Discurso durante a 20ª Sessão de Debates Temáticos, no Senado Federal

Sessão de debates temáticos destinada a discutir a questão da violência e da segurança pública.

Autor
Magno Malta (PR - Partido Liberal/ES)
Nome completo: Magno Pereira Malta
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SEGURANÇA PUBLICA:
  • Sessão de debates temáticos destinada a discutir a questão da violência e da segurança pública.
Publicação
Publicação no DSF de 07/03/2018 - Página 88
Assunto
Outros > SEGURANÇA PUBLICA
Indexação
  • SESSÃO DE DEBATES TEMATICOS, DISCUSSÃO, VIOLENCIA, SEGURANÇA PUBLICA, BRASIL.

    O SR. MAGNO MALTA (Bloco Moderador/PR - ES. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, Srs. Senadores, Srªs Senadoras, a Mesa, cumprimento todos, agradecido.

    Sr. Presidente, parabéns pela lucidez de chamar este debate. Senador Flexa.

    Quero dizer aos senhores que comandam esse processo que têm o meu apoio e da população brasileira em todos os sentidos e em todos os vieses que estão colocados.

    Eu ouvi quase todos os discursos, parte deles pelo rádio, parte pela televisão no meu gabinete, e alguns ouvi ao vivo. E discordo do que ouvi muito mais do que concordo. O Brasil não é o país de Alice. Nós não estamos vivendo em O Fantástico Mundo de Bobby. Nós estamos vivendo uma crise; nós estamos vivendo um momento de exceção na segurança pública.

    Encerrou o Senador Randolfe dizendo que, pelo menos nesses últimos 15 anos, há o abandono da segurança pública. São 15 anos mesmo! Já havia abandono no passado, mas, nesses 15 anos, se avassalou. Por que se avassalou? Porque os direitos humanos, que tratam os humanos brasileiros como se os humanos não tivessem direito, passaram 15 anos glamorizando vagabundo, passando a mão na cabeça de vagabundo; o crime cresceu, tomou corpo, "amonstruou-se" – nem sei se existe essa palavra; se não existir, inventei agora –, virou monstro; e esse monstro precisa ser combatido.

    Aí se evoca a Constituição; mas a Constituição só é evocada quando é pontual, quando a necessidade é de se fazer o discurso. Lewandowski veio aqui, rasgou a Constituição aqui para proteger Dilma; estava certo... Agora, estão evocando a Constituição para fazer uma intervenção em um Estado que é cartão postal do Brasil no mundo. E, se todos os outros Estados têm a mesma crise, o Rio tem um diferencial: bala perdida.

    Agora, os senhores já se deram o trabalho de irem às ruas e ouvirem os especialistas de segurança pública? Com todo respeito aos especialistas de segurança pública, mas especialista em segurança pública é quem pega ônibus no Rio, é quem pega trem, é quem vai para o ponto de ônibus. Sabe? É quem morreu assassinada com filho no útero; é o aposentado que morreu – "perdeu, vagabundo" –; é o cidadão que tomou um tiro dentro do carro. O sujeito dava 500 empregos; o outro dava dez empregos. "Perdeu, vagabundo!" Pow! Pow! Pow! Vagabundo de 17, de 15, de 16 anos de idade. "Tira a mão de mim, porque eu sou menor", fala com a polícia. "Eu conheço meus direitos!" Direito é uma ova! Chegamos aonde nós chegamos: chegamos ao caos! Mostrem uma solução! "Não, porque é preciso fazer isso e tal."

    Que dia? Que dia? "Não, é porque é preciso tomar esse tipo de providência, é preciso que nós votemos." O quê? O quê, pelo amor de Deus?

    Eu estou falando isso, Presidente, porque fui buscar no YouTube os meus discursos. Quando cheguei aqui, pelo menos em uns dez discursos meus, de lá de trás, eu digo que o Brasil precisa ter um ministério de segurança pública e ainda digo: com verba carimbada, 25%, tal qual é na educação, porque, sem segurança pública, não se tem educação, não se tem saúde e nada.

    O meu Estado ficou debaixo da mão do crime por 30 dias. A polícia entrou em greve. Nós ficamos enclausurados. O que a mídia fez para cooperar com isso foi desmoralizar a polícia, uma polícia abandonada, mal remunerada, mal reciclada. Mas nós temos a pior polícia do mundo: polícia truculenta, que prende mal. O que é prender mal? Prender vagabundo é prender mal? O que é prender de mal? Nossa polícia... Não, não, não, não, não, existem sacerdotes na segurança pública deste País e precisam ser respeitados.

