Fala da Presidência durante a 22ª Sessão Especial, no Senado Federal

Abertura da Sessão especial destinada a comemorar o Dia Mundial do Rim.

Autor
Eduardo Amorim (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/SE)
Nome completo: Eduardo Alves do Amorim
Casa
Senado Federal
Tipo
Fala da Presidência
Resumo por assunto
HOMENAGEM:
  • Abertura da Sessão especial destinada a comemorar o Dia Mundial do Rim.
Publicação
Publicação no DSF de 09/03/2018 - Página 8
Assunto
Outros > HOMENAGEM
Indexação
  • ABERTURA, SESSÃO ESPECIAL, HOMENAGEM, COMEMORAÇÃO, DIA INTERNACIONAL, ORGÃO HUMANO.

    O SR. PRESIDENTE (Eduardo Amorim. Bloco Social Democrata/PSDB - SE) – Declaro aberta a sessão.

    Sob a proteção de Deus, iniciamos nossos trabalhos.

    A presente sessão especial destina-se a comemorar o Dia Mundial do Rim, nos termos do Requerimento nº 9, de 2018, de nossa autoria e de outros colegas Senadores.

    Convido, com muita honra, para compor a Mesa o Presidente Voluntário da Federação das Associação de Renais e Transplantados do Brasil, Sr. João Adilberto Xavier; o Presidente da Associação Brasileira dos Centros de Diálise e de Transplante, Sr. Yussif Ali Mere Junior; o Vice-Presidente da Federação Nacional das Associações de Pacientes Renais e Transplantados do Brasil, Sr. Jonas Cavalcante; e o Vice-Presidente da Sociedade Brasileira de Nefrologia, Região Nordeste, o colega, com muito orgulho, Sr. Kleyton Bastos.

    Convido a todos para, em posição de respeito, acompanharmos o Hino Nacional.

(Procede-se à execução do Hino Nacional.)

    O SR. PRESIDENTE (Eduardo Amorim. Bloco Social Democrata/PSDB - SE) – Este é o terceiro ano consecutivo em que temos a oportunidade de realizar esta sessão solene.

    Agradeço a todos o empenho, a dedicação, a abnegação. Agradeço, especialmente, ao Presidente da Casa, Senador Eunício, todo o apoio dado para que esta sessão ocorresse.

    Confesso a todos vocês, a todos que estão nos acompanhando pelas redes sociais ou pela TV e pela Rádio Senado que o Presidente Eunício sempre apoiou, sempre nos incentivou e sempre realmente se colocou à disposição para nos ajudar naquilo que fosse preciso, para que aqui estivéssemos pela terceira vez consecutiva.

    Fica aqui o meu agradecimento à direção da Casa, à Presidência da Casa, na pessoa do Presidente Eunício.

    O Dia Mundial do Rim surgiu, em 2006, com o objetivo de aumentar a conscientização, em todo o mundo, sobre a importância dos rins para nossa saúde geral e de reduzir a frequência e o impacto da doença renal e os problemas de saúde associados. Teve como primeiro tema "Os seus rins estão bem?". Desde então, não parou de crescer, abordando, a cada ano, um mote específico.

    Neste ano, celebramos as duas datas no mesmo dia: o Dia Mundial do Rim e o Dia Internacional da Mulher. E parabenizo todas as mulheres aqui presentes, todas as mulheres, especialmente as sergipanas e brasileiras, por este dia tão especial, por este dia de reflexão, por este dia de comemorar vitórias e conquistas, por este dia de certeza de que a luta deve continuar por oportunidades. Esta é uma oportunidade ímpar para lançarmos foco sobre a desigualdade que enfrentam especialmente as mulheres brasileiras no seu dia a dia.

    Os números são contundentes. A média de prevalência da doença renal crônica é maior entre as mulheres do que entre os homens – cerca de 14% para as mulheres e 12% para os homens. Uma a cada quatro mulheres com idade entre 65 e 74 anos apresenta a patologia, apresenta uma doença renal crônica; já entre os homens, um a cada cinco. Apesar da prevalência feminina, o número de mulheres em diálise é menor do que o de homens.

    As causas para esse descompasso são muitas. Entre elas, o fato de que a progressão da doença é mais lenta entre as mulheres. Entretanto, há de se levar em conta que, lamentavelmente, nos dias de hoje, o acesso à saúde é desigual entre os gêneros, em muitos cantos deste País, e que esse contexto oferece uma série de prejuízos absolutamente inaceitáveis para as mulheres.

    Para que os senhores e as senhoras tenham uma ideia, estima-se que a doença renal afete aproximadamente 195 milhões de mulheres em todo o mundo, sendo atualmente a oitava principal causa de morte, com cerca de 600 mil óbitos por ano.

    O que temos acompanhado ao longo do tempo, senhoras e senhores, é o aumento exponencial da demanda por atendimento, desacompanhado do crescimento da estrutura de saúde que poderia fazer face aos novos pacientes que surgem a cada dia. Existe um verdadeiro descompasso.

    O número de clínicas voltadas ao atendimento dos pacientes com lesão renal aguda cresceu de 510 para 747, entre 2000 e 2016, mas as dificuldades enfrentadas pelos doentes e pelas suas famílias estão bem longe do fim. A distribuição das unidades é absolutamente desigual pelo Brasil. O fato é que, em muitas localidades, há um verdadeiro vazio assistencial e os pacientes precisam viajar horas e horas a fio em busca de um tratamento várias vezes por semana.

