Pela Liderança durante a 23ª Sessão Deliberativa Extraordinária, no Senado Federal

Homenagem a todas as mulheres pelo Dia Internacional da Mulher e registro da importância da representatividade feminina nos âmbitos político e social do país.

Autor
Pedro Chaves (PRB - REPUBLICANOS/MS)
Nome completo: Pedro Chaves dos Santos Filho
Casa
Senado Federal
Tipo
Pela Liderança
Resumo por assunto
HOMENAGEM:
  • Homenagem a todas as mulheres pelo Dia Internacional da Mulher e registro da importância da representatividade feminina nos âmbitos político e social do país.
Publicação
Publicação no DSF de 09/03/2018 - Página 65
Assunto
Outros > HOMENAGEM
Indexação
  • HOMENAGEM, DIA INTERNACIONAL, MULHER, COMENTARIO, IMPORTANCIA, REPRESENTAÇÃO, FEMINISMO, AMBITO, ATIVIDADE POLITICA.

    O SR. PEDRO CHAVES (Bloco Moderador/PRB - MS. Como Líder. Sem revisão do orador.) – Muito obrigado, Sr. Presidente.

    Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o nosso bom-dia.

    Agrego minha voz ao afinado coro dos meus pares, que anualmente nos brindam com as mais belas, emotivas e gratas manifestações acerca da passagem de tão significativa data. De fato, não apenas o Senado Federal, mas o mundo todo celebra, uma vez mais, o Dia Internacional da Mulher.

    Costuma-se dizer que a data foi criada para homenagear as mais de uma centena de mulheres trabalhadoras, operárias, que morreram em um incêndio em uma fábrica de tecidos, no mês de março de 1911, em Nova York. Essas mortes foram associadas à falta de segurança nas péssimas instalações da fábrica têxtil. Eram, em sua maioria, mulheres imigrantes judias e italianas, que, do alto do prédio em chamas, jogavam-se em direção à morte.

    Em verdade, os eventos que levaram ao estabelecimento dessa data como um marco na história da emancipação feminina são anteriores à tragédia de Nova York. As luzes do ocaso do século XIX já iluminavam batalhas travadas por organizações femininas provenientes dos movimentos operários que efervesciam em vários países da Europa e nos Estados Unidos.

    Movimentos grevistas reivindicavam a redução da jornada de trabalho e o fim do trabalho infantil, comum nas fábricas durante o período. Então, em maio de 1908, nos Estados Unidos, cerca de 1.500 mulheres empreenderam uma manifestação em prol da igualdade econômica e política no país. Aí nascia o Dia Nacional da Mulher.

    Os traumas provocados pela Primeira Guerra Mundial geraram ainda mais protestos femininos mundo afora. Finalmente, em 8 de março de 1917, cerca de 90 mil operárias manifestaram-se contra o Czar Nicolau II, insurgindo-se contra as más condições de trabalho, contra a fome e contra a participação russa na guerra.

    Essa data foi, então, consagrada, tendo sido oficializada como Dia Internacional da Mulher apenas em 1921.

    No Brasil, as lutas em prol dos direitos da mulher surgiram dentro dos grupos anarquistas do início do século XX e, novamente, reivindicando melhores condições de trabalho e qualidade de vida. Esses movimentos foram catalisados pelas sufragistas, nas décadas de 1920 e 1930, que conseguiram o direito ao voto em 1932.

    Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, faço este breve resumo histórico para reforçar os dois aspectos fundamentais para a criação dessa data: as condições de trabalho e a representação política, que são fundamentais para a mulher.

(Soa a campainha.)

    O SR. PEDRO CHAVES (Bloco Moderador/PRB - MS) – Podemos e devemos utilizar o lirismo, o romantismo e a delicadeza para homenagear as mulheres neste dia a elas dedicado. Afinal, a notória sensibilidade feminina as torna líricas, românticas e delicadas, mas jamais frágeis, conformadas ou alienadas.

    Não se pode ignorar a magnitude da presença feminina na configuração da sociedade contemporânea tampouco o fato de profissões antes consideradas como exclusivamente masculinas terem sido, ao longo do tempo, assumidas pelas mulheres.

    Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, infelizmente, essas mudanças ainda são tímidas, malgrado o longo caminho já percorrido pelo movimento feminino. Quando hoje liberamos os nossos melhores sentimentos para comemorar o dia da mulher, nossos pensamentos ainda são obscurecidos pelas recorrentes demonstrações de desigualdades, bem como pelas ocorrências de exclusão e pelos atos de violência a elas associados.

