Discurso durante a 20ª Sessão de Debates Temáticos, no Senado Federal

Sessão de debates temáticos destinada a discutir a questão da violência e da segurança pública.

Autor
José Medeiros (PODE - Podemos/MT)
Nome completo: José Antônio Medeiros
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SEGURANÇA PUBLICA:
  • Sessão de debates temáticos destinada a discutir a questão da violência e da segurança pública.
Publicação
Publicação no DSF de 07/03/2018 - Página 83
Assunto
Outros > SEGURANÇA PUBLICA
Indexação
  • SESSÃO DE DEBATES TEMATICOS, DISCUSSÃO, VIOLENCIA, SEGURANÇA PUBLICA, BRASIL.

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PODE - MT. Sem revisão do orador.) – Muito obrigado, Sr. Presidente. Em seu nome, cumprimento a todos da Mesa.

    E tenho uma boa notícia, Presidente. Já que estamos falando de combate à violência e combate ao narcotráfico, agora à tarde, no meu Estado de Mato Grosso, numa ação da Polícia Federal junto com as forças do Estado, e bem sucedida, em consonância com a Aeronáutica, houve o abate de uma aeronave que...

    O abate não: o avião forçou que a aeronave descesse, e, quando as forças de segurança verificaram, havia mais de meia tonelada de cocaína dentro do avião. Neste momento, os meliantes estão sendo levados para as informações de praxe.

    Mas o que eu queria ressaltar é que as coisas estão acontecendo, e nós fizemos alguns avanços importantes. Ouvi muitos falarem em fronteiras aqui, e eu creio que nós estamos caminhando para um horizonte melhor. Eu lembro que, em 2012, nós começamos uma luta aqui, porque a dificuldade era fixar as pessoas, os servidores – fossem da Receita, da Polícia Federal ou da Polícia Rodoviária Federal –, nesses locais de difícil acesso, de difícil fixação de pessoal. E, nesse mês de janeiro, graças a Deus, isso foi concretizado, e hoje já é possível os policiais receberem um adicional de fronteira, uma indenização de fronteira, o que ajuda nessa fixação das pessoas.

    Então, esse combate no ar precisa ser combinado com o combate em terra, e, para isso, justamente agora, nós precisamos só de mais aporte de efetivo. E, com certeza, nós vamos ter um resultado muito bom. Digo isso porque, no Estado de Mato Grosso, nos últimos cinco meses, creio que, com essa apreensão, já se vai em torno de mais de quatro toneladas de cocaína. Isso é muita cocaína, num Estado que é, notadamente, uma rota dos traficantes que vêm trazer a cocaína para os grandes centros. Então, em boa hora nós estamos discutindo isso, porque, com o combate dentro das cidades, mais o combate nas fronteiras, nós, com certeza, vamos ter mais sucesso do que tivemos até agora.

    E por que eu digo isso? Por que é que eu fiz esse levantamento aqui? É porque nós precisamos começar agora a tratar de fazer as coisas. Diagnóstico e conversa nós tivemos o tempo inteiro. E eu vejo Parlamentar subir aqui, Senador Eunício, e dizer: "Nós precisamos fazer um debate profundo, nós precisamos discutir isso melhor, porque estão morrendo os negros nas favelas, as crianças..."; "Está morrendo todo mundo. Estão morrendo 60 mil pessoas, e vamos debater até quando isso?"

    Isso aqui está parecendo o sujeito que está com as veias entupidas, com as coronárias, com a aorta, e ele está só respirando; e aí vem o sujeito e diz: "Não, precisamos cuidar do regime dele. É melhor ele fazer uma caminhada, não comer tanta gordura; a glicose também tem que baixar...". Disso todo mundo sabe, mas não é o momento. Isso é depois da cirurgia, depois do cateterismo. É preciso fazer um cateterismo para aquele doente.

    E nós, neste momento, precisamos cuidar desse doente terminal, porque a segurança no Brasil – todo mundo concordou com isso – deu PT: perda total.

    Então, o que a gente precisa neste momento é reerguer isso. E de que forma? "Ah, foi você", "Não foi você". "As coisas...". Não é com conversa. É com ação.

    E eu queria parabenizar o Exército, porque foi tão criticado... Não pode nem pegar um documento. Eu queria perguntar para essas pessoas: "Para que é aquela foto, no documento?" É para você identificar as pessoas.