    Outro problema grave é o subfinanciamento dos procedimentos dialíticos por parte do Sistema Único de Saúde. Ainda ontem, questionávamos o Ministro sobre isso. O valor repassado pelo SUS aos hospitais e às clínicas está longe, mas é longe mesmo, de compensar os altos custos do tratamento.

    A magnitude da crise fica clara ao percebermos que o Sistema Único de Saúde é responsável por mais de 83% de todas as diálises feitas no Brasil e que as unidades que prestam esse serviço e são remuneradas pelo Poder Público hoje lutam para não fecharem as portas. Esta é a nossa realidade: lutam para manterem as portas abertas. Se elas forem fechadas, com certeza, muita gente ficará do lado de fora e terá sua vida comprometida mais ainda. Alguns, com certeza, terão suas vidas perdidas.

    O cenário atual é, sim, complexo e demanda um efetivo e diligente trabalho. A prevenção, senhoras e senhores, é a forma mais eficaz de combatermos a doença. Isso porque seus sintomas, que incluem palidez, inchaço, anemia, inapetência e mudanças de hábitos urinários, por exemplo, só se manifestam com mais de 75% da função renal já perdida.

    E, para prevenir, as recomendações são claras, são precisas. É preciso fazer exercícios regularmente; controlar a diabetes e a pressão arterial; ter uma alimentação saudável, mantendo o peso sob controle; beber água com muita frequência; não fumar; não tomar remédios sem prescrição, especialmente anti-inflamatórios; além de realizar exames preventivos regularmente. São recomendações simples, simples mesmo, que fazem toda a diferença e que devem ser reiteradas a cada dia. Por isso, as políticas de prevenção são de extrema importância, já que se estima que cerca de 10% da nossa população adulta têm algum grau de perda de função renal.

    Os doentes renais crônicos, aqueles que precisam de diálise, triplicaram no Brasil em um período de 16 anos. Passaram de 42 mil, em 2000, para mais de 122 mil, em 2016. Ainda neste ano, cerca de mais 5,7 mil pessoas se submeterão a um transplante de rim, espero, e esse número vem aumentando cerca de 10% a cada ano, o que também espero que ocorra.

    Por isso, considero feliz a escolha do tema deste ano para o Dia Mundial do Rim, que é o resultado do esforço de profissionais e voluntários abnegados em todos os cantos do País, sensibilizados pela causa. Assim como eles, outros tantos profissionais de saúde, sejam médicos, enfermeiros, auxiliares, voluntários, dedicam suas vidas ao atendimento dos pacientes, dedicam sua vida à defesa da causa.

    E cito aqui Lúcio, Presidente da nossa Associação, da Associação dos Renais Crônicos de Sergipe, um abnegado – dou aqui o meu testemunho –, um guerreiro, um lutador, um que não se entrega, um bom exemplo para todos nós de que nunca devemos desistir das nossas lutas, das nossas convicções. Parabéns, Lúcio!

    Quero prestar-lhes aqui uma homenagem, ao agradecer o empenho a todos eles. Agradeço igualmente aos prestativos servidores desta Casa, especialmente os da Secretaria de Relações Públicas, sempre diligentes na tarefa de divulgar, com competência, temas de utilidade pública. A todos os servidores, obrigado pela oportunidade. Tenho certeza de que vocês estão fazendo um bem enorme para todos os pacientes renais deste País.

    Em especial, agradeço a todos que puderam hoje comparecer e compartilhar a esperança de que a informação a respeito da doença renal leve, efetivamente, à prevenção e à melhoria do atendimento nos diversos cantos do nosso País.

    Este País tem jeito. Este ano é um ano diferente, é um ano de escolhas. E o jeito quem dá somos nós, com as nossas convicções.

    O voto não é mercadoria. Mercadoria tem preço; o voto tem valor e voto tem consequência, para o bem, quando escolhemos corretamente, ou para o mal, quando nos equivocamos, ou somos enganados, ou desprezamos a importância do voto.

    Este País tem jeito. Aqui é a nossa casa, é o nosso lugar. Deus nos colocou, com toda a certeza, para pisar as terras mais férteis, mais ricas e mais estáveis, geologicamente falando, do Planeta. Ele não se esqueceu do povo brasileiro. Se ainda convivemos com inúmeras mazelas, muitas delas seculares ou de décadas, é porque realmente falhamos, sobretudo, nas nossas escolhas, nas escolhas dos nossos líderes, nas escolhas dos nossos condutores.

    Saúde tem que ser compromisso. Saúde tem que ser prioridade.

    E agradeço mais uma vez a todos vocês. Que tenhamos todos um dia de muita reflexão e um dia de muitas conquistas e vitórias.

    Obrigado mais uma vez. (Palmas.)

    Coloco à disposição para falar primeiramente aqueles que estão na Mesa.

    Convido o Presidente voluntário da Associação dos Renais Transplantados do Brasil, Sr. João, para falar.

    Quer falar da tribuna? Eu acho que talvez seja melhor da tribuna.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 09/03/2018 - Página 8