Pela Liderança durante a 16ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Questionamentos sobre o suposto crescimento da economia brasileira defendido pelo Governo Federal.

Autor
Gleisi Hoffmann (PT - Partido dos Trabalhadores/PR)
Nome completo: Gleisi Helena Hoffmann
Casa
Senado Federal
Tipo
Pela Liderança
Resumo por assunto
ECONOMIA:
  • Questionamentos sobre o suposto crescimento da economia brasileira defendido pelo Governo Federal.
Publicação
Publicação no DSF de 01/03/2018 - Página 42
Assunto
Outros > ECONOMIA
Indexação
  • QUESTIONAMENTO, VERACIDADE, FATO, MELHORIA, ECONOMIA NACIONAL, BRASIL, CRITICA, IMPRENSA, MOTIVO, DIVULGAÇÃO, FALSIDADE, ASSUNTO, RECUPERAÇÃO, PRODUÇÃO, INDUSTRIA, CRESCIMENTO, EMPREGO, ENFASE, PRECARIEDADE, MERCADO DE TRABALHO, AUMENTO, ECONOMIA INFORMAL.

    A SRª GLEISI HOFFMANN (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR. Como Líder. Sem revisão da oradora.) – Obrigada, Senador Paim. Obrigada, Senador, por me conceder o seu lugar aqui. Quero cumprimentar quem nos assiste pela TV Senado, pelas redes sociais, e nos ouve pela Rádio Senado.

    O que me traz à tribuna, hoje, Senador Paim, Srªs Senadoras, Srs. Senadores, é a situação da nossa economia. Tenho visto – aliás, todos nós temos visto –, de forma insistente, a propaganda do Governo, dizendo que a economia brasileira está melhorando. Os jornais se esmeram em colocar, nas manchetes, dados positivos, como recuperação da indústria, recuperação de certas áreas da economia, melhoria no emprego.

    Eu queria perguntar para quem e onde exatamente essa economia está melhorando, porque os dados concretos que atingem o povo brasileiro e que nós temos aqui dizem que não estão melhorando. Portanto, se não melhora para a maioria do povo, não dá para dizer que a economia melhora.

     Nós temos hoje uma taxa de desemprego que, ao invés de cair, cresce. Quando o Presidente Temer assumiu, de maneira ilegítima, o Governo, nós tínhamos uma taxa de desocupação de cerca de 9%. Fechou 2017 com 11,8% de desempregados; e agora, em janeiro de 2018, com 12,2%. Ou seja, são 12,7 milhões de desempregados no Brasil. Então, como que uma economia pode estar melhorando, se o número de desempregados está crescendo, Senador Paim?

    Ele disse que ia melhorar, mas ele está há dois anos à frente do Governo do Brasil, e não conseguiu chegar ao nível que ele pegou lá em 2016.

(Soa a campainha.)

    A SRª GLEISI HOFFMANN (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR) – É um absurdo isso!

    Outra coisa que é importante dizer, Senador Paim, é que os empregos que eles estão dizendo que cresceram são os empregos informais, empregos precários; é ocupação, porque emprego formal caiu, no Governo Temer, 1,7%. Foi 1,7% no ano passado.

    Então, o que está crescendo? As pessoas estão se virando. Estão vendendo marmita, estão fazendo bico, estão se virando para sobreviver. Isso não é feito do Governo e não pode ser considerado como um emprego. Então, a situação é muito pior.

    Portanto, eu pergunto: para quem está melhorando economia? Para a maioria do povo brasileiro não é.

    Outro dado estarrecedor, Senador Paim, é em relação ao salário mínimo.

    V. Exª acompanhou aqui – foi uma das pessoas que defendeu a política de valorização do salário mínimo proposta pelo Governo do Presidente Lula – que desde 2003, quando Lula assumiu a Presidência da República, nós temos crescimento constante do salário mínimo acima da inflação.

