Sisfron; e até hoje nós não temos resultado prático de uma coisa superimportante que é a comunicação entre o crime, sobretudo o crime organizado.
Sr. Presidente, desculpe-me, é quase um desabafo, mas isso é um negócio com que nós não podemos...
(Interrupção do som.)
O SR. WALDEMIR MOKA (PMDB - MS. Fora do microfone.) – ... mais conviver.
(Soa a campainha.)
E não me venham falar só no bandido: temos que falar no consumidor, naquele que demanda droga e que faz com que essa droga chegue às grandes metrópoles e seja consumida por pessoas que financiam – ou, pelo menos, ajudam a financiar – o crime organizado.
Muito obrigado, Sr. Presidente.