    Agora, uma intervenção é mais ou menos assim, na minha cabeça: choveu, caiu uma árvore no meio da pista, os carros começaram a parar. Aí alguém chegou e disse: "Olha, é preciso chamar os técnicos do Ibama antes de puxar essa árvore daí, porque você vê se tem um formigueiro aqui, e esse formigueiro não pode matar porque essa formiga é rara." Então, tem que chamar um outro técnico e dois engenheiros para saber se pode colocar uma haste daquele lado, outra haste daquele lado e os tratores puxarem devagar. Isso vai demorar pelo menos uns 15 dias, se o Ibama deixar. E os carros enfileirados, enfileirados, enfileirados, carro, carro, carro. O povo com fome e com sede, carro, carro. Não, gente, pelo amor de Deus!

(Soa a campainha.)

    O SR. MAGNO MALTA (Bloco Moderador/PR - ES) – O que tem que fazer é desobstruir a estrada, é meter o trator e jogar lá do outro lado, depois se pensa o que vai fazer.

    E intervenção é exatamente isto: é preciso tomar uma atitude, mostrar quem é que manda, dar lampejos de autoridade em um País que, com o Paraguai, tem 1.100km abertos de fronteira; tem 700km abertos, com a Bolívia; e 3.000km, no entorno, e nós temos um efetivo de Polícia Federal absolutamente menor do que a Argentina. Isso é abandono na segurança pública e, agora, desculpem-me, com todo o respeito a todos, esses discursos de viagem na maionese... Mamãe me acode! Mamãe me acode! O Brasil inteiro precisa disso. O Brasil inteiro precisa disso.

    Eu acho que a Força Nacional movimentada e acho que este é o momento mais oportuno para que nós votemos ou comecemos a discutir o nosso conceito de segurança nacional. Penso que as nossas Forças Armadas têm porque Bin Laden nem é daqui...

(Soa a campainha.)

    O SR. MAGNO MALTA (Bloco Moderador/PR - ES) – ... o Estado Islâmico nunca nos ameaçou. O nosso inimigo é o narcotráfico. Rediscutir o nosso papel de segurança nacional.

    Agora, imagino que a Força Nacional, por exemplo, podia ser polícia de fronteira, sob o comando da Polícia Federal, porque, quando você desloca a Força Nacional, você gasta diária, depois de nove meses nasce um monte de menino no lugar onde eles ficaram, eles foram embora, pagou a diária, não resolveu nada porque a Força Nacional é um Band-Aid no câncer.

    Agora, o que você está fazendo hoje corretamente? Senador, Presidente Eunício, eu vou lhe fazer um pedido que eu fiz para Sarney, fiz para Renan e bati nas costas de Renan de forma insistente: "Presidente, crie uma comissão permanente de segurança pública." Prometeu que ia criar. Insisti, não criou. Subcomissão na CCJ nunca reuniu. Vocês vão fazer mea-culpa? O abandono é nosso.

    Agora, existe uma série de coisas que colaboram para a violência.

    Por exemplo, uma coisa pequenininha...

(Soa a campainha.)

    O SR. MAGNO MALTA (Bloco Moderador/PR - ES) – ...que o Supremo votou agora – e já encerro: um macho que se sente transgênero, acima de 21 anos é transgênero, não precisa fazer a cirurgia e pode entrar num banheiro de mulher... E a minha mulher e as minhas filhas não podem falar nada para não constrangê-lo; mas o cara pode – desculpem-me! – mijar em pé, respingar o vaso todo, para depois as esposas dos senhores, as filhas, as mulheres do Brasil... Na semana, às vésperas, no limiar da Semana da Mulher, o Supremo sai com uma dessas – e sai com muitas que me deixam de cabelo levantado, mas essa é demais!

    Srs. Ministros de Tribunal Superior, respeitem as minhas filhas! Respeitem as filhas deste País! Cadê as feministas que não se levantaram para poder defender as mulheres? Agora, um macho, um macho que continua macho – desculpem-me mais uma vez! –, que mija em pé...

(Soa a campainha.)

    O SR. MAGNO MALTA (Bloco Moderador/PR - ES) – ...vai entrar no banheiro, e não pode ser questionado, porque é crime constrangê-lo. Mamãe me acode!

    Tudo isso contribui para a violência. São as pequenas coisas. Não estou saindo do assunto. Eu me mantenho no assunto. Eu tenho pelo menos uns dez discursos sobre Ministério da Segurança. Por isso, não diria que é uma ideia original do Presidente Temer, com todo o respeito, porque eu dizia até quanto se deve carimbar para a segurança pública: 25% do orçamento.

    Sempre disse isso e lutei por isso. Veio tarde, mas veio. Tem o meu aplauso, tem o meu respeito. E podem ter certeza de que os especialistas em segurança pública, que dão entrevistas na Globo News, que falam o politicamente correto, porque são amigos e só falam o que a emissora quer, eles não traduzem o sentimento do povo do Rio de Janeiro, nem do povo do Brasil com relação ao que está sendo feito.

    Parabéns!

    Mete bronca, porque o Brasil está querendo é isso!


Este texto não substitui o publicado no DSF de 07/03/2018 - Página 88