(Soa a campainha.)

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PODE - MT) – E ninguém está sendo criminalizado porque você pediu um documento, não. Ah, não pode olhar o documento. Então, nós mandamos o Exército para lá, nós temos um Exército, nós temos uma polícia que não pode nem pegar o documento de um cidadão?

    Então, Senador Eunício, por isso nós temos alguns projetos aqui, no sentido de dar instrumento para as forças de segurança do País. Eu estou sendo muito criticado, mas não tenho medo de dar a cara a tapa, não. Nós estamos cansados de ver essa história de bala perdida. Nós estamos cansados de ver policiais com medo de puxar a arma para enfrentar bandido. Por quê? Porque ele sabe que é problema. Ele sabe que a corregedoria, que a promotoria, que todo mundo, além de parte da imprensa e dos chamados "intelectuais" deste País, vão para cima dele. Então, ele fica pensando, diante de um tiroteio: "Ou eu morro ou eu vou preso". Então, ele geralmente faz opção por ser preso. Aí nós temos a polícia mais violenta do mundo. É bacana bater em polícia, é repressivo!

(Soa a campainha.)

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PODE - MT) – Então, nós temos um projeto aqui no sentido de... É apelidado de Lei do Abate, mas, na verdade, é um instrumento que já existe em outros países e eu gostaria muito de ver aqui as Forças Armadas legitimadas para isso. Porque, do jeito que estão as Forças Armadas lá, é um desfile bélico. Não pode agir! Se pegam um documento: "Nossa, coitadinho! Não pode!".

    Então, Senador Eunício, nós temos um projeto. Eu espero que, nesse pacote de segurança que V. Exª sabiamente... Aliás, antes de toda essa discussão aqui, foi V. Exª que começou esse debate sobre segurança pública, antes de intervenção federal, antes de qualquer coisa. O Senador Eunício chegou e colocou a pauta aqui: "A nossa pauta vai ser segurança pública". E começamos a fazer. Nesse pacote, nós temos um projeto que, em síntese, dá autorização para que, tanto o Exército quanto as forças policiais, ao se depararem com um indivíduo portando armas de guerra, lança-foguetes, granada, ponto 50, possam atirar imediatamente.

    Aí ouvi uma Procuradora Federal dar uma entrevista e dizer o seguinte: "O policial só pode atirar depois de ser alvejado". Creio que foi um ato falho, mas achei bacana! Um fuzil, por mais obsoleto que seja, dá uma rajada de dez tiros por segundo. Um obsoleto, não estou falando de arma moderna. Aí, eu quero saber qual é o sujeito que reage depois de levar dez tiros de fuzil. Até a alma sai de muleta, estragou o velório. Aí não, a polícia só pode reagir depois de dez tiros de fuzil. Tem condições de um país funcionar desse jeito? Da segurança funcionar desse jeito? Se a polícia não pode agir e tem de enfrentar bandido com ramalhete de flores! Parem de conversar fiado! O problema do País é a hipocrisia! Falou bem aqui o Senador Moka. O sujeito quer discutir segurança pública tomando vinho Pêra-Manca lá no Leblon. Cheira cocaína a noite inteira e depois vai fazer passeata pela paz. Lamento, ser viciado é uma doença.

    Mas, Senador Eunício...

(Soa a campainha.)

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PODE - MT) – ... se faz segurança pública do jeito que V. Exª está fazendo: com projetos, com instrumentos, dando instrumentos para a polícia agir e, acima de tudo, enfrentando o problema.

    Debater nós estamos debatendo há muito tempo. Trabalhei 23 anos na segurança pública, Senador Eunício, e sei o que um policial sente toda vez que precisa puxar uma arma. É agonia: "O que vou fazer?", porque é sempre a mesma coisa. Nós estamos no País dos invertidos – e agora termino mesmo, Senador –, é o País da inversão. Um policial, aqui no Brasil, se fizer um filme, a população torce pelo bandido. É desde criança que começa assim. O menino está fazendo uma coisa malfeita: vou chamar a polícia. Então, nós estamos com uma inversão de valores. E não é só isso não. O bandido aqui tem, sim, mais moral do que a polícia, ele anda com um fuzil e não acontece nada, porque a polícia não pode agir.

    Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 07/03/2018 - Página 83