    Só para se ter uma ideia, Senador Paim, em 2003, nós tivemos um aumento percentual de 20% do salário mínimo. Ou seja, 1,46% acima da inflação. Em 2006, foram 12,52% acima da inflação, e assim sucessivamente, até o último ano do Governo em que Dilma estava à frente.

    Agora, com o Governo Temer, nos dois últimos anos, nós tivemos variação abaixo da inflação. O salário mínimo teve um percentual de aumento, em 2017, de 6,48% e a inflação foi 6,58%.

    Teve, em 2018, um percentual de 1,81% e a inflação foi de 2,07%. Isso dá uma perda de R$52 para o trabalhador, significa 12 dias de trabalho. Ao mesmo tempo, o Itaú tem um lucro de R$24 bilhões.

    Então, para quem está melhorando a economia? Obviamente que está melhorando a economia para o Itaú, para os banqueiros, não é para a maioria dos trabalhadores.

    E, aqui, Senador Paim, tem gente que recebe o Benefício de Prestação Continuada, tem gente que recebe um salário mínimo – por exemplo, as empregadas domésticas, cuja maioria são mulheres –, e os aposentados. Setenta por cento das aposentadorias recebem um salário mínimo.

    Então, eu pergunto: para quem está melhorando a economia?

    A outra coisa são os investimentos. Os investimentos é que melhoram a situação e a vida das pessoas em termos de trabalho. É o que faz a economia girar.

    Então, pergunto aqui, os investimentos no orçamento da União caíram de R$57,2 bilhões para R$37,6 bilhões entre 2014 e 2018. As obras estão paradas no Brasil.

    Hoje eu caminhava lá na quadra onde moramos e encontrei um rapaz que veio me pedir ajuda. Ele disse assim: “Senadora, eu sei que não é o seu papel, mas eu queria ver se a senhora pode me arrumar um emprego." Eu disse assim: “Mas o que o senhor faz?" Ele disse: “Eu trabalho na construção civil e faz dois anos que eu não consigo pegar uma obra. Trabalhei nas obras do aeroporto em Brasília e agora parou, não tem mais obra." É porque não tem investimento no País.

(Soa a campainha.)

    A SRª GLEISI HOFFMANN (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR) – Portanto, eu pergunto também: para quem a economia está melhorando?

    Esse é um Governo que contingenciou as contas, disse que iria melhorar a qualidade de vida do povo brasileiro. Nós contingenciamos e diminuímos os investimentos. A educação, em 2014, em despesas discricionárias, tinha 32 milhões. Em 2018, 23. E, que eu saiba, a demanda por educação no Brasil só tem crescido. Do Ministério de Ciência e Tecnologia, essencial para o desenvolvimento, eram 6,5 milhões de despesas que você tinha empenhadas. Agora, a previsão é de 4 milhões.

    E assim vai, se nós pegarmos justiça e segurança, 3,4, caiu para 2,9. A questão das obras do PAC, 53 para 23 milhões. A questão do MDS, assistência social, de 5,6 para 4,3, embora a pobreza e a fome estejam aumentando no País. O valor da Defesa caiu 18% e estão dizendo que é importante a segurança para o País.

    Enfim, eu faço esse pronunciamento aqui porque é importante saber que a economia não está melhorando. Nós temos dados maquiados e dados para um setor apenas da economia. A imensa maioria do povo brasileiro está sofrendo, inclusive o povo do meu Estado, o Estado do Paraná, que não é um Estado pobre – V. Exª sabe – como o Rio Grande do Sul, mas o índice de desemprego no Estado do Paraná pulou, em 2014, de 4% para 9%, agora em 2017.

    Então, pergunto de novo, Senador Paim: para quem está melhorando a economia? Não é para o povo brasileiro, não é para a imensa maioria dos trabalhadores brasileiros. É, sim, para essa elite e isso nós não podemos aceitar.

    Muito obrigada, Senador.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 01/03/2018 - Página 42