    O Relatório de Desigualdade Global de Gênero 2017 indicou piora, em relação aos anos anteriores, no acesso a educação, saúde, sobrevivência, oportunidade econômica e empoderamento político quando comparados homens e mulheres. Pelo cálculo atual, seriam necessários 100 anos para acabar com a desigualdade de gênero em todo o mundo. A pior situação é a do mercado de trabalho, em que a organização estima que são necessários 217 anos para acabar com a desigualdade.

    A pesquisa também apontou um retrocesso do Brasil, colocando-o em sua pior situação desde 2011. A baixa participação política das mulheres é o principal elemento que motivou a queda, apesar de modesto avanço no País no quesito participação econômica.

    O resultado das eleições de 2016 mostrou que houve um retrocesso na representatividade feminina tanto no Executivo quanto nos Parlamentos. Nas 5.509 cidades brasileiras em que as eleições foram definidas no primeiro turno, apenas 636 estão sendo comandadas por mulheres. As mulheres ocupam apenas 11,6% das prefeituras. Os dados mostram diminuição no número de eleitas em comparação com as eleições de 2012, na qual 664 mulheres foram escolhidas para serem prefeitas, o que equivalia, na época, a 12,03% do total.

    A diminuição da representatividade feminina também aconteceu na eleição municipal de Mato Grosso do Sul. Em 2008, foram eleitas nove prefeitas. Em 2012, tiveram sucesso na eleição para o Executivo oito mulheres. Em 2016, por incrível que pareça, o número foi reduzido para apenas sete mulheres. Isso aconteceu em 79 Municípios.

    Aqui no Senado Federal, também não é diferente. A representação feminina nesta Casa é de pouco mais de 16%, e na Câmara dos Deputados é mais grave ainda, pois elas representam menos de 10%.

    Apesar da baixa representação política das mulheres, o Relatório de Desigualdade Global de Gênero destaca que o Brasil resolveu suas diferenças de gênero na área de educação. As mulheres ocupam a maioria das vagas das universidades. Elas representam 55,1% dos alunos de todo o País e 58,8% dos universitários que concluem o ensino superior. Na pós-graduação, por exemplo, representam 53,5% dos mestres do País. Eu fui Reitor e vi com enorme alegria as mulheres ocupando a maioria das vagas na graduação, mestrado e doutorado.

    Senhoras e senhores, apesar de as mulheres serem maioria nas universidades, trabalharem mais, pois trabalham em média sete horas e meia a mais que os homens por semana devido à dupla jornada, elas ainda recebem salários menores do que os homens. Os números são estarrecedores. Dados do IBGE indicam que as mulheres ganham, em média, 75% do que os homens ganham. Só que o problema não é apenas no mercado de trabalho. Há a violência que campeia solta em nosso País e no mundo, vitimando muitas mulheres.

    Estive, em novembro passado, em uma reunião da ONU, em Washington, com a presença da atriz Angelina Jolie, para tratar exatamente da violência contra a mulher. Vi que esse é um tema de preocupação universal. Dados divulgados pelo Monitor da Violência mostram que 4.473 mulheres foram vítimas de homicídio em 2017, um crescimento de 6,5% em relação a 2016. Isso significa, Srs. Senadores, que uma mulher é assassinada a cada duas horas no Brasil. Esses resultados colocam o Brasil entre as nações mais violentas do mundo, ocupando a sétima posição de um total de 83 países.

    Srªs e Srs. Senadores, temos avanços a comemorar nesta longa trajetória de luta pela igualdade entre homens e mulheres, mas não nos detenhamos, não nos conformemos, não nos satisfaçamos admirando as belas flores do caminho, pois muita terra há que se arar.

    Em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, foi implantada a Casa da Mulher Brasileira, com ótimos resultados. É uma forma em que se reúnem o Ministério Público, a Defensoria Pública, os psicólogos, para dar guarida às mulheres agredidas. Que seja implantada em todo o País, porque é fundamental esse projeto, em que a prefeitura oferece o terreno e o Governo Federal realmente dá os recursos necessários para a construção.

    Faço aqui uma homenagem especial à minha querida e dedicada esposa Reni, companheira de todas as horas, na alegria e na tristeza, que fez dos meus sonhos os seus; à minha querida filha, Neca; e às minhas lindas netas, que enfrentam, com naturalidade e muita delicadeza, todas as vicissitudes e obstáculos da vida e que unem nossa família pelos laços de amor, harmonia, compreensão e paz.

    Sr. Presidente, parabenizo todas as mulheres e encerro este pronunciamento reafirmando que a melhor homenagem que a elas podemos prestar é continuar buscando aprimorar as nossas leis, para que possamos almejar um mundo mais justo, pois justiça é o que a alma feminina sempre busca.

    Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 09/03/2018 - Página 65